Anda di halaman 1dari 8

O "DOE" COMO FERRAMENTA DA QUALIDADE PARA O

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS À BASE DE SOLO


ESTABILIZADO COM REJEITOS INDUSTRIAIS,
PARA USO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Carlos Eduardo da Silva Costa


Professor Adjunto do Instituto de Tecnologia da UFRRJ e doutorando da COPPE/UFRJ - Antiga Rio-São
Paulo, Km 47 - Pavilhão Central - S. 81 - CEP 23.851-970 - Seropédica - Itaguaí - RJ - (Fax(021)682
1865

ABSTRACT

The aim of this work is to demonstrate how "DOE" - Design of Experiments - could be an
important toll for quality planning and control, specially considering the use of industrial
wastes for the stabilization of soil on the production of constructive components for civil
construction industry.

KEY-WORDS: Design of Experiments; Soil Stabilization; Constructive Systems

1. INTRODUÇÃO

O processo de urbanização progressivo é, sem dúvida, um fenômeno mundial, até o


momento contraditório e irreversível, que gera riqueza e pobreza. Ao findar o século XX,
estima-se que 50% da população mundial viverá em cidades, sendo que a maioria estará
concentrada em metrópoles e megalópoles com mais de dez milhões de habitantes. Acredi-
ta-se que, das vinte e cinco maiores concentrações urbanas do mundo, vinte localizar-se-ão
em países do terceiro mundo. No caso brasileiro, indicadores do IBGE constataram, na dé-
cada de 80, uma taxa de crescimento demográfico em torno de 22,8%, índice que variou
entre Estados da Federação, totalizando uma população de 146 milhões de habitantes. As
estimativas para o ano 2000 prevêem, para o Brasil, uma população acima de 179 milhões
de habitantes, sendo que 80% viverão em áreas urbanas. Em trabalho anteriormente publi-
cado (COSTA, 1995), observou-se que a concentração crescente de pessoas em cidades é
um fenômeno particularmente observado nos países em desenvolvimento e está intimamente
relacionado, entre outras causas, ao processo de industrialização, à concentração de renda e
à ausência de políticas fundiárias que permitam ao trabalhador rural o acesso e fixação à
terra. O crescimento populacional observado nas grandes cidades brasileiras vêm deman-
dando um número cada vez maior de habitações, para atender, principalmente, aos setores
de baixa renda e à classe média. Qualquer tentativa para solucionar este problema deve le-
var em conta, entre outros estudos, os do CRATerre da França, que considera 74% da
crosta terrestre apropriado à produção de materiais de construção. A utilização do solo
permite o desenvolvimento de uma solução tecnológica própria e politicamente indepen-
dente, amparada pela tradição cultural e histórica dos nossos antecedentes que já trabalha-
ram artesanalmente com o barro para construção de suas moradias.
A diversidade de técnicas de construção com terra e os possíveis sistemas construti-
vos podem se constituir em uma garantia contra as imposições culturais e as normas de ca-
ráter uniforme impostas pelo estilo internacional da Arquitetura, do qual só recentemente
começamos a escapar. O recurso do uso da terra pode facilitar, também, a reinserção vital
da Arquitetura em diversas tradições culturais e populares que são próprias das comunida-
des e reconciliar-nos, finalmente, com o sentido e uso da sabedoria local, criando ao mesmo
tempo, um laço de continuidade entre a história, a atualidade e o futuro.

A experiência brasileira nos últimos anos vem demonstrando uma tendência ao uso
do solo estabilizado quimicamente para construção de bases rodoviárias e para produção de
componentes para construção civil, como pode ser comprovado pelas investigações desen-
volvidas por diversos Centros de Pesquisa e várias obras realizadas em diferentes regiões do
País. Os aditivos químicos comerciais mais utilizados para este fim, tem sido a cal e o ci-
mento.

