CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA DA UNIÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP
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A presente manifestação jurídica segue as normas da Portaria Nº 1.399, de 5 de outubro de 2009
da AGU (DOU 13/10/09), e respectivo Boletim de Serviço da AGU, Edição Extraordinária n° 29, de
13 de outubro de 2009.
Av. Cassiano Ricardo, nº 521, Bloco 1, 2º andar, Parque Residencial Aquarius, CEP 12.246-870,
São José dos Campos/SP. Telefone: (12) 3904-1820 – Endereço eletrônico: cju.sjc@agu.gov.br
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
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Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
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Ilustríssimo Senhor,
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Até novembro/2016 foi comunicado formalmente à CJU-SJC – via Ofício - a utilização de parecer
referencial em 225 (duzentos e vinte e cinco) processos licitatórios durante o ano de 2016.
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Segundo a Orientação Normativa AGU nº 55, de 23 de maio de 2014, entende-se por manifestação
jurídica referencial (MJR): “Os processos que sejam objeto de manifestação jurídica referencial, isto
é, aquela que analisa todas as questões jurídicas que envolvam matérias idênticas e recorrentes,
estão dispensados de análise individualizada pelos órgãos consultivos, desde que a área técnica,
de forma expressa, que o caso concreto se amolda aos termos da citada manifestação.
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Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
10. Por isso, tendo em vista que a Administração não irá adquirir bens comuns em
ato contínuo à adjudicação ao licitante vencedor, ou em prazo previsto no Edital, mas apenas
apresenta interstícios prováveis de aquisição de determinados quantitativos durante o prazo
da vigência da ata, o registro de preços se mostra adequado para tais hipóteses. A ata,
portanto, assemelha-se ao contrato preliminar, porquanto a Administração não está obrigada
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Recentemente o TCU posicionou-se a respeito da extensão dos efeitos jurídicos do parecer,
conforme reproduzido abaixo:
3. Os pareceres jurídicos exigidos pelo art. 38 da Lei 8.666/93 integram a motivação dos atos
administrativos. Devem apresentar abrangência suficiente para tanto, evidenciando a avaliação
integral dos documentos submetidos a exame. É ilegal a adoção de pareceres jurídicos
sintéticos, com conteúdo genérico, sem a demonstração da efetiva análise do edital e dos
anexos.
Em Representação relativa a concorrências públicas promovidas pela Secretaria Municipal de
Educação de Manaus/AM (Semed), objetivando a construção de creches do tipo B segundo o
padrão FNDE, a unidade técnica apontara, dentre outras irregularidades, “a adoção de
pareceres jurídicos pró-forma”. Ao apreciar a questão, o relator observou que “a utilização de
pareceres jurídicos sintéticos, de apenas uma página, com conteúdo genérico, sem
demonstração da efetiva análise do edital e dos anexos, em especial quanto à legalidade das
cláusulas editalícias, permitiu, no caso concreto, a presença de itens posteriormente
impugnados”. Nesse sentido, lembrou o relator que o Tribunal já se posicionara “acerca da
necessidade de os pareceres jurídicos exigidos pelo art. 38 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993, integrarem a motivação dos atos administrativos, com abrangência suficiente,
evidenciando a avaliação integral dos documentos submetidos a exame (v. g.: Acórdão
748/2011-Plenário)”. Diante disso e de outras irregularidades subsistentes, o Tribunal decidiu
por fixar prazo para que a Semed e a Comissão Municipal de Licitação anulassem os certames,
bem como expediu diversas determinações corretivas às instituições municipais. Acórdão
1944/2014 Plenário, TC 004.757/2014-9, relator Ministro-Substituto André Luís de Carvalho,
23.7.2014.
Entende essa Consultoria Jurídica que, se atendida estritamente a prescrições contidas na ON AGU
nº 55/2014, valendo-se o órgão assessorado dos modelos de minutas de Editais e “check-list”
disponibilizados pela AGU, e atendidas as disposições desta manifestação jurídica referencial, por
conseguinte, estará cumprindo a sua atribuição prevista no art. 8º-F da Lei nº 9.025/95.
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a comprar, pois muitas vezes, apesar de haver previsão orçamentária da despesa, não possui
os recursos financeiros no momento da abertura do certame.
11. A análise jurídica, in casu, está delimitada na aferição da legalidade (em sentido
amplo) do conjunto de atos administrativos praticados pelo administrador público durante a
fase interna do procedimento licitatório, com espeque no fato que o exercício da atribuição
administrativa é preordenado, e tem por escopo a satisfação do interesse público (primário e
secundário). Nesse sentido, compete ao órgão de assessoramento jurídico orientar o gestor
público quanto ao exercício dos poderes vinculado e discricionário, pois ambos estão
norteados pelo princípio da reserva legal. No primeiro caso, a reserva legal é absoluta,
enquanto no segundo, relativa. O mérito administrativo “expressa o juízo de conveniência e
oportunidade da escolha, no atendimento do interesse público, juízo esse efetuado pela
autoridade à qual se conferiu o poder discricionário.” 5
12. Conforme leciona Celso Antônio Bandeira de Mello, não existe ato discricionário
que contemple liberdade total ao administrador. O que existe de fato é o exercício de juízo
discricionário para aferir a ocorrência ou não de certas situações que justificam ou não opções
discricionárias quanto ao comportamento mais apropriado para o caso concreto, dentro dos
limites legais6. Destaque-se que discricionariedade administrativa não é sinônimo de livre
arbítrio, pois o gestor público deve atuar sempre nos limites traçados pela lei, vinculado,
ainda, à moralidade.
5
MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 9ª edição. São Paulo: RT, 2004, p. 127.
6
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 13ª edição. São Paulo:
Malheiros, p. 385.
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Nessa linha de entendimento, a Orientação Normativa AGU nº 02, de 1º de abril de 2009:
“Os instrumentos dos contratos, convênios e demais ajustes, bem como os respectivos aditivos,
devem integrar um único processo administrativo, devidamente autuado em sequência
cronológica, numerado, rubricado, contendo cada volume os respectivos termos de abertura e
encerramento”.
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“a) Autuação
“(...)
Dessa maneira, vale lembrar que o agente público exerce suas funções por um
determinado período de tempo, e depois vai embora (aposenta-se, falece, termina o
mandato, etc), mas a Administração fica com seus bens e os vínculos celebrados a longo
prazo, sendo indispensável o processo como mecanismo de documentação da atuação
estatal. Enquanto instrumento de documentação, o processo explica as decisões de um
dado momento histórico, descreve as razões que justificaram certa providência à época
em que foi tomada, permitindo muitas vezes a compreensão da atual realidade.
