Anda di halaman 1dari 39

...

nossos próprios pensamentos


têm que pulsar com aquela piedade
que só flui de uma vida íntima
com Deus. (Joel Beeke)
Introdução

Para começarmos a pensar em uma


espiritualidade para nosso tempo, precisamos
compreender que fazemos parte de uma
sociedade muito ocupada, tomada de seus
grandes ativismos e suas grandes preocupações,
suas ansiedades, dores, turbulências, assim
como suas alegrias, suas festividades, suas
celebrações. A vida é muito corrida e os dias
passam muito depressa.

Ao refletirmos sobre a Igreja em sua


essência nos deparamos com um termo
grego, Ekklesia, que literalmente
significa “chamados para fora”. Nesta perspectiva
a espiritualidade vivida e praticada pela igreja
deve ultrapassar limites geográficos, deve ir para
além de suas paredes, chegando no ambiente da
casa, do trabalho, da escola, nos lugares onde
5
tudo acontece, onde as vitórias são
comemoradas e as derrotas destilam suas
amarguras. Essa espiritualidade cristã se torna,
portanto, a força, o recurso para o crente vencer
suas mazelas.

Neste sentido, vale dizer que a maneira


como compreendemos a fé cristã define nossa
prática cristã. Isso significa que quando
compreendemos, de forma equivocada os valores
e princípios desta fé, nossas ações serão
prejudicadas. Segundo ROLDAN (2000), o
senhorio de Cristo constitui o fundamento de
nossa vida como discípulos e nos leva a guardar
seus mandamentos, é o senhorio do Cristo
ressurreto o alicerce da nossa fé.

Este conceito compreendido e assimilado


torna nossa rotina e nos torna verdadeiros
cristãos. Não importa a quantidade de cultos que
participamos se o que ouvimos não nos tornar
mais submisso a vontade de Deus, logo, não há
proveito nisto. A mensagem fundamental do
6
cristianismo bíblico é a confissão do Senhorio de
Cristo sobre todas as demais coisas da vida
comum.

Neste momento se faz necessário


contextualizar esta afirmação, pois, declarar
Jesus como Senhor, nos tempos bíblicos, era se
opor a um sistema que tinha o Imperador como
senhor da política, da guerra, e promovido a
divindade pelos poetas e por todos aqueles que o
veneravam.

Para os que confessavam “Senhor Jesus”


era a consumação de uma violação, um crime
passível de correção, açoites e morte. Esta
confissão não era somente teológica, mas
também política, pois Jesus estava substituindo o
senhor oficial do Império de Roma, César.

Jesus substituiu antes, e sobrepuja hoje


o que governava nossa vida antes Dele, pois
Ele é o Senhor!

7
Seja bem-vindo a uma leitura desafiadora,
que lhe trará muitas questões importantes no que
diz respeito a caminhada cristã, como verdadeiro
discípulo de Cristo.

Boa leitura!

Alexsandro Alves da Silva

8
Compreendendo o
Contexto da
Declaração do
Senhorio de Cristo

Passamos a tratar de um assunto bem


interessante, o qual na verdade, perpassa os
séculos, por exemplo, para os egípcios os faraós
eram tidos por divinos e imortais, assim como
na Grécia, onde seus heróis estavam em uma
posição intermediária entres os deuses e os
homens. No império Romano começou com a
exaltação da deusa Roma e posteriormente a
divinização do próprio Imperador:

O culto ao imperador não começou


com a divinização de César.
Começou com a divinização de
Roma. O espírito do Império foi
divinizado sob o nome e a figura da
9
deusa Roma, de quem a cidade era
personificação. A deusa representava
o poder benéfico do Império. O
primeiro templo dedicado a Roma foi
erigido em Esmirna no ano de 195
a.C. (BARCLAY apud ROLDAN,
2000, pág. 31)

WENGST (1991), afirma que nas províncias


romanas o imperador Augusto já era tido
oficialmente como divindade, na capital, apenas
tema de música e recitais poéticos. Esmirna foi a
cidade da Ásia Menor escolhida para ter o culto
ao Imperador, o que por sua vez, ao receber esta
“dádiva” passo a receber os múltiplos serviços do
povo romano, e a cidade se torna o vínculo visível
da unidade do império em torno e em razão de
seu imperador deus, unindo todo o povo em
fidelidade ao imperador e ao Estado (Romae et
Augusto).

