3; Eduardo AC Garcia)
Brasília, DF
Set. 2004
2
Sumário
Introdução 3
a) Uma visão segmentada e isolada ou autônoma da e) A previsão categórica porque o valor futuro de
realidade, sem considerar (ou sem dar a devida determinada variável é único e considerado como
consideração) de fatores exógenos do objeto, fato ou certo, determinístico, admitindo-se, no máximo, uma
fenômeno, motivo de previsão. faixa de variação, dentro de determinado intervalo.
Segundo a visão segmentada, o objeto da previsão é Com essa admissão se aceita que a qualidade (ou a
tratado de modo relativamente independente do estrutura, ou o comportamento na gestão de pessoas,
quadro socioeconômico, político-institucional, p.ex.) de uma variável não se altera e se torna pouco
globalizado ou tecnológico-cientígico, entre outras dependente de mudanças nos condicionantes exógenos
importantes referências do cliente (empresa, setor, como são as mudanças tecnológicas (inovações) e os
“cultura” etc.) e de seu ambiente que experimentam novos hábitos de consumo, as tendências e pressões de
mudanças e que evoluem. Portanto, na visão, não se organização.
faz uma análise integrada (sistêmica) e consistente de
seus principais componentes para melhor caracterizar Onde ficam as influências de profundas
a natureza e, dessa forma “bem” fundamentar o transformações que levam a pensar se estar vivendo
desenvolvimento com ações e estratégias mudanças de épocas numa sociedade da informação?
“prognosticáveis”, quanto possível.
f) A omissão dos atores intervenientes no objeto de
b) A adoção de um conceito restrito de objetividade e estudo quando seus interesses e a influência dos vários
de precisão limitada nas previsões tradicionais; isto, segmentos econômicos, socioculturais e políticos no
porque tal metodologia (conceitos, técnicas e objeto não são considerados ou só o são
métodos) só considera as variáveis ou fenômenos implicitamente e de forma assistemática, na construção
passíveis de quantificação “intervalar”, enquanto que das previsões.
fatos e fenômenos relevantes de dimensões como a
sociocultural, político-institucional e tecnológico- g) O uso exclusivo ou predominante de métodos e
científica, com quantificações “nominais” e “ordinais” modelos estatístico e econométricos determinísticos,
intuitivamente analisáveis, não são considerandos. como expressões matemáticas de relações
Dessa forma limitada, a adoção restrita de essencialmente pressupostas como fixas, onde o
objetividade reduz a precisão nas previsões comportamento das variáveis características do objeto
tradicionais. de estudo é determinado a partir da relação com séries
históricas com variáveis econômicas, demográficas e
c) As relações entre as variáveis são concebidas como tecnológicas, entre outras. Tais variáveis sofrem os
estruturas estáticas, portanto, sem considerações de efeitos de outras.
mudanças ou de ajustes no horizonte de longo prazo
da projeção. Os processos extrapolativos e determinísticos estiveram
associados (em alguns casos limitados, continuam) ao
Com a turbulência de entornos e com a dinâmica de planejamento tradicional.
processos, resultados e atores na era do conhecimento,
da globalização, da negociação (...) as conseqüências O Quadro 1 apresenta uma síntese desse tipo de
do falso pressuposto de estruturas estáticas são graves. planejamento, bem como as principais características do
planejamento estratégico apropriado para a construção de
d) A explicação ou (determinação; ver nota de rodapé 1) cenários, em que atores e ambientes se encontram em
do futuro pelo passado, quando o comportamento de constantes mudanças e ajustes. O objetivo do planejamento
determinadas variáveis (fatos ou fenômenos) for é influir em comportamentos para se alcançar resultados
obtido pela extrapolação de uma série histórica desejados, quando se descrevem os objetivos e meios.
5
Continuação
Quadro 1. Principais características e diferenças entre as
abordagens planejamento tradicional (PT) e o planejamento O PE é conduzido de forma a
assegurar a necessária flexibilidade
estratégico (PE), este último utilizado na construção de cenários para atender às contingências e
prospectivos para o desenvolvimento com determinados atributos garantir a sua continuidade dentro
Flexibilidade Pouca
de esquemas modernos, tais como,
ESTRATÉGICO (PE)
TRADICIONAL (PT)
PLANEJAMENTO
redes, a parceria e a
descentralização criteriosa.
ITEM
Continuação
O PE destaca os cenários Continuação
alternativos, com descrições Maior informação e participação da
qualitativas e contextuais de como comunidade.
o presente evoluirá (espera-se que Informações mais acuradas e
evolua), mostrando futuros difundidas (socializadas).
possíveis com ocorrências Conceitualização clara, definida e
Cenário
Previsão plausíveis, d que possibilitam compreensível para todos, de
único
repensar o que está em andamento, objetivos e metas atingíveis, e de
Requerimentoe. -
redefinir e adequar diretrizes para o meios para atingi-los.
futuro e incorporar novas Todos devem ter e aceitar a
estratégias de gestão no presente e responsabilidade do aprimoramento
com efeito para o futuro assim institucional.
construído. Ter definidas as referências de
avaliação (veja gestão da
As relações do PE são, com qualidade).
Estáticas com
freqüência, dinâmicas com
Relações j estruturas Visão estratégica associada ao
estruturas evolutivas características
constantes destino da empresa, orientada por
de processos.
respostas a questões como:
O PE como auxílio de decisão. − Onde se encontra, qual é o espaço
Criação de estímulos para que ocupa e o que é a empresa hoje
mudança. Processo estruturado, ?
porém, menos formais e − Onde se deseja chegar, qual
burocráticos. deverá ser o seu papel (seu espaço,
Manutenção de vantagens sua identidade ou perfil adequado
competitivas com viabilidade Premissas
ao meio) e o que é preciso fazer
econômica e sustentabilidade em para o êxito
- para atingir os propósitos possíveis
Pouca várias dimensões. de um plano
e desejáveis, na oportunidade e
diferença Quanto menor sejam as etapas estratégico
intensidade/abrangência?
Outras e h. entre planejadas, melhor será o plano. − O que se deseja vir a ser e por
planejament Não estabelecer objetivos que não que em função da missão?
o e decisão possam ser monitorados mediante − Competência ou excelência
indicadores de acompanhamento e técnica em que? Para que setores,
avaliação. áreas e clientes? Como fortalecer a
Ajudar o eficiente a ser eficaz. (e o empresa para definir a visão de
eficaz a ser eficiente). futuro e para a prospecção
Não é fazer previsões, mas pensar tecnológica?
acerca do futuro com base na
Propicia a tomada de decisões
compreensão de agentes e fatores
estratégicas; é favorável a visão de
do passado à luz de tendências.
longo prazo; valoriza as decisões
Parcial. de conservação e manejo integrado
A visão do PE é global: Previsão
Visão j Previsão dos recursos; fundamenta bases de
prospectiva Benefícios do
clássica um sistema de administração e
planejamento
O passado controle estratégico, além de
O futuro é a razão de ser do (apenas se
Explicação j explica o facilitar a comunicação e
presente destacam
futuro coordenação vertical e horizontal;
alguns do
propicia a integração da empresa;
Único e PE)
Futuro j Múltiplo e com incertezas ajuda a enfrentar mudanças; mostra
seguro
a importância de acompanhar a
Atitude j Passiva Ativa e criativa evolução da tecnologia para ajustar
Concentrado no plano e no a empresa e evoluir para a
Formal. competitividade.
processo.
Atitude j Concentrado
no plano.
