Encontradas em diversas tradições culturais e filosóficas, o conceito e as práticas
de Mindfulness (“Atenção Plena”) têm sido cada vez mais integradas na prática clínica contemporânea, principalmente na psicologia e medicina. Mindfulness pode ser entendido como um estado mental baseado na experiência direta do momento presente, com consciência plena, e atitude aberta e não-julgadora a cada instante. O estado mental de mindfulness é uma alternativa a um estado mental bastante habitual nos dias de hoje, baseado na desatenção (“piloto automático”) e na reatividade excessiva em situações do cotidiano. Segundo Jon Kabat-Zinn, um dos responsáveis pela “ocidentalização” das práticas de mindfulness com foco na saúde, “Mindfulness é a simplicidade em si mesmo. Trata-se de parar e estar presente. Isso é tudo”. Para se “experimentar” e vivenciar o momento presente podem ser utilizadas as práticas ou exercícios de mindfulness, baseadas no treinamento da atenção plena por meio de algumas “âncoras” para a observação consciente, como a própria respiração, ou as sensações e movimentos corporais. Mindfulness pode ser aprendido em programas ou cursos estruturados que comportam atividades presenciais (junto a um instrutor) e à distância, combinando técnicas simples e de fácil aplicação em nosso dia-a-dia. A eficácia e a efetividade das intervenções baseadas em mindfulness para a promoção da saúde têm sido estudadas em uma variedade de populações, incluindo pessoas com diagnósticos de câncer, ansiedade, depressão, dor crônica, cardiopatias, e outros transtornos relacionados ao “estresse”; bem como em indivíduos considerados saudáveis, mas com níveis elevados de “estresse”, como profissionais, estudantes, atletas, entre outros.
O QUE É O MINDFULNESS, AFINAL?
Mindfulness é a consciência que emerge quando se presta atenção plena ao momento presente e sem julgamento. A atenção plena é a observação, sem crítica. Na sua essência permite-nos captar os padrões de pensamento negativos antes que eles nos façam emergir numa espiral negativa. O objetivo deste não é eliminar estes pensamentos, mas sim observá-los, traduzindo a ideia de que não somos o que pensamos e que a nossa existência vai para além do nosso pensamento. Tal fato promove uma postura de aceitação do pensamento, emoções e sensações corporais. Assim, meditar trata-se de parar e estar presente, é simplesmente um método de treino mental.
ENTÃO, COMO POSSO PRATICAR MINDFULNESS NO DIA A DIA?
A prática de mindfulness desenvolveu-se ao longo de milhares de anos, e, em 1979, Jon Kabat- Zinn, professor de Biologia da Universidade de Massachusetts Medical School, desenhou um programa intensivo de meditação, com vista à sua aplicação ao stress e à dor crónica. Quando falamos de prática de mindfulness diferenciamos duas formas de o praticar: prática formal e prática informal. A prática formal desenrola-se num espaço específico, com um horário definido e com uma determinada postura – estável, com a qual se sente razoavelmente confortável e que permita a quietude durante o período considerado para o exercício. A prática informal realiza-se em qualquer situação, durante as atividades diárias, no trabalho, durante uma refeição ou até a conduzir. Este exercício estimula a prática da atenção plena aplicada às rotinas diárias. Nesta modalidade, para além do foco poder estar direcionado para as atividades diárias, este também poderá estar centrado na respiração consciente. Este último exercício é o que passarei a apresentar.