Diante desta realidade, ser cristão e


declarar Jesus como Senhor, teria
suas complicações, veja:
10
Plinio expusera seu modo de
proceder com aqueles que lhe tinham
sido acusados como cristãos, dizendo
que lhes perguntava “se eram
cristãos. A quem confessava ser
cristão, eu perguntava sob ameaça de
pena de morte segunda e terceira
vez”. (…) aquele que se confessava
cristão era considerado culpado de
deslealdade, que, portanto, já a
acusação de ser cristão significava
este delito político. (PLÍNIO apud
WENGST, 1991, p. 75)

O imperador Augusto, 29 a.C. foi quando


ele liberou que as cidades da Ásia Menor
erigissem templos de adoração ao Imperador, em
honra a Roma e ele mesmo. No caso dos judeus,
por exemplo, se tinha opiniões diversas, onde,
uns preferiam se opor de forma ferrenha,
principalmente por questões patrióticas e
religiosa, uma vez que estimula a idolatria, assim
como haviam aqueles que compreendiam que
deveriam se sujeitar aos desmandos de Roma
como soberana, e por último, existiam os que não
11
queriam participar nem se submeter e acabavam
por se retirar para uma vida afastada de tudo, na
esperança da chegado do Messias prometido
pelos profetas, passando a viver no deserto.

É importante salientar que o império


Romano permitia que cada um tivesse seus
próprios deuses, mas o culto ao imperador era
algo inegociável, principalmente por se tratar de
uma questão de fidelidade política. Então, o culto
a César era, de certo modo, o elo da segurança e
da paz do império colocando os súditos em
posição subserviente, reconhecendo que o
Imperador como senhor tinha autoridade sobre o
corpo e alma de todos os que habitavam as
cercanias de Roma.

Policarpo, o Bispo de
Esmirna, experimentou em seu próprio corpo um
pouco da dor registrada na história da Igreja. É
registrado nos anais da Igreja a seguinte relato,
sobre o bispo e os 11 anônimos, como segue:

12
Policarpo bispo de Esmirna, na Ásia
Menor, hoje Turquia, foi preso
juntamente com outros 11 cristãos e
julgado pelos romanos. A multidão
enfurecida pediu a morte de todos,
especialmente a de Policarpo. Conta-
se que 3 dias antes de ser preso
Policarpo teve uma visão, onde lhe
aparecia seu travesseiro em chamas,
então, voltando-se para os que
estavam com ele, disse-lhes: “Devo
ser queimado vivo”. Seguindo o uso
dos argumentos, em tais
circunstâncias, diziam seus
julgadores: “Jura pela sorte de César,
renega as tuas ideias e dize: “Morte
aos ateus!” (ateus = cristãos).
Policarpo então, voltando-se para a
multidão do estádio, fixando
firmemente com um olhar severo
aquela ralé criminosa, elevou a mão
contra ela e disse, com os olhos
voltados para o céu: “Morte aos
ateus”. Insistiu ainda o procônsul:
“Faze o juramento e eu te libertarei.
Insulta ao Cristo”. Respondeu
13
Policarpo: “Há oitenta e seis anos
que o sirvo e nunca me fez mal
algum. Como poderia blasfemar
meu Rei e Salvador?” Como de
novo insistisse, dizendo: “Jura pela
sorte de César”, replicou Policarpo:
“Se esperas, em vão, que vá jurar pela
sorte de César, simulando ignorares
quem sou, ouve o que te digo com
franqueza: sou cristão! Foi ainda
pressionado com a ameaça: “Tenho
feras”, disse, “às quais te lançarei, se
não te converteres”; “faze-as vir”,
respondeu Policarpo; “impossível
para nós uma conversão do melhor ao
pior; o bem é poder passar dos males
à justiça”. Então, diante da multidão
foi proclamado pelo arauto diante do
estádio: “Policarpo acaba de
confessar-se cristão”. Mal tinha
anunciado, a multidão de gentios e
judeus de Esmirna prorrompeu em
gritos furiosos e desenfreados: “Eis o
mestre da Ásia, o pai dos cristãos, o
blasfemador dos nossos deuses, o
que induz tantos outros a não mais
14
honrá-los com sacrifícios e orações”.
Ocorreu imediatamente outra ideia à
multidão gritando, a uma só voz: “Que
Policarpo seja queimado vivo!”. Com
efeito, era preciso que se cumprisse a
visão do travesseiro. Tinha visto em
chamas, quando estava em oração e
voltando-se para os fiéis que o
rodeavam dissera em tom profético:
“Devo ser queimado vivo”. Armada a
fogueira, Policarpo despiu as suas
vestes, desatou o cinto, tentou
desamarrar as sandálias, o que já não
fazia, pois os fiéis sempre se
apressavam em ajudá-lo, no desejo
de tocar-lhe o corpo, no qual muito
antes do martírio já brilhava o
esplendor da santidade de sua vida.
Rapidamente cercaram-no com as
coisas trazidas para o fogo. Quando
os algozes quiseram amarrá-lo, disse-
lhes: “Deixa-me livre. Quem me dá
forças para suportar o fogo, dar-me-á
igualmente a de ficar nele imóvel sem
necessitar deste vosso
cuidado”. Vendo, afinal que o fogo
15
não conseguia consumir o corpo,
os ímpios mandaram o executor
transpassá-lo com o punhal. E
quando isto foi feito, saiu da ferida
tal quantidade de sangue que
apagou o fogo. Vendo o centurião a
oposição dos judeus, fez queimar
publicamente o corpo, conforme o
costume pagão. (Texto adaptado:
AQUINO, 2018)

16
O Senhorio de
Cristo na
Espiritualidade
comum das pessoas
ocupadas

A maior dificuldade da Igreja


contemporânea e seus membros, é o fato de não
entenderem o Senhorio de Cristo. Isso se dá pelo
fato de desconhecer a Bíblia, sua história e seu
contexto. Tem se banalizado a fé cristã porque
temos nos tornado somente mais uma religião
diante das muitas já existentes.

Somos fruto, consequência, de uma fé


histórica e precisamos urgentemente
resgatarmos a fé experiencial que se faz presente
no dia a dia, nas circunstâncias mais triviais, mais

17
complexas, mais naturais do ser humano da pós
modernidade.

Ao nos permitir uma leitura mais sociológica


do Apocalipse de João, por exemplo, percebemos
que o background do livro é a Roma do
imperador Domiciano (81-96 d.C.), onde se
popularizava muitíssimo a expressão dominus ac
deus noster – “senhor e deus nosso” – a qual era
destinada ao grande dominador romano. Éfeso
era o maior centro de culto ao imperador na Ásia,
lá se estabeleceu um grande templo, o qual
assumiu primazia sobre os tabernáculos da deusa
Diana. É Domiciano a personificação da besta
apocalíptica que mata os irmãos, os quais se
propuseram a não negar a Cristo e o proclamava
como Senhor da Terra e dos Céus.

Portanto, era uma decisão muito difícil para


se tomar, pois se tornaria discípulo de Cristo
somente os que tinham coragem de negar ao
Imperador deus, mesmo sob condenação de dor,
prisão e morte. Para ROLDAN (2000), a confissão
18
de fé que admite Jesus Cristo como o Senhor se
contrasta com as religiões e ideologias, pelo fato
de não aceitar nem rivais nem misturas, pois
somente Ele é o Senhor da vida do crente, da sua
história, assim como, do mundo e do universo.

Umas das questões mais elementares para


esta discussão é o fato de resgatarmos uma
espiritualidade que seja vivida e praticada além
do templo, além de uma reunião semanal, além
de um dia, um horário semanal.