Planejar com eventos e não com Fontes: Manual de pesquisa…vo. 1 (Vários autores citados na obra
processos.
consultada: a ESG (1983); b Adaptado de Johnson (1985 ); c Drucker
Alta (1992; d Schnnars (1987); e Sink& Tuttle (1993); f Gaj (1987); g
administração Envolvimento de todos. Drucker citado por Gracioso (1990); h Cobra(1991). i Embrapa (1990,
Atitude j Limitada Permanente e continuamente p. 12). j Godet (1977), citado por Beinstein (1994, p. 194).
participação e aprimorado.
envolvimento
A teoria do planejamento, com traços sintetizados no
PE, tem-se beneficiado com a evolução e progresso de
7
teorias de organizações (qualidade, gestão etc.) e com os No Brasil, os erros de previsão se evidenciaram, com
recentes avanços de teoria de sistemas, do conhecimento, da maior peso, um pouco mais tarde (primeira metade da
cibernética e da informática, entre outras importantes áreas década de 80) com o advento da recessão no período 81/83
do saber. Com elas, alterou-se o conceito de PT, na década e com as mudanças expressivas nas dinâmicas de
de 70, definindo-o como “antecipação de decisões do que desenvolvimento político e econômico, tais como a abertura
deve ser feito” (NEWMAN, 1951) 2, para uma nova versão e redemocratização do País, a moratória econômica, o Plano
“enriquecimento sistemático da base de informações para a Cruzado, a Constituinte, a ascensão e queda do Presidente
tomada de decisões, apontando conseqüências futuras de Collor e o Plano Real, entre outros importantes fatos.
ações no presente e implicações imediatas de objetivos
futuros alternativos”, destacando-se a função do Os crescentes erros e imprecisões da abordagem
planejamento como auxiliar, ainda separada da tomada de tradicional da previsão, levam a conclusão de que, salvo em
decisão, além de outros atributos como do enfoque de curto circunstâncias e situações específicas, esta abordagem está
prazo para prazos alongados, com foco em estruturas superada e seu uso é inadequado ou insuficiente para
sistêmicas (Quadro 1), passando a se constituir ferramenta prognosticar a evolução futura de muitos objetos, fatos ou
prospectiva. fenômenos, por várias razões, entre outras as indicadas a
seguir:
A síntese que apresenta o Quadro 1 deve ser vista como
um ponto de reflexão para pensar, de maneira criativa e a) a inexatidão dos dados e a instabilidade ou
endógena, em uma forma de planejamento que seja insuficiência dos modelos adotados; é necessário,
adequada às condições de cada caso. Essa fase criativa, conforme consta no Quadro 1, combinar diversos
reflexiva, crítica (...) é básica na construção de cenários. tipos de dados e informações, tratá-los dentro de
abordagens dinâmicas e sistêmicas e analisar o
Em termos gerais, as previsões obtidas segundo a conjunto no contexto sistêmico;
abordagem extrapolativa e determinística, com o
planejamento tradicional, até o início dos anos 70, no b) a ausência de uma visão global e integrada da
século passado, revelaram-se com certa precisão e realidade; essa visão é cada vez forte e necessária com
confiabilidade, com uma razoável margem de acerto. a abertura de economia ao comercio mundial, com a
globalização e com a modernização de sistemas como
Esse relativo acerto de previsões se devia à condições os de informações e comunicações que tornam fatos e
peculiares daquele período como, p. ex., a relativa fenômenos distantes conhecidos por todos (em tempo
estabilidade de condicionantes políticos, econômicos e real);
tecnológicos.
c) a inadequação para tratar com a incerteza e a
Entretanto, a partir daquela década, quando as relações limitação de traduzi-la em riscos, dada a qualidade
socioeconômicas e políticas passaram por importantes crítica e segmentada de dados e informações;
descontinuidades e transformações, os erros de projeção
foram se acentuando e as abordagens extrapolativas e d) a explicação do futuro apenas pelos fatos e
determinísticas se tornaram ineficientes. fenômenos registrados (às vezes, sem fidelidade) do
passado e pelo comportamento e evolução desses fatos
No mundo, os "choques do petróleo" (1973 e 1979) e de e fenômenos em geral determinados por outros fatores
aceleração de mudanças tecnológicas, econômicas, em outras condições; por outro lado, os dados e
socioculturais e políticas, entre elas o “enfraquecimento” do informações referentes a fatores econômicos, sociais,
"comunismo", alteraram, de forma significativa e definitiva, culturais, ecológicos e políticos-institucionais não
o comportamento da dinâmica de desenvolvimento o que possuem, em muitos casos, a mesma precisão de dados
tornam as previsões determinística sem utilidade e valor e informações controláveis de ciências exatas como a
aplicativo. física e matemática.
mutações são portadoras de múltiplas incertezas que toda Para não se limitar à intuição e à ilusão de continuidade
organização deve integrar em sua estratégia: incertezas, p. e estabilidade de processos e resultados, ou para não se
ex., de natureza econômica sobre a taxa de crescimento e os enganar na fantasia da utopia, em relação ao futuro como
processos produtivos; incertezas socioculturais como nos prolongamento do passado feito no presente, é necessário
hábitos de consumo, incertezas de natureza tecnológica em cuidar de mapear tecnicamente e organizar os futuros
processos e resultados para o futuro. prováveis (com riscos), possíveis (com incertezas) e sempre
plausíveis, isto é, aqueles com mais coerências e
Deve-se adiantar que a prospectiva de cenários não possibilidades de ocorrerem.
pretende eliminar essas incertezas através de uma predição
ilusória. Ela visa apenas, organizá-la e reduzi-la tanto A ótica de análise (diagnósticos, previsões…) também é
quanto possível. De fato, conforme assinala Matus 5 o muito diversa dependendo do ator social (se indivíduo ou
planejamento sempre se faz em condições de incerteza. O grupo de indivíduos, empresa ou governo) que observa o
que muda é o grau e a natureza da incerteza. Ela surge futuro (como é observado, que instrumentos possui para
porque o ator que planifica e seus “oponentes” exercem fazê-lo, que propósitos busca etc.), podendo ser mais geral
efeitos interativos que redefinem o universo de eventos ou específico, de acordo com o seu universo de interesse.
possíveis e desejados.
Entre o cidadão, preocupado, p. ex., com a sua renda,
Esses efeitos podem passar por “estados” imprevisíveis com a estabilidade ou melhoria no emprego, com a
que perturbam o sistema social. Portanto, é razoável pensar segurança e como o nível de vida e bem-estar material e
que esse sistema só admite uma causalidade sistêmica que é “espiritual”, e o Estado ou grandes corporações,
complexa, plural e variada, onde raramente (ou em casos articuladores de grandes projetos materiais com impactos
especiais) é possível estabelecer relações biunívocas e no desenvolvimento, há uma ampla gama de situações e
“bem-comportadas” de causa-efeito com algum grau de condições, tanto no âmbito e abrangência de interesses e
segurança. objetivos como nas formas distintas de seus recursos
técnicos, de organização e de construção de futuros. O DS
Por outro lado, a incerteza pode ser introduzida na é o processo para integrar, articular e sinergizar esses
situação planificada por meio das perturbações que o propósitos e meios de diversos atores, variáveis e cenas que
contexto externo exerce sobre o objeto de planejamento e se projetam e articulam, por vezes, em horizontes
“cenarização”. Por conseguinte, o planejador não pode diferentes.