Existem algumas razões que podem justificar a utilização de rejeitos industriais na


construção civil, especialmente para produção de materiais de construção à base de solo. A
primeira atende a uma conceituação geral, internacionalmente reconhecida e intimamente
ligada à própria expansão e sedimentação das ações, visando à preservação ambiental e
ecológica do nosso planeta. A segunda, mais particular ao nosso país, diz respeito ao setor
da construção civil e contempla interesses de ordem técnica e econômica. Entretanto, a
pesquisa e o desenvolvimento de novos materiais de construção devem sempre considerar o
melhor desempenho técnico, ou seja, a qualidade do que se está produzindo.

2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é demonstrar como o "DOE" - Design of Experiments -


pode constituir-se em uma importante ferramenta para o planejamento e o controle da qua-
lidade de produtos à base de solo estabilizado com rejeitos industriais para uso na constru-
ção civil. Esta pesquisa vem sendo desenvolvida junto ao Programa de Engenharia de Pro-
dução na COPPE-UFRJ, como parte dos requisitos para obtenção do Titulo de Doutor.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A melhoria da qualidade dos produtos de maneira geral, caracterizou-se, até alguns


anos atrás, por algum avanço, alternando períodos de estagnação, devido a razões de ordem
econômica e falta de competição, com períodos de desenvolvimento. No que diz respeito ao
setor da construção civil, a indústria de materiais e componentes foi responsável pela im-
plantação dos primeiros conceitos ligados à gerência da qualidade.

Os avanços alcançados no lançamento de novos materiais, componentes e sistemas


construtivos, assim como a melhoria daqueles já existentes, deveriam ter impulsionado ga-
nhos qualitativos ao setor, na medida em que, através da padronização dos produtos, tor-
nar-se-ia possível reduzir os custos provenientes do desperdício na construção. Percebeu-
se, entretanto, que isso nem sempre aconteceu porque os conceitos de gerência da qualida-
de dos processos não foram absorvidos pelas construtoras. O resultado desse desencontro
vem propiciando a má qualidade apresentada em grande parte das edificações produzidas e
um alto custo de produção decorrente do desperdício de materiais, mão-de-obra e recursos
financeiros.
Não faltam motivos para que a construção civil no Brasil ainda seja vista com reser-
vas por grande parte dos consumidores. Atualmente, entretanto, a questão da qualidade
ultrapassou as fronteiras das fábricas de materiais e componentes, sendo que um dos agen-
tes indutores desta mudança foi o Código de Defesa do Consumidor - CDC - que se acabou
revelando um eficiente instrumento para o restabelecimento do equilíbrio das relações de
consumo. Além disso, cada vez mais consumidores estão se conscientizando quanto a custo
e valor, o que os leva a buscar fontes alternativas de produtos. Eles aumentam a demanda
por níveis sempre crescentes de qualidade e, quando não a encontram em um determinado
produto, vão procurá-la em outro.

Essa situação tem levado as empresas a adotar procedimentos que busquem incor-
porar ao produto, as necessidades e as exigências dos clientes/usuários, desde a fase do
projeto até a sua fabricação. Dentre as várias ferramentas da gerência da qualidade que po-
dem auxiliar as empresas na conquista deste objetivo, destaca-se o "DOE" - Design of Ex-
periments - ou Planejamento de Experimentos.

Constituem-se objetivos de um experimento estatisticamente planejado: determinar


as causas que mais influenciam o efeito de interesse do processo; identificar as faixas de
valores para os itens de verificação, associados aos fatores controláveis, de modo a obter
cada item de controle centrado no valor nominal almejado com uma pequena variabilidade
em torno do valor alvo; obter as faixas de valores para os itens de verificação associados
aos fatores controláveis as quais minimizam as ações dos fatores não controláveis sobre os
itens de controle do processo.

Existem dois aspectos ligados a qualquer estudo experimental: o planejamento do


experimento e a análise estatística dos resultados. Eles estão intimamente relacionados, já
que a técnica de análise depende diretamente do planejamento utilizado.