A história da Igreja nos mostra que


Constantino ao se tornar Imperador Romano
(Séc. IV), após sua visão da cruz de Cristo a qual
o levou a marcar os escudos com a Cruz dos
cristãos, o que segundo nos conta, foi por meio
desta insigne que obtivera suas vitórias, passou
a beneficiar os seguidores de Jesus, restituindo-
lhes bens e promovendo-lhes um grande lugar
onde pudessem se juntar para realizar suas
reuniões, o que frutificou também em seu clero, e
mais tarde em seu “Pedro”.
19
Foi Teodósio quem formaliza no ano 390
d.C. a Cristianização do Império Romano e fez da
prática da fé e de uma fé prática, instrumento de
dominação sobre os bárbaros, os quais deveriam
se render ao Império Romano e a sua Religião, e
o mundo foi se tornando cristão, e a Igreja
deixando de ser formada de discípulos para se
tornar um ajuntamento de dominados e
oprimidos.

A Reforma Protestante (Séc. XVI) de


Lutero, Calvino, Zwinglio, resgata o entendimento
da salvação pela graça, o sacerdócio de todos os
crentes, mas ainda labuta para tirar do coração
dos cristãos a religiosidade do templo, do dia
único, e do único horário.

Nosso desafio é resgatar a espiritualidade


cristã fruto de uma fé fundamentada nas
Escrituras Sagradas, a qual torna a vida
consagrada ao Senhor Jesus, em cada ato, cada
atitude diária e faz da vida um culto diário, um
sacrifício vivo e constante, o qual exala aroma
20
agradável ao Senhor e produz frutos de justiça a
Ele, por meio Dele, e para Ele.

21
Jesus Cristo é o
Senhor de todos,
de tudo e de
todas as horas:
uma perspectiva
bíblica DA
ESPIRITUALIDADE
CRISTÃ.

Ao observarmos o Antigo Testamento no


deparamos com o Tetragrama Yhwh (Javé), o
Deus Todo-Poderoso, Santíssimo, cujo nome não
se deveria usar em vão. Então, para que isso não
acontecesse os judeus passaram a substituir pela
palavra Adonay, a qual é traduzida por Senhor.

22
Em Êxodo 34.23 temos uma combinação
muito interessante que exalta o nome do Senhor,
o elevando e o exaltando acima de tudo e de
todos, o “Senhor dos senhores” – Senhor Deus, o
Deus de Israel. (ARCHER, 1998, p.18)

O Novo Testamento projeto para pessoa de


Jesus, o Messias de Deus, a interação do Javé do
AT para o Senhor (Jesus) do NT, como o salvador
daquele que por ele clama, conforme nos mostra
Romanos 10.8-13, fazendo uma conexão com o
texto de Joel 2.32:

Mas que diz? A palavra está junto de ti, na


tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé,
que pregamos, a saber: Se com a tua boca
confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração
creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos,
serás salvo.

Visto que com o coração se crê para a


justiça, e com a boca se faz confissão para a
salvação.
23
Porque a Escritura diz: Todo aquele que
nele crer não será confundido. Porquanto não há
diferença entre judeu e grego; porque um mesmo
é o Senhor de todos, rico para com todos os que
o invocam. Porque todo aquele que invocar o
nome do Senhor será salvo. Romanos 10:8-13

E há de ser que todo aquele que invocar


o nome do Senhor será salvo; porque no monte
Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim
como disse o Senhor, e entre os sobreviventes,
aqueles que o Senhor chamar. Joel 2:32

Toda construção do texto de Romanos,


citado acima, é construído e fundamentado na Lei
e nos Profetas, afirmando que assim como havia
promessa de Javé para salvação em seu nome,
os que creem com o coração e confessam com
seus lábios o Senhorio de Cristo, também
alcançará a certeza da presença salvadora de
Deus.

24
Neste caso, esta antiga formulação litúrgica
cristã, faz muito sentido, pois é a segurança para
aquele que ousam negar o senhorio do Imperador
para declarar e exaltar o nome de seu Senhor, o
Cristo Jesus.

