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CAPÍTULO 2

COMBUSTÃO DE GASES E INTERCAMBIALIDDE DE


COMBUSTÍVEIS

Instituto de Pesquisas Tecnológicas


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ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO 4

2 IGNIÇÃO 7

2.1 Temperatura de Auto-Ignição 8

2.2 Influência da Concentração na Temperatura de Auto-Ignição 13

2.3 Ignição Forçada 16

3 MÉTODOS EXPERIMENTAIS PARA DETERMINAÇÃO DOS VALORES


RELACIONADOS À IGNIÇÃO 21

3.1 Métodos para Determinação da Temperatura de Auto-Ignição 21

3.2 Método para Determinação da Velocidade de Propagação da Chama 22

3.3 Limites de Flamabilidade 24


3.3.1 Influência dos gases inertes como CO2, H2O e N2 nos limites de flamabilidade, e cálculo dos limites para
uma mistura de combustíveis gasosos 25
3.3.2 Exemplo da aplicação da fórmula (3.1) 28

4 COMBUSTÃO DE GÁS 30

4.1 Jatos 30
4.1.1 Jatos com rotação 32
4.1.2 Dados experimentais sobre jatos sem rotação 34
4.1.3 Recirculação em jato confinado 37
4.1.4 Cálculo do índice de rotação em um jato 40
4.1.5 Determinação do índice de rotação 42
4.1.6 Expressões empíricas sobre jatos com rotação 47

4.2 Recirculação de Gases Devido a Presença de Obstáculos 49

4.3 Chamas Pré-Misturadas 51


4.3.1 Estabilização da chama pre-misturada 54
4.3.2 Instabilidade da chama pre-misturada 55

4.4 Chamas de Difusão 57


4.4.1 Chama de difusão turbulenta 58
4.4.2 Estabilização da chama de difusão 61

4.5 Sistema de Combustão de Gás 61

5 INTERCAMBIALIDADE DE COMBUSTÍVEIS 68

5.1 Mecanismos de Trocas de Calor em Processos de Combustão 69

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5.2 Características dos Combustíveis 70

5.3 Comparação entre combustíveis 75


5.3.1 Comparação entre dois combustíveis 75

5.4 Avaliação das Trocas de Calor na Câmara de Combustão. 76


5.4.1 Emissividade dos gases de combustão e da chama 78
5.4.2 Mapeamento da chama 80
5.4.3 Influência da dimensão da câmara em relação à dimensão da chama na troca de calor 82

5.5 Intercambialidade 82
5.5.1 Intercambialidade de combustíveis gasosos 82
5.5.2 Intercambialidade de combustíveis líquidos 83
5.5.3 Intercambialidade de combustíveis sólidos 84

5.6 Exercício para Fixação 85

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1 INTRODUÇÃO

Geralmente, define-se combustão, de uma forma bem simplista, como uma reação
química exotérmica entre combustível e comburente (reagentes), ocorrendo a altas temperaturas
e com ritmos intensos.

Esta definição de combustão e as análises dos estados inicial (dos reagentes) e final (dos
produtos) em equilíbrio, sem considerar o tempo necessário nem os fenômenos envolvidos para
ocorrer estas transformações, são suficientes para o estudo da estequiometria da combustão,
entretanto, para viabilizar e otimizar qualquer aplicação do processo de combustão é necessário
um entendimento, pelo menos qualitativo, dos fenômenos físicos e químicos envolvidos nas
reações (mistura dos reagentes, aquecimento dos reagentes, ignição, trocas de calor , etc), a fim
de identificar e prever a influência de cada parâmetro no processo em questão.

As experiências mostram que a combustão dos reagentes gasosos só ocorre em certas


condições propícias, após a ignição dos reagentes misturados em proporções adequadas.

Para elucidar o processo de combustão é conveniente introduzir o conceito de taxa de


reação [1] e [2], que é o ritmo (velocidade) com que se desenvolvem as transformações
químicas, e pode ser caracterizada pela variação da concentração de uma das substâncias que
participam das reações em função do tempo.

dCi
Taxa de reação = − (1.1)
dt

onde:
Ci - concentração da substância reagente i, na mistura. A concentração pode ser:
- mássica:- ρ(kg/m3) - massa específica ou
- molar:- ρ/M(mol/m3), sendo M(kg/mol) - massa molecular.
t - tempo (segundo)

A distinção entre combustão e uma reação química lenta é feita pela observação da
variação da taxa de reação e da temperatura atingida pelos produtos da reação. São ilustrados
dois processos da reação química de um sistema contendo uma mistura de CH4 e O2, no gráfico
1.1.
Taxa de
reação COMBUSTÃO - T > 850 K
dC
− CH 4 IGNIÇÃO
dt
Oxidação lenta do CH4 - T < 500 K

tempo
GRÁFICO 1.1 - Taxa de reação (variação da concentração do CH4) x tempo.

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No caso da oxidação lenta, mantendo-se a temperatura com valor inferior a 500 K, a taxa
de reação sofre pequenas variações e as reações se processam em períodos de vários minutos,
enquanto que na combustão, dada a ignição, ocorre uma variação abrupta da taxa de reação
concomitantemente com a elevação da temperatura dos produtos de combustão e as reações se
processam em frações de segundos, até exaurir um dos reagentes.