ignorar a incerteza, mas, tem que conviver e aprender a
lidar com ela. O esforço intelectual dispendido desde a Segunda
Guerra Mundial para gerar técnicas de previsão do futuro
É preciso entender que a prospecção e os cenários não tem refletido essas necessidades e propósitos prementes e
pretendem traçar futuros possíveis, imagináveis ou crescentes de organizar as incertezas para melhor planejar a
desejáveis para determinados atores e condições, mas, ação-e-estratégia no presente com efeito no futuro. Neste
apenas, incitar uma reflexão para delimitar espaços (na esforço, têm sido geradas diversas técnicas e métodos,
concorrência, nos mercados globalizados…) e para definir desde complexos modelos matemáticos até métodos
possibilidades de evolução de acontecimentos que, no rigorosos de organização, de estruturação e de
contexto do DS e especificamente de P&D, estarão hierarquização de variáveis dinâmicas em interação nas
diretamente relacionados com esse desenvolvimento e tipo mudanças de diferentes. Destes, o método de cenários, com
de pesquisa. Assim operando, é necessário admitir e vários modelos e processos, é o mais completo e rico para
enfrentar as incertezas quanto ao futuro e se programar e a antecipação de futuros; trabalhando sempre com mais de
organizar o melhor possível para enfrentá-las. Em alguns uma alternativa, os cenários “reduzem” a inevitável
casos, essa preparação possibilita traduzir as incertezas em incerteza frente ao futuro sem cair no determinismo.
riscos “aceitáveis” e programáveis. Desta forma, a atividade
de planejamento estratégico, como um processo de decisão A antecipação de futuros pela “cenarização” criteriosa
com efeitos no futuro, deve incorporar recursos técnicos e não é portanto, uma atividade puramente teórica ou um
instrumentos adequados para “antever” esse futuro e reduzir exercício especulativo ou de magia e quiromancia.
as incertezas, não as ignorar.
Ela deve ser vista de outra forma e serve, antes de tudo,
para preparar a ação – estratégia direcionada na criação do
5 MATUS, C. Adeus, Senhor Presidente. Recife: Litteris, 1989.
10
futuro. Para os atores sociais interessados na “cenarização”, uma explicação para determinado evento, dispor-se-á,
não se trata de antecipar futuros, mas, de fazê-los ou também, de uma previsão, posto que se tem um modelo das
“construí-los” mediante o exercício de práticas sociais de condições em que o evento, já explicado, deverá ocorrer.
indivíduos, grupos e organizações dispostos (com vontade e
espírito solidário), instruídos (competências) e educados Deve-se observar, no entanto, que no processo social
(habilidades e comportamentos) para esse fim; este não há uma regularidade dos eventos e são difíceis de
documento é uma introdução à construção de cenários antecipar as condições nas quais as leis gerais se aplicariam.
prospectivos para aplicar no desenvolvimento sustentável. Além disso, as ciências sociais, por vezes, não têm uma
única explicação para o mesmo evento, uma vez que
Ao contrário da concepção determinística do futuro, a diferentes paradigmas ou corpos teóricos e metodológicos
análise prospectiva e a postura intelectual dos que dividem os cientistas em vertentes distintas do pensamento.
trabalham com essa análise, deve partir do princípio que o
futuro é incerto e indeterminado e que a humanidade tem, a Dessa forma, tanto a explicação dos eventos históricos,
cada instante, diante de si, múltiplas alternativas, uma quanto a previsão desses eventos no futuro dependerão do
delas se coloca como desejável e possível: desejável pelos marco teórico utilizado e da capacidade elucidativa do
atores do desenvolvimento; possível dada as condições, objeto. Embora a epistemologia moderna das ciências
disposições e meios desses atores. exatas não mais considere os eventos naturais como
regulares e controláveis, mas também probabilísticos, o
O suposto central é que o futuro é construído pela peculiar das ciências sociais está na singularidade dos
prática social, pela ação-estratégia de homens organizados eventos que constituem seus objetos, nem sempre de
que têm projetos consistentes, propósitos conciliadores, ocorrências probabilísticas conhecidas.
recursos sustentáveis, vontades para a parceria, sentido de
cooperação e de trabalho em equipe..., homens com Por outro lado, nas ciências sociais os fundamentos
conflitos (definidos pelos interesses em jogo) e, sobretudo, resultam da ação de homens que são simultaneamente
homens com uma certa visão dos possíveis (prováveis) objetos e atores, portanto, em uma (p. ex., cliente,
futuros e uma grande disposição (solidariedade) para consumidor...) ou outra (p. ex., concorrente, fornecedor...)
construir o futuro desejável e possível. posição utilizada para construir expectativas sobre o futuro
que pautam comportamentos coletivos em base a essas
Esta afirmação de abertura intelectual frente ao futuro expectativas com diferentes resultados.
não significa a recusa à formulação de leis gerais da história
que estabeleçam padrões de explicação e de A “quase” impossibilidade da experimentação (a não ser
comportamentos prováveis da sociedade, um certo no campo da simulação) em ciências sociais é outra
determinismo na ausência do conhecimento dessa dificuldade à sua comprovação teórica e, portanto, à
explicação e comportamento segurança da sua capacidade de previsão de eventos futuros.
As ciências sociais são, em última instância, um corpo Rigorosamente, tanto as ciências sociais quanto as
analítico sistemático de explicações de eventos históricos ciências naturais partem de um modelo simplificado da
com base em conceitos, de leis gerais e enunciados realidade, reduzindo-a a uma rede de relações causais, em
universais e, também, de aspectos singulares e locais cuja que as condições fundamentais podem não permanecer
base empírica reside na história. Este mesmo corpo constante nos processos sociais; isto significa que o modelo
analítico que procura explicar a história pode ser útil para simplificado deve tratar as condições particulares definidas
construir eventuais processos sociais de futuros. no espaço e no tempo para o futuro, aquelas que sejam
projetadas.
De uma maneira geral, se a ciência oferece uma
explicação racional dos eventos naturais ou sociais já Dessa forma, a restrição primeira à previsão em ciências
ocorridos, a partir da sua construção teórica, seria possível, sociais reside na imponderabilidade das condições
em tese, antecipar o futuro utilizando essa mesma base específicas do espaço e no tempo quando projetadas para o
teórica de explicações, sempre que for capaz de futuro. O que se considera estável é o modelo analítico, o
desenvolver as condições específicas em que se aplicarão as marco teórico ou o paradigma provado e construído a partir
leis e postulados gerais, bem como prever suas ocorrências da sua capacidade científica de explicar eventos do passado.
no futuro. Desta forma, sempre que for possível dispor de
11
NÍVEL DE TURBULÊNCIA
HORIZONTE TEMPORAL
a ciência poderão utilizar técnicas de simulação.
NO MEIO AMBIENTE
DE PLANEJAMENTO
Deve-se acrescentar que, ao final, o que importa não é
saber ou garantir se a previsão é científica, se utiliza esta ou MÉTODO
aquela técnica do método científico, mas, que ela seja
realizada com suporte de uma teoria científica e que resulte
de uma formulação racional e fundamentada de hipóteses
científicas consistentes e relevantes. (ver Manual de
pesquisa..., vol. 5).