O Cristo Ressurreto, venceu a morte, essa


é a garantia para os que nele creem, são,
portanto, desafiados a permanecerem nele
mesmo em meio às perseguições.

Segundo Mateus (28.18), o Ressurreto tem


autoridade dada pelo Pai, autoridade esta que o
coloca acima dos poderes e potestades
espirituais e terrenas, e por isso Ele pode
derramar dela sobre os discípulos desta mesma
autoridade para que os mesmo pudessem dar
seguimento na proclamação do Evangelho,
fazendo discípulos de todas as nações, batizando
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Portanto, a espiritualidade que é capaz de


crer com o coração na ressurreição de Jesus,
25
bem como confessar com a boca seu Senhorio, é
também capaz de compartilhar desta fé, ao ponto
de alcançar novas pessoas para salvação em
Jesus. Há sobre a vida de cada cristão uma
autoridade dada pelo próprio Cristo para que
possam viver e compartilhar o Evangelho da
Salvação.

Para ROLDAN, Jesus Cristo é o Senhor


Universal e absoluto, tudo está debaixo do seu
domínio, tanto no céu como na terra, Ele é o
Senhor de toda criação como também o é dos
seres angelicais.

Ele está acima das potestades infernais,


assim como é superior a rei, presidentes, pois
ninguém se iguala a ele em seu poder, quem seja
nos sepulcros ou mesmo no inferno. “O senhorio
de Jesus Cristo deve ser interpretado a partir de
seu contexto original, bíblico e político, o qual
provê lições importantes para a vida dos cristãos
no contexto sócio-político em que vivemos.”
(2000, p.26)
26
Uma espiritualidade
Para pessoas comuns
e ocupadas

Somos pessoas comuns. Isso não é um


problema, isso é normal, isso significa que temos
que trabalhar, temos que fazer compras no
supermercado, temos tarefas do lar para resolver,
as quais não ficam prontas nunca.

Temos que estudar, temos filhos, temos


crises conjugais, perdemos o emprego, torcemos
para um time de futebol que ganha, e as vezes
perde mais do que ganha, e vamos ao culto, e, às
vezes até mudamos de igreja. É isso: somos
normais.

O problema mesmo, é que parece que a fé


não é para pessoas comuns. Nos falta tempo pra
orar, pra estudar a bíblia, para fazer o que
27
convencionalmente é chamado de, “a obra do
Senhor”. O que fazer então?

Bem, retornemos um pouco ao que


conversamos para buscarmos sentido nisto tudo
que foi apresentado até agora. JESUS CRISTO É
O SENHOR. Independentemente de qual for a
situação ou circunstância, Ele é o Senhor e não
vai deixar de ser, o que podemos fazer é entender
como o Senhorio de Cristo altera nossa vida,
nossa rotina.

Por exemplo, o Brasil é conhecido como o


País do jeitinho, para um cristão isso não faz o
menor sentido, sua ética e moral cristã não
permite que ele dê jeitinho, pois quando se está
debaixo da vontade de Deus, entendemos que
tudo, tudo que fazemos, fazemos como para ao
Senhor. Isso muda tudo mesmo. Veja o texto
bíblico:

E tudo quanto fizerdes, fazei-o de


todo o coração, como ao Senhor, e
não aos homens, sabendo que
28
recebereis do Senhor o galardão da
herança, porque a Cristo, o Senhor,
servis. Colossenses 3:23,24

Não dependemos de chefe para


produzirmos mais, não precisamos de situação
favorável para sermos melhores pais, maridos,
esposas, funcionários, simplesmente porque o
que fazemos devemos fazer para o Senhor. Essa
é nossa ética, esse é nosso dever, e isso não
depende de situação, depende de caráter cristão.

Uma outra situação: Como exercer nosso


chamado, nossa vocação? Temos pouco tempo
para participar das atividades da igreja, do grupo
que se reuni na casa do “irmão João”; como
participar da reunião de oração da manhã, ou da
intercessão à noite?

