Justiça Nega Habeas Corpus Ao Ex-Prefeito de Ilhabela

fls.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

PODER JUDICIÁRIO
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0028472-50.2019.8.26.0000 e código CB99BBC.
MALOTE DIGITAL
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MONICA TAMIKO FUKUDA, liberado nos autos em 10/07/2019 às 12:22 .
Tipo de documento: Administrativo
Código de rastreabilidade: 3002019863194
Nome original: 201901942371 TJSP.pdf
Data: 05/07/2019 12:11:08
Remetente:
Gabriele Machado de Oliveira
Coordenadoria de Processamento de Feitos de Direito Penal
Superior Tribunal de Justiça
Prioridade: Normal.
Motivo de envio: Para providÃªncias.
Assunto: Encaminho ofício solicitando informações.
(e-STJ Fl.1599)
fls. 2
Ofício n. 059656/2019-CPPE
Brasília, 5 de julho de 2019.
HABEAS CORPUS n. 519806/SP (2019/0194237-1)

RELATOR : MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK
PROC. : 00093947020198260000, 93947020198260000,
ORIGEM 00001777220188260247, 1777220188260247
IMPETRANTE : ROBERTA RODRIGUES DA SILVA E OUTROS
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : MARCIO BATISTA TENORIO
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Senhor(a) Desembargador(a) Presidente,

Documento eletrônico juntado ao processo em 05/07/2019 às 07:16:49 pelo usuário: CAROLINA DE CAMPOS BARBOSA
De ordem do(a) Excelentíssimo(a) Senhor(a) Ministro(a) Relator(a) solicito a

Vossa Excelência, informações para instrução dos autos em epígrafe.
Informo a Vossa Excelência que as peças do processo podem ser obtidas

no site deste Tribunal (https://aus.stj.jus.br/processo/chave) mediante o uso da chave de
acesso constante no rodapé deste documento, dentro do seu prazo de validade.
Respeitosamente,
Jussara dos Santos Gonçalves

Chefe de Seção da Coordenadoria de Processamento de Feitos de Direito Penal
A Sua Excelência o(a) Senhor(a)

Desembargador(a) Presidente
(Malote Digital)
www.stj.gov.br
SAFS - Quadra 06 - Lt. 01 - Trecho III - CEP: 70095-900, Brasília - D F
PABX: (061) 3319-8000
Documento eletrônico VDA22376590

cbarbosa
C54250651580321241<122@
assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): CAROLINA DE CAMPOS BARBOSA, COORDENADORIA DE PROCESSAMENTO DE FEITOS DE DIREITO PENAL Assinado em: 05/07/2019 07:15:39
Código de Controle do Documento: 2BFEA5F3-A937-4A82-9358-1781EC63F7A6
Chave de Acesso: https://aus.stj.jus.br/processo/chave/?k=CCA6D3D07810AD44B5ED, válida até 03/09/2019 às 07:09:45
(e-STJ Fl.1598)
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MTAM22
HABEAS CORPUS Nº 519.806 - SP (2019/0194237-1)
RELATOR : MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK
IMPETRANTE : ROBERTA RODRIGUES DA SILVA E OUTROS
ADVOGADOS : ANTHERO MENDES PEREIRA - SP122720
ANTHERO MENDES PEREIRA JÚNIOR - SP180414
ROBERTA RODRIGUES DA SILVA - SP352309
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : MARCIO BATISTA TENORIO
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
DO
DECISÃO
Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em favor de
MARCIO BATISTA TENORIO, apontando-se como autoridade coatora o Tribunal de
CA
Justiça do Estado de São Paulo (Inquérito Policial n. 0009394-70.2019.8.26.0000).
Colhe-se dos autos que o paciente é investigado em inquérito policial
instaurado para apurar a suposta prática de crimes previstos nos arts. 89, parágrafo único, e
90 da Lei n. 8.666/1993 e no art. 312 do Código Penal.
LI
No presente mandamus, pretende-se, em suma, seja revogada a medida
Documento eletrônico juntado ao processo em 04/07/2019 às 19:30:53 pelo usuário: JOSÉ DE ASSIS REPUBLICANO
cautelar de afastamento do cargo de Prefeito e, também, das demais medidas cautelares

fixadas (vedação de acesso a repartições municipais e proibição de contato com servidores,
B
enquanto perdurar o curso do feito em tela).