O processo também representa instrumento para a transparência na ação estatal. São
providências públicas que dão clarividência às decisões tomadas pelo Administrador,
permitindo ao titular do direito conhecer as reais razões das medidas exercidas para
protegê-lo. Com isso, além de dar conhecimento ao titular do direito, também viabiliza a
fiscalização da atividade, portanto o processo também é mecanismo de controle.
É no processo que o Administrador vai explicar e fundamentar a realização do ato,
demonstrando a conveniência e oportunidade, a urgência, a gravidade da medida
necessária ao caso concreto, o excepcional interesse público, além de outras razões, o que
o torna também instrumento de fundamentação da conduta, de legitimação da atividade
administrativa.(...)”.
“(...)
Conforme observado, os autos não se confundem com o processo licitatório. O termo
processo indica a existência de vários atos encadeados e voltados à obtenção de
determinado fim. Esses atos encadeados, que compõem o processo, devem ser
formalizados e os instrumentos que os formalizam devem ser reunidos em determinados
autos. Por meio do acesso aos autos da licitação, deve ser possível identificar todos os
atos praticados ao longo do processo licitatório, bem como permitir a verificação da devida
motivação para a prática de cada um desses atos.” (in Curso de Licitações e Contratos
Administrativos, editora Fórum, Belo Horizonte, ano 2007, p. 209, negrito não original) .”
8
in Direito Administrativo, 4ª edição, revista, ampliada, reformada e atualizada até 01/01/2010.
Niterói: Editora Impetus. Ano 2010. P. 968.
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preços via modalidade licitatória pregão, na forma eletrônica (SRP Pregão), constante do
Anexo I da Orientação Normativa SEGES/MPOG nº 2, de 6 de junho de 2016. Assim, deverá
instruir os autos com, no mínimo: (1º) Documento que formaliza a abertura do processo; (2º)
Planejamento da contratação; (3º) Documento que demonstra que foi realizado o
procedimento de IRP ou justificativa para dispensá-lo; (4º) Termo de Referência; (5º) Ato de
aprovação do Termo de Referência; (6º) Caso existam órgãos participantes, deve constar o
documento com a estimativa individual e total de consumo, com adequação dos respectivos
Termos de Referência; (7º) Confirmação da concordância dos demais órgãos participantes
com o objeto a ser licitado; (8º) Realização de ampla pesquisa de preços e formação do valor
de referência; (9º) Se for o caso, a exclusividade de participação de MEs e assemelhadas ou
justificativa de exceção prevista no art. 9º do Decreto nº 6.2004/2007; (10º) Ato de
autorização do procedimento licitatório; (11º) Indicação do ato de designação do Pregoeiro e
dos integrantes da equipe de apoio; (12º) minuta do Edital, e anexos, a saber: Anexo I,
remissão ao Termo de Referência; Anexo II, Ata de registro de preços; Anexo III, minuta do
Termo de Contrato ou do seu substituto. Após, deverá ser juntada uma cópia do parecer
referencial aplicável ao caso, com o (13º) ato de atesto do atendimento integral de suas
recomendações. Por fim, o órgão deverá juntar as (14º) listas de verificação conforme
disciplina a Orientação Normativa SEGES/MPOG nº 2, de 6 de junho de 2016, para cada
processo administrativo em dois momentos: antes da publicação do edital e após a
adjudicação do objeto.
V – DO PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO
20. Além de decorrer de imposição legal, tais informações são relevantes, também,
pelo dever de observância ao princípio da segregação de funções, a fim de auxiliar o órgão
em definir o objeto da licitação de forma clara e precisa, assim como outras reputadas
relevantes a exemplo do orçamento detalhado, da definição dos métodos, da estratégia de
suprimento, do valor estimado em planilhas de acordo com o preço de mercado, do
cronograma físico-financeiro, dos critério de aceitação do objeto, das obrigações do
contratado e do contratante, dos procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato,
dos prazos de execução e vigência além das sanções exigidas no §2º do art. 9º, do Decreto
nº 5.450/2005, que compõe o documento denominado Termo de Referência.
21. Nessa fase é que o órgão fará o inventário de dados, chamado por Jacoby
Fernandes de etapa de organização do caos que efetivamente colocará em prática o tão
almejado planejamento:
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Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
22. Destarte, o planejamento das contratações visa atender aos princípios regentes
no sistema jurídico de Direito Público, porquanto, a satisfação deste requisito de forma do ato
administrativo, que fundamenta explicitamente a necessidade do órgão, não se materializa
com a mera juntada de documento pro forma, sob o título de “planejamento”, ainda que com
os contornos de um Termo de Referência, porquanto o planejamento não é apenas “capa ou
título estampado numa folha”, mas sim, o conteúdo.
23. As considerações trazidas por Jorge Ulisses Jacoby Fernandes acerca das
cautelas para executar um planejamento da contratação coerente, que corresponda à
realidade do órgão e às medidas de aprimoramento permanente do processo de gestão, vêm
ao encontro do pensamento desta Consultoria Jurídica10 há muito sedimentado, a saber:
“(...)
1. Justificativa da necessidade
O primeiro passo de qualquer procedimento licitatório é a requisição do objeto. É sempre
a partir da necessidade, manifestada por agente público, que a Administração inicia o
processo com vistas à futura contratação.
Mesmo parecendo óbvio, a experiência na ação do controle tem demonstrado que não
são raras as aquisições de objetos supérfluos, incompatíveis com a finalidade
pretendida, ultrapassados, superdimensionados e até mesmo inúteis.
O atendimento desse requisito se faz pela resposta às seguintes quatro perguntas:
a) Por que precisa?
b) Qual o consumo previsto?
c) Que quantidade precisa?
d) Como vai utilizar?
Dispensa-se a justificativa para aquisições no âmbito de calendários próprios dos órgãos,
para reposição de estoques, de produtos de consumo rotineiros, tal como caneta, papel,
grampos, clipes, etc.
Os objetos que fogem à rotina, porém, devem ser precedidos de justificativa.
11
(...).”
24. Releva notar que essa Consultoria Jurídica, valendo-se de julgados do Tribunal
de Contas de União, vem rotineiramente orientando os órgãos assessorados locais sobre essa
imprescindível etapa na fase interna do procedimento licitatório, senão vejamos:
“PARECER Nº 017/2011/CFL/CJU-SJC/CGU/AGU
1. FUNDAMENTO. A confecção do planejamento da contratação como antecedente da
prática de atos da Administração decorre dos princípios da eficiência, da publicidade e
da motivação.
