Para mim, é um privilégio poder dirigir-me a uma platéia tão seleta, para trocar idéias
sobre um tema de tanta relevância para o nosso futuro como cidadãos de um Estado
nacional republicano, que pretendemos ver reconstruído e consolidado, a despeito das
abrumadoras perspectivas apontadas pela realidade presente. Por isso, agradeço a direção
da ADESG-RJ, nas pessoas do prof. Marcos Coimbra e do almirante Sergio Tasso de
Aquino, pela oportunidade, que espero ser proveitosa para todos.
A crise brasileira, nos diversos aspectos que têm sido discutidos neste fórum, não pode ser
dissociada da crise civilizatória que, hoje, assola todo o mundo, em especial no que se
refere à mudança de paradigma cultural responsável por ela, que nos remete ao tema do
painel de hoje.
Creio que poucos questionarão a percepção de estarmos envolvidos numa profunda crise
da Civilização, uma crise marcada por um processo que podemos qualificar como a
"desumanização da Humanidade", com a retirada do ser humano do centro do processo
de organização da sociedade e da economia, em favor de entidades abstratas como o
"mercado" ou o "meio ambiente", artificialmente dotadas de direito próprio. Para
ilustrar essa "desumanização", vejamos alguns exemplos pinçados de manchetes recentes
da imprensa brasileira.
N’O Globo de 24 de junho, podemos ler: "Lavrador é preso por raspar casca de árvore."
A notícia se refere à prisão de um lavrador goiano de 55 anos, analfabeto, que foi mantido
encarcerado por sete dias pelo terrível e inafiançável crime de ter sido apanhado em
flagrante raspando a casca de uma árvore conhecida como almesca, dentro de uma área de
preservação ambiental, para fazer um chá para sua mulher, que tem a Doença de Chagas.
Aqui, temos uma demonstração do conceito do biocentrismo, tão caro aos radicais do
ambientalismo, que pretende rebaixar o ser humano e seus direitos inalienáveis ao
progresso e ao bem-estar, derivados de sua condição de constituído à imagem e semelhança
do Criador, ao nível dos demais seres vivos. Lamentavelmente, tal distorção, que está no
cerne do movimento ambientalista, está fortalecendo a sua posição nas políticas públicas e
nas relações internacionais.
No Jornal do Brasil de 21 de maio, temos esta manchete: "Dinheiro vale mais que bom
caráter." Trata-se de uma pesquisa feita entre alunos da Pontifícia Universidade Católica
(PUC) do Rio de Janeiro, sobre os valores mais prezados por eles. Entre cerca de 1.000
estudantes que responderam à pesquisa, o dinheiro foi o item mais votado, com quase 400
votos, mais do dobro do segundo colocado, o emprego, e quatro vezes mais que o amor,
com apenas 95 votos. O altruísmo recebeu apenas três votos e o patriotismo, apenas um.
Os valores materiais em geral receberam quase quatro vezes mais votos que os valores
morais. Sendo a PUC-RJ um dos principais centros de formação das elites brasileiras, por
aí podemos avaliar o estado de espírito dos nossos futuros líderes.
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Mas, a que para mim é a mais emblemática dos nossos tempos é esta manchete da Folha de
S. Paulo de 3 de junho: "Mercados comemoram alta do desemprego" - que se refere ao
anúncio que o aumento da taxa de desemprego nos EUA implicaria numa retração ainda
maior da economia estadunidense. Com isto, a taxa de inflação se manteria baixa e a
Reserva Federal (o banco central privado dos EUA) não precisaria aumentar a sua taxa de
juros, prejudicando o consumo e novos investimentos. A retórica do "economês" não
esconde a evidência de estarmos diante de uma total inversão do processo econômico, no
qual o ser humano e o seu bem-estar e progresso passam a subordinar-se aos caprichos do
sistema financeiro, e não o oposto. Afinal, etimologicamente, economia significa
"organização da casa" - casa de quem? Evidentemente, do homem.