PU
É o relatório.
No âmbito de cognição próprio ao regime de plantão, não vislumbro
flagrante ilegalidade que justifique o deferimento do pleito liminar. Assim, considerando que
o pedido se confunde com o próprio mérito da impetração, reserva-se ao momento do
julgamento definitivo a análise mais aprofundada da matéria.
O
Ante o exposto, indefiro a liminar.

Solicitem-se informações ao tribunal de origem, que deverão ser prestadas
NÃ
preferencialmente por malote digital e com senha de acesso para consulta ao processo.
Após, ao Ministério Público Federal para parecer.
Publique-se.
Intimem-se.
Brasília, 04 de julho de 2019.
Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA

Vice-Presidente no exercício da Presidência
HC 519806 C54250651580321241<122@ C30830841<650485@

2019/0194237-1 Documento Página 1
Documento eletrônico VDA22376251 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRA Maria Thereza de Assis Moura Assinado em: 04/07/2019 19:00:47
Código de Controle do Documento: F4AFBFE4-C02A-4E58-A89F-E2990C5F1690
(e-STJ Fl.3)
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STJ-Petição Eletrônica recebida em 04/07/2019 14:01:24
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE

DO EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ANTHERO MENDES PEREIRA, brasileiro,
casado, advogado, inscrito no CPF/MF sob o nº 100.152.308-30, portador da
Cédula de Identidade de nº. 2.809.869 SSP/SP, inscrito nos quadros da OAB-
SP sob n.º 122.720, ANTHERO MENDES PEREIRA JUNIOR, brasileiro,
casado, advogado, inscrito no CPF/MF sob nº 272957608-81, portador da
Cédula de Identidade RG nº 23725000-7 SSP/SP, inscrito nos quadros da
OAB-SP sob n.º. 180.414 e ROBERTA RODRIGUES DA SILVA,
brasileira, casada, advogada, inscrita no CPF/MF sob o nº 286871548-60,
portador da Cédula de Identidade de nº. 34083720-2 SSP/SP, inscrito nos
quadros da OAB-SP sob n.º. 352.309, todos com escritório situado a Av.
Liberdade, 21 – 10º andar, Conjunto 1000, Liberdade, São Paulo-SP, CEP
01503-000, vêm, respeitosamente, impetrar ordem de
Petição Eletrônica protocolada em 04/07/2019 14:09:49
HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR
em favor de MARCIO BATISTA TENÓRIO, brasileiro, viúvo, funcionário

público municipal, inscrito no CPF/MF sob nº 150.257.888-38, portador da
Cédula de Identidade RG nº 24166148 SSP/SP, residente e domiciliado na
Rua Benedito Wenceslau de Jesus, 139, casa 3, Água Branca – Ilhabela/SP,
Documento eletrônico e-Pet nº 3940792 com assinatura digital

Signatário(a): ROBERTA RODRIGUES DA SILVA CPF: 28687154860
Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.4)
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CEP 11630-000, nos termos dos artigos 317 e 318, inciso II

do Código Processo Penal, em face da r. decisão de afastamento do cargo
proferida pelo E. Relator, ora autoridade coatora, nos autos n.º. 0009394-
70.2019.8.26.000 (segue cópia integral), que tramita de forma física perante a
9ª Turma do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, pelos
motivos de fato e de direito a seguir articulados:
I – DO CONHECIMENTO DO PRESENTE WRIT
Esta Colenda Corte, assim como o Pretório Excelso,
tem assentado a possibilidade de impetração de ordem de habeas corpus
contra a decisão de afastamento do cargo de prefeito, desde que a ordem de
afastamento esteja acompanhada de outras restrições.
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS.

