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ESTADO E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NO BRASIL A FORMAGAO DO PLANEJADOR Ente texto, parte inteprante do Projeto de Reestruturagso do ‘Mestrado em Educasso da UFPE — Plansjamento Educacional ~ representa o¢ subsidios de uma nova proposta para oreferido feurs0, Contou com a colaboraeso de professors Elizabeth {Casimiro de Freitas @ dos alunos: Frederico Costa de Almeida ‘Braga @ Maria da Concei¢do 8a Viagem Rabello. Lucia Maria Wanderley Neves Maria das Gracas Corréa de Oliveira Marileide de Carvalho Costa e Eula de Araujo Lira Soares Da Universidade Federal de Pernambuco RESUMO. © planejamento em goral, o © planejamento educacional particular, explicitam estratégias de atvalizngSo da interven: 0 do Estado, enquanto organizador do esparo ecandmico, 50- ial politico, possvel & expansio do projeto de desenvoli- ‘mento capitalists no Brasil, Investido da racionaiade, 0 pla: Iejamento tem representade, no capitalism monopolist, um instrumento necessirio & gistfo da centralizaefo/reproducso o capital, privileiondo, @ nivel da politica educaciona, uma viss0 compartimentalizada dos problemas, remetendo-of, por Jato, a solupSer thenicat em detrimento dot sepectos relacio- nados 46 suas detorminapdos. Nesse contexto, a formacio de plandjadares em educacSo assumiu, durante duos décadas, card ter prapmético ® se dau nas agénclas governament nizagao que se ver procestando na sociedad bras crescentefortalecimento dos instituies da sociedad civil, tom demendade do plonejador, uma revisso e sua prétice, jostti- cando-s, assim, a Inelusdo, nos curriculos, de possibilitem contextualizar 2 educardo, despindo-se, © planala- mento educacional, da “"noutralidade ciontifica" © encarinhan- do aus prética nums perspectiva de trnsformacto socal. ‘SUMMARY Planning in general, and educstional_ planning in particu lar, account for updating strategies of state intervention (the state a6 organizer” of economic, social and political space), necessary for the expansion of the project of capitalist dev lopment in Brazil. Drawing on rationality, planning activity has represented, in monopolistic capitalism, © needed instru- iment to the management of centralization/reproduction of ‘apital; it favors, at the level of educational poley, a compart: rmentalized vision of problems, forwarding thom to technical Solutions, in detriment of the sipects related to its determining factors. in such context, the taining of educational planners assumed, during two decades, a pragmatic character, taking place within governmental agencies. Due to the reorganization process that is occurring within brazilian society, particularly the inereated strengthening of civil sociaty, it has been asked {rom planners revision of thet practice. As such, if jutified the inclusion, in course curicula, of elements that mak® por sible the contextualzation of education, shaking off the "scien- tifle neutrality” of educational planning, directing its practice toa perspective of social transformation. Cad. Pesq., Sd0 Paulo (51):55-63, nov. 1984 QUESTOES BASICAS DO PLANEJAMENTO EDUCA. CIONAL ‘Uma das formas de encaminhar 0 debate sobre 0 planejamento no Brasil 6 enfocélo como expressfo do Projeto de desenvolvimento, privilegiando, como refe- rincias bésicas, a expansfo do processo capitalista no Bals e as formas de atuagdo do Estado para viabilizar esse processo Referida abordagem encontra justficativa_no reconhecimento do planejamento como um dos mece rismos que, nas sociedades burguesas, emerge da propria, rnecessidade de administrar 0 capital, com vistas agaran- tir a sua acumulagéo e a sua reproduco ampliada. Considera'se ser essa via, sobretudo na etapa mo- nopolista, factivel de captar as variagSes das estratégias, resultantes da reorganizagSo das relagBes de poder que vim garantindo a expansfo do modo de produeo capi: tallsta_no pals, 0 que se tem dado em um contexto de alte exploracS0 do trabalho cujos efeitos perversos se fazem sentir junto & maioria da populacéo. Procurarse-é dar énfase aqui, & interpretago do contetido politico do planejamento, como forma de ago dos interesses do capital financeiro interna tional e nacional ao mesmo associado, sob a égide do Estado Brasileiro. 