Segundo VILLAS BÔAS (1992), a utilização de um modelo estatístico para planejar


e avaliar os resultados de uma investigação é uma importante ferramenta, pois proporciona
ao pesquisador uma precisa interpretação do fenômeno investigado. Um experimento pla-
nejado seguindo este critério, permite que se obtenham resultados não só sobre a influência
individual de cada variável estudada, mas também, toda a gama de interações entre o total
de variáveis consideradas. Os resultados obtidos com estas experiências possuem duas apli-
cações imediatas: em investigações preliminares sobre certos fenômenos, onde tanto as in-
fluências individuais devidas às variáveis envolvidas, como também aquelas influências ori-
ginadas da combinação de diversas variáveis precisam ser rapidamente detectadas e nos
programas experimentais, onde se procure obter modelos empíricos e semi-empíricos, em
função de um conjunto de condições de operação das variáveis do processo.

De acordo com essa orientação, para se realizar um experimento de forma eficiente,


deve-se utilizar uma abordagem científica para o seu planejamento. Esta abordagem é de-
nominada "Planejamento de Experimentos" ou "Design of Experiments" (DOE) e refere-se
ao procedimento de planejar um experimento de forma que os dados apropriados sejam
coletados em tempo e a custos mínimos. A análise destes dados, por meio de técnicas esta-
tísticas, resultará, certamente, em conclusões confiáveis (WERKEMA e AGUIAR, 1996). É
importante ressaltar que a utilização das técnicas estatísticas é a única abordagem objetiva
de análise, quando o problema envolve dados cuja medição está sujeita a erros experimen-
tais, como no caso do presente estudo, que utiliza a coleta de dados para o desenvolvimento
de um produto à base de solo.
Segundo HENDRIX (1979), os experimentos planejados caracterizam-se por terem
um objetivo claramente definido; serem elaborados por especialistas no assunto estudado;
incluírem todas as variáveis que possam ser importantes; apresentarem um número de expe-
rimentos que permitam detectar, tanto os efeitos mais significativos, quanto as variáveis
pouco significativas; serem organizados de maneira a permitir o maior número possível de
informações, otimizando a quantidade de ensaios a serem realizados. Esse autor ressalta, no
entanto, que mesmo os experimentos bem planejados serão inúteis se não permitirem alcan-
çar o objetivo desejado, quando as variáveis importantes não são consideradas ou, a escala
na qual elas variam não é adequada para a avaliação que está sendo realizada, ou ainda, se o
número de experimentos planejados não é suficiente para alcançar o objetivo proposto ou,
finalmente, se as pessoas envolvidas no experimento não possuem os conhecimentos sufici-
entes para analisar os resultados obtidos.

GOMES (1990) define três princípios básicos indispensáveis à validação das conclu-
sões alcançadas em um experimento como: a réplica ou repetição, a aleatorização ou casua-
lização e a formação de blocos. As réplicas são repetições do experimento, feitas sob as
mesmas condições experimentais, o que pressupõe o fato de que os demais fatores que pos-
sam afetar a variável resposta de interesse não sofram variações de uma experimentação
para outra. Segundo WERKEMA e AGUIAR (1996) é importante realizar réplicas em um
experimento, porque elas permitem a obtenção de uma estimativa de variabilidade devida ao
erro experimental. A partir desta estimativa é possível avaliar até que ponto a variabilidade
presente nos dados coletados deve-se somente ao erro experimental ou se existe influência
das diferentes condições avaliadas pelo pesquisador. Caso estas condições sejam influentes,
o responsável pela pesquisa poderá determinar qual a condição mais favorável, de acordo
com seus interesses; possibilita - caso haja a escolha adequada do número de réplicas - de-
tectar com a precisão desejada, quaisquer defeitos produzidos pelas diferentes condições
experimentais que sejam considerados significantes do ponto de vista prático.