CRIMES DE RESPONSABILIDADE DE
PREFEITO. ART. 1º, I, DL 201/1967. MEDIDA DE
AFASTAMENTO CAUTELAR DO CARGO COM
IMPOSIÇÃO DE RESTRIÇÕES FUNDADAS NO
ART. 319 DO CPP. ADMISSIBILIDADE DO
MANDAMUS, NA HIPÓTESE. PRECEDENTES
DO STJ E DO STF. NECESSIDADE DE
PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E

PREVENÇÃO À REITERAÇÃO DELITIVA.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
PROPORCIONALIDADE DAS MEDIDAS
CAUTELARES IMPOSTAS. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL NÃO EVIDENCIADO.

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.5)
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ORDEM DENEGADA.
1. A jurisprudência mais atual da Terceira Seção
desta Corte Superior de Justiça entende que a
admissibilidade de habeas corpus para discutir
afastamento de prefeito do cargo está condicionada
à imposição conjunta de medidas que possam
implicar restrição à liberdade de locomoção do
paciente, como a prisão preventiva ou medidas
cautelares diversas da prisão, previstas no art. 319
do Código de Processo Penal.
2. Na hipótese, o mandamus volta-se contra
Acórdão da 13ª Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo, que além de
determinar o afastamento do cargo de Prefeito do
Município de Potim/SP, impôs restrições fundadas
no art. 319 do CPP, em especial proibição de
acesso, comparecimento ou frequência às
dependências da Prefeitura Municipal ou qualquer
outra repartição pública ou instalação física de
serviço vinculado ao Município, salvo para prestar
depoimento em Comissão Especial de Inquérito
perante a Câmara de Vereadores, de modo que é
admissível a impetração.
3. Compete ao Superior Tribunal de Justiça
apreciar habeas corpus impetrado nas hipóteses em
que a autoridade coatora ou o paciente estejam
indicados no art. 105, inciso I, alíneas a e c, da
Constituição Federal.

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.6)
fls. 7
4. Embora havendo nos autos elementos que

denotam obstrução à instrução criminal, bem como
apontam para a necessidade de interromper as
atividades do grupo - hipóteses aptas a justificar,
inclusive, a decretação da prisão preventiva - o
Tribunal a quo adotou providência prudente e
comedida, restringindo a liberdade dos acusados
somente em patamar estritamente necessário para
proteger o erário e a administração pública das
supostas práticas lesivas, de modo que não se
constata o alegado constrangimento ilegal.
5. Ordem denegada.
(HC 372.825/SP, Rel. Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 01/06/2017, DJe 08/06/2017)
AFASTAMENTO DOS PACIENTES DAS SUAS

FUNÇÕES PÚBLICAS. MEDIDA CAUTELAR
CUJO DESCUMPRIMENTO PODE
ACARRETAR A PRISÃO DO ACUSADO. […] 1.
Conquanto o afastamento do cargo público não
afete diretamente a liberdade de locomoção do
indivíduo, o certo é que com o advento da

Lei 12.403/2011 tal medida pode ser imposta como
alternativa à prisão preventiva do acusado, sendo
que o seu descumprimento pode ensejar a
decretação da custódia cautelar, o que revela a
possibilidade de exame da sua legalidade na via do

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.7)
fls. 8
habeas corpus. […] (STJ, Quinta Turma, HC

262.103/AP, Rel. Ministro Jorge Mussi, julgado em
09/09/2014)
Portanto, a falta de previsão expressa sobre o

cabimento de “habeas corpus” contra decisão que aplica medida cautelar não
pode obstar a utilização desse importante remédio constitucional, que, se tem
cabimento até mesmo em sua espécie preventiva, com muito mais razão, pode
combater uma restrição ilegal à liberdade.
No caso em tela, foi imposta ao paciente, em

18/03/2019 as seguintes restrições: a) afastamento do cargo de prefeito de
Ilhabela sem previsão de prazo; b) vedação ao acesso às repartições
municipais; e c) proibição de contatos com servidores, enquanto perdurar o
curso do feito em tela.
Assim, não se trata apenas e tão somente do

afastamento do cargo de prefeito, mas, também, da proibição do acesso e
frequência a qualquer dependência da Prefeitura, assim como na proibição de
ter contato com qualquer servidor, medidas extremas sem prazo
determinado, que se consubstanciam em restrições ao seu direito de ir e vir.
II – DOS FATOS
Trata-se de representação promovida pelo Ministério