2. CONTEÚDO. O conteúdo do planejamento da contratação deve ser tal que contenha
os elementos objetivos mínimos para subsidiar a confecção do projeto básico e/ou termo
de referência, até a forma de recebimento definitivo do objeto. Segundo a jurisprudência
do TCU, o planejamento da contratação pode ser definido resumidamente como
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JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Sistema de Registro de Preços e Pregão Presencial e Eletrônico.
4ª edição revista, atualizada e ampliada. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 109.
10
A exemplo, vide a NOTA Nº 203/2011/CJU-SJC/CGU/AGU, letra “c” do tópico II, da lavra do
Advogado da União Dr. João Carlos M. S. Benevides (in memoriam).
11
JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Sistema de Registro de Preços e Pregão. 2ª Edição. Belo
Horizonte: Editora Fórum, 2005, pp. 503-504.
10
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
Outro:
[...]
1.7.1. à (omissis) que faça constar, nos futuros processos licitatórios destinados à
aquisição de equipamentos pesados, custeados com recursos federais, a motivação e os
estudos que conduziram a elaboração da especificação mínima exigida para tais
equipamentos.
[...] Acórdão nº 5.554/2012-TCU-2ª Câmara
Outro:
[...]
1.8.1. elabore o devido planejamento anual das compras de água mineral e/ou
quaisquer outros bens comuns continuadamente demandados por suas unidades
situadas no interior do Estado, avaliando a possibilidade de licitá-las e contratá-las por
lotes regionalizados a partir das cidades mais populosas/estruturadas em conjunto com
as zonas eleitorais vizinhas (critério geográfico objetivo), tomando em conta dados como
lotação de cada unidade, consumo estimado per capta, previsão ou não de realizar pleito
eleitoral (possível demanda superior ao normal), dentre outros que se mostrem
pertinentes a uma adequada estimativa de quantitativo;
[...] Acórdão nº 13524/2016-TCU-2ª Câmara.
Outro:
11
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
9.1.1.3. conceber mecanismos mais eficazes de controle das publicações dos processos
licitatórios a serem aplicados, especialmente, quando da ocasião da análise das
prestações de contas dos convênios firmados com suas entidades filiadas;
12
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
[[Em processos licitatórios, deve ser evitada a indicação de marcas de produtos para
caracterização do objeto, a não ser quando legalmente possível e estritamente necessária
12
FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Contratação Direta sem Licitação. 9ª edição revista, atualizada
e ampliada. Belo Horizonte: Fórum, 2011, pp. 584-586.
13
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
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Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
constitucional prescrito no art. 37, §1º, da Constituição Federal e ao disposto no art. 6º, inciso
I, do Decreto-Lei nº 200/1967.13
30. A pesquisa pode ser realizada com base em preços fixados por órgão oficial
competente, com informações constantes no sistema de preços, ou ainda, a partir dos preços
para o mesmo objeto vigentes em outros órgãos, desde que em condições semelhantes.
[...]
1.7.2. faça o orçamento do objeto a ser licitado com base em "cesta de preços aceitáveis"
oriunda, por exemplo, de pesquisas junto a cotação específica com fornecedores, pesquisa
em catálogos de fornecedores, pesquisa em bases de sistemas de compras, avaliação de
contratos recentes ou vigentes, valores adjudicados em licitações de outros órgãos públicos,
valores registrados em atas de SRP e analogia com compras/contratações realizadas por
corporações privadas, desde que, com relação a qualquer das fontes utilizadas, sejam
expurgados os valores que, manifestamente, não representem a realidade do mercado, à luz
do art. 6º, inc. IX, alínea "f", da Lei nº 8.666/93 (nessa linha, itens 32 a 39 do voto do Acórdão
nº 2.170/2007-P);
AC-0819-16/09-P Sessão: 29/04/09 Grupo: 0 Classe: 0 Relator: Ministro WALTON ALENCAR
RODRIGUES - Fiscalização – Acompanhamento
[...]
Em Representação formulada por sociedade empresária acerca de pregão eletrônico
promovido pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), destinado à contratação de central de
serviços (service desk) para a manutenção de equipamentos, atendimento e suporte técnico
remoto e presencial aos usuários dos ativos de tecnologia da informação, a unidade técnica
apontou falhas na realização das pesquisas de preços para a elaboração da estimativa do
valor da contratação. Em síntese, destacou a unidade técnica que a pesquisa de preços se
baseara em orçamento superior à média de mercado, uma vez que a Funasa não excluíra as
cotações manifestamente fora de mercado, de modo a evitar distorções no custo médio
apurado e, consequentemente, no valor máximo a ser aceito para cada item licitado. Apontou
ainda que a pesquisa de preços teria sido restrita, considerando o amplo mercado fornecedor
do serviço licitado, além da não comprovação de consultas a outros órgãos e entidades da
Administração, ao sistema Compras Governamentais e demais sítios especializados, o que
pode ter comprometido a qualidade e a confiabilidade da estimativa de preços construída. Ao
analisar o ponto, o relator, endossando a análise da unidade instrutiva, discorreu sobre a
jurisprudência do TCU acerca da matéria: Historicamente, o TCU sempre defendeu que as
estimativas de preços prévias às licitações devem estar baseadas em uma cesta de preços
aceitáveis. Nessa linha, os Acórdãos 2.170/2007 e 819/2009, ambos do Plenário. Tais
precedentes levaram ao Guia de Boas Práticas em Contratações de Soluções de TI do TCU,
13
Como referência do planejamento objetivo, considerar, entre outros: (1) TCU -“Técnica de
indicadores de desempenho para auditorias”, aprovado pela PORTARIA-SEGECEX nº 33, de 23 de
dezembro de 2010; (2) MPOG – Indicadores - Orientações Básicas Aplicadas à Gestão Pública. 1ª
Edição, Brasília/DF. 2012, In:
http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/spi/PPA/2012/121003_orient_indic_tri
angular.pdf
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Conforme itens 21 e 31 do PARECER nº 409/2014/CJU-SJC/CGU/AGU.
