ADJ
área de exposição equivalente da estrutura adjacente, expressa em metro
quadrado (m2);
AI
área de exposição equivalente para descargas atmosféricas perto de uma
linha.
KS1
leva em consideração a eficiência da blindagem por malha da estrutura,
SPDA ou outra blindagem na interface ZPR 0/1;
KS2
leva em consideração a eficiência da blindagem por malha da estrutura,
SPDA ou outra blindagem na interface ZPR X/Y (X > 0, Y > 1;
KS4
leva em consideração a tensão suportável (UW de impulso do sistema a
ser protegido, avaliado como KS4 = 1/UW.
perda relacionada aos ferimentos a seres vivos por choque elétrico
LA (descar-
gas atmosféricas à estrutura);
LB perda em uma estrutura relacionada a danos físicos (descargas
atmosféricas à estrutura);
LC
perda relacionada à falha dos sistemas internos (descargas atmosféricas
à estrutura);
LM
perda relacionada à falha de sistemas internos (descargas atmosféricas
perto da estrutura);
LV
perda em uma estrutura devido a danos físicos (descargas atmosféricas
na linha);
ND
número de eventos perigosos devido às descargas atmosféricas em uma
estrutura;
NDJ
número de eventos perigosos devido às descargas atmosféricas em uma
estrutura adjacente;
NI
número de eventos perigosos devido às descargas atmosféricas perto de
uma linha;
Sumário ................................................................................................................................. 5
3 NBR5419:2015 ................................................................................................................. 16
Parte 1 .............................................................................................................. 17
Parte 2 .............................................................................................................. 17
Parte 3 .............................................................................................................. 20
Parte 4 .............................................................................................................. 23
Referências ......................................................................................................................... 49
2.1 Histórico
Ao longo da história o raio sempre foi admirado e temido por toda civilização. Alguns
povos atribuíam este fenômeno aos deuses que os lançavam sobre a terra como sinal de
reprovação ou de que haveria tempos prósperos para a lavoura. Outros povos associavam
que os raios eram produzidos pelas batidas de um poderoso martelo, cujo efeito estrondoso
originava os raios e trovões. Algumas tribos sustentavam a crença de que um "pássaro
trovão"mergulhava das nuvens para a terra, provocando tal efeito.
Pesquisas com o objetivo de obter informações sobre as características elétricas do
raio surgem por volta do século XVII. Experiências realizadas nos EUA e na Europa foram
elaboradas demonstrando o caráter elétrico dos raios e sua possibilidade de ser captado
(BENITEZ, Salvador: 2006).
Benjamin Franklin (1706-1790), cientista e inventor americano, adquiriu reputação
internacional devido as suas descobertas sobre a eletricidade e, também, demonstrando que
os raios são um fenômeno de natureza elétrica.
Desenvolveu um perigoso experimento, a fim de demonstrar sua teoria de que os raios
são originários da própria natureza, fazendo voar uma pipa presa a um condutor metálico
aterrado, durante uma tempestade. Desse modo, pôde provar que os raios eram apenas
grandes descargas elétricas que ocorriam de forma natural. Apesar de relatar em seus
escritos sobre seus conhecimentos do perigo que tais métodos alternativos possuíam e
colocando em risco sua própria vida, ainda tem-se o questionamento se ele, de fato, a
realizou.
A partir desse mesmo experimento, Franklin propôs que se a descarga fosse
transportada através de hastes metálicas até o solo poderiam impedir que os raios atingissem
qualquer estrutura. Sugeriu que fosse colocado, acima das casas, uma ponta metálica com
hastes em contato com a terra, propiciando a condução da corrente elétrica nesta
7
Página
composição, sem que o raio causasse danos às estruturas. Com isso, surgia o para-raio e
este é o conceito de um dos métodos de proteção contra descargas atmosféricas ser
conhecido como método Franklin.
Nos últimos anos de sua vida dedicava a maior parte de seu tempo ao serviço público,
mas continuou realizando experimentos ocasionais seguindo o trabalho de outros cientistas.