MONITORIA AMBIENTAL
Se o futuro é indeterminado para um horizonte aberto de Análise de Conjuntura Alto Curto - médio
possibilidades, a análise prospectiva, aparentemente não se Indicadores Antecedentes Alto Curto
constitui numa atividade científica rigorosa. Análise Bayesiana Alto Curto
Curto/
Análise de Risco Político Alto
Médio
No entanto, deve recorrer à ciência, ao modelo
científico e às teorias de explicações e interpretações do EXTRAPOLAÇÃO
processo social para conceber possíveis (em alguns casos, Regressão
Baixo Curto
até prováveis) desenvolvimentos futuros. Simples/Múltipla
Indicadores Antecedentes Alto Curto
Análise Bayesiana Alto Médio
Desse modo, a análise prospectiva pode ser considerada
uma tecnologia e um recurso técnico da ciência ou uma das JULGAMENTO
aplicações da ciência que não afeta a sua essência. A Delfos Alto Longo
Impactos Cruzados Alto Longo
conseqüência natural desse conjunto de deficiências tem
“Focus Groups” Alto Curto
sido o abandono progressivo das abordagens de projeções
INTERATIVO
feitas exclusivamente com bases determinísticas e
extrapolativas. Curto, Médio ou
Cenários Alto
Longo
Fonte: Adaptado de ANSOFF, H. Igor, in Implantando a
A tendência, no final da década de 90, era a de adotar administração Estratégica, São Paulo: Atlas, 1993, p. 87.
um conjunto (ou um "mix") de métodos de previsão e
prognósticos e aplicar aqueles “mais adequados” (??) em
função do nível de turbulência ambiental e do horizonte
temporal de exploração do futuro, como sugerem os
quadros que seguem (Quadro 2 e Quadro 3 que
complementa o Quadro 1).
A relação de métodos acima é apenas uma amostra que Deve-se adiantar que a construção e análise de cenários
não esgota o conjunto de técnicas e métodos disponíveis tem sido a alternativa mais utilizada, no final da década de
para a exploração do futuro, para a construção de cenários 90, tanto em escala mundial como em nível nacional e
que auxiliam essa exploração. regional, para “antecipar” possíveis futuros com horizontes
de médio e longo prazos.
12
Por esse destaque, a parte que segue tratar das principais estado de conhecimento disponível no início do novo
características dos cenários prospectivos. milênio, sobre estudos prospectivos.
Quadro 3 Dois estilos de planejamento que podem ser 2.1 O Conceito de Cenário
utilizados na construção de cenários prospectivos
Planejamento Baseado em O conceito cenário, no sentido comum, pode ser
Planejamento Baseado
Previsões Determinísticas
em Cenários entendido como o espaço que apresenta um conjunto de
e Extrapolativas
1. Concentração nas incertezas. elementos visuais (p. ex., moveis, objetos, efeitos especiais
1. Concentração nas certezas. etc.) e as condições em que decorre determinada ação ou
Legitima o reconhecimento das
“Mascara” as incertezas
incertezas cena.
2. Apoia-se em projeções únicas e 2. Apoia-se em imagens lógicas
“lineares” do futuro
3. O quantitativo orienta ou 3. O qualitativo orienta ou No contexto do desenvolvimento sustentável, trata-se de
determina o qualitativo determina o quantitativo um conceito importante no planejamento para delimitar e
4. Esconde (“mascara”) os riscos 4. Explicita e sublinha os riscos caracterizar espaços, atores e possibilidades de evolução de
5. Favorece a flexibilidade e o
5. Favorece a inércia acontecimentos relacionados com o progresso.
espírito de responsabilidade
6. Parte da simplicidade para a 6. Parte da complexidade para a
complexidade simplicidade A palavra cenário ou futurible foi inicialmente aplicada
FONTE: Global Business Network (GBN). ao planejamento estratégico militar, sendo definido como:
b) tenham capacidade para construir visões globais que No contexto de cenários surprise free é possível
integrem a influência de fatores, tais como os apresentar seqüências hipotéticas de situações complexas,
políticos-institucionais, econômicos, sociais-e- construídas com o propósito de concentrar a atenção nos
culturais, tecnológicos-e-científicos e meio ambiente- processos causais (causa-efeito) e em pontos importantes de
ecológicos, entre outros, nas variáveis inerentes ao uma tomada de decisão.
fato, fenômeno, processo ou produto objeto de Os cenários podem ser vistos como imagens ou como
previsão. desenhos de futuros configurados a partir da combinação
coerente e consistente de hipóteses plausíveis (no presente)
A construção de cenários é a alternativa mais sobre os possíveis (e até prováveis) comportamentos e
adequada para atender a tais requisitos, pelo menos no ações - estratégias de agentes e variáveis determinantes de
13
um sistema ou de uma realidade, verificando-se que quanto Como quase toda reflexão sobre o futuro, os estudos
maior o nível de incertezas do ambiente maior será a prospectivos de cenários estimulam formas criativas de
necessidade de buscar e fortalecer os vínculos da analisar no longo prazo, de (re)pensar e o próprio
negociação (agenda), isto é, os instrumentos para a pensamento estratégico e o modo em que se possam
construção do cenário que possibilitem a compreensão dos adaptar eventos e processos no futuro, conforme se
fatores de incerteza no futuro. É com base nessa projetam e esperam sejam os ambientes que predominarão.
compreensão (descrição e análise) que se preparam as ações
Consideram-se, nesse exercício, os eventos e processos
e estratégias no presente para influenciar (construir) o
incertos e prováveis, ocupando-se de eventuais surpresas e
futuro; influenciar o futuro? Observe-se que não se pode
da imprevisibilidade que impõe a necessidade de lidar com
influenciar ou construir esse futuro enquanto não se tenha a
cenários alternativos. Por isso, a construção de cenários,
prospecção e a relativa “boa” compreensão de seus
constitui-se uma ferramenta importante que facilita a
elementos (variáveis, cenas, trajetórias…) e atores
tomada de decisão em situações de incertezas na medida em
esperados.
que lida com antecipações, com certa racionalidade.
Mas, que compreensão se pode ter de um futuro que se
A análise de futuros possíveis ajuda a reconhecer e se
constrói no ambiente natural do caos, com base em fatos e
adaptar às mudanças que se esperam ocorrerão no meio que
fenômenos incertos, instáveis, não isolados (estruturados
afeta (afetará) o desenvolvimento, possibilitando, dessa
num sistema) e que experimentam constantes mudanças
forma, definir caminhos alternativos de evoluções e permitir
muitas delas imprevisíveis? Na visão do pessimista, daquela
escolher as manobras apropriadas para cada um dos atores
que tem a predisposição de ver e julgar as coisas pelo lado
em suas correspondentes opções (SCHWARTZ, 2000;
mais desfavorável, nenhuma compreensão.
adequado ao texto).
Para o pesquisador ousado e otimista, alguma
Nessa construção de futuro, consideram-se os eventos e
compreensão necessária para orientar processos de decisão
processos incertos e prováveis, ocupando-se de eventuais
e definir rumos da pesquisa. Pelo lado do otimista, do líder
surpresas e imprevisibilidades.
entusiasta com capacidade e habilidade para comandar o
desenvolvimento sustentável, toda a compreensão Os métodos aplicados na construção de cenários
necessária Isto, admitindo-se que o cenário seja uma recorrem às técnicas associativas com uma visão criativa,
descrição e análise de um futuro imaginável, desejável e como formas de pensar no futuro, e de como projetar e
possível, não uma construção para pretender prevê-lo; mas, prever a avaliação de impactos potenciais.
uma reflexão para delimitar espaços (na concorrência, nos
Pelo cenário construído não se indica o que o futuro
mercados, na sociedade etc.) e para definir possibilidades
será, porque os cenários não são e não devem ser
de evolução de acontecimentos que, no contexto de
entendidos como prognósticos ou previsões determinísticas,
pesquisa, estão ou estarão diretamente relacionados com o
mas, apenas formas de ampliar a compreensão de eventos
desenvolvimento, seus resultados e os atores nela
potenciais de longo prazo (NORSE, 1979, adequado) em
envolvidos.
nível de região, Estado e País, ou caminhos possíveis em
Portanto, a construção de futuro que interessa ao direção ao futuro (RATTER, 1979), sem pretender,
desenvolvimento é aquela relacionada com o possível repetindo, eliminar a incerteza (apenas gerenciá-la;
entorno relevante (de clientes, de fornecedores, do meio acrescenta-se, a negação da incerteza é a causa da surpresa),
ambiente, de mercados etc., em termos de variáveis), com mas, prever, sob certas circunstâncias ou hipóteses, o que
as atividades desses clientes (cenas e trajetórias) e com os pode acontecer, sobre as possibilidades de futuro, avaliando
resultados para esses alvos e seus correspondentes entornos. as premissas do passado e presente (KAHN; WEINER,
1969).
