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PÓS GRADUAÇÃO EM DIREITO E PROCESSO PENAL

PROF.: Del. YASMIN XIMENES


ALUNA: LARISSA PEREIRA ROCHA – TURMA 04
22/05/2019

AVALIAÇÃO
Discorra sobre o seguinte tema: “Os desafios da Polícia Judiciária na investigação dos crimes de abuso sexual contra
crianças e adolescentes”. Anexar bibliografia de pesquisa. Entrega dos trabalhos na coordenação da Pós aos cuidados
do Prof. Sidney Filho até 31/05/2019.

As Polícias Civil e Federal, incumbidas na função de polícia


judiciária através do artigo 144 da CF/1988, enfrentam diversos desafios na
investigação dos crimes de abuso sexual contra crianças e adolescentes.
Desafios estes que serão o tópico principal de debate do presente trabalho.

A primeira dificuldade que se pode identificar consiste na


subnotificação dos crimes sexuais contra crianças e adolescentes. A denúncia
das vítimas, muitas vezes, sequer chega ao conhecimento da autoridade
policial, seja devido à chantagem empregada pelo agressor, à vergonha e à
culpa que a vítima sente, ou até mesmo devido ao descrédito que é dado pelo
adulto responsável à palavra da criança ou do adolescente que sofreu o abuso.

Além disso, em geral os agressores são pessoas de confiança da


família da vítima, adultos “acima de qualquer suspeita”. Quanto mais próximo é
o agente criminoso, mais difícil e rara se torna a denúncia. É a chamada
“síndrome do segredo”, que é abordada por Cláudia Balbinotti:

“Trata-se de violência sexual extrafamiliar quando o agressor é pessoa não


pertencente à esfera familiar, mesmo que desta conhecido e com próximas relações.
Intrafamiliar é o abuso cometido pelos pais biológicos ou adotivos, padrasto,
madrasta, irmãos, avôs ou tios. Naquela situação, denunciar o abusador é atitude
menos penosa. Tal conduta não é tão simples, quando envolve laços afetivos. Nestes
casos, o fenômeno chamado síndrome do segredo é bastante comum. Consite na
ocultação da verdade dos fatos, tanto pela criança quanto pelos próprios familiares
(quando cientes), com o intuito velado de manter inalterada a rotina doméstica.”
Em um segundo momento, entende-se como dificultador na
investigação policial a ausência de local apropriado e de profissionais
capacitados para colher o depoimento da vítima uma única vez, sem revitimizar
a criança ou o adolescente fazendo-o repetir diversas vezes a narração do
evento traumático. A solução proposta para esse problema é o chamado
“depoimento sem dano”, ideia implantada pelo magistrado gaúcho Daltoé
Cezar, segundo o qual este tipo de depoimento é: "uma alternativa para inquirir
crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual em juízo, [...] implementada
na cidade de Porto Alegre desde maio de 2003". Nas palavras de Leila Maria
Torraca de Brito:

“[...] segundo esse modelo, crianças e adolescentes são ouvidos em uma sala
aconchegante, especialmente preparada para o atendimento de menores de idade,
equipada com câmeras e microfones para se gravar o depoimento. O Juiz, o
Ministério Público, os advogados, o acusado e os servidores judiciais assistem ao
depoimento da criança por meio de um aparelho de televisão instalado na sala de
audiências.”

Outro aspecto desafiador é o aumento dos crimes cibernéticos


envolvendo a dignidade sexual de crianças e adolescentes e a insuficiência de
recursos investidos em Tecnologia da Informação por parte do Estado a fim de
descobrir e punir quem encontra na internet um meio propício para a prática de
crimes.

A rede mundial de computadores é um ambiente que facilita o


anonimato, o uso de perfis falsos em redes sociais e viabiliza o contato entre
pessoas do mundo inteiro, o que facilita a propagação de casos de pedofilia.
Como acertadamente preconizam Rosane Leal da Silva e Josiane Rose Petry
Veronese:

“Assim, se até bem pouco tempo, os abusadores precisavam se deslocar para


praças, parques, ou arrumar trabalhos em creches e escolas para se manter em
contato com crianças e adolescentes, hoje alguns minutos de navegação pelo
ciberespaço oferecem informações, dados e fotos que permitem ao pedófilo escolher
exatamente o perfil da sua vítima. As informações fornecidas pelos usuários indicam
os momentos de maior vulnerabilidade, facilitando a escolha da vítima e da ocasião
em que se fará o contato.”

Também se vislumbra como desafio à investigação criminal in


comentu que os crimes sexuais intentados contra crianças e adolescentes não
pressupõem violência ou grave ameaça, por conseguinte a perícia se torna
ineficaz em muitos casos, visto que não há vestígio corpóreo para ser
analisado. Desta forma, os meios de prova se tornam bastantes limitados e se
revela novamente a importância da tomada do depoimento da vítima de forma
una e sem danos, pois esta será, por vezes, a única prova do processo.

Dias ressalta que, quando a criança se sente constrangida e


quando a pessoa que colhe seu depoimento não possui a técnica adequada,
há tendência de se negar a ocorrência do abuso ou de se absolver o acusado,
devido à má qualidade da prova:

"[...]mesmo que o abuso reste comprovado por meio de estudo social ou perícia
psicológica ou psiquiátrica, sempre resta a alegação de que, na primeira oportunidade
em que foi ouvida, a vítima negou a ocorrência da situação de violência".

Por fim, faz-se necessário dizer que as Polícias e o Judiciário têm


avançado na investigação e na descoberta de crimes sexuais contra menores,
mas ainda há muito a progredir, especialmente no que tange à acolhida das
vítimas e à conscientização da sociedade sobre o seu papel na proteção dos
diretos e da dignidade das crianças e dos adolescentes. Há que se trabalhar
não apenas o combate a esse tipo de crime, mas também a prevenção.
BIBLIOGRAFIA

BALBINOTTI, Cláudia. A violência sexual infantil intrafamiliar: a


revitimização da criança e do adolescente vítimas de abuso. Direito &
Justiça – Revista de Direito da PUCRS, Porto Alegre, v. 35, n. 1, p. 5-21,
jan./jun. 2009.

LIRIO, Flavio Corsini. Avaliação da implementação das ações de


enfrentamento ao abuso sexual contra crianças e adolescentes em
escolas públicas de ensino fundamental do bairro do Guamá – Belém-PA.
2013. 231 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Pará, Instituto
Ciências da Educação, Belém, 2013. Programa de Pós-graduação em
Educação.

ELOY, Consuelo Biacchi. A credibilidade do testemunho da criança vítima


de abuso sexual no contexto judiciário. 2007. 157 f. Dissertação (mestrado)
- Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras de Assis,
2007. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/97658>.

BRITO, Leila Maria Torraca de. Diga-me agora... O depoimento sem dano
em análise. Psicol. clin., Rio de Janeiro , v. 20, n. 2, p. 113-125, 2008 .
Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S0103-56652008000200009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 22 de maio de
2019.

SILVA, Rosane Leal da; VERONESE, Josiane Rose Petry. Os crimes sexuais
contra crianças e adolescentes no ambiente virtual. Âmbito Jurídico.
Acesso em 22 de Maio de 2019. Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br /site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6634

DIAS, M. B. (2007). Incesto e o mito da família feliz. Em Dias, M. B. (Org.).


Incesto e alienação parental: realidades que a Justiça insiste em não ver (pp.
17-50). São Paulo: Editora Revista dos Tribunais.

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