Franklin também participou de conselhos para revisão de métodos de proteção contra raios e
fez recomendações para a proteção de catedrais e de instalações para a fabricação e
armazenamento de pólvora.
Figura 1 – Campo induzido entre nuvem e solo pelo carregamento da base da nuvem
2006).
Página
1
Quando materiais isolantes são ionizados por campos elétricos muito intensos, tornam-se condutores. Para o
ar, isto ocorre para campos elétricos da ordem de 3 · 106 V/m (NIELSEN, 2008)
Como resultado do fluxo de corrente que circula pelo canal ionizado, ocorre um
intenso aquecimento deste, podendo alcançar temperaturas superiores a 3.000oC. Tal
aquecimento provoca um efeito luminoso intenso - o relâmpago - e também resulta na
expansão muito rápida do ar ao redor do canal, provocando o deslocamento de uma onda
sonora no ar - trovão (VISACRO, 2005b).
2.3 Riscos
Estima-se que, a cada segundo, caem sobre a Terra cerca de 50 a 100 raios, o que
equivale a cerca de 10 milhões de descargas por dia ou três bilhões por ano. Esta
consequente descarga à Terra provoca prejuízos e mortes (LIMA, 2009). No Brasil, cerca 50
milhões de descargas atingem anualmente seu território. De acordo com Silva (2014), entre
os anos 2000 e 2012, foram registradas 1.601 mortes causadas por descargas atmosféricas.
Dentro do curto período de tempo de ocorrência de uma descarga atmosférica, podem
ser destacados três partes (Figura 3): tempo de subida ou de frente (tempo para que o raio
atinja o valor máximo), tempo de meia onda ou de meio valor (tempo necessário para que o
raio atinja 50% do valor de pico) e a cauda da onda (tempo a partir do tempo de subida,
seguido por um período mais longo e suave no qual a corrente decai até desaparecer).
onde:
10
O1 origem virtual;
Página
I corrente de pico;
T1 tempo de frente;
Uma descarga atmosférica pode atingir valores expressivos de tensão entre a nuvem
e o solo, nuvem e o ponto atingido, proporcionando que haja o fluxo de uma corrente
impulsiva de alta intensidade e curta duração. Segundo Lima (2009), esta tensão dependerá,
principalmente, da intensidade de corrente do raio e da impedância existente entre o
percurso da descarga.
Tabela 1 – Características das descargas atmosféricas
Parâmetros Valores Unidade
Corrente 2.000 a 200.000 A
Tensão 100 a 1.000.000 kV
Duração 70 a 200 µs
Carga elétrica da 20 a 50 C
nuvem
Potência liberada 1000 a 8.000 kW
milhões
Energia 4 a 10 kWh
Tempo de crista 1,2 µs
Tempo de meia cauda 50 µs
Fonte: Kindermann (2002).
Por se tratar de uma corrente cuja variação de intensidade ocorre de forma muito
rápida, torna este fenômeno um importante causador de distúrbios eletromagnéticos com
capacidade de gerar danos e interferências em sistemas elétricos e eletrônicos. Bem como
induzir altas tensões em partes metálicas com grande risco de acidente à estrutura e aos seus
ocupantes.
As descargas atmosféricas podem ser divididas conforme dois tipos distintos de efeitos:
descargas diretas e descargas indiretas.
11
Página
2.3.1 Descargas diretas
Tais descargas acontecem quando o canal principal (ou um dos ramos) incide
diretamente sobre determinado objeto e são as responsáveis pelos efeitos mais severos de
danos que podem ocorrer.
A incidência direta de descarga sobre seres vivos, prédios, estruturas e sistemas
elétricos pode gerar destruição, incêndios e, possivelmente, mortes.
Uma descarga direta sobre uma edificação, por exemplo, poderá ocasionar a
destruição de paredes, fundir materiais metálicos, danificar e/ou destruir antenas e cabos de
comunicações, entre outros. (VISACRO, 2005a)
São descargas cujos efeitos sobre as estruturas ou seres vivos são causadas
distantes do ponto de queda do raio.