Nesse contexto, o estudo de cenário se refere a uma
descrição e análise de um futuro possível, imaginável e Apresentar, na construção de cenários, seqüências
desejável, por determinados agentes (p. ex., planejadores e hipotéticas de situações complexas com o propósito de (ver
gerenciadores que possam interpretar expectativas e item 2.2 Propósitos da construção de cenários):
possibilidades de agentes do desenvolvimento) inseridos
a) concentrar a atenção nos processos causais (causa-
num todo, em um sistema, bem como um caminho ou uma
efeito) e em pontos importantes (fatores críticos) ou
trajetória que conecta a situação de origem, neste caso o
relevantes (simplificados) da tomada de decisão
presente, onde se tomam as decisões, com o futuro em
construção.
14
propulsoras
Deve-se observar que os cenários surprise free não são Global: SS: FM
Forças
coerentes com os propósitos anteriores; estes cenários não
emergem de contextos e visões complexas, dinâmicas e com Nacional: Ss;
surpresas, com situações integradas e instáveis, mas, de
“realidades” que são simplificadas, destacando-se apenas o Regional:
que é mais relevante, sem, contudo, perder a visão global. ss: FH
Forças e
restritivas
Ainda que simplificada, a visão da realidade (fato ou
Forças
fenômeno) e do mundo deve se sistêmica, menos atrelada fatores
ao formalismo e mais definida por processos de inter-
relações e interações de variáveis e de atores inter-
relacionados (apenas, os principais), de percepções e a) Delimitação de sistemas (cenários globais até os cenários de
valores complexos simplificados, de símbolos e significados projetos), ambientes (macro até micro) e clientes (corporações
complexos simplificados e de idéias e conceitos globalizadas até o cliente local) em vários níveis representados por:
característicos dos cenários modernos numa visão SS, Ss e ss, com caracterizando de problemas (análise estrutural:
Político, macroeconômico, tecnológico até o mercado local) e
operacional simples. especificação de propósitos (Globais estratégicos até a decisão de
investimento numa tecnologia).
Na visão prospectiva, o cenário pode ser entendido
como “o conjunto formado pela descrição coerente de uma b) Caracterização de fatores-chave FH/ss e forças motrizes
situação [esperada e possível] no futuro e pelo propulsoras e restritivas (FM/MM).
encaminhamento dos acontecimentos que permitem passar c) Definição e ordenamento de incertezas críticas.
da situação de origem [o presente] à situação futura” d) Estudo da “lógica” de fatores condicionantes do futuro.
realizável e desejável (GODET, 1987); atender estas
últimas característicos impõe simplificação. e) Descrição de cenários (desejáveis: CD; possíveis: CP e exeqüíveis:
CE) e ordenamento, pelos “peso” de fatores, conforme a seqüência
Em termos gerais, o conceito compreende os cenários lógica: CD CP; CE [CD CP].
possíveis ou imagináveis; os cenários realizáveis como
sendo todos os possíveis de ocorrer e que levam em conta
os condicionantes do futuro; e os cenários desejáveis, Cen. Desejáveis
dentro dos cenários possíveis, porém nem sempre sendo
cenários realizáveis, conforme se ilustra na Figura 3 obtida Cen. Exeqüíveis
do Manual de pesquisa..., vol 2.
Cen. Possíveis
A parte superior da Figura 3 indica forças propulsoras e
forças restritivas integradas e que confluem (forças e f) Seleção de indicadores e teste de consistência e sensibilidade dos
fatores) na entrada de processos; essas entradas poderão ser: cenários.
globais (SS: globalização, empresas multinacionais etc),
g) Análise comparativa de implicações de cada alternativa
nacionais (Ss) e regionais (ss); que definem evoluções, “cenarizada”, interpretação de variáveis e escolha de um cenário
estados e tendências em cada um desses níveis e que com base em critérios.
determinam passos na construção de cenários. h) Elaboração de planos, ações e estratégias com base no cenário
escolhido na fase anterior.
Os passos básicos na construção de cenários, indicados na
Figura 3, são: a delimitação do sistema, a caracterização de
Figura 3 Passos na construção e aninhamento de cenários
15
O planejamento do estudo e a construção de cenários 6 Essa confluência não significa nem pressupõe eliminar os
pressupõem escolher, no presente, dentre várias opções que conflitos de interesses, de objetivos e de posicionamentos dos
a empresa ou um plano de desenvolvimento tem atores, mas, apenas destacar os pontos comuns ou vínculos entre
(MARKIDES, 2000; adequado), as pressupostas eles, valorizados na negociação fruto da participação e disposição
para a construção de cenários.
16
prever a avaliação de impactos potenciais; não indica o que futuros, são utilizados, com relativa freqüência, para a
o futuro será. Nessa construção, segundo Schwartz (2000), formulação de opções de longo prazo, constituindo-se
manipulam-se dois mundo ou realidades: importantes instrumentos de planejamento para auxiliar a
definição de rumos. Tendo em conta sua destinação para o
a) a dos fatos: exploram-se fatos, indicam-se as
longo prazo, os cenários terão menor precisão.
percepções daqueles que têm a responsabilidade de
tomar decisões e definir rumos; Nessa visão, procuram visualizar e concentrar seu
foco nas dificuldades estruturais. Entretanto, para a
b) a das percepções que resultam da transformação dos
organização e em termos práticos, parte da garantia do êxito
dados e informações em conhecimentos das estratégias
está no atendimento, com efetividade, de problemas
em novas percepções.
conjunturais e de curto prazo. Nesse âmbito, a capacidade
Por essa manipulação, os cenários são instrumentos úteis de se pensar e de detalhar é mais bem detalhada ou melhor
para delinear panoramas e, dentro desses panoramas, definida, conforme ilustra a Figura 5.
indicar quando e quais medidas educativas, disciplinadoras,
corretivas ou de fomento, entre outras, podem ou devem ser
tomadas para atingir determinadas metas da organização no
futuro, da construção do desenvolvimento sustentável
desejável e possível.
Trata-se, na prática, de uma ferramenta moderna de Terra
para a pesquisa no contexto global do início do novo não apenas entrecruzando variáveis e produzindo muitos
milênio; essas indicações apontam para a abertura da resultados, mas criando poucas alternativas (opções
economia ao mercado mundial e da economia informal no estratégicas antes não consideradas pela gestão) e
mercado interno; para as transformações da economia com caminhos consistentes para o futuro; uma dessas
megafusões, formações de joint ventures e processos de alternativas pode estar certa e ser escolhida na gestão.
privatizações; para as novas formas do mercado de trabalho
propiciadas, em parte, pela modernização tecnológica e Segundo Wilson (2002), os cenários podem ser
organizacional que tem permitido produzir mais com menos usados não apenas para elaborar descrições e alternativas
trabalhadores; para a instabilidade e imprevisibilidade do plausíveis para o futuro e para auxiliar o processo de
mercado globalizado; para as novas formas de competição e tomada de decisões (isto, porque o foco é mais estratégico,
padrões de competitividade, entre outros não menos ao lidar com tendências e incertezas de longo prazo, do que
importantes tópicos. tático, ao tratar com desdobramentos de curto prazo), mas,
também, como uma ferramenta de aprendizado para
explorar áreas de riscos e oportunidades.