O termo aleatorização ou casualização refere-se ao fato de que, tanto a alocação do


material experimental às diversas condições de experimentação, quanto a ordem segundo a
qual os ensaios individuais do experimento se realizam, são determinados ao acaso. A alea-
torização torna possível a aplicação dos métodos estatísticos para análise dos dados. A
maioria dos modelos subjacentes a estes métodos estatísticos exigem que os componentes
do erro experimental sejam variáveis aleatórias independentes e a aleatorização, geralmente,
torna válida esta exigência (WERKEMA e AGUIAR 1996). A aleatorização permite que os
efeitos de fatores não-controlados, que afetam a variável resposta e que podem estar pre-
sentes durante a realização do experimento, sejam balanceados entre todas as medidas. Este
balanceamento evita possíveis confusões na avaliação dos resultados, devido à atuação da-
queles fatores. VILLAS BÔAS (1992) destaca que todos os processos carregam em si vari-
ações aleatórias. Os métodos de planejamento, projeto e produção que não levam em conta
a aleatoriedade de medições conduzirão a produtos fora de especificações e com altos cus-
tos de produção.

Os experimentos em blocos surgiram na área agrícola (VIEIRA e HOFFMANN,


1989). O campo experimental era dividido em blocos e estes, em parcelas. O termo bloco,
então, designava originariamente, uma faixa de terra de mesma fertilidade. Se, por exemplo,
a fertilidade do solo variasse ao longo da encosta, isto é, se os solos da parte mais baixa
fossem os mais ricos, cada faixa que acompanhasse uma curva de nível deveria formar um
bloco. O bloco pode ser, portanto, uma faixa de terra, um período de tempo, uma partida de
produtos industriais etc., dependendo do que está sendo experimentado. O essencial é que
os blocos reunam unidades similares, que se diferenciem apenas pelo tratamento que rece-
bam, e que haja variabilidade entre eles, não havendo sentido organizar blocos sem essa
característica.

Segundo WERKEMA e AGUIAR (1996), para melhor entender o sentido de cada


termo utilizado em planejamento de experimentos, deve-se considerar a seguinte terminolo-
gia: unidade experimental é considerada a unidade básica para a qual será executada a
medida da variável resposta; fatores são as variáveis cuja influência sobre a variável res-
posta está sendo estudada no experimento; níveis de um fator são os diferentes modos de
presença de um fator no estudo considerado; tratamentos são as combinações específicas
dos níveis de diferentes fatores; ensaio é cada realização do experimento em uma determi-
nada condição de interesse, isto é, um ensaio corresponde à aplicação de um tratamento a
uma unidade experimental e variável resposta é o resultado de interesse registrado após a
realização de um ensaio.

É importante ressaltar que o uso de uma abordagem estatística no planejamento de


experimentos e sua análise pressupõem que as pessoas envolvidas na experimentação pos-
suam antecipadamente uma idéia definida do que está em estudo e conheçam a forma pela
qual os dados são coletados. É desejável, também, que se tenha uma idéia qualitativa do
modo pelo qual os dados serão analisados.

4. MATERIAIS E MÉTODO

Os procedimentos apresentados a seguir, foram extraídos do Exame de Qualifi-


cação ao doutorado defendido e aprovado em abril de 1997 pelo Programa de Enge-
nharia de Produção da COPPE/UFRJ (COSTA, 1997).

4.1. Materiais

O solo utilizado na pesquisa foi obtido em um corte próximo ao km 13 da rodo-


via BR-040/RJ, à altura de Campos Elíseos, Município de Duque de Caxias, no Estado
do Rio de Janeiro, onde se visualiza um perfil que contém uma camada de argila residu-
al amarela. Essa camada é originária, provavelmente, de alteração da rocha-mãe, cons-
tituída por uma associação de biotita-gnaisse com gnaisse granitóide de idade Pré-
Cambiana, pertencente ao embasamento do chamado complexo do Litoral Fluminense.
As condições climáticas da região de coleta são características de clima quente e úmido
de baixada litorânea, e se aproxima ao que corresponde à designação AW de Koppen
sem inverno pronunciado, em que a média do mês mais frio é superior a 18oC e cujo
regime pluviométrico é assinalado pela existência de um período de chuvas de verão e
de estiagem no inverno.