A combustão pode ocorrer intermitentemente, tal como em motores de combustão interna


com alimentação dos reagentes também intermitente, estabelecendo-se um processo cíclico, ou
em regime permanente, através de um fluxo de alimentação permanente dos reagentes.

É evidente que os fenômenos físicos, tais como difusão e/ou convecção propiciam a
mistura dos reagentes e antecedem as reações químicas.

Finalmente, a ignição envolve a transmissão de calor e/ou de massa entre os produtos da


combustão, os reagentes e o meio (contorno sólido, paredes) ocorrendo basicamente radiação
e/ou condução de calor e difusão e/ou convecção de massa.

Observando um processo de combustão de mistura reagente estacionária, verifica-se a


existência de uma região onde ocorrem as reações químicas, denominada frente de combustão
que se desloca em direção ao meio reagente.

A análise termodinâmica dessa frente de combustão [4] fornece as variações de algumas


propriedades que interferem na combustão, uma vez adotado um sistema de referência que se
desloca com a frente de combustão, após o estabelecimento do regime permanente (velocidade
constante do deslocamento da frente) conforme é mostrado na figura 1.1.

MEIO REAGENTE Volume de PRODUTOS DA


controle da COMBUSTÃO
u0 frente de
combustão uf

ρ0 , T0 , P0
ρf , Tf , Pf

onde:
u - velocidade (m/s)
ρ - massa específica (kg/m3)
T - temperatura (K)
P - pressão (Pa = N/m2)

FIGURA 1.1 - Esquema de uma frente de combustão, processo em regime permanente.

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Aplicando a equação da continuidade e da conservação da quantidade de movimento,


obtém-se:

ρ o uo = ρ f u f = n (1.2)

Po + ρ o uo2 = Pf + ρ f u 2f (1.3)

logo, chega-se à expressão

Pf − Po
= −n2 (1.4)
1 1

ρf ρo

Conclui-se, de (1.4) que a pressão e a massa específica devem variar no mesmo sentido
na combustão; portanto, podem ocorrer as seguintes alternativas:

1. P e ρ: diminuem ao atravessar a frente de combustão, caracterizando o fenômeno de


deflagração.

2. P e ρ: aumentam ao atravessar a frente de combustão, caracterizando o fenômeno de


detonação.

Os fenômenos de deflagração normalmente são acompanhados de emissão de radiação


visível, sendo denominados chamas e, comumente, são encontrados nas aplicações de combustão
industrial. neste curso serão abordados somente os fenômenos de deflagração.

O termo chama será empregado para se referir ao fenômenos de deflagração, mesmo


quando a radiação visível é de baixa intensidade, tornando-se imperceptível, como no caso da
combustão do hidrogênio em presença de luz ambiente.

Os valores de algumas propriedades de alguns gases combustíveis, em deflagração, são


apresentados na tabela a seguir:
:
GASES uo (m/s) ρo (kg/m³) ρo.uo = n Tf (K) ρf (kg/m³) Po-Pf (Pa)
H2 2,5 0,85 4,5 2320 0,13 29
CH4 0,35 1,12 0,39 2150 0,16 2,1
C2H2 1,4 1,16 2,65 2600 0,14 17
C3H8 0,4 1,2 0,48 2200 0,16 2,6

Algumas diferenças das variações das propriedades na deflagração e detonação são

apresentadas na tabela a seguir::

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RELAÇÃO DEFLAGRAÇÃO DETONAÇÃO


u0 /c0 0,0001 a 0,03 5 a 10
uf /u0 4 a 6 0,4 a 0,7
Pf /P0 ≅1 13 a 55
Tf /T0 4 a 8 8 a 21
ρf /ρ0 0,06 a 0,25 1,7 a 2,6

2 IGNIÇÃO

Analisando a entalpia de formação [5] de alguns compostos químicos, apresentadas no


gráfico 2.1, verifica-se que a mistura de um combustível com o oxigênio poderá reagir
quimicamente, pois os produtos resultantes da reação, tais como CO2, H2O etc, apresentam um
arranjo com potencial químico em nível inferior ao da mistura reagente, portanto mais estável.

kcal/mol
60
C2H2

40

20
C2H4
0 H2 C, S (sólido) O2 (gás)

CH4
-20 C2H6 C3H8
CO
C4H10
-40
C8H18 (vapor)
-60 C8H18 (líquido) H2O [vapor]
H2O [líquido]
-80
CO2
-100 (COMBUSTÍVEL) (OXIDANTE E
PRODUTOS DA
COMBUSTÃO)

GRÁFICO 2.1 - Entalpia de formação de alguns compostos químicos.


Entretanto, na condição ambiente, P ~ 1 kgf/cm2 e T ~ 300 K, quase a totalidade das
misturas de combustível gasoso com o comburente (ar ou oxigênio) não reagem

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espontaneamente, observando-se que a mistura se encontra em equilíbrio do tipo meta-estável,


análogo a uma configuração mecânica apresenta na figura 2.1

FIGURA 2.1 - Esquema de uma configuração mecânica em equilíbrio meta-estável.