Diante dessas e numerosas outras evidências, com as quais deparamos no nosso cotidiano,
dificilmente os historiadores do futuro escaparão à conclusão de que o final do século XX
foi marcado por uma das maiores crises da História da Humanidade, uma crise que
ameaça mergulhar-nos numa nova idade de trevas, que poderá fazer empalidecer a de
meados do século XIV, que resultou na Peste Negra e na eliminação de mais de um terço
da população da Europa. A diferença é que, naquela época, a Humanidade não dispunha
de conhecimento e meios para, por exemplo, deter uma epidemia de peste bubônica como
a da Peste Negra. Hoje, ao contrário, pela primeira vez na História, temos condições
materiais de solucionar praticamente todos os grandes problemas que têm acompanhado a
Humanidade em sua evolução - a fome, as doenças epidêmicas, a pobreza e a miséria. O
próprio Banco Mundial, no seu relatório de 1998 sobre o desenvolvimento mundial, admite
que com investimentos anuais da ordem de 100 bilhões de dólares, seria possível erradicar
a pobreza e a miséria de todo o planeta. Ora, apenas o Brasil irá gastar este ano dois terços
desta quantia com o serviço de sua dívida interna e externa - quer dizer, em lugar de
combater a pobreza, aplacamos o apetite voraz da usura financeira.
Existem também estudos sérios indicando que em menos de uma geração, seria possível
proporcionar a cada habitante do planeta, em uma população maior que a atual - que é da
ordem de seis bilhões de pessoas -, um padrão de vida pelo menos igual ao de um cidadão
estadunidense de meados da década de 60 - que era bem superior ao atual. Se isto não
ocorre, não é pela escassez de recursos naturais, humanos ou financeiros, ou por causa da
"fragilidade" do meio ambiente, mas da escassez de vontade política entre os poderes
hegemônicos e as classes dominantes na maioria dos países do planeta.
Ainda assim, essa perspectiva otimista era o sentimento que dominava as classes educadas
e grande parte das elites dirigentes no período do pós-guerra. Este foi um período de
grande otimismo, que alguns autores, como a pesquisadora Carmem Soriano Puig,
chamam a "revolução das expectativas crescentes". Este otimismo não se baseava apenas
em fatores subjetivos, mas tinha um fundamento real: o período decorrido
aproximadamente entre 1950 e 1973 foi o de maior crescimento do PIB per capita mundial
em toda a História da Humanidade. Observando-se os dados compilados pelo economista
estadunidense Angus Maddison, atualmente na Universidade de Gröningen, na Holanda,
considerado uma das maiores autoridades mundiais em estatísticas econômicas históricas,
podemos ver que a taxa média anual de crescimento mundial do PIB per capita nesse
período foi de 2,9%, mais do triplo dos 0,9% registrados entre 1913 e 1950 - que
atravessou duas guerras mundiais e a depressão dos anos 30 - e quase duas vezes e meia os
1,3% registrados desde 1973.
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Este desempenho foi em grande parte proporcionado pelo bom funcionamento do sistema
monetário de Bretton Woods, estabelecido ao final da II Guerra Mundial e que, apesar das
suas imperfeições, propiciou uma base estável de referência para a economia mundial, com
taxas de câmbio fixas entre as moedas dos diversos países, que eram fixadas em relação ao
dólar dos EUA, que, por sua vez, era fixado em relação ao ouro, o que dava um "lastro"
físico para as economias, ao contrário da especulação desenfreada que ocorre hoje em dia.
Adiante, veremos que o desmantelamento desse sistema foi uma das causas principais da
desordem econômica que enfrentamos agora.
Diante disso, é preciso perguntar: como tudo isso foi revertido? Como regredimos de um
crescimento recordista e de um quadro de otimismo para um cenário de depressão, para
um quadro geral de um grande pessimismo cultural, em que as perspectivas de um futuro
melhor se vêem completamente ofuscadas pela desalentadora perspectiva da luta pela
mera sobrevivência, em meio a um cotidiano abrumador?
A resposta é: por meio de uma gigantesca operação de "engenharia social", que os seus
próprios planejadores chamam uma "mudança de paradigma cultural", artificialmente
induzida entre as classes educadas da sociedade de quase todo o mundo a partir de meados
da década de 60.