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Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
de 2012, que lista uma série de fontes de informação que podem ser utilizadas para analisar
o mercado com vistas à obtenção de dados sobre preços. Em reforço, o Acórdão 2.943/2013-
Plenário consolidou que não se deve considerar, para fins de elaboração do mapa de
cotações, as informações relativas a empresas cujos preços revelem-se evidentemente fora
da média de mercado, de modo a evitar distorções no custo médio apurado e,
consequentemente, no valor máximo a ser aceito para cada item licitado. Todo esse esforço
do TCU culminou na edição da IN-SLTI/MPOG 5/2014, que dispõe sobre os procedimentos
administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e
contratação de serviços em geral. Nesse sentido, asseverou que o argumento de que o valor
do melhor lance estaria abaixo do orçamento estimativo e que, portanto, estaria atendido o
princípio da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração somente merece
guarida quando evidenciado que a pesquisa de preços da licitação foi feita de acordo com a
melhor técnica possível para cada caso, a exemplo dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG
5/2014, o que não restou demonstrado neste processo. Considerando que os valores obtidos
no pregão encontravam-se dentro da média de preços praticados por outros órgãos da
Administração Pública, o Plenário do Tribunal, pelos motivos expostos pelo relator, decidiu,
no ponto, apenas dar ciência à Funasa acerca da impropriedade relativa à realização de
pesquisa de preços com amplitude insuficiente (...) tendo-se obtido apenas três orçamentos,
não obstante o mercado fornecedor do serviço ser vasto; e, ainda, que não se considerou a
utilização de preços de contratações similares na Administração Pública e a informações de
outras fontes, tais como o ComprasNet e outros sites especializados, afrontando o art. 26,
parágrafo único, incisos II e III, e o art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993, conforme
entendimento do TCU, a exemplo dos Acórdãos 2.170/2007 e 819/2009, ambos do Plenário.
Acórdão 2637/2015-Plenário, TC 013.754/2015-7, relator Ministro Bruno Dantas, 21.10.2015.
32. Acerca dessa questão, ainda, reproduz-se o texto do inciso II, §7º do art. 15 da
Lei nº 8.666/93, pois esse dispositivo reforça a necessidade de a Administração realizar
planejamento da contratação robusto, que venha a oferecer subsídios para lastrear a
motivação para a abertura do procedimento licitatório destinado a aquisição de bens:
“[...]
§7º Nas compras deverão ser observados ainda:
[...]
II – a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas em função do
consumo e utilização prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que possível,
mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação;
[...]” (Destacamos)
33. Nesse rumo, é de longa data que esta Consultoria Jurídica vem orientando os
órgãos assessorados acerca da necessidade de apurar a estimativa de preços de mercado na
etapa de pesquisa de preços, a fim de averiguá-los com prudência, pois essa etapa servirá ao
órgão para provisionar os recursos orçamentários e financeiros para o custeio da despesa, e
também escoimar o processo licitatório de futuras contratações com sobrepreço.
15
Cf. Caderno de Logística Pesquisa de Preços elaborada pela SLTI. Disponível em: <
http://www.comprasgovernamentais.gov.br/arquivos/caderno/1-0-instrucao-normativa-no-05-
versao-final-1-1a.pdf.>. A orientação apresentada está em conformidade com a IN SLTI Nº 7, de
29 de agosto de 2014 que alterou a IN SLTI nº 05/2014.
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Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
35. A Administração considerará admissível os preços cujas datas não tenham lapso
temporal superior a cento e oitenta dias. Assevere-se, outrossim, que deverão ser expurgados
os preços evidentemente distorcidos (inexequíveis ou excessivamente elevados), conforme
critérios fundamentados e descritos no processo administrativo. Releva notar que os preços
evidentemente distorcidos (inexequíveis ou excessivamente elevados) deverão ser
expurgados, conforme critérios fundamentados e descritos no processo administrativo.
1. Tratando-se de processo licitatório cujo objeto seja a aquisição de bens, então, dever-se-á
constar do Edital disposição específica de modo a satisfazer o disposto no art. 5º da IN
SLTI/MPOG nº 01/2010;
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Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
16
Para maiores informações, sugerimos consultar o sítio:
<http://www.agu.gov.br/page/content/detail/id_conteudo/174501>. O Manual de Boas Práticas
Consultivas recomenda a consulta, a título exemplificativo, das seguintes legislações:1) Lei nº 12.114, de
9 de dezembro de 2009, que cria o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, altera os arts. 6º e 50 da Lei
no 9.478, de 6 de agosto de 1997; 2) Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que institui a Política
Nacional de Mudança do Clima (PNMC); Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o
Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa; 3) Lei nº 12.349, de 15 de
dezembro de 2010, que altera as Leis nos 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.958, de 20 de dezembro de
1994, e 10.973, de 2 de dezembro de 2004; e revoga o § 1º do art. 2º da Lei no 11.273, de 6 de fevereiro
de 2006; 4) Art. 4º, da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011, que institui o Regime Diferenciado de
Contratações Públicas - RDC; altera a Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe sobre a
organização da Presidência da República e dos Ministérios, a legislação da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) e a legislação da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero); cria a
Secretaria de Aviação Civil, cargos de Ministro de Estado, cargos em comissão e cargos de Controlador de
Tráfego Aéreo; autoriza a contratação de controladores de tráfego aéreo temporários; altera as Leis nºs
11.182, de 27 de setembro de 2005, 5.862, de 12 de dezembro de 1972, 8.399, de 7 de janeiro de 1992,
11.526, de 4 de outubro de 2007, 11.458, de 19 de março de 2007, e 12.350, de 20 de dezembro de 2010,
e a Medida Provisória nº 2.185-35, de 24 de agosto de 2001; e revoga dispositivos da Lei nº 9.649, de 27
de maio de 1998; 5) Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006, que institui a separação dos resíduos
recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta, na
fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis,
e dá outras providências; 6) Decreto nº 7.343, de 26 de outubro de 2010, que regulamenta a Lei nº 12.114,
de 9 de dezembro de 2009, que cria o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima – FNMC; 7) Decreto nº
7.404, de 23 de dezembro de 2010, que regulamenta a Lei nº12.305/2010; 8) Decreto nº 7.746, de 05 de
junho de 2012, que regulamenta o art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer
critérios, práticas e diretrizes para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações
realizadas pela Administração Pública Federal, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade
na Administração Pública – CISAP;
Decreto de 15 de setembro de 2010, que Institui o Plano de Ação para Prevenção e Controle do
Desmatamento e das Queimadas no Bioma Cerrado – PP Cerrado, altera o Decreto de 3 de julho de 2003,
que institui Grupo Permanente de Trabalho Interministerial para os fins que especifica; 9) Portaria
Interministerial nº 244, de 6 de junho de 2012, dos Ministérios do Planejamento, Orçamento e Gestão,
Meio Ambiente, de Minas e Energia e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; 10) Portaria MF nº
287, de 15 de agosto de 2012, que constitui o Comitê Interno do Projeto Esplanada Sustentável (CIPES)
no âmbito do Ministério da Fazenda; 11) Portaria SLTI nº 2, de 16 de março de 2010, que dispõe sobre as
18
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
41. Se a licitação está voltada para a aquisição de mais de um item diferente, caber
ao órgão assessorado observar a regra da Súmula nº 247 do Tribunal de Contas da União:
“É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais
das licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto
seja divisível, desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de
economia de escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de
licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou
aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades
autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa divisibilidade.”