A esfera, apresentada na figura 2.1, encontra-se numa posição em equilíbrio estável para
pequenas excitações, mas se a excitação for suficiente para deslocar a esfera para um potencial
superior a H + ∆H, então ela se moverá para uma nova posição de equilíbrio; analogamente a
ignição é a excitação que desencadeia a combustão para uma mistura de combustível com o
comburente.

Observa-se, no gráfico 2.1, que as substâncias C2H4 e C2H2, principalmente o acetileno,


possuem à entalpia de formação positiva, diferenciando-se das demais substâncias. Portanto as
substâncias como C2H4, C2H2 se encontram em equilíbrio do tipo meta-estável, análogo à
configuração mecânica da figura 2.1, podendo decompor-se em Cn e H2 ou se polimerizar
formando hidrocarbonetos de cadeia maior com liberação de energia.

Esta instabilidade do acetileno puro (sem mistura com oxigênio) manifesta-se através de
uma transformação violenta para pressões absolutas superiores a 3,5 kgf/cm2 na temperatura
ambiente, portanto recomenda-se pressões de trabalho inferiores a 2,0 kgf/cm2 no seu manuseio.

A ignição pode ser induzida por dois métodos, que são:

• aquecimento dos reagentes até ocorrer a auto-ignição;


• excitação, através de uma fonte num ponto singular, tal como: faísca elétrica, corpo
incandescente ou uma chama externa “piloto”, caracterizando a ignição forçada.

2.1 Temperatura de Auto-Ignição

As transformações químicas dos reagentes, combustível-comburente, podem ser


quantificadas pela taxa de reação que depende dos mecanismos de reação.

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• modelo baseado na teoria das colisões entre as moléculas [1] e [2] permite um
entendimento intuitivo da formulação da taxa de reação e pode ser adaptado e
utilizado como referência para a maioria das reações químicas.

A expressão da taxa de reação, baseada na teoria das colisões considera o número de


colisões entre as moléculas reagentes e as energias envolvidas nas colisões.

 fraç ão das colisões com 


dCi  nú mero de colisões p or 
− = w~ . energia capaz de propiciar
dt  unidade de volume e tempo 
 a reaç ão 

 E 
w = A.exp. − (2.1)
 RT 

onde:

A = A(α, c, T, M) - fator de freqüência, probabilidade de colisões, ou número de colisões


por unidade de volume e tempo, é função de:
σ - dimensão das moléculas, c - concentração dos reagentes,
T - temperatura e M - massa molecular.

Para colisões de moléculas diferentes (por ex. O2 e CO) chega-se à seguinte expressão:

σ + σ B 
2
 1 1 
A= A  c .c K .T  +  (2.2)
 2  A B  M A MB 

 1 1 
com K - constante, e o termo K.T +  é proporcional a velocidade média
 MA MB 
das moléculas da mistura.

 E 
exp −  - fator de Boltzmann, fração das colisões com energia capaz de propiciar a
 RT 
reação

A ordem dos valores do fator de Boltzmann é apresentada na tabela a seguir, para as


propriedades do ar:

T (K) 500 1000 1500 2000


 E 
exp − 2,06.10-7 0,0045 0,13 0,67
 RT 

Observa-se que a taxa de reação (2.1) é função da temperatura e para baixas temperaturas
a liberação de energia devido à reação entre os reagentes é igual ou inferior à energia dissipada

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para o meio, portanto as reações químicas continua a ocorrer lentamente sem elevação da
temperatura.

Entretanto, a partir de um certo valor da temperatura, denominada temperatura de auto-


ignição, a energia liberada excede a energia dissipada, consequentemente a temperatura se eleva
desencadeando uma variação abrupta da taxa de reação, ocorrendo a combustão.

Semenov realizou uma análise termodinâmica da ignição de um sistema contendo mistura


combustível-comburente [4] e [6], que é esquematizada no gráfico 2.2.

Q(+)
Q(+)
Q(-) Q(-)
B
Q*(-)

CR
A

*
T
TAMB TP TP T*

GRÁFICO 2.2 - Análise termodinâmica da ignição, segundo Semenov.

No gráfico 2.2, tem-se em abcissas a temperatura da mistura combustível-comburente


contida num recipiente, e em ordenadas os valores de Q(-) (J/s), calor trocado por convecção
através das paredes do recipiente e Q(+) calor liberado pelas reações químicas que ocorrem no
interior do recipiente.

Desprezando os efeitos de radiação, tem-se:

para Q(-) a seguinte expressão:

Q( −) = hc . S .( T − TP ) (2.3)

se hc,, S, e Tp forem constantes, Q(-) é linear em função de T

e para Q(+) a seguinte expressão:

 E 
Q(+ ) = hrp . A exp − .V (2.4)
 RT 

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onde:
hc - coeficiente de troca de calor por convecção (J/s.m2.K)
S - superfície do recipiente (m2)
T - temperatura média do sistema (mistura) (K)
TP - temperatura da parede do recipiente (K)
hrp - entalpia de reação (J/kg)
V - volume da mistura (m3)

Fixada uma temperatura de parede (Tp), tem-se o ponto onde a reta Q(-) intercepta o eixo
das abcissas e, dada uma concentração C de combustível na mistura, tem-se a curva Q(+).