Quando o líder descendente se encontra com o líder ascendente e o circuito é
fechado, ocorre uma descarga de grande intensidade que faz com que o canal ionizante
alcance altas temperaturas; fortes campos eletromagnéticos são produzidos em torno deste
canal principal (Figura 4). No solo, radialmente a partir do ponto de impacto, linhas de corrente
propagamse, colocando em risco à tensões de toque, tensão de passo, tensões induzidas em
condutores próximos e EMI.
Figura 4 – Onda eletromagnética irradiada pela corrente de retorno
De acordo com Buratto (2011), a corrente de retorno fluindo pelo canal ionizado,
constituído entre nuvem e solo promove tensões induzidas em corpos próximos ao ponto de
incidência. Tais tensões constituem a principal fonte de danos nas linhas de distribuição de
energia e em circuitos de baixa tensão em geral, incluindo as redes de telecomunicações.
Constituem, ainda, a origem de interferência eletromagnética em sistemas e equipamentos,
que, em muitos casos, resulta na corrupção de dados transmitidos em sistemas de
comunicação através de sistemas elétricos.
Apesar dos efeitos gerados pelos campos eletromagnéticos causarem danos aos
seres vivos pelas tensões induzidas, seus danos são maiores em equipamentos eletrônicos
e sistemas de comunicações (LIMA, 2009), que, em muitos casos, resulta em perdas de dados
transmitidos e recebidos nos sistemas de comunicação.
2
A intensidade do campo eletromagnético cai com o quadrado da distância.
Figura 5 – Sistema de aterramento integrado
15
Página
16
3 NBR5419:2015
16
Página
Parte 1
Parte 2
3
A corrente da descarga atmosférica é a principal fonte de danos (ABNT, 2015b).
tipos de perdas (LX) à estrutura, definidas como: L1 - perda da vida humana; L2 - perda de
serviços públicos; L3 - perda de patrimônio cultural; e L4 - perda de valores econômicos.
A tabela 2 ilustra cada uma destas situações de forma simplificada para melhor
compreensão.
Tabela 2 – Fontes de danos, tipos de danos e tipos de perdas de acordo com o ponto de impacto
Descarga atmosférica Estrutura
Ponto de impacto Fonte de danos Tipo de danos Tipo de perdas
D1 L1, L4a
S1 D2 L1, L2, L3, L4
D3 L1b, L2, L4
S2 D3 L1b, L2, L4
D1 L1, L4a
S3 D2 L1, L2, L3, L4
D3 L1b, L2, L4
S4 D3 L1b, L2, L4
(associados aos tipos de perdas). Cada risco depende do número anual de descargas
atmosféricas que incidem na estrutura ou próximo a ela, da probabilidade de dano por uma
das descargas atmosféricas que influenciam esta estrutura e da quantidade média das perdas
causadas. (ABNT, 2015b)
Cada uma das componentes de risco que serão avaliadas na composição de cara risco
pode ser calculada por meio de uma expressão geral:
RX = NX · PX · LX (3.1)
onde:
NX: é o número de eventos perigosos por ano;
De acordo com ABNT NBR 5419-1, os riscos R1, R2 e R3 devem ser considerados na
avaliação da necessidade da proteção contra as descargas atmosféricas e os parâmetros
relevantes aos cálculos podem ser obtidos ou calculados a partir dos anexos presentes nesta
parte da Norma, que serão abordados e discutidos no capítulo seguinte.