42. Qualquer exceção à regra deverá ser justificada objetivamente durante a fase
do planejamento, notadamente para demonstrar a impossibilidade da adjudicação separada,
justificando-se, outrossim, a vantajosidade e a economicidade da aquisição conjunta, sem
conflitar com as disposições concernentes ao estímulo da participação das micro e pequenas
empresas, micro empreendedor individual e cooperativas nas contratações públicas,
sobretudo, porque trata-se de imposição de ordem legal.
19
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
17
Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se:
I - Margem de preferência normal - diferencial de preços entre os produtos manufaturados
nacionais e serviços nacionais e os produtos manufaturados estrangeiros e serviços estrangeiros,
que permite assegurar preferência à contratação de produtos manufaturados nacionais e serviços
nacionais;
II - Margem de preferência adicional - margem de preferência cumulativa com a prevista no inciso
I do caput, assim entendida como o diferencial de preços entre produtos manufaturados nacionais
e serviços nacionais, resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País, e
produtos manufaturados estrangeiros e serviços estrangeiros, que permite assegurar preferência
à contratação de produtos manufaturados nacionais e serviços nacionais;
III - Medida de compensação industrial, comercial ou tecnológica - qualquer prática compensatória
estabelecida como condição para o fortalecimento da produção de bens, do desenvolvimento
tecnológico ou da prestação de serviços, com a intenção de gerar benefícios de natureza industrial,
tecnológica ou comercial concretizados, entre outras formas, como:
a) coprodução;
b) produção sob licença;
c) produção subcontratada;
d) investimento financeiro em capacitação industrial e tecnológica;
e) transferência de tecnologia;
f) obtenção de materiais e meios auxiliares de instrução;
g) treinamento de recursos humanos;
h) contrapartida comercial; ou
i) contrapartida industrial;
IV - Produto manufaturado nacional - produto que tenha sido submetido a qualquer operação que
modifique a sua natureza, a natureza de seus insumos, a sua finalidade ou o aperfeiçoe para o
consumo, produzido no território nacional de acordo com o processo produtivo básico definido nas
Leis nos 8.387, de 30 de dezembro de 1991, e 8.248, de 23 de outubro de 1991, ou com as regras
de origem estabelecidas pelo Poder Executivo federal, tendo como padrão mínimo as regras de
origem do Mercosul;
V - Serviço nacional - serviço prestado no País, nos termos, limites e condições estabelecidos nos atos do
Poder Executivo que estipulem a margem de preferência por serviço ou grupo de serviços;
VI - Produto manufaturado estrangeiro e serviço estrangeiro - aquele que não se enquadre nos
conceitos estabelecidos nos incisos IV e V do caput, respectivamente; e
VII - Normas técnicas brasileiras - normas técnicas produzidas e divulgadas pelos órgãos oficiais
competentes, entre eles a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT e outras entidades
designadas pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial - CONMETRO.
20
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
dos diversos decretos específicos editados pelo Poder Executivo. Segue a lista exemplificativa
dos bens submetidos à aplicação de margem de preferência no âmbito da União:
18
O Decreto nº Decreto nº 8.626, de 30 de dezembro de 2015 prorrogou o prazo de vigência das
margens de preferência até 31 de dezembro de 2016.
19
Remeto, em acréscimo aos fundamentos deste parecer, os fundamentos lançados nos itens 17
ao 21 do PARECER Nº 009/2013/CJU-SJC/CGU/AGU, elaborado pelo Dr. Rodrigo Soldi, em razão da
mesma Ordem de Serviço que ensejou esta manifestação.
21
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
Art. 7º Nas licitações para fornecimento de bens, serviços e obras, os órgãos e entidades
contratantes poderão estabelecer, nos instrumentos convocatórios, a exigência de
subcontratação de microempresas ou empresas de pequeno porte, sob pena de
desclassificação, determinando:
I - o percentual de exigência de subcontratação, de até trinta por cento do valor total
licitado, facultada à empresa a subcontratação em limites superiores, conforme o
estabelecido no edital;
II - que as microempresas e empresas de pequeno porte a serem subcontratadas deverão
estar indicadas e qualificadas pelos licitantes com a descrição dos bens e serviços a
serem fornecidos e seus respectivos valores;
III - que, no momento da habilitação, deverá ser apresentada a documentação da
regularidade fiscal e trabalhista das microempresas e empresas de pequeno porte
subcontratadas, bem como ao longo da vigência contratual, sob pena de rescisão,
aplicando-se o prazo para regularização previsto no § 1º do art. 4º;
IV - que a empresa contratada compromete-se a substituir a subcontratada, no prazo
máximo de trinta dias, na hipótese de extinção da subcontratação, mantendo o
percentual originalmente subcontratado até a sua execução total, notificando o órgão ou
entidade contratante, sob pena de rescisão, sem prejuízo das sanções cabíveis, ou
demonstrar a inviabilidade da substituição, em que ficará responsável pela execução da
parcela originalmente subcontratada; e
V - que a empresa contratada responsabiliza-se pela padronização, compatibilidade,
gerenciamento centralizado e qualidade da subcontratação.
§ 1º Deverá constar ainda do instrumento convocatório que a exigência de
subcontratação não será aplicável quando o licitante for:
I - microempresa ou empresa de pequeno porte;
II - consórcio composto em sua totalidade por microempresas e empresas de pequeno
porte, respeitado o disposto no art. 33 da Lei nº 8.666, de 1993; e
III - consórcio composto parcialmente por microempresas ou empresas de pequeno porte
com participação igual ou superior ao percentual exigido de subcontratação.
§ 2º Não se admite a exigência de subcontratação para o fornecimento de bens, exceto
quando estiver vinculado à prestação de serviços acessórios.
§ 3º O disposto no inciso II do caput deste artigo deverá ser comprovado no momento da
aceitação, quando a modalidade de licitação for pregão, ou no momento da habilitação
nas demais modalidades.
§ 4º Não deverá ser exigida a subcontratação quando esta for inviável, não for vantajosa
para a administração pública ou representar prejuízo ao conjunto ou complexo do objeto
a ser contratado, devidamente justificada.
§ 5º É vedada a exigência no instrumento convocatório de subcontratação de itens ou
parcelas determinadas ou de empresas específicas.
§ 6º Os empenhos e pagamentos referentes às parcelas subcontratadas serão destinados
diretamente às microempresas e empresas de pequeno porte subcontratadas.