As curvas de Q(+) e Q(-) podem se interceptar por exemplo em dois pontos A e B. Neste
caso, para T<TA tem-se Q(+) > Q(-) e a mistura se aquece tendendo a TA.

Para TA < T < TB, tem-se Q(-) > Q(+); as perdas superam o calor liberado nas reações e o
sistema tende ao ponto A.

Para T > TB, tem-se Q(+) > Q(-) e o sistema se desequilibra, desencadeando a combustão,
TB corresponde a uma das temperaturas de ignição com concentração C. Observa-se que a
temperatura de ignição depende da configuração do ‘’recipiente’’ e da temperatura da sua
parede.

Pode ser visto no gráfico 2.2, que se a temperatura da parede Tp for aumentando
paulatinamente, chega-se a Tp* , onde a reta Q*(-) tangência a curva Q(+) no ponto CR; esta
temperatura Tp* é maior temperatura de parede para a qual não ocorre a ignição. O ponto CR
corresponde à temperatura T* da mistura reagente, denominada temperatura de auto-ignição.
*
Considerando a condição de auto-ignição, em que Tp e T* são a temperatura da parede e
temperatura de auto-ignição respectivamente, tem-se:

Q( + ) T * = Q( − ) T *

d d
Q( + ) = Q( − )
dT T* dT T*

Portanto, obtém-se as seguintes expressões:

 E 
hc S ( T * − TP* ) = hrp A.exp − .V (a)
 RT * 

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 E  E
hc S = hrp . A.exp − .V . (b)
 RT *  RT *2
logo, dividindo-se a expressão (a) por (b) chega-se a:

RT *2
T * − TP* =
E

ou

E * E *
T *2 − T + TP = 0
R R

cuja solução é:

1/ 2
E E  4 R TP* 
T =
*
− 1 − 
2R 2R  E 

*
Em geral os valores de E são da ordem de 20.000 cal/mol, Tp ~ 800 K e
R = 1,98 cal/mol.K, logo

4 RTP* 1
~ < 1,
E 3

portanto pode-se desenvolver em série binomial a expressão:


1/ 2 2
 4 RTP*  1  4 RTP*  1  4 RTP*  1  4 RTP* 
1 −  = 1−  −   −  +...
 E  2  E  8  E  16  E 

como o 4o termo da série é da ordem de:


3
1  4 RTP* 
3
1 1 1 
  ~ =  ,
16  E  432 6  3 

pode-se considerar somente os três primeiros termos da série, obtendo-se

2
E 1  4 RTP*  E 1  4 RTP* 
T* = .  + . . 
2R 2  E  2R 8  E 

ou

R *2
T * − TP* ≅ T ~ 64 K (2.5)
E P

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Conclui-se que a temperatura de auto-ignição difere da temperatura da parede do


reservatório de algumas dezenas de graus.
Frank-Kamenetskii realizou uma análise da auto-ignição mais realista que Semenov,
considerando um gradiente de temperatura no interior do reservatório.

Os resultados numéricos obtidos através do modelo de Frank-Kamenetskii apresentaram


concordância muito boa com os resultados experimentais, e as conclusões são idênticas às
obtidas por Semenov. Detalhes desta abordagem podem ser vistos na ref, [6].

2.2 Influência da Concentração na Temperatura de Auto-Ignição

As análises sobre auto-ignição, realizadas até o momento, não considerou a variação da


concentração. Retomando a equação (a),

 E 
hc . S . (T * − TP* ) = V . hrp . A. exp −  ,
 RT * 

o termo A = A( σ, C, T, M), pode ser separado em duas funções, com uma delas sendo
função da concentração, ficando

A = k o . f (C) ,

e utilizando a expressão (2.5),

R *2
T * − TP* = T ,
E P

obtém-se

 
 
R *2  E  ,
hc . S . T = V . hrp . k o . f (c).exp − (2.6)
E P   R  
 RTP  1 + TP  
* *
 E 

*
Como os valores de E são da ordem de 20.000 cal/mol, Tp - 800 K e R = 1,98 cal/mol K,
tem-se

RTP*
~ 0,1 << 1 ,
E

portanto

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1 R
≅ 1 − TP* ,
R E
1 + TP*
E
a expressão (2.6), fica:

V . hrp . k o . E  E 
TP* 2 = .exp(1). f (C ).exp − 
hc . S . R  RTP* 

ou

 E 
TP* 2 = cte. f (C ). exp −  (2.7)
 RTP* 

Portanto, tem-se:

• Considerando uma mistura com certo teor de combustível, a função f(C) será função da
pressão,, f(C) = f(P), portanto é possível traçar o gráfico 2.3, T* x P para um dado teor de
combustível na mistura, delimitando a zona de ignição,

T*

zona de
ignição

GRÁFICO 2.3 - Temperatura de auto-ignição x pressão para uma dada mistura de


combustível.

• Considerando a mistura com a pressão constante, a função f(C) pode variar com a variação
do teor de combustível na mistura.