Público do Estado de São Paulo em razão de investigação criminal, pleiteando
a decretação do sigilo das apurações; expedição de mandados de busca e
apreensão, o desmembramento do inquérito em relação ao prefeito ora

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.8)
fls. 9
paciente; o afastamento do prefeito, não apenas da administração, como

também a proibição de ingresso ao longo da instrução, aos próprios
municipais; proibição de contatos pessoais com os demais investigados.
O paciente ainda não foi denunciado, todas as

medidas de busca e apreensão já foram realizadas na prefeitura e outras
localidades, portanto, não faz sentido a manutenção da medida cautelar de
afastamento.
A representação foi acolhida para impor ao paciente
as seguintes restrições: a) afastamento do cargo de prefeito de Ilhabela sem
previsão de prazo; b) vedação ao acesso às repartições municipais; e c)
proibição de contatos com servidores, enquanto perdurar o curso do feito em
tela.
Dentre outras determinações, segue trecho da r.

decisão proferida pela autoridade coatora, sob os seguintes termos:
“(...)
ACOLHO, então, a representação ministerial para,
com fundamento no artigo. 319, VI do Cód. De
Processo Penal, (i) afastar do cargo o Sr. Prefeito
Municipal, (ii) vedar seu acesso às repartições

municipais e (iii) mesmo contato com servidores,
enquanto perdurar o curso de feito em tela.
(...)”

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.9)
fls. 10
Portanto, data máxima vênia, sem qualquer, em

decisão desprovida de motivação e justificação, o E. Relator dentre
outras restrições, determinou o afastamento do prefeito, ora paciente por
tempo indeterminado.
Não há prova de qualquer ato praticado pelo

prefeito que tenha prejudicado a instrução, ou ainda, que no cargo possa
causar mácula ao procedimento persecutório.
Ressalta-se que tal afastamento perdura desde o
dia 11/04/2019, sem previsão para retorno.
III – DO CONSTRANGIMENTO ILEGAL DA DECISÃO QUE

DECRETOU O AFASTAMENTO
III.I – DA CASSAÇÃO INDIRETA DO CARGO DE PREFEITO
Como dito alhures, E. Relator, ora autoridade

coatora, afastou o paciente do cargo de Prefeito de Ilhabela, data maxima
venia, em decisão desprovida de motivação e justificação para tanto.
Durante eventual instrução de procedimento penal, o

paciente demonstrará que o valor pago à referida empresa retratou o serviço

prestado.
Diversos documentos foram juntados aos autos com

as buscas realizadas em vários endereços, ultrapassando mais de mil páginas
com inúmeros volumes que compõe os autos.

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.10)
fls. 11
Ressalta-se que esse afastamento, não possui data
certa para o seu término, na medida em que não há previsão para a
designação da sessão de deliberação sobre eventual recebimento de
eventual denúncia.
Assim, o afastamento “sine die” do paciente do

cargo de Prefeito se equipara a verdadeira cassação indireta do mandato,
extrapolando os limites da razoabilidade e da proporcionalidade. Ressalta-se
que o paciente se encontra afastado do cargo para o qual foi eleito desde
14/04/2019, perfazendo quase 3 (três) meses de afastamento.
Portanto, a decisão determinando o afastamento

sem prazo terminativo se amolda à verdadeira “cassação indireta” do
mandato do paciente.
III.II – DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO

JUDICIAL
Não se bastasse o constrangimento ilegal pela
“cassação indireta do cargo”, vê-se que a decisão que afastou o paciente “sine
die” do cargo de prefeito é desprovida de fundamentação.
Como acima exposto, o E. Relator afastou o paciente

do cargo de prefeito, deixando de fundamentar os motivos que o levaram a
determinar o afastamento, causando, pois, flagrante constrangimento ilegal.
Essa Colenda Corte assim decidiu:

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.11)
fls. 12
PROCESSO PENAL. PEDIDO DE EXTENSÃO NO