Em sua versão de 2005 é apresentado um estudo simplificado com informações e
procedimentos para o cálculo necessário para a determinação da área de exposição de uma
estrutura e se esta exige ou não um SPDA. Realizava-se o cálculo da área de exposição
equivalente (Ae) (alterada na versão atualizada), verificava-se o índice ceráunico da região
(número de dias de trovoadas de trovoada (Td)) necessário para determinar a densidade das
descargas atmosféricas para a terra (Ng), aplicava-se fatores ponderantes (como tipo de
ocupação, de construção, o conteúdo e os efeitos indiretos das descargas, a localização da
estrutura e a topografia da região) e fazia-se uma avaliação final da frequência média anual
de descargas atmosféricas (Ndc) ponderada prevista para a estrutura. Desta forma:
∙ se 10−3 > Ndc > 10−5, facultativo, sendo determinado por especialista a necessidade ou não
de se instalar um SPDA;
Ng ≈ 0,1Td (3.2)
Parte 3
A terceira parte do documento normativo, aliás, é a que mais tem correspondência com
o texto compreendido pela versão em vigor. Neste sentido, é o trecho que mais conta com
20
Tabela 3 – Comparativo da largura máxima da malha de proteção e raio da esfera rolante de acordo
com a classe do SPDA
Métodos de Proteção
Eletrogeométrico Faraday
Classe Raio da esfera Largura máxima Comprimento Máximo afastamento dos
do SPDA a
rolante - R (m) b
da malha (m) da malha (m) condutores da malha c (m)
b
I 20 5 6 10 5x5
II 30 10 6 20 10x10
III 45 10 6 20 15x15
IV 60 20 6 40 20x20
a Não mudou após atualização
b Conforme ABNT NBR 5419:2005 - Tabela 1 c Conforme
ABNT NBR 5419-3:2015 - Tabela 2
Figura 7 – Ângulo de proteção correspondente à classe de SPDA
21
Tabela 4 – Comparativo entre valores típicos de distância entre os condutores de descida conforme o
nível de proteção do SPDA
Classe do SPDA Espaçamento Médio a (m) Distâncias b (m)
I 10 10
II 15 10
III 20 15
IV 25 20
a Segundo
ABNT NBR 5419:2005 b
Segundo ABNT NBR 5419:2015
Referente aos condutores utilizados para os sistemas de captação e de descida,
materias como o aço e o alumínio cobreado foram adicionados e houve um aumento nas
dimensões mínimas, e das tolerâncias, dos condutores de captação, hastes captoras e
condutores de descida considerados para a composição do SPDA.
Como, por exemplo, o cobre que passa a ser considerado uma área de seção mínima
de 35 mm4 para captação e descidas, contra o mínimo que antes era estipulado de 35 mm2 para
captação e 16 mm2 para descidas.
A continuidade elétrica das armaduras de concreto armado existentes, apresentada no
atual texto da norma, deverão apresentar uma resistência elétrica inferior a 0,2 Ω para que
sejam considerados como condutores naturais da corrente da descarga atmosférica,
22
contrapondo a ABNT NBR 5419:2005 que determinava que uma resistência medida poderia
ser inferior a 1 Ω.
Página
4
Composto por eletrodos radiais (verticais, horizontais ou inclinados) sendo indicado para solos de baixa
resistividade e pequenas estruturas. (ABNT, 2005)
Caso este valor não seja alcançado ou não possa ser medido, um sistema
convencional de proteção deve ser adotado e instalado.
Houve a retirada da consideração da medição da resistência ôhmica do aterramento
do SPDA, que antes era sugerido o valor de 10 Ω, e da configuração de aterramento conforme
o arranjo "A"2 sendo considerado apenas o arranjo "B"5
Parte 4
A quarta parte da norma não tem referência com a norma ABNT NBR 5419:2005 e é
voltada para a proteção de equipamentos eletroeletrônicos no interior da estrutura utilizando
as chamadas Medidas de Proteção Contra Surtos (MPS’s) e trata basicamente de aspectos
gerais ligados à compatibilidade eletromagnética e proteção para equipamentos elétricos e
eletrônicos.
A base destas medidas são o roteamento dos condutores, suas blindagens e a
equipotencialização por meio dos DPS’s daqueles condutores normalmente energizados.
(SANTOS, 2015)
Sistemas eletroeletrônicos podem sofrer danos permanentes causados por impulsos
eletromagnéticos da descarga atmosférica (LEMP) por meio de surtos conduzidos ou
induzidos transmitidos pelos cabos conectados aos sistemas e/ou pelos efeitos dos campos
eletromagnéticos irradiados diretamente para os próprios equipamentos (ABNT, 2015d)
havendo ou não um SPDA instalado externamente à estrutura.
Os campos eletromagnéticos irradiados podem ser gerados a partir da corrente elétrica
que flui no canal das descargas atmosféricas diretas e pela corrente parcial da descarga
atmosférica fluindo nos condutores 6.