2.2 Propósitos da construção de cenários A análise de variáveis qualitativas e quantitativas, com
elementos de criatividade e sensibilidade, na construção de
Sob condições e mudanças do meio ambiente em
cenários é importante para, entre outros propósitos dos
acelerados processos e, por vezes, descontinuas trajetórias,
cenários:
as projeções e experiências do passado não são suficientes
para orientar, com eficiência, a organização nem o a) traçar rumos mediante acordos e definições de
desenvolvimento. agendas e programas elaborados com objetividade: um
conjunto de avaliações e decisões básicas para a
Faz-se necessário, para tratar as novas situações,
orientação;
escolher, dentre um leque, direções consistentes para
“fazer” o futuro e para orientar os esforços e recursos na b) planejar e auxiliar a gestão de atividades em diversos
direção escolhida para essa construção. Nessa direção, horizontes (p. ex., de um ano fiscal ou num período
orientam-se o planejamento estratégico e os cenários como maior que possibilite o posicionamento da organização
descrições consistentes de evoluções dinâmicas de um no mercado);
sistema (atividade, processo...) fixado por algumas variáveis
c) planejar investimentos e orientar políticas de geração/
exógenas interagentes, características (descritores) do
adaptação e de transferência/ difusão de tecnologias;
sistema. A escolha desses descritores e a formulação de
hipóteses consistentes relativas ao cenário a ser estudado, d) buscar parcerias, viabilizar a formação de redes e
constituem a principal dificuldade na formulação de alavancar recursos para a pesquisa, entre outros
cenários. propósitos.
A construção de cenários para a pesquisa deve A análise e previsão de que trata a construção de
servir, em especial, a dois propósitos, sintetizados a seguir cenários, poderá ter como focos, entre outras:
(complementa e enfatiza apresentação anterior; pág. 13): a) as variáveis econômicas no contexto de cenários que
podem ser conjugadas em modelos (processos) inter-
a) o primeiro, antecipar e compreender riscos e incertezas setoriais e inter-regionais de equilíbrio geral;
de processos relacionados com a pesquisa para gerenciar
com previsibilidade, isto é, orientar ou auxiliar às b) as variáveis socioculturais no contexto de cenários
pessoas que fazem as coisas acontecerem, em contraste que podem ser conjugadas em processos de ajustes
com aquelas que apenas observam as coisas sociais e de redução de desigualdades nesta dimensão;
acontecerem ou as que não sabem o que está c) as variáveis do meio ambiente e de seus recursos
acontecendo; naturais no contexto de cenários ecológicos que
podem ser conjugadas em processos de conservação e
b) o segundo, descobrir opções estratégicas, ao organizar manejo integrado e de prevenção contra perdas, bem
uma variedade de informações sociais, culturais, como os de proteção dessas riquezas naturais não
econômicas, tecnológicas, político-institucionais e apenas para as presentes gerações, mas para as futuras;
ecológicas, entre outras, aparentemente sem relação
entre elas e transformá-las em um plano de julgamento,
18
Em geral, as dimensões do desenvolvimento para o qual A preocupação fundamental de cada cena não é apenas
se definem e constroem os cenários prospectivos devem evidenciar a dinâmica da situação ao longo do tempo,
estar representadas e sim as estruturas a ela associadas num dado
segmento de tempo; qual a dimensão das variáveis
nesse instante; qual a posição relativa de cada uma
delas face às demais; quais os atores intervenientes e
7 A estratégia institucional pode conceitualizar-se como a arte de como eles interagem. Estas são, entre outras, questões
descritas na cena.
escolher um caminho, dentro dos possíveis, de interação em várias
dimensões, orientado por determinadas configurações alternativas
(cenários) e dinâmicas em que se articulam atores (buscar a Cada cena é uma visão sincrônica do objeto
harmonia entre eles), recursos (escolher, aplicar e coordenar, com cenarizado num determinado período de tempo.
eficácia, os recursos de que se dispõe) e ações (explorar condições
favoráveis e oportunidades, superar entraves, tratar limitações etc.) e) Trajetórias de atores, variáveis e cenas; trata-se dos
para alcançar certos objetivos e metas da organização (p. ex., os percursos ou caminhos, ao longo do tempo, do objeto
objetivos estratégicos), em dado contexto e visão de longo prazo;
por esta estratégia a organização se posiciona de forma
competitiva e garante, de certa forma, sua sobrevivência no 8 PORTER, M. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Campus,
horizonte dessa visão temporal. 1989.
19
cenarizado, na qual se descrevem os movimentos ou as Por outro lado, a cenarização promove ou facilita a
dinâmicas desses objetos, partindo da cena inicial até flexibilidade e a capacidade de reação de
a cena final; no caso em que o cenário configura intervenientes, interessados (...) e ajuste às
políticas e estratégias (governamentais ou condições, perspectivas (...).
empresariais) é na trajetória que se explicitam tais
definições, com a seguinte forma lógica geral: 2) Ênfase nos aspectos qualitativos da realidade
presente ou dos futuros “construídos”, sem descuidar
Para o sistema S alcançar o estado descrito na aspectos quantitativos dos fatos ou fenômenos.
Cena i (tempo Ti) será necessário implementar
a política A no tempo Ti - Ti, a política B no As opções fundamentais dos cenários são
tempo Ti - T2 e assim por diante.... essencialmente qualitativas e cada cenário
caracteriza um futuro qualitativamente distinto dos
A trajetória também deve evidenciar as tensões, demais. Isso não significa, repetindo, que a
contradições, conflitos existentes ou potenciais, construção de qualquer cenário independa ou
desequilíbrios e elementos de regulação das transações prescinda de elementos quantitativos.
entre os atores intervenientes ao longo do caminho.
Os cenários combinam grande quantidade de
informações e de conhecimentos qualitativos e
2.4 Atributos da abordagem de cenários quantitativos e transmitem os resultados de uma
análise integral em formas transparentes e
Os atributos desejáveis de um cenário se relacionam, em compreensíveis. Ao mesmo tempo, o cenário permite
parte, com a essência ou lógica da prospectiva de organizar, antever como um futuro incerto pode reagir e como
sistematizar e delimitar (caracterizar) incertezas explorando este pode ser influenciado ou impactado por
sistematicamente os pontos de mudanças; em parte, com os decisões no presente. É com base nesse atributo que
propósitos e recursos alocados nessa construção. a organização se prepara.
Relacionam-se, também, com os atributos da qualidade, da
gestão da qualidade total. Em muitos casos, os números e tratamentos
estatísticos são essenciais para dar precisão e
Em geral, os principais atributos dos cenários são: conferir significado aos elementos qualitativos dos
cenários. Mas, os aspectos quantitativos serão
1) Uma visão global da realidade que se impõe na decorrência ou detalhamento de formulações mais
medida em que se observa a interdependência entre amplas de caráter qualitativo.
atores, variáveis e cenas e se acentuam, com a
aceleração das mudanças, essas interdependências; 3) As relações entre variáveis e atores são vistas como
esse fenômeno de complexificação e entrelaçamento estruturas dinâmicas e complexas que comportam
das relações da sociedade levam a que qualquer mudanças qualitativas ao longo do horizonte de
abordagem isolada desses fenômenos (p. ex., projeção; essas dinâmicas e ajustes fazem a
considerar autonomamente a evolução de diferença entre fatos e fenômenos do passado e os
determinado objeto) apresente um menor valor fatos e fenômenos do futuro, permitindo realizar
explicativo ou este seja de escasso valor. interpretações “lógicas” para esse futuro.