Seja uma mistura estequiométrica com Q(+)est, calor liberado pelas reações químicas
dessa mistura estequiométrica, conforme o gráfico, Q(+) x T para diversos teores de combustível
na mistura.

Se a relação estequiométrica combustível-comburente for modificada, mantendo-se a


pressão constante, é razoável que a curva Q(+) não estequiométrica, desloque-se para a direita
(ver o gráfico 2.4)pois o número de colisões entre as moléculas reagentes deverá diminuir,

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reduzindo a taxa de reação para a mesma condição de pressão e temperatura; entretanto existem
duas maneiras para sair da relação estequiométrica , que são:

• aumentando o teor de combustível, obtendo-se uma mistura rica com Q(+) rico;
• diminuindo o teor de combustível, obtendo-se uma mistura pobre com Q(+) pobre,

portanto, existem dois teores de combustível (concentração) para uma mesma pressão e
temperatura de auto-ignição, que estabelecem os limites de auto-ignição.

Q(+) Q(+)est Q(+)não est

T
GRÁFICO 2.4 - Q(+) calor liberado pelas reações químicas x temperatura, para diversos
teores de combustível na mistura.

Logo, pode-se obter os gráficos 2.5 e 2.6, respectivamente T* x Teor de combustível, a


pressão constante, e P* x Teor de combustível, a temperatura constante, onde delimitam as
zonas de ignição.

T*

zona de
ignição

0 (C1) Cest (C2) % Comb.

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GRÁFICO 2.5 - T* x Teor de combustível (P = cte)


P*

zona de
ignição

% Comb.
0 (C1) Cest (C2) 100

GRÁFICO 2.6 - P* x Teor de combustível (T - cte).

2.3 Ignição Forçada

A ignição forçada é caracterizada pela excitação numa delimitada região da mistura


reagentes, enquanto o restante da mistura permanece numa temperatura inferior à da auto-
ignição.

Fisicamente o processo de ignição forçada não difere da auto-ignição, entretanto na


ignição forçada o processo da combustão é complementada pela propagação da chama
"deflagração" do local da ignição para o restante da mistura.

As ignições forçadas por corpo incandescente, faísca elétrica ou chama piloto, propiciam
inicialmente um aquecimento da mistura reagente na vizinhança da fonte. Elevando a taxa de
reação, consequentemente eleva-se a temperatura e desencadeia-se a combustão na vizinhança da
fonte, com a formação de uma frente de chama, que, em seguida se auto-propaga em direção ao
meio reagente, através do mecanismo de propagação da chama, envolvendo basicamente os
fenômenos de transmissão de calor e massa.

A ignição forçada é influenciada pela pressão e temperatura da mistura reagente e


também pelas condições de contorno; pela própria fonte; e pela condição de escoamento.

A influência das condições de contorno pode ser devida à natureza química das paredes,
que podem ser construídas com materiais refratários (óxidos, carbetos de silício, etc.) ou metais
(ferro, cobre, etc), resultando efeitos catalíticos e trocas de calor diferentes na mistura reagente,
ambos interferindo na taxa de reação.

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Um catalisador, devido à sua propriedade de adsorsão preferencial para certas


substâncias, altera a energia de ativação E da reação química, conforme ilustrado no gráfico 2.7,
[7].

GRÁFICO 2.7 - Efeito do catalisador na energia de ativação.

A existência de uma parede fria na presença da chama, provoca um efeito de extinção da


chama "quenching". A parede esfria os gases da sua vizinhança, reduzindo a taxa de reação e
extinguindo o processo de combustão. Percebe-se visualmente que há uma separação entre a
superfície fria e a frente de chama. A menor distância estabelecida entre a parede e a chama é
denominada de distância de extinção.

Exemplos deste efeito são encontrados em:


• - lâmpada de gás utilizadas em minas de carvão, nas quais a lâmpada é envolvida por
uma tela que não permite a propagação da chama ao ambiente, mesmo quando há
formação de uma mistura propícia para a combustão;
• - válvulas corta-chama do tipo seco, o gás ou a mistura reagente é obrigado a
atravessar uma superfície porosa ao passar pela válvula, que interceptará a propagação
da chama na tubulação em caso de acidentes.

A análise do mecanismo de propagação de chama pode ser realizada através de um


modelo de propagação térmica [4], conforme é apresentado no gráfico 2.8, que mostra a
evolução da temperatura e concentração no interior da chama.

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GRÁFICO 2.8 - Modelo da propagação de chama, perfil da temperatura e concentração ao


longo da chama.