3.3 Os benefícios e impactos da atual norma argumentados por alguns profissionais
Segundo Silva (2015), a ABNT (2015a), juntamente com seus anexos, possui vastos
dados e informações conceituais úteis que podem servir de subisídio para análises, estudos
acadêmicos, simulações, dimensionamento de componentes de proteção, etc.
José Cláudio de Oliveira e Silva, membro da CE 03:64.10, expõe que os critérios
básicos para proteção contra descargas atmosféricas têm como base os parâmetros das
correntes das descargas atmosféricas (SILVA, 2015). As medidas de proteção, na maior parte,
23
dependem dos valores máximos destes parâmetros e, considerando a corrente de pico mínima
Página
5
Composto por eletrodos em anel ou embutidos nas fundações da estrutura.
6
e.g. nos condutores de descida de um SPDA externo, de acordo com a parte 3 da norma.
para o projeto do subsistema de captação do SPDA, mais "fechado"tem que ser o subsistema
de captação para interceptar a descarga.
De acordo com a mudança do ângulo de proteção no método Franklin, o engenheiro
eletricista, secretário da Comissão de Estudos (CE) 64.10, Hélio Sueta, em Moreira (2014),
colabora dizendo que "essa mudança deverá revitalizar comercialmente o emprego deste
método, que até o momento vem sendo deixado de lado pela comunidade técnica em função
da pouca flexibilidade na utilização dos ângulos de proteção". E continua dizendo que, a
respeito da parte 2, diversos tipos de descargas que possam influenciar a proteção da estrutura
são considerados para a determinação da necessidade de se implantar um SPDA na estrutura
sobre estudo.
Resumidamente, o engenheiro eletricista e gerente da Termotécnica Pararaios, José
Barbosa de Oliveira, afirma que a principal mudança trazida pela parte 3 da ABNT NBR 5419
será o aumento da eficiência dos subsistemas de captação, descida e aterramento, o que
demandará mais elementos (materiais e serviços) a fim de atender às exigências mínimas da
revisão (MOREIRA, 2014).
O conjunto dos parâmetros de especificação de condutores, dados nas tabela 6 e 7 da
ABNT NBR 5419-3:2015, com uma diversidade maior dos tipos de condutores disponíveis
comercialmente, trarão um detalhamento e um dimensionamento do SPDA com maior clareza
e critério. Os trabalhos de inspeção quando da verificação da conformidade dos condutores
serão mais objetivos. (OLIVEIRA, 2015)
Segundo Santos (2015), quanto aos equipamentos eletroeletrônicos, a nova norma
aborda de forma completa e detalhada a proteção contra sobretensões transitórias, com
conceitos de aterramento e equipotencialização bem definidos e explicados, permitindo ao
profissional a base necessária para a proteção dos equipamentos eletrônicos contra estes
eventos.
Para os fabricantes de DPSs a nova norma, desde que incentivem a divulgação e a
aplicação do texto normativo, trará uma aplicação melhor destes dispositivos, com instalações
mais eficazes garantindo melhores resultados. (SANTOS, 2015)
24
Página
4 Proteção Contra Descargas Atmosféricas -
NBR 5419
Neste capítulo será apresentado como é obtido e escolhido o nível de proteção de uma
estrutura, a partir da ABNT NBR 5419:2015, e como se aplicam as definições apresentadas
na Parte 2 e 3 desta referência normativa para a elaboração de um projeto de SPDA novo ou
para a adequação de um já existente.
Serão, também, apresentados meios de proteção para o sistema eletroeletrônico
interior à estrutura a ser protegida (apresentado na Parte 3 da norma e outros métodos
apresentados na literatura que são comumente utilizados) e à proteção contra descargas
atmosféricas de torres de rádio transmissão e sinais de dados.
Cada risco R será obtido a partir da soma de cada uma de suas componentes de riscos,
podendo ser agrupados de acordo com as fontes de danos e os tipos de danos, que serão
definidos permitido que a equação 3.1 seja compreendida.