Art. 8º Nas licitações para a aquisição de bens, serviços e obras de natureza divisível, e
desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo do objeto, os órgãos e
entidades contratantes poderão reservar cota de até vinte e cinco por cento do objeto,
para a contratação de microempresas e empresas de pequeno porte.
§ 1º O disposto neste artigo não impede a contratação das microempresas ou empresas
de pequeno porte na totalidade do objeto.
§ 2º O instrumento convocatório deverá prever que, não havendo vencedor para a cota
reservada, esta poderá ser adjudicada ao vencedor da cota principal, ou, diante de sua
recusa, aos licitantes remanescentes, desde que pratiquem o preço do primeiro
colocado.
§ 3º Se a mesma empresa vencer a cota reservada e a cota principal, a contratação da
cota reservada deverá ocorrer pelo preço da cota principal, caso este tenha sido menor
do que o obtido na cota reservada.
20
Art. 9º Não se aplica o disposto nos arts. 6º ao 8º quando:
20
O inc. IV do art. 9º do Decreto nº 6.204/07, repete a norma do § 1º do art. 48 da Lei Complementar nº
123/03, senão vejamos este último dispositivo:
“Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei Complementar, a administração pública
poderá realizar processo licitatório:
I - destinado exclusivamente à participação de microempresas e empresas de pequeno porte nas
contratações cujo valor seja de até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
II - em que seja exigida dos licitantes a subcontratação de microempresa ou de empresa de pequeno
porte, desde que o percentual máximo do objeto a ser subcontratado não exceda a 30% (trinta por cento)
do total licitado;
III - em que se estabeleça cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratação de
microempresas e empresas de pequeno porte, em certames para a aquisição de bens e serviços de
natureza divisível.
§ 1o O valor licitado por meio do disposto neste artigo não poderá exceder a 25% (vinte e cinco por cento)
do total licitado em cada ano civil.
22
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
a) caso não haver vencedor para a cota reservada, esta poderá ser adjudicada ao
vencedor da cota principal ou, diante de sua recua, aos licitantes remanescentes, desde
que pratiquem o preço do primeiro colocado da quota principal;
b) se a mesma empresa vencer a cota reservada e a principal, a contratação das cotas
deverá ser pelo menor preço;
c) nas licitações por SRP ou entrega parceladas, o edital deverá prever a prioridade de
aquisição dos produtos das cotas reservadas, salvo se houver justificativa que a cota for
inadequada para atender as quantidades ou as condições do pedido.22
23
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
“O edital poderá admitir, como critério de julgamento, o menor preço aferido pela
oferta de desconto sobre tabela de preços praticados no mercado, desde que
tecnicamente justificado.”
24
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
O procedimento é, sob todos os aspectos, vantajoso, mas sua extensão deve ser
condicionada a que:
a) fonte de dados, tabela de preços, seja disponível para Administração Pública para
fins de controle. Numa licitação para aquisição de peças para veículos pela Central de
Compras do Distrito Federal, os contratantes tiveram dificuldade em obter nas
concessionárias a tabela de preços, dificultando a verificação da correção de valores
cobrados. A solução encontrada foi exigir da licitação que os vencedores disponibilizassem
a tabela e suas alterações em papel, microfilme ou outro processo, como condição para
execução válida do contrato;
b) a tabela não pode estar na dependência direta do fornecedor ou prestador de
serviços. Deve ser um instrumento de regulação do mercado ou de informação do
mercado;
c) a natureza da atividade do contratado deve depender dos mesmos insumos, cujos
valores são apontados na tabela. Assim, não faz sentido indexar a tabela da CEASA o valor
de comida preparada, por exemplo, porque o componente desta é só parcialmente
coincidente com os daquela;
d) amplitude e atualidade, indicando que todo o mercado segue ou tem por parâmetro
a mesma base de dados e que esta reflete preços atualizados.
A propósito desse tema, o TCU, em decisão para o Ministério da Saúde, determinou
que o uso de desconto sobre tabela não pode prevalecer nos casos em que é a própria
Administração que elabora a relação de preços. Nesse sentido, o art. 9º deveria
merecer a interpretação restritiva aos casos em que a tabela não seja elaborada nem
pela Administração nem pelo licitante, mas sim por terceiros, como refere o §1º da
norma. Entendeu a Corte que quando a Administração compõe a relação de preços
de um serviço acaba por não aproveitar a vantagem que os licitantes podem oferecer
em razão das diferentes estruturas das empresas.24
55. É importante ao órgão apresentar justificativa para aquisição por preço global,
pois isto poderá afastar a instauração de processo licitatório exclusivo para MEs e
equiparadas, assim como afetará diretamente o critério de julgamento para a adjudicação do
item licitado. A Súmula nº 247 do TCU estabelece as orientações imprescindíveis que os
gestores públicos devem observar para não incidir em ilegalidade ao optar pela adjudicação
por item de bens divisíveis sem que tenha motivo fundamentado. Também é importante
deixar consignado que o microempreendedor individual (MEI)25 é considerado expressamente
como modalidade de microempresa pela redação do art. 18-E da recente Lei Complementar
nº 147/2014, portanto, estende-se a ela todos os benefícios aplicáveis à microempresa. Sobre
a exclusividade de participação no certame, a AGU emitiu a ORIENTAÇÃO NORMATIVA Nº 47,
de 25 de abril de 2014:
24
JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Sistema de Registro de Preços e Pregão Presencial e
Eletrônico. 4ª edição revista, atualizada e ampliada. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 401.
25
Considera-se MEI para os efeitos do §1º do art. 18-A da LC nº 123/2006 “o empresário individual
a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, que tenha
auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais),
optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste
artigo”.
25
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
estabelecido no inciso II do caput do art. 3º, observe o disposto nos artigos 6º e 7º, nos
Capítulos V a X, na Seção IV do Capítulo XI e no Capítulo XII desta Lei Complementar, além
das disposições da Lei nº 11.718/2008.
[...]
4. Nesse desiderato, aquela unidade alertou para o fato de que "uma empresa pode não
possuir nenhum débito com a receita fazendária e ainda assim não estar regular por motivos
cadastrais ou outros requisitos definidos pela legislação para aferição de tal condição e vice-
versa.".
5. Destacou, ainda, que "obedecidas as condições legais específicas de cada tributo, a prova
de regularidade fiscal se materializa nas chamadas "certidões negativas", emitidas quando
não há pendências de nenhuma espécie em nome do licitante, e nas "certidões positivas com
efeitos de negativa" emitidas quando, por exemplo, exista débito com exigibilidade suspensa
ou o lançamento se encontre no prazo legal de impugnação ou, se inscrito em dívida ativa,
esteja garantido mediante penhora de bens cuja avaliação seja igual ou superior ao montante
do débito atualizado, ou ainda, quando constar inadimplemento de quaisquer outras
obrigações impostas pela norma e tidas como insuficientes para ensejar a emissão da
"certidão positiva".".