Este modelo, analisa as zonas de pre-aquecimento e de reação, que são separadas pela
temperatura de ignição TI.. A equação de energia para estas zonas é dada pela expressão:

δT δ  δ  δ  E  (2.8)
C p . ρ. =  λ T −

δt δx δx  δx
( h . A.exp −
C p .T. ρ.u + rp
1 44 2 44
3

 RT )
( variaçao, no (troca de calor
tempo, da
( troca de
calor por por convecçao) W
energia ( calor liberado pelas
conduçao) reaçoes quimicas)
da mistura)

com:
u - velocidade dos gases em relação volume de controle
 E 
W = A.exp − 
 RT 
δT
Considerando o processo em regime permanente, =0, e as propriedades como Cp e λ
δt
constantes, obtém-se para as zonas de pre-aquecimento e de reação as seguintes expressões:
• - zona de pre-aquecimento: considerando que o calor liberado pelas reações é pequeno
e o escoamento unidimensional, a equação da continuidade fica:

ρo uo = ρ. u

e portanto, a equação de energia se reduz a:

d2 dT
λ 2 T − ρo uo C p . =0
dx dx

com as condições de contorno,

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x = 0 → T = TI

dT
x = −∞ → =0
dx

cuja solução é:

 uo ρo . C p 
T = T0 + (TI − To ) exp . x (2.9)
 λ 

• - zona de reação: a equação da continuidade para a mistura combustível poderá ser


escrita na forma:

δ
uo . ρo . n = ∫ w. dx = w . δ (f)
o

com n - fração de combustível que participa das reações, na mistura


w - taxa de reação média
δ - espessura da zona de reação (frente de chama)

Admitindo que o gradiente da temperatura na zona de reação seja constante,

dT T − TI
= F (g)
dx δ

A condição de contorno para x = 0, é obtida da equação (2.9):

dT uo . ρo . C p
dx
=
λ
(T
I − To ) (h)
x=0

Portanto, das equações (f), (g) e (h), chega-se a:

1 λ 1  TF − TI 
uo = .w.   (2.10)
ρo Cp n  TI − To 

Conclui-se que:
• se a frente da chama for estacionária, a sua velocidade de deslocamento em relação à
mistura reagente é o próprio u0 = SL (velocidade da chama laminar).
• A velocidade da chama laminar é, portanto, proporcional à raiz quadrada da taxa de
reação média e à relação da condutibilidade térmica pelo calor específico da mistura.
• A temperatura da mistura reagente To influi na temperatura dos produtos da
combustão e na velocidade da chama, vide equação (2.10) e na tabela 2.1.

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(Mistura estequiométrica)
Natureza da mistura To Tf Voi
(oK) (oK) (cm/s)
346 2420 85
CH4/O2[1],[2] 383 2450 89
contendo 62,5% N2 463 2465 97
539 2490 106
322 2175 92,5
[2]
C2H2/O2 357 2195 97,5
contendo 79% N2 413 2210 105,5
509 2240 119

[1] Vandenabeele H., Corbeels R et Van Tiggelen A. - Comb. and Flame, 1960,
4, 253.
[2] Van Tiggelen A, et Vandenabeele H. - Kinetical Parameters in premixed laminar Flames.
Tech. Note n° 2, Contract AF 61 (514) 1245; Monitoring Agency, doc. n° AFOSR-TN 59-
1149; Astia doc n° 234-580, 1960, p. 25
TABELA 2.1 - Influência da temperatura da mistura reagente na temperatura dos produto
de combustão e na velocidade da chama.

VISUALIZAÇÃO DO PERFIL DE TEMPERATURA NAS ZONAS DE


PRE-AQUECIMENTO E DE REAÇÃO

Na equação (2.9), temperatura da zona de PERFIL DE TEMPERATURA


pre-aquecimento; (K)
2400

 uo ρo . C p 
T = T0 + (TI − To ) exp . x 2000

 λ 
1600

Adotando os valores: 1200

T0 = 300 K ; TI = 800 K 800

400
e os valores das propriedades da mistura
como os do ar, temos: 0

-0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6


Cp = 1000 J/kg.°C ; λ = 0,05 W/m.°C (mm)

µ 0 = 1,0 m/s ; ρ0 = 1,0 kg/m3

Mais detalhes sobre análise de ignição forçada podem ser vistos nas referências [6] e [8].

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3 MÉTODOS EXPERIMENTAIS PARA DETERMINAÇÃO DOS VALORES


RELACIONADOS À IGNIÇÃO

As análises teóricas mostraram que os valores de temperatura de auto-ignição, velocidade


de chama, etc., dependem da natureza da mistura, do seu estado, pressão e temperatura, e
diversos fatores como dimensão e condições de contorno além das condições de escoamento.
Portanto, os resultados obtidos experimentalmente depende do método empregado, da natureza
do material e das dimensões e formas geométricas dos aparelhos utilizados nas determinações.

3.1 Métodos para Determinação da Temperatura de Auto-Ignição

Basicamente, existem três métodos para a determinação da temperatura de auto-ignição


de uma mistura, combustível-comburente, que são:

1. introdução dos reagentes frios, previamente misturados num recipiente aquecido.


2. aquecimento dos reagentes em separado e sua introdução num recipiente aquecido.
3. compressão adiabática de uma mistura previamente preparada.

O primeiro método, foi proposto por Le Chatelier, sendo a temperatura de auto-ignição


confundida com a temperatura do recipiente. Se a temperatura do recipiente não corresponder à
temperatura de auto-ignição, pode-se aumentar a pressão, mantendo-se a temperatura constante,
até atingir um dos limites de ignição, observar o gráfico 2.6. Uma das falhas deste método é a
dificuldade de se avaliar a variação da concentração no período que antecede a ignição.