Uma das características básicas dos cenários reside 4) O futuro é concebido como a motivação básica das
na sua capacidade de reunir, comportar e articular ações e decisões do presente centrado em incertezas
opções, estudos, prognósticos, hipóteses e e não como um prolongamento inevitável da
contribuições múltiplas e diversas. dinâmica do passado, de projeções e prognósticos.
Para tal fim (complexo porque são muios interesses e A premissa básica que apóia esta visão de futuro é
abrangentes porque são muitas dimensões), deve-se que as pessoas, grupos, organizações ou classes
prover, na construção de cenários, estruturas ágeis e sociais são capazes de influenciar o seu próprio
flexíveis para integrar estudos e explorar políticas destino dentro de um quadro de oportunidades,
alternativas.
20
limitações e restrições concretas, porém manejáveis predomínio de uma aliança de determinados atores
por elas. em torno de um dado projeto, propósito ou conjunto
de interesses.
É em função dessa possibilidade, ampliada pela
tecnologia da informação e comunicação da era do Isso significa, na prática, considerar a dimensão
conhecimento, que o cenário se torna uma base política como um forte condicionante do futuro.
importante para reflexão e decisão sobre o futuro ao Afinal, as mudanças nas diversas dimensões
incorporar esse quadro. (políticas, econômicas, tecnológicas, sociais,
culturais, ecológicas etc) não ocorrem ao acaso, mas,
5) Uma visão plural e incerta do futuro que resulta do como o resultado do jogo de coalizões e conflitos
confronto e/ou da cooperação de diferentes atores, dos grupos ou instituições intervenientes em cada
variáveis e cenas. situação.
A construção do futuro, desse modo, explica-se mais A preocupação com o “realismo” e com a eficácia
pela ação humana imprevisível do que pelo jogo de dos resultados devem guiar a reflexão prospectiva
determinismos de interesses e propósitos. visando o conhecimento de fatos sociais e históricos.
Daí decorre uma mudança de natureza das previsões Os cenários devem focar questões relevantes e
através de cenários em relação às abordagens formular hipóteses-chave sobre o futuro, bem como
tradicionais: aqui, as previsões são condicionais na assegurar a coerência e plausibilidade das
medida em que a sua precisão depende da ocorrência combinações possíveis dessas hipóteses.
de determinadas suposições ou premissas
explicitadas pelo cenário adotado. Por outro lado, os cenários devem ser transparentes
tanto em termos de conteúdo (comunicabilidade)
6) Adoção de modelos conceituais, métodos como dos métodos, técnicas e procedimentos
qualitativos e quantitativos e de uma visão adotados para obter e tratar esse conteúdo.
probabilística dos fenômenos. Esta característica da
abordagem de cenários é conseqüência das
anteriores que incluem a incerteza e a pluralidade 2.4 Tipos de Cenários
como algo inerente à exploração do futuro.
Na construção de cenários é possível, conforme sejam
Deste modo, dependendo da natureza dos fatos e os objetivos, meios e diretrizes, ter-se várias tipas,
fenômenos (cenas), das variáveis consideradas e do mencionando-se, entre outros, os cenários imagináveis ou
grau de conhecimento que se tem a respeito deles, hipotéticos, os cenários possíveis, os cenários normativos
são formulados desde modelos matemáticos até ou desejados, os cenários mais prováveis ou de referência,
esquemas conceituais puramente qualitativos para os cenários extrapolativos e os cenários extremos ou de
analisar e “prognosticar” (?) comportamentos contraste.
futuros, vale dizer, para organizar, sistematizar e
delimitar incertezas desses fatos e fenômenos, Para as finalidades didáticas elementares deste
explorando as oportunidades nas mudanças ou na documento apenas são considerados dois tipos: os cenários
manutenção de rumos.
1º. Passo
Idéias
Delineamento do Visão
Utopias
futuro desejado Retrospectiva
Horizonte
de tempo
Visão
Retrospectiva
Cenário
Alternativos
Situação Extrapolação Cenário
Atual Variações
Tendências Canônicas Figura 10 Cenários exploratórios múltiplos
c) Quais serão as prioridades para a P&D em As suas implicações para indústrias (setores) são, vias
biotecnologia no Brasil? de regra, mal-entendidas; por outro lado, a construção
desses cenários exige a análise de um conjunto de
d) Como evoluirão as tecnologias de clonagem e de fatores muito amplos e com poucos conteúdos e
alteração genética no caso do agronegócio? ramificações estratégicas dos meios macroeconômicos
e) Qual será o posicionamento do novo governo (2003) 10 PORTER, Michael E., Vantagem Competitiva - Criando e
com relação ao setor de P&D para agronegócios?
Sustentando um Desempenho Superior. Rio de Janeiro:
Campus, 1986 (Capítulo 13).
25
b) Nível intermediário ou setorial; são cenários de O Quadro 4 dá uma idéia de usos e aplicações de
indústrias, segmentos ou ambientes de negócios cenários em diversas atividades do desenvolvimento
específicos, como são, para o caso do segmento de sustentável, com destaque, neste Quadro, para estudos de
petróleo, A indústria do Petróleo no Brasil e no mercado, planejamento (estratégico e contingencial),
Mundo no Horizonte 2001, PETROBRÁS e a gerenciamento estratégico em tempo real, referência para
Integrating Scenarios into Strategic Planning at Royal negociação, análise de projetos e apoio à tomada de
Dutch/Shell e para o caso do desenvolvimento decisões.
tecnológico do Brasil, os Cenários do ambiente de
Negócios da FINEP no horizonte 1993/2010.
Quadro 5 Síntese de técnicas e métodos utilizados na As técnicas de apoio na construção de cenários são
construção de cenários sintetizadas no Quadro 6.
TIPO CARACTERÍSTICAS
Baixo nível de estruturação: reuniões e palestras
(exposições, debates etc., que poderão enriquecer os
pressupostos) com especialistas sobre cenários futuros
Simples: bom
(ver roteiro proposto pela Embrapa; pág. 24).
senso,
Os principais resultados das reuniões são a geração de
intuição
pressuposições compartilhadas pelos participantes a
Quadro 6 Técnicas utilizadas na construção de cenários
respeito do futuro e do ambiente do negócio e das TÉCNICAS CARACTERÍSTICAS
oportunidades e ameaças à organização. Brainstorming; Técnica de trabalho em grupo que
Alto nível de estruturação e o predomínio da visa produzir o máximo de possíveis soluções (idéias)
abordagem quantitativa do futuro, feita com para um dado problema, ao estimular a imaginação e
“pesados” modelos econométricos, de simulação e/ou fazer surgir idéias, o que seria mais difícil em
de dinâmicas de sistemas. Neste grupo se encontram: trabalhos isolados.
- a Análise de Impacto de Tendências (ver Figura 12) Para que isso ocorra é necessário “ambientar” os
feita com base na extrapolação de uma variável- participantes, explicar-lhes as regras e o método e
chave ajustada com base na ocorrência de eventos de Incentivo à motivá-los para a expressão livre e/ou de maneira
impactos; são selecionadas, após definido o escopo, criatividade espontânea, sem censura, nem críticas; anotaras
duas ou três direções-chave (forças diretivas) com idéias como sendo de interesse.
seus correspondentes estados alternativos; tais fatores Análise morfológica; visa explorar de maneira
Base
são combinados numa matriz da qual se geram os sistemática, os futuros possíveis a partir do estudo de
quantitativa e
cenários alternativos e possíveis; todas as combinações que resultam da decomposição
dedutiva,
- a Análise de Impactos Cruzado (HELME.R; de um sistema em seus atributos.
(Huss e
GORDON, 1966) Esta análise, na forma de uma Questionário e entrevistas.