HABEAS CORPUS. LAVAGEM DE CAPITAIS.
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA
PRISÃO. FIANÇA E SUSPENSÃO DO
EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA. DEVIDA
FUNDAMENTAÇÃO. DEMAIS MEDIDAS
CAUTELARES. OFENSA AO PRINCÍPIO DA
MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS.
IDENTIDADE DE SITUAÇÕES DOS CORRÉUS.
PEDIDO ACOLHIDO.
1. O art. 580 do Código de Processo Penal
estabelece que, "no caso de concurso de agentes
(Código Penal, art. 25), a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos
que não sejam de caráter exclusivamente pessoal,
aproveitará aos outros".
2. Sendo idêntica a situação processual dos corréus,
e considerando que não se verifica fundamentação
específica no caso concreto a justificar a
necessidade das medidas consistentes: (a) na
proibição de manter contato com os corréus do
Processo n. 0056479-38.2015 e com qualquer
pessoa relacionada aos fatos objeto da referida

ação penal e respectiva investigação; (b) no
recolhimento domiciliar no período noturno; (c) na
proibição de se ausentar do país, com entrega do
passaporte no prazo de 48 horas, cuja ofensa ao
princípio da motivação das decisões judiciais se

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.12)
fls. 13
evidencia, os interessados têm direito à extensão dos

efeitos da concessão da ordem, nos termos do art.
580 do CPP.
3. Pedido de extensão acolhido para cassar as
medidas cautelares de recolhimento domiciliar
noturno e das proibições de manter contato com os
corréus do Processo n. 0056479-38.2015 e com
qualquer pessoa relacionada aos fatos objeto da
referida ação penal e respectiva investigação, bem
como de se ausentar do país, com retenção dos
passaportes, sem impedimento de decretação
fundamentada de novas cautelares.
(RExt no HC 361.807/SP, Rel. Ministro RIBEIRO
DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
08/02/2018, DJe 16/02/2018).
Ressalta-se que a generalidade da decisão judicial

que determinou o afastamento dificulta, inclusive, a defesa do paciente, já que
não há elementos concretos contra os quais poderiam ser rebatidos. Assim, o
paciente está sofrendo constrangimento ilegal por decisão judicial sem a
devida fundamentação, quanto a necessidade do afastamento do cargo de
prefeito eleito democraticamente pelo povo de Ilhabela.
III.III – DA AUSÊNCIA DE MOTIVOS PARA A DECRETAÇÃO DO

AFASTAMENTO DO PACIENTE
Como a r. decisão judicial que determinou o

afastamento “sine die” do paciente d.m.v., é desprovida de fundamentação

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.13)
fls. 14
jurídica, uma vez que nessa fase, não se discute mérito, pois, sequer há
acusação formalizada em ação penal. Portando, não se vê na r. decisão a
demonstração de que o paciente no cargo, ainda mais depois de toda busca
realizada, possa atrapalhar a investigação.
Assim, o afastamento do paciente do cargo foi

decretado por conveniência da investigação, que, aliás, já praticamente se
findou e o Ministério Público já se encontra na posse de todos os
documentos, fato esse que impossibilita qualquer perigo de “adulteração”
e/ou “fabricação” de novos documentos com o fito de alterar a verdade
dos fatos, já que um simples confronto documental comprovaria a temida
e suposta adulteração. Portanto, a suposta possibilidade de continuidade
delitiva se perfaz em crime impossível.
Deve ser ressaltado que o afastamento objetivou

facilitar a colheita de provas essenciais à investigação, frustrando a
interferência do dirigente da municipalidade, tanto que foram deferidas
concomitantes medidas de busca e apreensão de documentos e outros
meios de provas, finalidade atingida pois não houve a suspensão do ato
coator nesse ponto, nem mesmo se impediu a continuidade das
investigações.
Com efeito, em casos de afastamento de cargo

público, é preciso atentar para o princípio da contemporaneidade, isto é, o
afastamento, ainda que haja indícios de irregularidades, deve levar em conta
circunstâncias atuais que demonstrem o perigo concreto e iminente que a
manutenção do edil em suas funções possa acarretar para a Municipalidade,
não sendo suficiente a menção a fatos pretéritos sob investigação.