Antes de falar nessa "mudança de paradigma cultural", quero advertir-lhes que, quando
tocamos neste assunto, muitas pessoas - algumas desinformadas, outras céticas e outras
mal-intencionadas - costumam desqualificar as constatações dele resultantes como frutos
de uma crença numa "teoria conspiratória da História".
Bem, isto não é teoria, é a História se desenrolando diante de nós. Embora os historiadores
e pesquisadores acadêmicos costumem abordar o assunto com a máxima reserva, com
medo do patrulhamento e de parecerem ridículos, o fato é que os grupos hegemônicos, as
oligarquias, têm manejado os fios condutores da sociedade desde tempos imemoriais, sem
que precisemos acreditar em balelas como a mítica conspiração judaico-maçônica
internacional. Mas vejamos um exemplo, referente ao Brasil.
"Há vinte anos, quando a Fundação Ford decidiu investir em um centro de estudos
acadêmicos - o CEBRAP -, idealizado na época por um sociólogo chamado Fernando
Henrique Cardoso, a situação política brasileira não era particularmente sólida. Foi feita
uma aposta em um grupo que, vinte anos atrás, parecia ter o perfil de uma futura
liderança. Deu certo."
Aqui, cabe perguntar: deu certo para quem? Pois vejamos agora o que disse o nosso
presidente numa entrevista à Folha de S. Paulo de 13 de outubro de 1996:
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Como vêem, o próprio presidente admite que seu Governo privilegia "os setores mais
avançados do capitalismo", que são exatamente aqueles que dona Adelia Simmons
representa. Aqui, é preciso dizer que isso não significa que o nosso presidente receba
diariamente um fax com instruções sobre a maneira de privilegiar esses setores. A coisa é
um pouco mais sutil.
Eles se reúnem anualmente, para discutir uma agenda de "interesses comuns" aos países
do Hemisfério, que, posteriormente, não por coincidência, se transformam em políticas de
Governo nos países dos membros do Diálogo. Entre outras: a política neoliberal de
abertura econômica desenfreada; a defesa da legalização do uso das drogas entorpecentes;
a politização dos problemas do meio ambiente; e a desestabilização das Forças Armadas
ibero-americanas, sob o pretexto da sua subordinação ao poder civil.
Entre os membros do Diálogo, encontramos vários personagens que foram ou são chefes
de Estado ou candidatos a chefes de Estado. Entre eles, destacamos: Raúl Alfonsín, da
Argentina; Julio Sanguinetti, do Uruguai; Gonzalo Sanchez de Lozada, da Bolívia; e o
nosso Fernando Henrique Cardoso.
Aliás, Fernando Henrique é membro fundador, levado ao Diálogo por Peter Bell, que é
diretor do grupo desde a fundação. Não por coincidência, Peter Bell era o representante da
Fundação Ford no Brasil quando a Fundação financiou a criação do CEBRAP. Segundo o
falecido professor Florestan Fernandes, foram 700.000 dólares - o que, em 1969, era um
bocado de dinheiro.
Vejamos agora como estão estruturados esses "candidatos a donos do mundo". O filho do
presidente dos EUA Franklin Roosevelt, Elliott Roosevelt, que foi oficial da Força Aérea
na II Guerra Mundial e acompanhou o pai em quase todas as conferências internacionais
de que ele participou durante a guerra, escreveu um livro muito interessante, chamado
Como meu pai os via, que existe em português. Nele, ele chamava essa gente de os
"inimigos do progresso". É o que são: inimigos do progresso humano, adeptos do
oligarquismo, que é uma visão do mundo intrinsecamente egoísta, contrária ao
republicanismo dos Estados nacionais soberanos.
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1) O Grupo Bilderberg, fundado em 1954, cujos encontros anuais reúnem a nata da nata
dessa oligarquia internacional - apenas representantes da Europa e da América do Norte.
Para que tenham uma idéia do seu poderio, foi numa reunião do grupo, realizada na
Suécia em maio de 1973, que foi decidido o aumento de 300% nos preços internacionais do
petróleo, cinco meses antes da Guerra dos Seis Dias, que foi o pretexto oficial para o
aumento decretado pelos países membros da OPEP.
