Anda di halaman 1dari 5

ARISTÓTELES - METAFÍSICA

Os conceitos de matéria, forma, natureza, devir e causa (em seus múltiplos


sentidos) são centrais nos livros I e II da Física de Aristóteles. Levando-os em
consideração, explique o seguinte trecho:

“Naquilo que resulta da técnica, somos nós que fazemos a matéria ser em vista da função,
ao passo que, nos entes naturais, a matéria já se encontra dada em vista da função.” (Phys.
II 2 194b7-8).

Para Aristóteles, a natureza não é um conjunto de coisas nem a essência das


coisas, no sentido de “a natureza do leão é de predador”. A natureza é o princípio do
movimento, aquilo que faz com que as coisas se movam; em um ponto de vista mais
amplo do que sair do ponto A para o ponto B, mas no ponto de vista de origem de
mudança. O movimento é sempre a passagem de um contrário a outro. Mas, disso surge
o problema do devir, pois se as coisas são susceptíveis de mudança, o que as confere
identidade? Quer dizer, como sabemos se as coisas permanecem as mesmas?

Quando dizemos que o ser é, isto significa que é ele é de certo modo, diz
respeito a determinação. As coisas existem de determinado modo e isso não muda, ao
longo do tempo elas mantêm determinada identidade. A mudança só acontece porque há,
ao longo do movimento, um subjacente que suporta o movimento, que suporta a troca de
propriedades. A identidade é garantida pela permanência do mesmo subjacente. É o
subjacente que garante que a coisa em T1 é a mesma coisa em T2. Para cada um dos
contrários do movimento, há um subjacente que permanece. Essa é a estrutura básica do
movimento. Todo movimento se dá no tempo então todo o movimento é a passagem de
um oposto para outro, mas pressupondo o mesmo subjacente ao longo do processo.

Contudo, Aristóteles também usou a expressão “vir a ser”, a expressão “vir a


ser” significa que algo que não existia passa a existir, ela indica o surgimento de um
subjacente. Por exemplo, podemos dizer que a semente da planta vem a ser árvore.
Semente e árvore são coisas distintas, podemos até dizer no sentido potencial que semente
é árvore, mas ela também pode ser matéria orgânica ou alimento. É a matéria que permite
que isso aconteça.
Julgamos que as coisas são de acordo com as categorias: substância,
qualidade, quantidade, relação, onde, quando, posição, ter, ação e paixão. Todas as
categorias (com exceção da própria substância) são categorias que dependem da
substância. Para Aristóteles, a rigor, as substâncias são os seres vivos, todas as coisas que
têm alma: as plantas, os animais e os elementos. As categorias qualificam a substância de
algum modo, elas fornecem os opostos que mudam durante o processo de movimento. O
ser humano é um ente substancial que tem uma definição: animal racional; ser animal
racional é o que não muda ao longo do processo no caso do ser humano, essa é
característica básica que permanece ao longo do processo.

Esse processo foi o que Aristóteles chamou de devir em geral. O devir em


geral é então o movimento, quando a substância permanece a mesma coisa ao longo do
tempo, as outras categorias mudam. Mas há ainda o devir substancial, no qual é a própria
substancia que muda, quando há algo com uma identidade que passa a ser algo diferente
ou gera algo diferente. É o caso da semente que vem a ser árvore.

Tudo, até mesmo as substâncias provêm de algo subjacente. Isso significa que
no caso do devir em geral tudo provém do subjacente que tem determinada característica
e que ao fim do processo recebe outra característica, mas continua sendo o mesmo
subjacente. No caso do devir substancial o subjacente se torna ou gera outro.

No ser humano, o subjacente de nossa geração são os nossos pais. No caso da


árvore, o subjacente é a semente. No devir substancial, existe um subjacente no início do
processo que é diferente do que está no final do processo. Pois, semente não é árvore e
nós não somos nossos pais. O que permanece ao longo desse processo é a matéria, a
semente deixa de ser semente mas a matéria dela continua em outra forma, nesse caso em
forma de árvore. Ao longo do tempo uma coisa torna-se outra coisa.

A matéria para Aristóteles é o que constitui as coisas sensíveis. A matéria não


existe à parte das substâncias e dos artefatos. Para determinar a matéria, é necessário a
forma. Tudo que existe e que é material só é material porque há determinada forma, é a
forma que organiza a matéria para determinada finalidade. A forma também não existe
sem a matéria. Assim, as coisas sensíveis são todas compostas de matéria e forma. A
forma é o princípio de organização da matéria em vista de uma função.

Assim como as coisas naturais, as coisas que resultam da técnica são


constituídas de matéria e forma. Os entes naturais, que são os elementos, as plantas e os
animais, têm em si o princípio do movimento e do repouso. Isso significa que os entes
naturais têm princípio interno de movimento, enquanto que os artefatos tem princípio
externo de movimento. Quer dizer, o ser humano, nasce cresce, envelhece e morre por
princípios internos; os artefatos, que são resultantes da técnica, só definham por fatores
externos.