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.14)
fls. 15
Neste prisma, é inaplicável o inciso VI, do art. 319
do Código de Processo Penal já que o afastamento das funções públicas
somente ocorrerá quando houver o receio de sua utilização para a prática
de infrações penais, o que é inexistente no caso em tela.
O exercício do cargo por tempo indeterminado viola

o direito social ao trabalho, assegurado na Constituição Federal.
Não é legítimo se admitir que aquele que já se
encontra eleito por vontade popular e investido no mandato tenha o exercício
de suas funções interrompidas por ordem judicial provisória para fins
investigatórios, antes mesmo de qualquer decisão condenatória, sequer
monocrática.
Para reforçar ainda mais a tese de que não há mais

necessidade da manutenção do afastamento do prefeito, vale ressaltar que as
investigações já terminaram, prova disso, é que há DENÚNCIA (doc.
anexo) contra outros agentes supostos coautores das imputações, que não
gozam do foro privilegiado por prerrogativa de função, que são: ADRIANO
CESAR PEREIRA; TATIANA NEGREIROS DE SOUZA e ROGÉRIO
FERREIRA FACO, que tramita perante a Vara Judicial da Comarca de
Ilhabela, sob o nº 0000177-72.2018.8.26.0247.
Assim, inexiste fundamento para o afastamento do

paciente do cargo de Prefeito de Ilhabela, bem como sua manutenção, sendo
agravado pela ausência de prazo terminativo.

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.15)
fls. 16
IV – DA CONCLUSÃO
Diante de todo o exposto, é cristalino o fato de que o
paciente está sofrendo constrangimento ilegal, já que: a) o paciente se
encontra afastado do cargo para o qual foi eleito desde 14.04.2019, de modo
que a decisão combatida traduz verdadeiro afastamento ”sine die”, já que
ausente o marco terminativo concreto; b) a decisão judicial d.m.v. é
desprovida de fundamentação jurídica, firmando-se nas meras alegações de
mérito a serem discutidas em eventual ação penal; e c) inexistência de
motivos para a decretação de medidas cautelares previstas no art. 319 do
Código de Processo Penal. (ausência de prejuízo a investigação se estiver no
cargo).
Ao que parece, a r. decisão ora combatida, confunde
questão de mérito a ser discutida em eventual ação penal, com questão
processual acautelatória. Não há nos autos, sequer indício de que o
paciente esteja perturbando ou impedindo a produção de provas,
ameaçando testemunhas, apagando vestígios de eventual crime,
destruindo documentos e etc. O Ministério Público, sequer conseguiu
demonstrar a necessidade efetiva do afastamento do prefeito.
Dá narrativa ministerial, pode ser extraído que mais

se fala de outras pessoas que propriamente o paciente.
De certo, no momento oportuno, em eventual ação

penal, o mérito acusatório será devidamente rebatido sob o crivo do
contraditório.

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.16)
fls. 17
Já há denúncia contra os outros investigados que não

gozam de foro privilegiado, demonstrando que as investigações já se
encerraram e, portanto, não há mais motivo para a manutenção do
afastamento.
Assim, patente é o constrangimento ilegal do

paciente.
V – DO PEDIDO
Diante da flagrante ilegalidade de afastamento do

paciente do cargo de prefeito de Ilhabela, e sua manutenção, em face do
profundo e indisfarçável desrespeito ao disciplinamento normativo a que se
subordina tal medida extrema, aguardam os impetrantes, num gesto de estrita
justiça, seja concedida LIMINAR para suspenção dos efeitos da r. decisão
ora combatida, até julgamento do mérito do presente Habeas Corpus,
determinando o retorno do paciente ao cargo de prefeito de Ilhabela -SP,
bem como revogando as demais medidas cautelares aplicadas. Ademais,
considerando-se as agruras e transtornos que a injusta e ilegal medida tomada
pela DD. Autoridade Coatora tem provocado ao paciente, a LIMINAR é
medida de rigor, que se requer e espera.
Por derradeiro, confiante no elevado senso de justiça

de Vossa Excelência, aguarda-se a concessão da liminar e, afinal, o
julgamento favorável do presente pedido, com a definitiva concessão do
writ, para que seja cassada a r. decisão ora combatida, determinando o
retorno do paciente ao cargo de prefeito de lhabela -SP, bem como
revogando as demais medidas cautelares aplicadas.