4) Num quarto escalão, temos o Diálogo Interamericano, que discutimos há pouco. Esta é
praticamente a única organização desse tipo que tem "cucarachos" latino-americanos
entre os seus membros. Já vimos alguns deles.
1) O Banco da Inglaterra, o Sistema da Reserva Federal dos EUA, que são os dois
principais "bancos centrais independentes" do mundo, e o BIS, o Banco de Compensações
Internacionais de Basiléia, considerado o "banco central dos bancos centrais". Vale
ressaltar que o Banco da Inglaterra e a Reserva Federal são entidades privadas
controladas por consórcios de bancos privados; de "Federal", a Reserva só tem mesmo o
nome.
Como foi que esses grupos efetivaram a "mudança de paradigma cultural?” Basicamente,
pela implementação de diretrizes políticas que seguiam três linhas de ação:
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Imaginem só, astrologia financeira! Pobres dos profissionais que perdem tempo estudando
os múltiplos fatores relevantes para a economia real. E saibam que sandices como essas
não se limitam ao Brasil. Em países como a Alemanha, muitas empresas também
contratam astrólogos como "consultores".
Outro exemplo é esta notícia do Jornal do Comércio de 5 de março de 1996, que fala na
criação dos "bônus-terremoto" pelo banco Morgan Stanley. "Quem arriscar e comprar
um papel com prazo de 10 anos poderá receber o prêmio de volta se, no primeiro período
de quatro anos, o terremoto não acontecer." Foram emitidos 2,8 bilhões de dólares dessas
coisas. O que é isso? Surrealismo puro! Apostas de cassino! Não tem nada a ver com um
processo econômico saudável.
Esses são sintomas de uma economia que perdeu totalmente o contato com a realidade.
Um exemplo é o chamado aquecimento global, que está sendo manipulado para justificar a
adoção da chamada Convenção Quadro de Mudanças Climáticas, que prevê a redução das
emissões dos gases provenientes da queima de combustíveis fósseis, até 2010, aos níveis
vigentes em 1990. Como os combustíveis fósseis representam três quartos da produção
mundial de energia, pode-se imaginar o impacto que essa redução causará nos perfis
mundiais de consumo energético e desenvolvimento econômico, que depende
fundamentalmente da disponibilidade de energia. Pode-se perceber facilmente que o que
se pretende é o que o falecido embaixador João Augusto de Araújo Castro chamava o
"congelamento do poder mundial", ou seja, o congelamento dos níveis de desenvolvimento
do planeta nos níveis atuais, cujas desigualdade e injustiça social dispensam maiores
comentários. Evidentemente, isso não tem nada a ver com a realidade científica, pois já
houve muitos períodos do passado geológico da Terra, até recente, dentro da fase de
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existência da espécie humana, em que a temperatura atmosférica foi mais alta que a atual,
sem que a indústria humana tivesse qualquer coisa a ver com isto.
5) Nenhuma dessas iniciativas teria sido bem sucedida se não fosse pela instituição de uma
série de "reformas educacionais", igualmente planejada por aqueles grupos hegemônicos,
que resultou no abandono dos currículos de conteúdo clássico e sua substituição por
currículos supostamente "profissionalizantes", principalmente no ensino médio. Essas
"reformas" foram inicialmente planejadas no âmbito da OCDE, a Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, foram adotadas nos EUA e daí se
espalharam pelo mundo. O resultado final foram sistemas educacionais que nem
formavam cidadãos com uma visão ampla da sociedade e do mundo, e nem preparavam
profissionais qualificados. E este problema só tende a se agravar se não houver uma
retomada dos currículos clássicos, pois como se pode imaginar que, com as rápidas
mudanças da base científico-tecnológica da economia que podemos prever para as
próximas décadas, como se espera ser possível formar profissionais para profissões que
talvez não existam mais daqui a 10 anos, ou que ainda não existem hoje? Um currículo
clássico é a única maneira de preparar cidadãos aptos a se beneficiar de um processo de
educação permanente, que parece ser a tendência do futuro próximo.
Embora, como eu disse, esse erro tenha sido cometido em quase todo o mundo, a adoção
acrítica dessas "reformas" no Brasil, com os chamados acordos MEC-USAID, foi um dos
maiores erros dos governos militares, cujas conseqüências estamos pagando ainda hoje.