6. E concluiu a Selip, "a partir dos dispositivos da Lei nº 8.666/93, aplicáveis na esfera federal,
não haver espaço para confusão entre os termos "quitação" e "regularidade". O que a
Administração, no que diz respeito à habilitação, deve exigir dos licitantes é a prova de
regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal, à Seguridade Social e ao
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e não a quitação de débitos relativamente a
esses tributos.". (grifei)
7. Não obstante concordar com a essência do enunciado da súmula, venho sugerir, a par de
algumas alterações de forma, a exclusão do rol das obrigações fiscais nela mencionadas, por
já estarem devidamente contempladas nas leis de regência. Não se pode olvidar que o grande
objetivo da súmula é reforçar a distinção jurídica entre os vocábulos "regularidade" e
"quitação". Eis aí, portanto, a redação que proponho:
"Para fim de habilitação, a Administração Pública não deve exigir dos licitantes a
apresentação de certidão de quitação de obrigações fiscais, e sim prova de sua regularidade."
[...]
60. Portanto, cabe ao órgão definir na fase de planejamento se a licitação será para
participação exclusiva de MEs e equiparadas ou se será permitida a ampla participação no
26
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
certame. Isto deverá ser aferido em relação a cada item/lote da licitação, ademais, porque
definirá qual o modelo de minuta de Edital da CGU/AGU deverá ser utilizado em cada caso.
62. O art. 38, caput, da Lei nº 8.666/93, c/c art. 8º, inciso III, e art. 30, inciso V, do
Decreto nº 5.450/2005, e art. 2º, caput, e parágrafo único, inciso VII, da Lei nº 9.784/99
exigem a autorização, motivada, da autoridade competente para abertura do processo
licitatório.
63. A motivação é tão importante que foi erigida como princípio, haja vista que o
dever de motivar implica na necessidade de apontamento dos fundamentos de fato e de
direito pelo Administrador Público, visto que ser o agente que mero gestor do interesse do
interesse público. A exposição de motivos tem por fundamento o desdobramento tanto no art.
93, inciso X, da CF, que é extensível aos demais poderes da República e no plano
infraconstitucional, o princípio encontra assento na Lei nº 9.784/99, o que demonstra a
relevância de o administrador pautar suas ações principalmente nos dois pilares do direito
administrativo: a supremacia e a indisponibilidade do interesse público.
27
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
66. Por isso, fórmulas usuais, a exemplo, “interesse público, bem como, atender os
interesses da administração”, não contemplam a motivação da finalidade em sentido estrito,
concreto que busca a Administração. Em razão disso, esta Consultoria Jurídica
insistentemente recomenda que não basta que motivo esteja previsto em normas materiais
em sentido abstrato, mas deve atender à realidade fática do órgão assessorado (idem para a
finalidade), que encontrará supedâneo no planejamento da contratação que servirá de
fundamento para a elaboração do Termo de Referência27. Em suma, o ato de autorização deve
ter seu conteúdo (objeto, motivo e finalidade) alinhado com o que restou definido no
planejamento da contratação, para o que, é suficiente que a autoridade assim decline
expressamente no bojo do ato de autorização.
67. O objeto da licitação, consoante o art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.520/2002, deve
ser descrito de forma precisa, clara e suficiente, vedadas especificações excessivas que
frustrem o caráter competitivo do certame.
“Art. 9º. Na fase preparatória do pregão, na forma eletrônica, será observado o seguinte:
I- elaboração do termo de referência pelo órgão requisitante, com indicação do objeto
de forma precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por excessivas,
irrelevantes ou desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou sua realização;
26
FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte: Fórum, 2007, p. 413-
414.
27
As orientações traçadas nesse tópico atendem à recomendação contida no Enunciado nº 28
BPC/AGU: “A manifestação jurídica deve atender o princípio da motivação. É importante que a Entidade/Órgão
Assessorado conheça os pressupostos de fato e de direito que sustentam a matéria posta à análise jurídica e as
controvérsias porventura existentes.
Incumbe ao Advogado Público referi-las tal como se presentam na doutrina e na jurisprudência para que a
Entidade/ Órgão Assessorado conheça as variações existentes, inclusive para, a partir das orientações da
manifestação jurídica, ponderar riscos e benefícios.”
28
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
“(...)
5. A indicação de características definidoras da qualidade
Com frequência, vislumbra-se uma nuvem cinzenta entre o limite das características
aceitáveis, o que constitui abuso e restrição à competição.
A sugestão que pode guiar, com segurança, o trabalho é elaborar, para cada restrição à
competitividade, traduzida numa característica do produto pretendido, uma justificativa.
O trabalho será grande na primeira vez, mas ficará no processo documentado, servindo
às futuras aquisições. (...).
(...)”.28
72. Esse julgado traduz tão somente a confirmação no caso concreto da Súmula nº
177 da mesma Corte de Contas:
28
Idem
29
FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Sistema de Registro de Preços. 2ª edição revista e ampliada.
Belo Horizonte: Fórum, p. 137.
29
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
Alguns exemplos podem ser citados de compras que se fazem rotineiramente pelo menor
preço, mas que trazem resultado insatisfatório:
_ canetas cuja tinta resseca, vaza ou falha ao ser usada;
_ cola que tem mais água do que componente colante;
_ (...)
_ grampeadores que não grampeiam;
_ elásticos que ressecam;
_ cadeiras em que, com pouco uso, os rodízios emperram e soltam da base, o poliuretano
dos braços racha, os tecidos desbotam, entre tantos outros defeitos;
_ mesas com madeiras que incham em contato com água, gavetas que não deslizam,
parafusos que espanam etc.
Quem compra mal, compra mais de uma vez e, pior, com din heiro público.
Por isso, é interessante que, na etapa de julgamento das propostas, sejam solicitadas
amostras dos produtos cotados pelos licitantes e desclassificadas as propostas que não se
encontrem de acordo com as exigências da licitação. Para tanto, se faz necessário o
estabelecimento de critérios objetivos previamente definidos no ato convocatório.
A indicação de marca como parâmetro de qualidade pode ser admitida para facilitar a
descrição do objeto a ser licitado, desde que seguida, por exemplo, das expressões “ou
equivalente”, “ou similar” e “ou de melhor qualidade”. Nesse caso, o produto deve, de fato
e sem restrições, ser aceito pela Administração.