25
Página
4.1.1 Componentes de Risco
a) RA: relativo a ferimentos aos seres vivos causados por choque elétrico devido às
tensões de toque e passo dentro da estrutura e fora nas zonas até 3 m ao redor
dos condutores de descida;
da estrutura:
3. Componentes de risco para uma estrutura devido às descargas atmosféricas a uma linha
conectada à estrutura:
a) RU: componente relativo a ferimentos aos seres vivos causados por choque elétrico
devido às tensões de toque e passo dentro da estrutura;
4. Componentes de risco para uma estrutura devido às descargas atmosféricas perto de uma linha
conectada à estrutura:
7
Retirados de ABNT NBR 5419-2:2015.
Cada risco, dado pela soma de suas componentes a serem consideradas para cada
tipo de perda, é listado a seguir e agrupados em uma tabela, Tabela 5, para a identificação.
(4.1)
a Somente para estruturas com risco de explosão e para hospitais com equipamentos elétricos
para salvar vidas ou outras estruturas quando a falha dos sistemas internos imediatamente
possa por em perigo a vida humana.
∙ Para o risco de perdas de serviço ao público: R2:
(4.3)
R3 = RB3 + RV3
Tabela 5 – Componentes de risco a serem considerados para cada tipo de perda em uma estrutura
Descarga Descarga
Descarga
Descarga Atmosférica Atmosférica perto
Atmosférica
Fonte de Atmosférica na em uma Linha de uma
Perto da Linha Conectada à
Danos Estrutura Conectada à
Estrutura Estrutura
S1 Estrutura
S2 S4
S3
Componente
de RA RB RC RM RU RV RW RZ
Risco
Risco para
cada tipo de
perda R1 * * *a *a * * *a *a
R2 * * * * * *
R3 * *
R4 *b * * * *b * * *
27
a
Somente para estruturas com risco de explosão e para hospitais ou outras estruturas
Página
quando a falha
dos sistemas internos imediatamente possam colocar em perigo a vida humana.
b
Somente para propriedades onde animais possam ser perdidos.
Cada uma destas componentes de risco podem ser sintetizadas, de forma geral, de
acordo com a Equação 3.1 (RX = NX · PX · LX).
O número NX de eventos perigosos é avaliado a partir da densidade de descargas
atmosféricas (NG) e pelas características da estrutura ou linha (energia, dados, telefonia),
como a área de exposição da estrutura, AD, ou da linha, AL, e por fatores de correção relativos
às características físicas da estrutura CD e da linha CI, CT e CE.
Também avalia-se o número de eventos perigosos devido às descargas atmosféricas
em estruturas adjacentes, próximas à estrutura em análise (se houverem tais estruturas).
O fator de localização CD é o parâmetro compensador à localização da estrutura, se há
estruturas ao redor e o quão exposta esta a estrutura. A Tabela 6 caracteriza este parâmetro.
ND = NG · AD · CD · 10−6 (4.5)
NDJ = NG · ADJ · CDJ · CT · 10−6 (4.6)
NM = NG · AM · 10−6 (4.7)
NL = NG · AL · CI · CE · CT · 10−6 (4.8)
NI = NG · AI · CI · CE · CT · 10−6 (4.9)
Tabela 11 – Valores de probabilidade PB dependendo das medidas de proteção para reduzir danos
físicos
Cacterística da estrutura Classe do SPDA PB
Estrutura não protegida por - 1
SPDA
IV 0,2
III 0,1
Estrutura protegida por SPDA
II 0,05
I 0,02
Estrutura com subsistema de captação conforme SPDA classe I
e uma estrutura metálica contínua ou de concreto armado 0,01
atuando como um subsistema de descida natural
Estrutura com cobertura metálica e um subsistema de captação,
possivelmente incluindo componentes naturais, com proteção
complet de qualquer instalação na cobertura contra descargas 0,001
atmosféricas diretas e uma estrutura metálica contínua ou de
concreto armado atuando como um subsistema de descidas natural
Fonte: ABNT NBR 5419-2:2015, Tabela B.2
Tabela 12 – Valores de probabilidade de PSPD em função do NP para o qual os DPS foram projetados
NP PSPD
Nenhum sistema de DPS 1
coordenado
III-IV 0,05
30
II 0,02
I 0,01
Página
Nota 0,005-
0,001
Fonte: ABNT NBR 5419-2:2015, Tabela B.3
Tabela 15 – Valores da probabilidade PTU de uma descarga atmosférica em uma linha que adentre a
estrutura causar choque a seres vivos devido a tensões de toque perigosas
Medida de proteção PTU
Nenhuma medida de proteção 1
1 1,5 2,5 4 6
Página
Linha aérea ou enterrada, não blindada
ou com a blindagem não interligada ao
mesmo barramento de 1 1 1 1 1
equipotencialização do equipamento
PA = PTA · PB (4.13)
PC = PSPD · CLD (4.14)
A perda consequente (LX) , conforme ABNT NBR 5419:2015, é afetada pela forma de
utilização da estrutura, frequência de utilização e de pessoas no interior, pelos bens que serão
afetados pelos danos decorrentes de uma descarga atmosférica. Desta forma, podem ser
agrupados conforme a Tabela 19.