Todas as coisas materiais são compostas por elementos. Os elementos têm


princípio de movimento neles mesmos, eles são responsáveis por uma série de
movimentos das coisas que compõem. Por exemplo, estamos firmados ao chão, temos
essa tendência para baixo porque os elementos pesados que nos compõem nos puxam
para baixo. Não é enquanto ser humano que estamos firmados ao chão, mas enquanto
corpos. Isso significa que a explicação para permanecermos firmados ao chão é pelo fato
de termos corpos feitos majoritariamente por elementos pesados.

As coisas materiais se deterioram, assim, todas as substâncias e artefatos se


deterioram. A explicação para os artefatos se deteriorar não se deve ao próprio artefato,
mas a composição básica de seus elementos. Artefatos sofrem alterações que não são
causadas pelo próprio objeto, mas por princípios externos. Quer dizer, quando dizemos
que a mesa se corrompe, isso quer dizer que não é a mesa enquanto mesa que se corrompe,
mas a madeira que se corrompe. Ser madeira não é ser mesa, por isso, é um princípio
externo que a corrompe; a mesa se corrompe por concomitância porque a madeira se
corrompe.

As coisas por natureza são coisas que contém o princípio do movimento.


Animais e plantas não são natureza, mas são seres por natureza, são substâncias, são entes
que subsistem por si mesmas. Já os artefatos não subsistem por si mesmos, eles não
geram a si mesmos. As substâncias geram entes da mesma espécie, artefatos não.

Para Aristóteles a definição de natureza, esse certo princípio de movimento,


é a forma. A definição de algo, que é o que responde a pergunta “o que é” é a forma de
algo. Porque a forma é o que faz com que alguma coisa seja o que ela é. Só se explica a
identidade das coisas fazendo referência a forma, não a matéria, é a forma que define a
essência das coisas, a forma que define as coisas. A forma indica a finalidade das coisas.
Os entes naturais tendem a seguir pelo seu melhor estado, esse melhor estado é a
reprodução, geração e preservação da espécie; a busca de seu melhor meio para que isso
possa acontecer, é essa sua finalidade. Dentro dessa finalidade ampla é possível
estabelecer a finalidade de cada indivíduo. Indivíduos de sexos diferentes têm
características diferentes para a mesma finalidade que é a reprodução. Em grande parte
das espécies, a gestação acontece nas fêmeas, por esse motivo, as fêmeas têm determinado
formato. A finalidade regula não só a espécie de modo geral, mas os indivíduos e suas
partes.

A natureza é a finalidade em vista de si mesma. A geração de entes naturais


da mesma espécie é um processo para a natureza. A técnica não é um processo em vista
da técnica, é um processo em vista de um produto. Em relação a técnica, a matéria é
manipulada para alguma finalidade. Nos entes naturais a matéria não é manipulada, mas
é gerada. É a atividade humana, ou de outros seres, que dá finalidade aos artefatos. Os
seres vivos definem qual a finalidade dos artefatos que seja melhor para fins
determinados. A organização da técnica se dá pelos interesses de finalidade, quer dizer,
de função e de uso de determinado artefato. Há artefatos distintos para interesses distintos.
Somos nós que fazemos a matéria ser de tal forma em vista da função dos objetos. Em
vista da finalidade que queremos alcançar com tal artefato. O que confere função a
matéria é a forma. Nos artefatos quem atribui a forma, quem impõe a forma de
determinada matéria é o artesão.

Na natureza o processo de geração não necessita de uma causa eficiente que


seja diferente do produto, a causa eficiente é a mesma em espécie. Supomos que um
indivíduo produza uma mesa. Supomos que ele derrube uma árvore e corte as partes para
formar as tábuas da madeira e construir a mesa. Havia uma matéria organizada de
determinada forma (que era a árvore) que sofreu a imposição de outra forma por um
indivíduo, o que resulta desse processo, da técnica, é a mesa. A mesa é diferente de sua
causa eficiente. Quer dizer, a mesa é diferente do homem que a fez.

No processo de geração substancial, o que é gerado é da mesma espécie


daquele que o gerou. Em espécie, um peixe só gera outro que é igual a ele, por meio da
reprodução. A imposição da forma do peixe para sua prole se dá naturalmente. Há um
princípio interno de movimento que, ao se encontrar, células reprodutivas de indivíduos
da mesma espécie de sexos diferentes geram outros da mesma espécie sem nenhuma
necessidade de contribuição externa ao processo, nenhum movimento externo necessário.
Esse é o princípio interno de movimento. A mesa não se gera pelo princípio interno de
movimento. Ela é gerada pela imposição da forma por um artesão. Assim, a causa
eficiente é diferente em espécie e em gênero do que foi criado.
Portanto, a natureza, sendo o princípio de movimento, faz com que certas
coisas tenham em si mesmas o conceito de movimento. Cada um de nós se move ou se
mantém estático porque tem em si mesmo o princípio de movimento. Podemos gerar
outro indivíduo, ou morrer por nós mesmos, sem causas externas. No entanto aquilo que
resulta da técnica não surge por si mesmo e também não gera outro de si mesmo.

REFERÊNCIAS:

ARISTÓTELES. Física I e II. Prefácio, introdução, tradução e comentários: Lucas


Angioni. Campinas, SP: Editora Unicamp. 2009.

Anda mungkin juga menyukai