A borra de carbureto provém da fábrica de acetileno da Companhia White Mar-


tins, situada na Zona Industrial de Santa Cruz no município do Rio de Janeiro - RJ.
Esta matéria prima, considerada como rejeito na fabricação do gás acetileno, é produ-
zida em grande quantidade na referida fábrica.

O fosfogesso provém da Fábrica da Dupont localizada no município de Barra


Mansa, no Estado do Rio de Janeiro. O material obtido nesta indústria já se apresenta
sob a forma seca, dispensando, portanto, qualquer tipo de beneficiamento para posteri-
or uso no experimento.
A escória granulada de alto-forno (EGAF) é oriunda da Companhia Siderúrgica
Nacional - CSN, situada no município de Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro.

4.2. Método

Tomando-se por base as experiências anteriores em pavimentação com o uso de


rejeitos industriais na estabilização de solos, desenvolvidas pelo Laboratório de Geo-
tecnia da COPPE/UFRJ e os ensaios qualitativos e quantitativos realizados na primeira
fase do experimento, optou-se por adotar, a priori, um protocolo experimental inteira-
mente casualisado composto por três parcelas com iguais tratamentos, para diferentes
idades de cura (7, 14 e 28 dias). Para cada parcela, será desenvolvido um fatorial com-
pleto com dois níveis de variação (um mínimo e outro máximo), correspondendo a 16
tratamentos, com seis repetições, perfazendo um total de 288 unidades experimentais.
Este procedimento visa explorar todas as possíveis interações entre os fatores envolvi-
dos no experimento. O resumo do planejamento experimental sugerido encontra-se es-
boçado no Quadro 1.

Cura aos 7 dias Cura aos 14 dias Cura aos 28 dias

Trat. A B C D Trat. A B C D Trat. A B C D


(1) - - - - (1) - - - - (1) - - - -
a + - - - a + - - - a + - - -
b - + - - b - + - - b - + - -
ab + + - - ab + + - - ab + + - -
c - - + - c - - + - c - - + -
ac + - + - ac + - + - ac + - + -
bc - + + - bc - + + - bc - + + -
abc + + + - abc + + + - abc + + + -
d - - - + d - - - + d - - - +
ad + - - + ad + - - + ad + - - +
bd - + - + bd - + - + bd - + - +
abd + + - + abd + + - + abd + + - +
cd - - + + cd - - + + cd - - + +
acd + - + + acd + - + + acd + - + +
bcd - + + + bcd - + + + bcd - + + +
abcd + + + + abcd + + + + abcd + + + +
Quadro 1 - Resumo do planejamento experimental sugerido

Numa primeira fase do experimento, os fatores que estarão em observação e


seus respectivos níveis de variação encontram-se discriminados no Quadro 2.
Fatores
nível % da mistura % de cimento Tipo de cura Tipo de mistura
(A) (B) (C) (D)
(-) 10 0 à sombra manual
(+) 40 10 controlada mecânica
Quadro 2. - Fatores em observação e seus respectivos níveis de variação

A mistura básica (fator A) será constituída por escória granulada de alto-forno (70%
do peso do solo); fosfogesso (10% do peso do solo); borra de carbureto (20% do peso do
solo) e NaOH (5% do peso da escória) e sofrerá variação na proporção de 10% a 40% do
peso total de solo. Quanto à quantidade de cimento (fator B), ensaios preliminares, deter-
minaram um teor entre 8 e 10% em peso para o solo selecionado. Os demais fatores (C e D)
são qualitativos e pretendem simular a produção das unidades do produto em condições de
fabricação precárias e excelentes.