Quando pensamos assim, estamos olhando


na perspectiva errada. Quando nos colocamos
debaixo do Senhorio de Cristo, isso não vale
apenas para um lugar, ou um dia, ou uma hora
especificamente, mas somos servos do Senhor
29
todos os dias, em todos os lugares, e em todas as
horas.

Oramos pelas pessoas quando é preciso,


temos comunhão com Deus o tempo todo e em
todo tempo; não fazemos que é certo na igreja e
o que é necessário fora da igreja, pois temos que
ser cristãos de verdade onde quer que estejamos,
não há uma realidade dicotômica como
acreditavam os gnósticos do primeiro século, fruto
de um platonismo ignorante, onde se buscava a
salvação da alma diante de um corpo escravizado
pelo pecado.

Isso significa que ao buscarmos apresentar


um culto solene e santo ao Senhor no domingo
não nos isenta de uma vida santa todos os demais
dias.

30
Para uma
espiritualidade
possível

Um dos textos mais desafiadores e


inspiradores é Mateus capítulo 4.1-11, o qual
relata a tentação de Jesus. É algo inusitado, os
céus se abriram, a voz do Pai bradou entre os
homens, o Espírito Santo se manifestou cheio de
graça revelando o Messias ao mundo, no entanto,
ao terminar este momento que marcou o batismo
de Jesus, parece que imediatamente foi Ele
conduzido ao deserto, e o texto é bem claro
quando diz: Ele foi levado pelo Espírito Santo; foi
levado para ser tentado.

Como assim? Não dá para entender num


primeiro momento. Mas, foi assim e lá no deserto
depois de 40 dias sem comer, teve fome e foi
tentado pelo diabo. Conhecemos o texto e
31
sabemos que Jesus venceu as tentações do
diabo. Como Ele venceu? venceu porque tinha
com Ele o Espírito Santo e a Palavra.

Uma espiritualidade vencedora possível só


acontece com um coração cheio do conhecimento
de Deus e uma vida cheia do Espírito Santo, esta
foi a determinação do Apóstolo Paulo a Igreja de
Éfeso:

E não vos embriagueis com vinho, em


que há contenda, mas enchei-vos do
Espírito; Falando entre vós em
salmos, e hinos, e cânticos espirituais;
cantando e salmodiando ao Senhor
no vosso coração; Dando sempre
graças por tudo a nosso Deus e Pai,
em nome de nosso Senhor Jesus
Cristo; Sujeitando-vos uns aos outros
no temor de Deus. Efésios 5:18-21

A Nova Versão Internacional opta por uma


tradução mais próxima do grego, onde o “enchei-
vos” é apresentado na condição passiva,
trazendo a ideia de “deixai-vos encher-se do
32
Espírito Santo”, mostrando que há um desejo do
próprio Deus em nos encher do Espírito. Por outro
lado, mesmo que seja da vontade do Senhor nos
tornar cheios do seu Espírito Santo, existem
atitudes que fazem diferença para uma vida no
Espírito, atitudes que devem fazer parte de nosso
cotidiano, em qualquer que seja o lugar ou o
tempo em que estejamos vivendo.

Paulo fala aos Efésios que era necessário,


sim, criar um ambiente para que o Espírito Santo
fosse derramado sobre os crentes. Então dá a
seguinte orientação: 1) Fale entre vós em salmos,
e hinos, e cânticos espirituais; cantando e
salmodiando ao Senhor no vosso coração; 2)
Seja grato por tudo a nosso Deus e Pai, em nome
de nosso Senhor Jesus Cristo; 3) Se submetam,
se sujeitem uns aos outros no temor de Deus.

O Apóstolo Paulo traz a seus leitores a


consciência comunitária, onde o fortalecimento
espiritual se dá na relação de um para com os

33
outros. FABRIS faz a seguinte observação sobre
esta tese:

“em outras palavras, o lugar ou o


espaço ideal para reforçar a
perseverança no compromisso
batismal e para descobrir a vontade
do Senhor é o encontro dos fiéis que
se dirigem a Deus Pai em nome de
nosso Senhor Jesus Cristo.” (1992,
p.191)

Neste caso só há uma maneira de vivermos


uma espiritualidade saudável no dia a dia, e essa
maneira é o relacionamento de uns para com os
outros, tornando cada oportunidade de estarmos
juntos para nos encher do Espírito mutuamente,
tornando a vida uma constante adoração, uma
profunda intimidade com Deus e com os irmãos
em Cristo.