Aqui, vejamos outra evidência de que não estamos discutindo "teorias conspiratórias". Na
verdade, essa gente é tão segura de seus propósitos e de sua impunidade que não costuma
ocultar as suas intenções. Vejam o que diz o Dr. Alexander King, fundador do Clube de
Roma e um dos principais idealizadores das "reformas educacionais", numa entrevista à
revista Executive Intelligence Review de 23 de junho de 1981:
Aqui também se insere a falaciosa sugestão de que o fim da Guerra Fria justificaria um
processo amplo de "desmilitarização", de redução dos efetivos das Forças Armadas da
maioria dos países, principalmente os subdesenvolvidos. Evidentemente, aí não se incluem
as forças da OTAN, que cada vez mais vai assumindo o papel de uma "gendarmeria
internacional" automobilizável, que não responde nem mesmo ao Conselho de Segurança
da ONU, como vimos na recente guerra contra a Iugoslávia. Ontem, foram a Iugoslávia, o
Sudão e o Iraque, que, aliás, continua sendo alvo de contínuos ataques aéreos por parte
dos EUA e da Inglaterra. Amanhã, talvez o alvo possamos ser nós, sob um pretexto
qualquer - por exemplo, não estarmos protegendo adequadamente a Floresta Amazônica
ou minorias indígenas.
Vamos agora para a parte final dessa nossa conversa, que, aliás, é a mais importante, pois
trata do que fazer frente a desse quadro tenebroso.
A maioria das pessoas, quando começa a analisar o atual cenário mundial, desanima da
possibilidade de se reverter esse quadro de decomposição civilizatória, pois acha que os
"donos do mundo" são muito poderosos para serem enfrentados com sucesso. Esta é uma
falsa percepção, pois, por mais poderosos que sejam, eles não podem contrariar as leis
universais permanentemente. Isto é o que queria dizer Abraham Lincoln, quando afirmou
que "pode-se enganar todos por algum tempo e alguns por todo o tempo, mas não se pode
enganar todos por todo o tempo". Assim, a pergunta relevante não é "se" podemos
reverter essa crise, mas "como" fazê-lo, ou seja, como reverter a "mudança de paradigma
cultural" imposta pelas oligarquias transnacionais. Isto, porque a inevitável derrocada dos
inimigos do progresso não implica na vitória automática dos defensores da Civilização;
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será preciso que estes tenham preparado um plano de ação para colocar em prática na
hora certa.
Para concretizar essa oportunidade, será imprescindível a emergência de uma nova elite,
consciente e determinada a retomar, promover e implementar aqueles princípios
civilizatórios abandonados. E quando falo de elite, não me refiro propriamente aos que
têm maior poder econômico ou político, ou mesmo influência intelectual. Hoje, mais do
que nunca, o cidadão de elite é aquele cujas preocupações e ações transcendem o seu
universo pessoal e familiar, e se dispõe a atuar em prol da comunidade e até da
Humanidade. Ou seja, nós teremos que formar essa nova elite. Cada um de nós deve
tornar-se um apóstolo, ou melhor, um guerrilheiro em defesa daqueles princípios
civilizatórios. Digo guerrilheiro, porque os inimigos do progresso dificilmente podem ser
enfrentados frente a frente; para isso, geralmente, é preciso empregar manobras de flanco
e ações de guerrilha. Reuniões como essa são exemplos de ações como as que necessitamos
para criar a necessária conscientização e, quem sabe, também a determinação.
Talvez, o melhor antídoto para essa derrocada civilizatória que estamos discutindo seja a
retomada de um conceito que atualmente anda meio fora de moda, o de um projeto
nacional, considerado obsoleto nestes tempos de "globalização". Um projeto nacional é
exatamente o que necessitamos para promover e consolidar uma retomada da idéia de
progresso e do princípio republicano, e o Brasil é um dos países que tem melhores
condições para isto, podendo até mesmo influenciar outros países nesta empreitada.
2) Igualdade de oportunidades para que todos possam exercer uma verdadeira cidadania.
Obrigado a todos.
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