0 Planojamento como Instrumento de Projeto de Classe no Bras ‘A crise econémica mundial de 1929 a 1933 acer retou_mudangas sensiveis na divisfo internacional do trabalho, as quais, aliadas as condigSes endogenas pre- valecentes no Brasil ~ acumulacgo de capital decorrente dda economia cafesira, perspectivas positives para o setor manufatureiro, expansfo da classe média e emergéncia de grupos com interesses diferentes daqueles vinculados 2 cafeicultura, entre outros — possibilitaram ao pais, a partir de 1930, redefinir a sua insereo no conjunto da economia capitalista mundial, o que levou a uma rela: bboragSo das relacdes entre Estado e sociedade. Nesse procesto, produziu-se no apenas um apro- fundamento da ingeréncia do Estado como também uma reformulagio substantiva nos seus padrBes de interven- fo j8 que, deixando de atuar, primordialmente, como Viabilizador de infra-estrutura para a economia agrério- exportadora, privilegiando os setores oligérquicos da sociedade & mesma vinculados, passou a condiefo de otenciador de uma economia voltada para a intensifica $80 do processo de industrializacdo e estimulo & expan- fo do mercado interno, acentuando, desse modo, seus conteddos burgueses! (Qs anos 30 marcam, desse modo, um novo padr8o de interveneo estatal, caracterizado por apBes abran- gentes e de cunho indicativo, direcionadas, explicita- ‘mente, para a materializacdo de um projeto de sociedade de corte urbano-industrial e cujo desenvolvimento reque- ria a disposigao de toda a riqueza nacional, o que recla- mava uma crescente ingeréncia do Estado? lima de tensdo em que se processou essa rede- finigo, configurou um Estado de feicbes peculiares, cujas tentativas de alianga, visando conciliar os interesses 56 da oligarquia-exportadora, entéo om crise devido, sobre- tudo, 2 retragZo do mercado para produtos primérios, ‘com os interesses de grupos sociais emergentes, nfo Vinculados 20 mercado externo (empreséri comerciantes, profissionais liberais e operariado) eram tespaldadas em uma autonomia resultante da crise de dominio de uma fraco de classe que pudesse determinar 2s linhas do processo de desenvolvimento. Essa crise que permeou os primeiros anos da reto: mada da industrializagdo no Brasil, tendeu a se resolver apenas em meados dos anos sessenta, quando a burguesia industrial assumiu, efetivamente, a hegemonia do proces- s0 de desenvolvimento capitalista no pais. ‘A nova ordem urbano-industrial requereu 0 redi ‘mensionamento, a reformulaco e a criago de um apara- to burocratico capaz de regular o sistema produtivo, fa: zendo-0 funcional & acumulagdo de capital e as fracbes de classe em disputa pelo poder. 0 redirecionamento do aparelho estatal envolveu ‘ages sistematicas e centratizadas que passaram a dirigir (© processo de desenvolvimento, englobando diretrizes de Ambito econdmico e social, acBes essas que foram se ‘complexificando & medida que se desenvolveram relacGes de produgéo tipicamente capitalistas e se redefiniram as regras do jogo do poder. Tais acdes, entretanto, “no foram resultantes de um plano préestabelecido, muito manos de um estudo objetivo e sistemitico das condi¢ées existentes” (lanni, 1977), mas surgiram da necessidade de inserir 0 Brasil 10 contexto da redefinicSo do capitalismo a nivel mun- dial @ de criar as pré-condigGes internas de acumulacdo de capital que possibilitassem acelerar a industrializago. (0 planejamento como instrumento de interven¢io estatal, aparece, de forme embrionaria, no cenério