O que por sua vez, torna a relação de


marido e mulher uma grande oportunidade de se
praticar a vida no Espírito, onde o marido é capaz

34
de se doar a esposa, assim como a esposa é
capaz de tornar uma forte base de sustentação
para seu marido, num ambiente onde ambos se
sujeitam um ao outro.

Os pais não desonram seus filhos, assim


como os filhos são obedientes aos seus pais, e
por sua vez, os senhores são justos para com
seus servos, e os servos fazem seu trabalho com
afinco para agradar a Deus e não somente seus
senhores. Em outras palavras, Paulo nos faz
lembrar o que havia ministrado ao coração do
Coríntios, quando disse: “Portanto, quer comais
quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei
tudo para glória de Deus.” 1 Coríntios 10:31

A espiritualidade para qual estamos sendo


chamados vai além de normas e regras,
vestimentas ou qualquer outra imposição,
estamos sendo chamado para viver em um novo
patamar onde as leis que regem nossa vida são
muito mais nobres que as propostas pelas
instituições humanas. Somos chamados para
35
viver e experimentar os valores expressos no
Sermão do Monte quando aprendemos a ouvir
Jesus dizendo o “Ouvistes o que foi dito… Eu
porém vos digo” (Mt 5-7). Chegou o tempo de
vivermos a ética do Reino de Deus, seja no que
tange nossas decisões, pensamentos ou
palavras.

O grande desafio da espiritualidade


saudável, que ajuda, que abençoa, que liberta o
coração das amarras e da condenação, é a
vivência de uma espiritualidade capaz de nos
ensinar a amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a nós mesmos, que tira de nós as
máscaras e nos permite ser quem somos para
sermos o que Deus nos chamou para ser em
Cristo, o nosso Senhor Ressurreto, para o
qual vivemos, existimos e nos movemos. Ele é o
nosso Senhor e só a Ele daremos culto. Um culto
diário, um culto racional, uma vida de adoração
manifesta em espírito e em verdade.

36
Bibliografia

ROLDÁN, Alberto Fernando. Senhor Total.


Londrina: Descoberta, 2000.

WENGST, KLAUS. Pax Romana: pretensão e


realidade. São Paulo: Edições Paulinas, 1991.

AQUINO, Felipe. O Martírio de São Policarpo.


2018. Disponível em: https://cleofas.com.br/o-
martirio-de-sao-policarpo-%E2%80%A0155/.
Acessado em: 06 de outubro de 2018.

ARCHER, Gleason L. Jr; HARRIS, R. Laird;


WALTKE, Bruce K. São Paulo: Vida Nova,
Dicionário de Teologia do Antigo Testamento,
1998.

FABRIS, Rinaldo. As Cartas de Paulo, vol. III.


São Paulo: Loyola, 1992.

37
Sobre o Autor:

Possui Especialização em Docência


do Ensino Superior com ênfase em
Educação à Distância (2016) e Mestrado
Livre em Liderança Pastoral Urbana,
ambas pelo Centro Universitário Filadélfia
(2017);

Graduação em Teologia pelo


Seminário Teológico Antônio de Godoy
Sobrinho (2001) e convalidação pela
Faculdade Teológica Sul Americana
(2012).

38
Possui licenciatura plena, habilitação
para o Magistério em Filosofia e Ensino
Religioso pelo Programa Especial de
formação - PROLIC (2015).

Pastor Presbiteriano desde 2002.

Sugestão de Leitura:

www.oblogdopastoralex.wordpress.com

www.educandofilhos.org

Contato: nossafedecadadia@gmail.com

39

Anda mungkin juga menyukai