O segundo método proposto por Dixon é conhecido como método dos tubos
concêntricos, onde os reagentes são aquecidos separadamente ao escoarem pelos respectivos
tubos, e na saída desses tubos ocorre a mistura e observa-se o surgimento da chama. A
experiência consiste em se aumentar gradativamente a temperatura até que ocorra a ignição da
mistura. A menor temperatura que propicia a formação da chama é considerada a temperatura de
auto-ignição.

O terceiro método proposto por Nernst, consiste na compressão rápida, adiabática, da


mistura, propiciando elevação da temperatura até que ocorra a ignição.

A tabela 3.1, apresenta valores da temperatura de ignição de alguns combustíveis.

Mais detalhes sobre métodos para determinação da temperatura de auto-ignição podem


ser vistos nas referências [6] e [8].

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Combustível Temperatura de
Auto-Ignição
H2 Hidrogênio 570
NH3 Amônea 650
N2H4 Hidrazina 270
H2S Gás Sulfídrico 290
HCN Gás Cianídrico 510
(CN)2 Cianogeno 850
CS2 Sulfeto de Carbono 130
CO Monóxido de Carbono 630
CH4 Metano 580
C2H6 Etano 490
C3H8 Propano 480
C4H10 Butano 420-480
C2H4 Etileno 520
C3H6 Propileno 460
C4H8 Buteno 1 385
C4H8 Buteno 2 435
C4H6 Butadieno 420
C2H2 Acetileno 320
TABELA 3.1 - Temperatura de auto-ignição de alguns gases.

3.2 Método para Determinação da Velocidade de Propagação da Chama

Existem diversos métodos para determinação da velocidade da chama, mas serão citados
somente dois métodos que são mais utilizados.

1. método da propagação da chama no interior de dutos;


2. método do queimador tipo Bunsen.

O primeiro método consiste na determinação direta da velocidade de deslocamento da


frente de chama na mistura em repouso estático no interior de dutos.

• segundo método é baseado nas medições realizadas no cone ou pirâmide de chama que
se forma nos queimadores do tipo Bunsen, conforme é ilustrado na figura 3.1.

No gráfico 3.1 são apresentados valores médios das velocidades de chama de diversos
gases combustíveis em função do teor de combustível na mistura.

Mais detalhes sobre métodos para determinação de velocidade de chamas podem ser
vistos nas referências [6], [8] e [9].

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FIGURA 3.1 - Esquema de uma bancada para determinar a velocidade da chama e foto de
uma chama.

GRÁFICO 3.1 - Velocidade da chama de diversos gases combustíveis, misturados com ar.

Observa-se no gráfico 3.1, que a velocidade da chama depende do teor de combustível na


mistura.

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A máxima velocidade de chama ocorre para mistura levemente rica, conforme pode ser
visto na tabela 3.2.

Combustível r(mistura pobre ou rica)


0,8 0,9 1 1,1 1,2
H2 120 145 170 204 245 *
CO [1] 28,5 32 *
CH4 30 38,3 43,4 * 44,7 39,8
C2H6 36 40,6 44,5 47,3 * * 47,3
C3H8 42,3 45,6 * 46,2 42,3
C4H10 38 42,6 44,8 * 44,2 41,2
C6H12 [2] 41,3 43,5 43,9 * 38
C2H4 50 60 68 73 * 72
C2H2 107 130 144 151 154 *
C6H6 39,4 45,6 * 47,6 44,8 40,2
CH3OH 34,5 42 48 * 50,2 47,5

teor. de. combustível. na. mistura


r=
teor. de. combustível. estequioé trico

[1] CO úmido; [2] ciclo-hexano


* - máxima velocidade

TABELA 3.2 - Velocidade da chama em função do teor de combustível na mistura.

3.3 Limites de Flamabilidade

Nas experiências para a determinação da velocidade da chama, verifica-se a existência de


dois valores do teor de combustível na mistura dentro dos quais ocorre a propagação da chama,
estes valores extremos são chamados de limites de flamabilidade do combustível.

O limite inferior caracteriza o mínimo teor de combustível necessário na mistura para que
ocorra a propagação da chama, e o limite superior é o máximo teor em que ainda ocorre a
propagação da chama.

Os limites de flamabilidade do combustível dependem da natureza do comburente, do


estado da mistura reagente, P e T, além das condições de contorno e do escoamento.

Na tabela 3.3, são apresentados os valores dos limites de flamabilidade de alguns


combustíveis, misturados com ar.

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Componente Fórmula Limite inferior Limite superior


%(Volume) de combustível na mistura
Hidrogênio H2 4,0 74,5
Monóxido de carbono CO 12,5 74
Metano CH4 5,0 15,0
Propano C3H8 2,25 9,4
Normal e-isobutano C4H10 1,85/1,8 8,4
Normal e neopentano- C5H12 1,45/1,4 7,8/7,5
Heptanos C7H16 (1,10) 6,7
Normal octano C8H18 (1,0) (6)
Isooctano C8H18 (1,0) (6)
Etileno C2H4 (3,1) (32)
Propileno C3H6 (2,2) 10,5
Buteno-1 C4H8 1,6 9,35
Buteno-2 C4H8 1,8 9,7
Butadieno C4H6 2,0 11,5
Acetileno C2H2 2,5 (81)
Benzeno C6H6 1,4 (7,1)
Tolueno C6H5CH3 (1,4) (6,7)
Naftaleno C10H8 (0,9) (5,9)
Metanol CH3OH (6,7) (36)
Etanol C2H5OH (3,3) (19)
Acetaldeido CH3CHO 4,0 56
Acetona CH3COCH3 (2,6) 12,8

TABELA 3.3 - Limites de flamabilidade de combustíveis, misturado com ar.