bras leiro, somente a partir da década de 40, assumindo, pau- latinamente, 0 seu papel de instrumento organizador do pprocesso de acumulacSo, & medida em que se foram con- solidando as bases do projeto de industrializagdo no pals. A politica do Governo Vargas (50-54), 0 Programa Vale lembrar que o primeizo surto industria! no pats ocorreu no porfodo de 1880 a 1890 chesando 0 total de empresas industrais a 636, nas quais trabalhavarn cerca de 84 mil operiros; o segundo surto Industral fol de 1907 2 1920, anotando-se uma progressso espetacular no setor que pasou a contar com mais de 13 mil empresas © mais de 275 mil ‘operdrios, conforme anota Sérgio Silva (1976). reconstituigso da dintmica econdmica permite reconside- rar, enquadrar, em quadros mais amplos, aqueles espectos ‘bre os qUais 2 literature econdmica e polftica brarileira vom, hl muito, chamando a aten¢do:_ Importincia, 0 cars tor fundamental, necessirlo eo gray profundo da atuagSo 0 Estado Durguess no ‘ase da induswilizaglo, ‘com autonomia, orca e capacidade de inic todo Brasiloiro plane, regula e intervém nos rercados, torna- {0 ele proprio produtor @ empresério; através de sous gastos @ investimentos, coordena o ritmo e os rumos da economia através de seus aparelhos ¢ instrumentos, controls ime fulse até 0 &mago da acumulacdo capitalists, Do panto de Vist socal e politico, regula 2s reloptes sociais @ transtorma- tea #1 proprio numa arena de confits, todos els ‘politizs- dos, madiados @ arbitrades. pelos sous agentes” (Dra 1982, 6.7) Cad. Pesq. (51) nov. 1984 de Metas (56-60) e o Plano Trienal (61-63) so mostras dessa forma de intervenco?. 0 aprofundamento do processo de industrializardo (sua diversiticaglo © acelerago) trouxe, no seu bojo, uma rearrumacSo na estrutura de poder: 08 antigos gru- pos oligérquicos foram subsumidos pela burguesia indus- ‘rial associada ou no ao capital internacional, as cama- das urbanas se diversiticaram e se organizaram, exigindo ‘maior acesso aos bens de consumo e maior participaggo nos mecanismos de decisfo. Nessa constelagdo de forcas, 0 projeto politico toma uma feico populista-desenvolvimentista, confe- rindo ao Estado uma ambigiiidade que pode ser apreen- dida nas relagdes que desenvolveu, simulteneamente, junto 8 burguesia industrial, as camadas médias urbanas 20 proletariado: ao tempo em que apoiava as primei ras, procurava fazer concessGes &s iltimas, em termos de rmethoria de condie6es de vida, traduzidas em ampliacgo a oferta de emprego, de servigos educacionais, de satide ede transporte coletivo. Essas concessées, contraditoriamente, potenciaram ‘uma crescente mobilizago popular, levando as camadas urbanas a reivindicarem maior participargo nas dacisdes oliticas e a postularem “reformas de base”, com 0 que tentavam ampliar a dimensio democratica da sociedade Civil e imprimir ao modelo de desenvolvimento em curso, caracterfsticas de cunho essencialmente nacionalistas. (© esgotamento da.dimensio populista do Estado, entretanto, veio a se configurar quando a necessidade de diferenciago do parque industrial impos a associagso entre 0 capital industrial nacional e o capital estrangeiro, jabilizando atendimento as reivindicagbes popula- 5, uma vez que estas esbarravam no novo padréo de ‘acumulago e reprodugio de capital, fundamentado num processo de alta explorago do trabalho. A grave crise social que se seguiu teve seu desfecho com a subsuncio da fracdo da burguesia industrial no associada & burguesia internacional e com a instaurago de um Estado autoritério que, de um lado, viabilizou ‘um modelo econémico excludente e dependente do capi- tal monopolista internacional e, por outro, alljou com- pletamente as camadas populares dos processos deciso- rios: a negociagéo politica no encaminhamento das solu ‘¢8e5 dos problemas nacionais foi substituida por um apa- rato tecnocratico que, sob a ideologia da racionalizago