Hontona )
matriz, é baseada no conceito de que a ocorrência ou
não de um possível evento ou ação de certa política, Método Delphi; consiste em interrogar
pode afetar a probabilidade de ocorrência de um individualmente, mediante sucessivos questionários,
conjunto de outros eventos ou ações; o método requer determinado grupo de especialistas. Após cada
que tais interações sejam definidas e seus efeitos rodada, as respostas são analisadas e reapresentadas
estimados; ao conjunto das possíveis combinações de ao grupo para que tenham a oportunidades, com a
eventos se associam freqüências de ocorrências; o síntese de resultados da rodada anterior, de rever suas
resultado são os cenários gerados. Esta Análise auxilia Avaliação
opiniões.
ao planejamento estratégico, tanto no setor público Dessa forme, busca-se a convergência de idéias e
quanto no privado (ver Figura 13). minimizar os problemas de grupos como são pressões
Alto nível de estruturação e abordagens qualitativas sociais, influencias exageradas e polarizações
(predominante), complementada pela análise Modelagem e simulação.
quantitativa. Neste grupo se encontra:
Base
a Metodologia de Construção de Cenários de Método Elletre (ver no texto)
qualitativa, Análise
Godetb; compreende três etapas (construção de uma Método de análise hierárquica
quantitativa e multicritério
base analítica; elaboração de cenários e previsões
dedutiva
quantitativas; e formulações de estratégias e planos de
ação); essas etapas compreendem 10 atividades
indicadas na Figura 14.
e a Metodologia de Construção de Cenários
Base Industriais e Estratégia Competitiva sob Incerteza de
qualitativa, Porter;c esta abordagem tem um foco bem definido:
quantitativa e os ambientes de negócio, centrado em cinco forças
dedutiva competitivas (ver Figura 15), sem tratar
macrocenários que o autor considera pouco úteis
Médio nível de estruturação e abordagem, em
Base
essência, qualitativa e intuitiva – criativa do futuro.
qualitativa,
Neste tipo se encontram:
lógico-
- a Metodologia SRI de Peter Schhwartz e
intuitiva e
- a Metodologias de construção de cenários
heurística
exploratórios.
28
1 .S e le ç ã o d o E s c o p o e
Id e n tific a ç ã o d a s
D ire ç õ e s C h a v e d o
C e n á rio
2 . C ria ç ã o d e u m 3 . Id e n tifica ç ã o d e
Q u a d ro p a ra o s T e n d ê n c ia s Im p o rta n te s
1 . D e lim ita çã o d o 2 . A n á lise d o
C e n á rio s e R e u n iã o d e S é rie s d e
Dados F e n ô m e n o a se r A m b ie n te E xte rn o
E stu d a d o (V a riá ve is (V a riá ve is
In te rn a s) E xte rn a s)
5 . E s ta b e le c im e n to d e 4 . D e s e n v o lv im e n to d e
u m a L is ta d e E v e n to s u m a E x tra p o la ç ã o
Im p a c ta n te s S im p le s
3 . D e lim ita çã o d o S iste m a e P e sq u isa d a s
V a riá ve is C h a ve
6 . E s ta b e le c im e n to d e
P ro b a b ilid a d e s d e 7 . M o d ific a ç ã o
A n á lise
O c o rrê n c ia d o s E v e n to s ("C a lib ra g e m ") d a
E x tra p o la ç ã o O rig in a l E stru tu ra l
no Tem po
4 . Id e n tifica çã o d a s V a riá ve is E xte rn a s M o trize s e
d a s V a riá ve is In te rn a s D e p e n d e n te s
8 . D e s c riç ã o d o s
C e n á rio s R e s u lta n te s
M é to d o 7 . E S T R A T É G IA S D O S A T O R E S
1 . D e fin içã o d a
"M A C T O R "
Q u e stã o e d o
H o rizo n te T e m p o ra l
M é to d o d e 8 . Jo g o d e H ip ó te se s P ro b a b iliza d a s so b re
2 . Id e n tifica çã o d e 4 . Id e n tifica çã o d o s C o n su lta a a s Q u e stõ e s C h a ve P a ra o F u tu ro
In d ica d o re s C h a ve E ve n to s Im p a cta n te s E xp e rts (P e s-
q u isa S M IC )
5 . E stim a tiva d a s
3 . P ro je çã o d o s 9 . C O N S T R U Ç Ã O D O S C E N Á R IO S
P ro b a b ilid a d e s d o s
In d ica d o re s C h a ve T ra je tó ria s
E ve n to s A n á lise
M o rfo ló g ica Im a g e n s (C e n a s)
P re visõ e s Q u a n tita tiva s
6 . E stim a tiva d o s
7 . A n á lise d e Im p a cto s
Im p a cto s d o s E ve n -to s
C ru za d o s
n o s In d ica d o re s
M é to d o s 1 0 . C o n ce p çã o d e E stra té g ia s A llte rn a tiva s e
M u lticrité rio s P la n o s d e A çã o
8 . O p e ra çã o d o
M o d e lo d e
S im u la çã o
F ig u ra 1 4 M e to d o lo g ia d e c o n s tru ç ã o d e c e n á rio s (G o d e t)
F ig u ra 1 3 Ilu s tra ç ã o d a A n á lis e d e im p a c to s c ru za d o s n a
c o n s tru ç ã o d e c e n á rio s
29
Fornecedores Compradores
A
CONCORRENTES
Poder de DA INDUSTRIA Poder de
Negociação Negociação B1[A] B2[A] Bn[A]
Ameaça de Serviços
ou Prod. Substitutos
d) A Análise Electre com os seguintes pressupostos:
Substitutos d.1) Estrutura matricial dos critérios de decisão;
d.2 Limites de diferenciação por critérios;
Figura 15 Forças competitivas que determinam a
rentabilidade da indústria (Porter) d.3) Níveis de concordância e discordância;
d.4) Ordenamento baseado em critérios qualitativos.
Ilustração da análise Electre para três opções é:
Na construção de cenários é possível utilizar técnicas
e métodos das disciplinas que componentes
Métodos Multicritérios: Os métodos de avaliação e CRITÉRIO
OPÇÃO
decisão multicriterial compreendem, em geral, a seleção de 1 2 ... n
uma opção, dentre um conjunto de alternativas factíveis A g 1 ( A) g 2 ( A) g n ( A)
(aquelas que são estáveis, finitas, satisfazem um conjunto de
B g1(B) g2(B) gn(B)
restrições e são possíveis e previsíveis), a otimização com
várias funções objetivas simultâneas e apenas um agente C g1(C) g2(C) gn(C)
decisor e os procedimentos de avaliação racional e ...
consistente; cada um dos conceitos é definido no campo
teórico e com suporte na realidade.
Os principais métodos de avaliação e decisão Apesar de ser básico a elaboração de cenários coerentes,
multicriterial podem ser agrupados em métodos contínuos e criativos e úteis para os propósitos de planejamento e
métodos discretos; neste último grupo são considerados: suporte à tomada de decisões, é preciso ter presente que a
razão de tal elaboração é traduzir as conseqüências dos
a) A ponderação linear de fatores do cenário (scoring). cenários em decisões acertadas e em ações estratégicas;
b) A utilidade multiatributo (MAUT). isto, porque sem as implementações das ações, o exercício
se torna inútil.
c) A Análise hierárquica com os seguintes pressupostos:
O ponto inicial para transformar cenário em ação é definir
c.1) estrutura hierárquica dos critérios de decisão; um foco de decisão associado às necessidades de
c.2) critério com importância relativa variável: “peso”; planejamento estratégico; em seguida, aplicar um método
30