7 de junho de 2019
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Em contrapartida, a Enron era notória por seu constante foco no preço das ações,
chegando até a postá-lo nos elevadores. O ex-CFO Andy Fastow disse, refletindo
sobre seus próprios erros: “Eu sabia que estava errado…, mas não achei que fosse
ilegal… A pergunta que eu deveria ter feito não era qual é a regra, mas qual é o
princípio”. As pessoas que trabalham em uma cultura ética são rotineiramente
acionadas a questionar “isso está certo?” em vez de “isso é legal?”.
INCENTIVOS > É um truísmo entediante dizer que as pessoas façam o que são
incentivadas a fazer, o que significa que alinhar recompensas com resultados
éticos é uma solução óbvia para muitos problemas éticos. Isso pode parecer
simples (basta pagar às pessoas que agem eticamente), mas o dinheiro só funciona
até certo ponto, e os programas de incentivo devem oferecer recompensas dos
mais variados tipos para serem eficazes.
Muitas vezes, as pessoas deixam de apreciar o poder das normas sociais. Por
exemplo, pesquisadores interessados em determinar a melhor forma de incentivar
a eficiência energética em uma região da Califórnia pediram a um grupo de quase
mil residentes que previsse a eficácia de várias abordagens, incluindo apelos à
proteção ambiental, benefícios financeiros pessoais, benefícios sociais e normas
sociais (qual porcentagem de vizinhos economizava energia usando ventiladores).
Esses moradores achavam que o apelo ambiental seria o mais persuasivo e o apelo
à norma social o menos persuasivo. Mas, quando os pesquisadores enviaram uma
das quatro mensagens a cerca de mil moradores, a norma social teve, de longe, o
maior efeito na redução do uso de energia.
Os gestores podem incentivar uma cultura ética destacando as coisas boas que os
funcionários fazem. Embora a tendência natural seja concentrar-se em
advertências ou “buracos negros éticos”, fazer isso pode passar a impressão de que
ações indesejáveis são mais comuns do que realmente são, o que pode aumentar o
comportamento antiético. Em vez disso, para criar normas mais éticas concentre-
se nas “referências éticas” de sua organização: pessoas que colocam a declaração
de missão em prática ou se comportam de maneira exemplar.
Um líder que projeta uma cultura ética deve tentar criar contextos que mantenham
os princípios éticos na cabeça das pessoas, recompensar a ética por meio de
incentivos e oportunidades formais e informais e entremear a ética no
comportamento cotidiano. A maneira exata como isso pode ser feito varia entre as
empresas, mas estes são alguns exemplos:
AVALIAÇÃO > Nas empresas a ética pode ser usada também no design das
avaliações de desempenho e como recompensa e incentivo ao bom
comportamento. Na Johnson & Johnson, por exemplo, a avaliação de 360 graus de
cada executivo é baseada nos quatro componentes do famoso credo da empresa,
que expressa o compromisso com clientes, funcionários, comunidades e
stakeholders. Em uma versão da avaliação que observamos, cada executivo foi
avaliado em itens como “nutre o compromisso com o nosso credo”, “confronta
ações antiéticas ou que chegam ao limite da ética” e “estabelece um ambiente cuja
norma é a integridade intransigente”.
Nenhuma empresa jamais será perfeita porque nenhum ser humano é perfeito. De
fato, em algumas empresas que usamos como exemplos ocorreram sérios deslizes
éticos. As pessoas reais não são nem inteiramente boas nem inteiramente más,
mas são capazes de fazer o bem e o mal. As empresas devem projetar um sistema
que facilite o bem o máximo possível. Isso significa atentar cuidadosamente para
o contexto real das pessoas, transformando os princípios éticos fundamentais em
estratégias e políticas empresariais, mantendo a ética em foco, recompensando o
comportamento ético com os mais variados incentivos e promovendo no dia a dia
a prática das normas éticas. Fazer isso nunca transformará funcionários, mas pode
ajudá-los a ser tão éticos quanto são capazes de ser.