D2
LF 5 · 10−2
Entretenimento público, igreja, museu
danos físicos
2 · 10−2
Industrial, comercial
10−2
Outros
D3 LO 10−1
Risco de explosão
falhas de Unidade de terapia intensiva e bloco
sistemas internos 10 −2
cirúrgico de hospital
10−3 Outras partes de hospital
Fonte: ABNT NBR 5419-2, Anexo C.
34
Página
Tabela 25 – Fator de redução rp em função das providências tomadas para reduzir as consequências
de um incêndio
a
a Definidas conforme ABNT NBR 5419:2015
Baixo nível de pânico (por exemplo, uma estrutura imitada a dois andares e
2
número de pessoas não superior a 100)
Nível médio de pânico (por exemplo, estruturas designadas para eventos
culturais ou esportivos com número de participantes entre 100 e 1000 pessoas) 5
Alto nível de pânico (por exemplo, estruturas designadas para eventos culturais ou
Página
10
esportivos com número de participantes maior que 1000 pessoas)
Fonte: ABNT NBR 5419-2, Anexo C.
Uma estrutura pode ser divida em zonas ZS cada uma com características semelhantes
para a análise dos componentes de risco em cada zona e o risco R total da estrutura será
dado pela soma dos riscos para cada zona determinada. Porém, pode-se considerar que a
estrutura é composta por uma única zona ou duas (uma externa e uma interna). Isto levará a
uma análise menos detalhada, porém não deixa de ser adequada.
Para a seleção dos parâmetros envolvidos na avaliação dos componentes de risco em
cada zona, deve-se considerar:
8
Como detalhado em ABNT NBR 5419:2015
L1 10−5
L2 10−9
L3 Perda de patrimônio cultural 10−4
Fonte: ABNT NBR 5419-2:2015, Tabela 4.
1. SPDA externo
Destinado a interceptar, conduzir e dispersar a corrente da descarga
atmosférica, de forma segura, que tenha incidido na estrutura. É composto por:
a) Subsistema de captação;
b) Subsistema de descida;
39
c) Subsistema de aterramento.
Página
9
Pode-se considerar a necessidade de adoção de medidas de proteção se isto for uma exigência legal, uma
precaução do proprietário para evitar prejuízos futuros ou determinação de companhias de seguro
residencial.
2. SPDA interno
É destinado a evitar que ocorra centelhamentos perigosos no interior da
estrutura e do volume de proteção, devido à corrente da descarga que flui pelo SPDA
externo. É garantido por:
Tabela 30 – Valores mínimos dos parâmetros das descargas atmosféricas e respectivos raios da esfera
rolante, correspondentes aos níveis de proteção (NP)
Critérios de interceptação NP
Símbolo Unidade
I II III IV
Corrente de pico I kA 3 5 10 16
mínima
Raio da esfera rolante r m 20 30 45 60
Fonte: ABNT NBR 5419-1:2015, Tabela 4.
mais benéfica para a estrutura pode ser determinado desejando-se reduzir um, ou vários, dos
Página
componentes de risco, pois cada nível de proteção reduz o alto efeito de um ou mais
componentes de risco.