dos meios, passou a validar os projetos emergentes com © novo pacto social A nivel politico, 0 cerceamento do Poder Legisla- tivo e a repressfo 8 organizago popular, aliados a medi- das de ordem administrativa, estas consubstanciadas na hipertrofia do aparelho burocritico, centrada no Poder Executivo, constituiram-se nas précondig&es necessarias 2 elaboraco e execucSo de planos de gestéo nitidamente , planos que visavam, essencialmente, @ acumulago de capital, em detrimento das condigdes de reprodugo da forca de trabalho. ‘© modelo econémico adotado redundou, obvia- ‘mente, em um processo altamente concentrador de ren dda que foi acirrando as contradicses entre 0 capital e 0 trabalho e produzindo, em conseqiiéncia, niveis de insa- tisfago que, no limite, comegavam @ comprometer a sobrevivéncia da propria ordem econémico-social vigente. Estado e planejamento educacional Dai porque, os planos governamentais qui poravam a perspectiva de bemestar social como uma decorréncia intrinseca do proprio crescimento econd- ‘mico (caso do PAEG-Programa de AgSo Econdmica do Governo e do PED-Programa Estratégico de Desenvolvi- mento), passaram mais adiante a admitir, explicitamente, a necessidade de promover ajustamentos no campo social (Vergosa e Soares, 1983, p. 260). Os PNDS procuraram incorporar essa nova di ‘mensfo, propondo intervenc5es mais amplas no campo social que, contudo, néo obtiveram significacSo efetiva na medida em que sua materializacSo revestiv'se de caréter “assistencialista, vinculado a um discurso de par: ticipagio que procura legitimar uma proposta autoritér centralizadora, sem qualquer alterago na matriz ger dora das desigualdades sociais — a estrutura produtive (Vercosa e Soares, 1983, p. 260) A antlise mais atenta das estratégias que possibt litaram a implantago do modelo econémico adotado, sob a égide do Estado, indica que, 20 se esvaziarem os ‘canais habituais de expresso dos interesses e das aspi rages das camadas populares, produziram-se, igual: mente, formas novas e especificas de enfrentamento popular, consubstanciadas numa variada gama de orge nizago social e cuja forca pode ser comprovada nos Movimentos contra @ Carestia, nas Comunidades Ecle sials de Base, no Movimento pela Anistia, ete E al, precisamente, onde se situam os limites, as postibilidades e as contradiedes do planejamento nas sociedades de base capitalista: como instrumento efi ciente para administrar a acumulaco do capital, sobre- tudo na etapa monopolista do capitalismo, o planeja- mento se configura como a expresso técnica do domf- niio da burguesia sobre o proletariado. Entretanto, como 1a sobrevivencia e expansio do capital esté relacionada 2 sobrevivéncia do trabalho, o planejamento, tendo que absorver essa dimenso, ou seja, tendo que inscrever, fam seu processo, reivindicagdes sociais da classe trabe- thadora, termina por Ihe imprimir um papel importante ‘também como instrumento de luta de classe. Esta dimensio tem seus pardmetros definidos, evidentemente, de um lado, pelo proprio proceso de ‘acumnulago, © qual Ihe determina os limites, e, de ‘outro, pelo nivel de organizacSo @ reivindicacdo da fociedade civil, 0 que Ihe abre possibilidades sociai crescentes. © Planejamento Educacional como Explicitarlo do Contlito Capital x Trabalho. Tentouse demonstrar, anteriormente, como no processo de expansio capitalista, no Brasil, o Estado tem assumido ingeréncia crescente na regulagéo dos conflitos entre capital e trabalho, visando garantir, 3 a politica do Governo Vargas (1950-1954) que embore no tenha te configurado em um plano formalmante elaborado, contém elementos explicitos de polltica econbmice ¢ social lobe preconiza industrilizagSo répida, capltalizagso do Soriculure, citribulpSo da rende, melhoria das condigbes de vida urbane @ organizagdo do sistoma financelro. 57

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