A norma NFPA, referencia [10], fornece os valores dos limites de flamabilidade e


temperatura de auto-ignição para substâncias orgânicas (vapores e gases).

Pode-se determinar uma zona de flamabilidade, análoga à zona de ignição apresentada


nos gráficos 2.5 e 2.6; entretanto os conceitos de flamabilidade e de ignição são diferentes. A
ignição caracteriza o desencadeamento espontâneo das reações de combustão, enquanto a
flamabilidade caracteriza a condição para a propagação da chama em uma mistura reagente que
está num estado afastado da temperatura de ignição, (T*).

3.3.1 Influência dos gases inertes como CO2, H2O e N2 nos limites de flamabilidade, e
cálculo dos limites para uma mistura de combustíveis gasosos

Os gases inertes CO2, H2O e N2 atuam como extintores da chama, nos gráficos 3.2, 3.3 e
3.4 são apresentados os limites de flamabilidade de alguns gases misturados com os inertes em
diversas proporções.

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GRÁFICO 3.2 - Limites de flamabilidade de H2, CO e CH4 misturado com inertes, CO2 ou
N2, em diversas proporções.

O cálculo dos limites de flamabilidade de uma mistura de gases combustíveis, podem


conter incertezas, é realizado através da equação de Le Chatelier, que é a seguinte:

100
LI ou LS = (3.1)
a b c d
+ + + +...
A B C D

onde:
a, b, c, d,... são as frações molares dos gases combustíveis constituintes da mistura, em
porcentagem

A, B, C, D,... são os limites (inferior ou superior) de cada constituinte da mistura, em


porcentagem

Observações:

1. A mistura combustível não deve conter oxigênio, caso o oxigênio esteja presente, deve-se
recalcular os teores dos constituintes isentos de oxigênio.

2. Se a mistura tiver inerte deve-se compor os inertes com os gases combustíveis presentes na
mistura de modo que cada composição (inerte + gás combustível) corresponda a uma das
misturas cujos respectivos LI e LS podem ser obtidos nos gráficos 3.2, 3.3 ou 3.4.

Detalhes sobre a influência de inertes e cálculos dos limites de flamabilidade podem ser
vistos nas referências [8] e [9].

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GRÁFICO 3.3 - Limites de flamabilidade de H2, CO e CH4 misturados com


H2O, e C3H8 e C4H10 misturados com CO2 e N2 em diversas
proporções.

GRÁFICO 3.4 - Limites de flamabilidade de alguns hidrocarbonetos


misturados com CO2 e N2 em diversas proporções.

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3.3.2 Exemplo da aplicação da fórmula (3.1)

Seja a mistura de gases, dada em porcentagem volumétrica ou em mol;

COMBUSTÍVEL: H2 = 30%; CO = 30%; CH4 = 10%

INERTE: CO2 = 20%; H2O = 4%; N2 = 6%

Na primeira etapa, deve-se compor os gases em diversos constituintes, como por


exemplo:

[20% de H2 + 20% de CO2]; [4% de H2 + 4% de H2O]; [6% de H2 +6% de N2];


[30% de CO]; [10% de CH4]

Em seguida determina-se os limites inferior [LI] e superior [LS], o quadro abaixo


resume estas etapas.

CONSTITUINTE FRACIONAMENTO LIMITES

I/C H2 CO CH4 CO2 H2O N2 LI LS

H2+CO2 1 20 20 8,0 68

H2+H2O 1 4 4 8,0 72

H2+N2 1 6 6 8,0 74

CO 30 12,5 74

CH4 10 5,0 15

Finalmente realiza-se os cálculos dos limites:

100
LI = = 8,4%
20 + 20 4 + 4 6 + 6 30 10
+ + + +
8 8 8 12,5 5

100
LS = = 51,7%
20 + 20 4 + 4 6 + 6 30 10
+ + + +
68 72 74 74 5

Não há uma regra fixa para o fracionamento, desde que a mistura constituinte, cada linha
do quadro, tenha os limites de flamabilidade determinados em gráficos semelhantes aos gráficos
3.2, 3.3 e 3.4.

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Uma outra possibilidade de fracionamento é mostrado no quadro a seguir:

CONSTITUINTE FRACIONAMENTO LIMITES

I/C H2 CO CH4 CO2 H2 O N2 LI LS

H2 30 4,0 75

CO+CO2 1 20 20 29 66

CO 10 12,5 74

CH4+H2O 1 4 4 9,0 22

CH4+N2 1 6 6 11 22,5

100
LI = = 8,6% e LS = 49,1
30 20 + 20 10 4 + 4 6 + 6
+ + + +
4 29 12,5 9 11

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