Essa redução pode ser alcançada ao reduzir as probabilidades de danos na ocorrência
de uma descarga atmosférica, sejam danos físicos, falhas em sistemas internos ou ferimentos
a seres vivos. A probabilidade de dano é considerada para os diferentes níveis de proteção
ou se não houver proteção esta probabilidade é 100% (Tabelas 15 e 16, seção 4.1.1).
Tais parâmetros e considerações, a respeito de cada probabilidade de dano,
correspondem ao Anexo B da NBR 5419-2:2015.
São aceitos, pela NBR 5419:2015, três métodos utilizados para o posicionamento do
subsistema de captação:
Basicamente, podem ser agrupados a partir de duas filosofias de aplicação. Uma delas
é contemplada pelos métodos Franklin e Eletrogeométrico, que utilizam hastes verticais ou
condutores suspensos, denominados terminais aéreos ou simplesmente para-raios. Já a outra
é utilizada pelo método Faraday, no qual utilizam-se condutores horizontais não-suspensos
formando uma malha sobre a estrutura (BURATTO, 2011).
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Segundo esse princípio, o excesso de carga elétrica em um corpo condutor é distribuído por sua superfície
externa e se concentra nas regiões pontiagudas ou de menor raio.
Figura 8 – Exemplo de aplicação do método do ângulo de proteção
onde:
A topo do captor; h1 altura de um mastro acima do plano de re-
ferência;
B plano de referência;
Baseia-se na teoria formulada por Faraday a qual diz que o campo no interior de uma
gaiola formada por condutores que conduzem uma corrente qualquer é nulo, independende
do valor da corrente. Porém, o campo será nulo no centro da gaiola (por consequinte, no
centro da estrutura). Nas proximidades dos condutores haverá um campo que poderá induzir
tensões em condutores no interior da estrutura próximos aos condutores de descida, por
exemplo.
Sua execução consiste em instalar um sistema de captores formado por condutores
horizontais, interligados formando uma malha no topo e na lateral da estrutura a ser protegida,
provendo uma blindagem eletrostática (Figura 9).
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No caso de estruturas com altura superior a 60 metros, a instalação de captores laterais é recomendável em
até 20 % do topo da altura da estrutura.
Figura 10 – Exemplo de aplicação conforme o método da esfera rolante
1. Aterramento e Equipotencialização
O subsistema de aterramento deve atender a parte 3 da norma, conduzindo e
dispersando a corrente da descarga atmosférica para o solo.
3. Coordenação de DPS
A utilização de um DPS está vinculada com a limitatação das tensões transitórias
e prover um caminho para as correntes de surto para fora dos equipamentos,
protegendo-os contra os efeitos de tais correntes originárias das descargas
atmosféricas (BARRETO, 2009).
a) Tipos de DPS
São separados em tipos I, II e III, e a eficácia de cada um depende do seu
posicionamento na estrutura de acordo com o conceito das zonas de proteção
contra raios (ZPR).
Os DPS’s tipo I são utilizados para realizar a equipotencialização dos
condutores de energia e sinal que entram ou saem da estrutura, provendo um
caminho direto para o sistema de aterramento sem que a corrente das descargas
atmosféricas diretas entre na edificação (SANTOS, 2016b).
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De acordo com a IEC 61140, são equipamentos que não necessitam do condutor de proteção conectado ao
sistema de aterramento.
Fonte: Paulino (2015).
ALVES, N. V. B. Nova ABNT NBR 5419 comemora um ano de existência. 2016. O Setor
Elétrico. Acessado em 20/11/2016. Disponível em:
<http://www.osetoreletrico.com.br/2016/ 2016/11/14/nova-abnt-nbr-5419-comemora-um-ano-
de-existencia/>. Citado na página 41.
SX I S1 I S2 I S3 I S4 I RX I R1 I R2 I R3 I R4
I I I I I I I I I
S1 S2 S3 S4
R1 R2 R3 R4
ANEXO A – Fluxogramas
A.1 Procedimento para decisão da necessidade da proteção e para selecionar as
medidas de proteção