Recebido em 04/07/2019 14:01:24
(e-STJ Fl.17)
fls. 18
Uma vez deferida a liminar, requer-se a
comunicação da autoridade coatora, bem como da Câmara Municipal de
Ilhabela-SP para retorno imediato ao cargo de prefeito, tudo por ser medida
de extrema JUSTIÇA.
Nestes termos,
Pede deferimento.
São Paulo, 01 de julho de 2019.
ANTHERO MENDES PEREIRA
OAB/SP 122.720
ANTHERO MENDES PEREIRA JUNIOR

OAB/SP 180.414
ROBERTA ROGRIGUES DA SILVA

OAB/SP 352.309

Recebido em 04/07/2019 14:01:24

Justiça Nega Habeas Corpus Ao Ex-Prefeito de Ilhabela

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Justiça Nega Habeas Corpus Ao Ex-Prefeito de Ilhabela

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fls.

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

HABEAS CORPUS n. 519806/SP (2019/0194237-1)

Senhor(a) Desembargador(a) Presidente,

De ordem do(a) Excelentíssimo(a) Senhor(a) Ministro(a) Relator(a) solicito a

Informo a Vossa Excelência que as peças do processo podem ser obtidas

Jussara dos Santos Gonçalves

A Sua Excelência o(a) Senhor(a)

Documento eletrônico VDA22376590

Superior Tribunal de Justiça

HABEAS CORPUS Nº 519.806 - SP (2019/0194237-1)

RELATOR : MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK

cautelar de afastamento do cargo de Prefeito e, também, das demais medidas cautelares

enquanto perdurar o curso do feito em tela).

Ante o exposto, indefiro a liminar.

Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA

HC 519806 C54250651580321241<122@ C30830841<650485@

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE

HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR

em favor de MARCIO BATISTA TENÓRIO, brasileiro, viúvo, funcionário

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CEP 11630-000, nos termos dos artigos 317 e 318, inciso II

I – DO CONHECIMENTO DO PRESENTE WRIT

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS.

PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E

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4. Embora havendo nos autos elementos que

AFASTAMENTO DOS PACIENTES DAS SUAS

indivíduo, o certo é que com o advento da

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habeas corpus. […] (STJ, Quinta Turma, HC

Portanto, a falta de previsão expressa sobre o

No caso em tela, foi imposta ao paciente, em

Assim, não se trata apenas e tão somente do

Trata-se de representação promovida pelo Ministério

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paciente; o afastamento do prefeito, não apenas da administração, como

O paciente ainda não foi denunciado, todas as

Dentre outras determinações, segue trecho da r.

Municipal, (ii) vedar seu acesso às repartições

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Portanto, data máxima vênia, sem qualquer, em

Não há prova de qualquer ato praticado pelo

III – DO CONSTRANGIMENTO ILEGAL DA DECISÃO QUE

III.I – DA CASSAÇÃO INDIRETA DO CARGO DE PREFEITO

Como dito alhures, E. Relator, ora autoridade

Durante eventual instrução de procedimento penal, o

paciente demonstrará que o valor pago à referida empresa retratou o serviço

Diversos documentos foram juntados aos autos com

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Ressalta-se que esse afastamento, não possui data

Assim, o afastamento “sine die” do paciente do

Portanto, a decisão determinando o afastamento

III.II – DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO

Como acima exposto, o E. Relator afastou o paciente

Essa Colenda Corte assim decidiu:

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PROCESSO PENAL. PEDIDO DE EXTENSÃO NO

pessoa relacionada aos fatos objeto da referida

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evidencia, os interessados têm direito à extensão dos

Ressalta-se que a generalidade da decisão judicial