Numa segunda etapa, pretende-se repetir o experimento, considerando o mesmo


número de parcelas e seus respectivos tratamentos, modificando apenas a mistura. Neste
caso, a borra de carbureto será substituída pela cal P.A. (cal hidratada), implicando na exe-
cução de mais 288 unidades experimentais. Esta modificação objetiva verificar se houve
ganho qualitativo no produto final, já que a cal padrão é mais rica em Ca(OH)2.

A fim de se reduzir o número de fatores envolvidos no experimento e viabilizar a


interpretação estatística dos resultados obtidos, optou-se por considerar fixos os fatores:
tipo de solo (argiloso), temperatura de cura (ambiente), energia (40 t) e umidade de com-
pactação (ótima da prensa).

A variável resposta pretendida será sempre a medida da resistência à compressão


simples e absorção de água dos elementos produzidos. A ausência de parâmetros normati-
vos adequados para este tipo de produto, levou a decidir-se por comparar os resultados
obtidos com aqueles contidos nas especificações prescritas na norma NBR 8492 da ABNT,
que trata da determinação da resistência à compressão e absorção de água para tijolos exe-
cutados com solo-cimento.

Os resultados obtidos no experimento serão estudados através da Análise Yates,


para obtenção dos efeitos estatisticamente significativos e sua consistência. Para tanto, utili-
zar-se-á os testes "F" de Fischer e "t" de Student, respectivamente. Finalmente, pretende-se
obter uma equação estatística do experimento que contemple todas as variáveis e suas inter-
ações significativas, permitindo, desta forma, verificar matematicamente os efeitos que as
modificações realizadas nos níveis fatores, nos seus respectivos intervalos mínimo e máxi-
mo, provocam sobre as variáveis resposta, sem a necessidade da realização de novos ensai-
os.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste trabalho, pretende-se apresentar algumas recomendações para


produção do material de construção proposto. Espera-se, dessa forma, que a utilização
do novo produto traga uma contribuição significativa à qualidade do meio ambiente e à
construção civil de uma maneira geral, além da conseqüente redução dos custos de
produção decorrente do aproveitamento de rejeitos industriais.

O mérito da proposta reside, portanto, não apenas no desenvolvimento de um


novo material de construção, o que já seria válido, mas, também, na definição clara de
todos os procedimentos necessários à garantia da qualidade para sua produção. Esse
cuidado com a qualidade e, portanto, com o desempenho do material, deveria ser o
objeto de toda e qualquer proposta inovadora voltada à construção civil. Entretanto,
algumas propostas empíricas e pouco científicas, de que se têm conhecimento, vêm
ganhando, ultimamente, espaço na mídia e encantando alguns administradores públicos
com promessas de redução de custos, desconsiderando uma análise mais profunda que
possa comprovar o seu desempenho técnico. Não é mais possível tolerar que obras civis
custeadas pelo poder público continuem servindo de cobaias aos sistemas construtivos
inovadores, colocando em risco a vida daqueles que ocupam essas edificações.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, C. E. S. Habitação rural: uma proposta de racionalização pela autoconstru-


ção. Rio de Janeiro: EDUR, 1995.

-------------. Projeto, produção e avaliação de um produto, utilizando solo estabiliza-


do com rejeitos industriais. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 1997. (Projeto de Tese
para Exame de Qualificação)

GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. São Paulo: Nobel, 1990.

HENDRIX, C. D. What every technologist should know about experimental design.


In: Chemtech. USA: march 1979. p.167-174

VIEIRA, S. e HOFFMANN, R. Estatística experimental. São Paulo: Atlas, 1989.

VILLAS BÔAS, R. C. Qualidade na formulação de misturas. Rio de Janeiro: CE-


TEM/CNPq, 1992. (Série Qualidade e Produtividade; 1)
WERKEMA, M. C. C. e AGUIAR, S. Otimização estatística de processos: como de-
terminar a condição de operação de um processo que leva ao alcance de uma
meta de melhoria. Minas Gerais: Fundação Christiano Ottoni - Escola de Enge-
nharia da UFMG, 1996. (Série Ferramentas da Qualidade)

Anda mungkin juga menyukai