CAMPINAS
2019
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Resumo: O objetivo deste trabalho visa apresentar alguns conceitos básicos do papel
do professor(a) na perspectiva do sociólogo Florestan Fernandes com base no texto A
formação do política e o papel do professor?. Um segundo ponto deste trabalho, busca
posicionar a proposta crítica de Florestan no quadro das tendências pedagógicas da
Pedagogia Histórico-Crítica do professor Dermeval Saviani. Ou seja, como a crítica de
Florestan vê a escola pública: um espaço perdido de luta que reproduz as estruturas
dominantes ou o contrário, existe um local onde é possível construir possibilidades de
mudanças políticas? Essa análise se fez em conjunto de uma contextualização
histórica do Brasil defendida por Francisco de Oliveira em Brasil: uma biografia não
autorizada.
nada mais era que um agente passivo nas complexas relações sociais, um
instrumento pelo qual a elite se consolidava.
Com base nesse trecho e pelo percurso traçado pelo texto, parece nítido
que a perspectiva de Francisco de Oliveira se relaciona com a crítica de
Florestan Fernandes. Se a educação desenvolvida pelas elites no início da
República servia como forma de dominação, como já citado, “uma pérola que
não deveria ser lançada aos porcos [...], que ajudaria a preparar máquinas
humanas para o trabalho” (FERNANDES, 2010, p. 125), perpetuou-se ao longo
do tempo em meio ao desenvolvimento capitalista brasileiro um capitalismo
periférico e dependente. Escolas pobres para pobres com o intuito de manter a
legitimação dominante. Por isso o adeus do futuro do país do futuro. A escola
configura-se, assim, como um espaço de reprodução dessas relações
desiguais que permitem o funcionamento da lógica de exploração, como
defendem as teorias crítico-reprodutivistas ressaltadas por Saviani.
Mas a educação é um campo de disputa política, de contradições e
mudanças. Essa brutalização que os professores sofreram, sofrem ou sofrerão
se origina na mentalidade muito difundida segundo a qual os professores
devam possuir um posicionamento de neutralidade em relação à política. Essa
disjunção dos professores de sua cidadania, defende Florestan, consolidou-se
como uma das formas de dominação e controle desses agentes sociais.
O problema se origina na própria formação dos professores e no próprio
projeto das instituições, aponta Florestan. A criação de Institutos de Educação
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No Brasil não poderia ser diferente, uma vez que aqui quem mais
convive com os problemas sociais são os professores. Mas a desvalorização
social e material desses trabalhadores impede que se desenvolvam como
agentes políticos sociais, tanto dentro como fora das escolas. Eles são
impedidos de se desenvolveram culturalmente e, assim, de terem instrumentos
intelectuais para serem críticos frente a suas realidades, que são as mais
diversas (FERNANDES, 2010, p. 134). Mas somente a luta promove a
mudança.
Lutar pela escola é lutar pelo saber que é uma força produtiva, visto que
a escola é o meio mais elaborado de educação, diz Saviani. A escola é um
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS