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PARECER

Consulente: O Senador Randolfe Rodrigues

Consulta: O PLS 429/2017, atualmente em trâmite perante a CCJ do Senado,


padece de algum vício de constitucionalidade ou de juridicidade?

Está em tramitação perante a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania


do Senado Federal (CCJ) o Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 429/2017, de autoria
do Senador Antônio Anastasia (PSDB/MG), encontrando-se sob o relato do Senador
Randolfe Rodrigues (REDE/AP).

Referido projeto inova positivamente na legislação partidária brasileira, nela


introduzindo o instituto do compliance, ou programa de integridade.

O compliance representa o esforço estruturado de se organizar as atividades


empreendedoras humanas, sejam de origem pública, privada (aí compreendidos os
partidos políticos) ou do terceiro setor, de maneira isolada ou agrupada, buscando um
padrão comportamental médio embasado na adequação e respeito às realidades
normativas e processuais múltiplas que permeiam e regulam os atos da existência
social, objetivando a instituição de ambientes mais transparentes, confiáveis, íntegros e
sustentáveis, regulados e monitorados de maneira sistêmica e dotados de mecanismos
de controle internos efetivos.

O PLS nº 429/2017 atualiza o debate partidário, uma vez que a cultura


política da sociedade evoluiu nos últimos anos para demandar maiores compromissos
com a legalidade e com a transparência, fatores que ganharam imensa relevância
desde a conquista da Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 135/2010).

Os partidos, por conseguinte, só têm a ganhar com a adoção de programas de


integridade, sendo possível, desde logo, apontar as seguintes vantagens:
a) aumento da legitimação social, com a apresentação de resposta efetiva
ao desejo social de aperfeiçoamento na gestão das agremiações
partidárias;

b) prevenção de confrontos com a lei, servindo assim de uma proteção


especial para os dirigentes e demais responsáveis pela organização
partidária;

c) formação de quadros dentro de uma cultura de integridade, o que é


extremamente relevante ante o papel exercido pelas agremiações de
mobilizar e educar os quadros que comporão os governos e os
parlamentos.

Os partidos políticos, por outro lado, apesar de sua autonomia


constitucionalmente reconhecida, podem ser validamente chamados pela lei a
adotarem standards mais avançados de controle interno, o que, longe de representar
alguma afronta à sua autodeterminação, confere-lhes mais instrumentos para exercê-
la. Inexiste no aludido projeto de lei, pois, a mínima afronta ao primado constitucional
da autonomia partidária, insculpido do § 1º do art. 17 da Lei Maior1.

Registre-se que os contornos da autonomia dos partidos - consoante o expresso


no dispositivo há pouco indicado - em nada colidem com a institucionalização de
normas que assegurem padrões técnicos de integridade no seio dessas agremiações.

Com efeito, conquanto se apresentem como pessoas jurídicas de direito


privado, os partidos políticos cumprem evidente função pública, formulando
programas, formando dirigentes e ativistas, promovendo a democracia e organizando a
participação dos seus filiados nas atividades políticas. Daí que tais entes se beneficiam
por medidas que venham a favorecer o ambiente de integridade.

1 § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre
escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua
celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
partidária. (Redação da EC 97/2017)
O compliance deve ser visto um como programa de integridade que consiste, no
âmbito de uma pessoa jurídica, em um conjunto de mecanismos e procedimentos
internos de integridade, auditoria e na aplicação efetiva de códigos de ética e de
conduta, políticas e diretrizes com objetivo de detectar e sanar desvios, fraudes,
irregularidades e atos ilícitos praticados contra os marcos legais.

A estruturação e implantação de programas de compliance repercutem


diretamente na imagem e reputação das instituições, demonstrando haver consequente
incremento nos níveis de eficiência, de segurança jurídica, de credibilidade, de
transparência e de profissionalismo na gestão dos seus empreendimentos.

Oliveira; Costa e Silva2 ponderam que ao desenvolver este papel social, a


pessoa jurídica tem o condão de impulsionar o desenvolvimento da sociedade, além de
elevar a qualidade de sua atuação interna e externa por meio de interconexões
sistêmicas.

Do ponto de vista finalístico, denota-se que o Programa de Compliance não


corresponde a um mecanismo destinado à fiscalização externa em sentido
persercutório. Ao contrário, Heinen3 afirma que os objetivos fundamentais de um
programa de integridade efetivo consistem preliminarmente na prevenção e em
segundo plano, na detecção; e, por fim, no tratamento ágil e eficaz de condutas que
possam ser caracterizadas como desconformes às leis, às normas internas e externas e
às boas práticas desejadas, tudo isso no contexto de um processo interno e autogerido.

O PLS nº 429/2017, estabelece parâmetros para avaliação a respeito da


existência e eficácia de estratégias de compliance, conferindo, portanto, a base legal
necessária para a estruturação de programas de integridade a partir de pilares
específicos que compartimentam e agrupam os requisitos legais por similaridade de
natureza e gênero, ordenando-os de forma pragmática, inteligível e didática.

Note-se por outro lado que o referido projeto de lei está em conformidade com
os padrões internacionalmente aceitos para a disciplina da matéria.

2 OLIVEIRA, Marcio Luis; COSTA, Beatriz Souza; e SILVA, Cristiana Fortini Pinto e. O instituto do
compliance ambiental no contexto da sociedade plurissistêmica. In: Revista Veredas do Direito, Belo Horizonte,
v.15 n.33. pp.51-71. Setembro/Dezembro de 2018, p. 56.
3 HEINEN, Juliano. Comentários à Lei Anticorrupção: Lei 12.846/2012. Belo Horizonte: Fórum, 2015, p. 175.
Eis porque conclui-se pela absoluta compatibilidade do PLS nº 429/2017 com
a Constituição de 1988 e pela sua plena adequação no que pertine ao leque de normas
que definem as atividades dos partidos políticos no Brasil.

É o parecer, s. m. j.

Brasília, 9 de agosto de 2019.

MÁRLON JACINTO REIS


OAB-DF nº 52.226

ADRIANO SILVA LEITE


OAB-DF nº 40.705

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