O que a Lei de Licitações veda e os Tribunais de Contas condenam, em especial o TCU, é
a preferência por determinada marca e sua indicação sem a devida justificativa técnica
nos autos”. (Licitações e Contratos: Orientações Básicas. Tribunal de Contas da União, 3ª
Edição, ver., atualizada e ampliada. Brasília: TCU, Secretaria de Controle Interno, ano 2006,
p. 89-90).
Portanto, dentro do âmbito de atribuição e conhecimento jurídico, não técnico,
da Consultoria Jurídica, deverá ser conferido se a especificação está dentro dos limites
legais, haja vista que a indicação do objeto deve se revestir de precisão, de forma
suficiente e clara, sem que sejam exigidas especificações excessivas, irrelevantes ou
desnecessárias, limitando ou frustrando a competição ou sua realização.
É fundamental que o responsável pela requisição e o Gestor tenham cuidado
redobrado e verifiquem, com base nos respectivos conhecimentos técnicos, se não há
qualquer ofensa ao §5º, do art. 7º c/c inc. I, do §1º, do art. 3º, da Lei nº 8.666/93 e ao
art. 3º, inc. II, da Lei nº 10.520/2002.”
30
Súmula nº 177 do TCU: “A definição precisa e suficiente do objeto licitado constitui regra
indispensável da competição, até mesmo como pressuposto do postulado de igualdade entre os
licitantes, do qual é subsidiário o princípio da publicidade, que envolve o conhecimento, pelos
concorrentes potenciais das condições básicas da licitação, constituindo, na hipótese particular da
licitação para compra, a quantidade demandada em uma das especificações mínimas e essenciais
à definição do objeto do pregão”.
30
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
“ O art. 113 da Lei de Licitações prevê que são os órgãos interessados da Administração
responsáveis pela demonstração da legalidade e regularidade da despesa e execução de
contratos e outros instrumentos, sem prejuízo dos órgãos de fiscalização. Dessa forma, é
imprescindível a expressa manifestação do Ordenador de Despesas quanto à existência de
recursos orçamentários e financeiros aptos a assegurar o pagamento da contratação que se
pretende efetuar para fixar sua responsabilidade pessoal.
Nesse sentido, a lição do ilustre Procurador-Geral do Ministério Público Junto ao
Tribunal de Contas da União, Lucas Rocha Furtado31, ao comentar sobre a Lei de
Responsabilidade Fiscal e Licitações, conforme segue:
“(...)
Além da estimativa do impacto financeiro-orçamentário, deve constar dos autos do
processo de licitação ou de contratação direta a declaração do ordenador de despesa,
ou seja, daquela “autoridade de cujos atos resultem a emissão de empenho,
autorização de pagamento, suprimento ou dispêndio de recursos” (conforme dispõe
o art. 80, § 1º, do Decreto-lei nº 200/64) de que o aumento de despesa a ser gerado
pela execução do contrato tem adequação orçamentária anual e compatibilidade
com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. Ou seja, a declaração
será apenas o ato que vinculará o ordenador de despesa à estimativa de impacto
financeiro-orçamentário, imputando-lhe, conseqüentemente, responsabilidade
pessoal.
Verifica-se, portanto, que além da simples indicação da rubrica orçamentária de onde
irá originar-se o recurso para fazer frente à despesa a ser gerada pelo contrato,
condição já imposta pela Lei 8.666/93, a LRF impõe, ademais, a juntada aos autos do
processo de licitação ou de contratação direta da estimativa do impacto
orçamentário-financeiro e da declaração do ordenador de despesa aqui referidos.
Essas duas providências constituem condição prévia para o “empenho e licitação de
serviços, fornecimento de bens ou execução de obras”, nos termos do art. 16, § 4º,
da LRF.
31
in Curso de Direito Administrativo, Belo Horizonte: Editora Fórum, ano 2007, p. 466.
31
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
Todas essas exigências impostas pela LRF somente serão dispensadas para a
despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes
orçamentárias.”
É pressuposto para instauração da licitação a existência simultânea de previsão na
lei orçamentária, como determinado pelo inciso III, do § 2º do art. 7º e art. 14 da Lei nº
8.666/93, c/c art. 30, inciso IV do Decreto nº 5.450/2005, e a realização das receitas e
despesas (Lei Complementar nº 101, de 4-05-2000 – LRF), de modo a permitir inferir a
possibilidade de disponibilidade efetiva dos recursos necessários.
A ausência da declaração prevista no art. 16 da LRF32 e constatado lesão aos
interesses coletivos enseja imputação de responsabilidade ao agente omisso.
A criação de qualquer despesa exige a declaração do ordenador de despesa de que
a obrigação compatibiliza-se orçamentária e financeiramente com a legislação orçamentária.
Afasta-se assim pratica anteriormente rotineira na Administração que de modo artificial
sujeitava despesas várias a um crédito genérico, mas considerando-se o valor isoladamente
de cada despesa, de maneira que cada uma delas, individualmente, fosse inferior ao valor do
crédito orçamentário, mas o total ultrapassava em muito a previsão orçamentária.
Na lição de Marçal Justen Filho33, “(...) há um dever de previsão e acompanhamento,
que exige que cada licitação e contratação produzam a redução dos valores disponíveis nos
créditos orçamentários gerais – ainda que tal equivalha a uma espécie de empenho
antecipado”.
Há ainda a necessidade de adequação financeira da despesa da licitação, de modo
que haja submissão das estimativas de receita futura às receitas efetivamente auferidas nos
últimos exercícios (art. 12, LRF) e acompanhamento da realização da despesa (art. 9º, da
LRF). Nas palavras de Marçal Justen Filho “O ordenador de despesas tem o dever de
manifestar-se, indicando se a realização das despesas e o ritmo das receitas permitem
estimar a existência de recursos suficientes para propiciar a liqüidação oportuna das
despesas derivadas da contratação”.
O art. 15 da LRF, oportuno lembrar, dispõe que “Serão consideradas não autorizadas,
irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação
que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17”.
32
“Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da
despesa será acompanhado de:
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois
subseqüentes;
II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com
a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.
§ 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que
esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie,
realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites
estabelecidos para o exercício;
II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com
as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas
disposições.
§ 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de
cálculo utilizadas.
§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser
a lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4o As normas do caput constituem condição prévia para:
I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;
II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do art. 182 da Constituição”.
33
in Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 11ª edição, editora Dialética, p.
108-109.
34
“Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.”
35
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação
ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta
Lei, e notadamente:
(...)
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
32
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
20. Já o inc. V do art. 55 da LLCA38 impõe como cláusula necessária dos contratos
administrativos, a indicação do crédito pelo qual correrá a despesa, com definição da
classificação funcional programática e da categoria econômica.
21. Rememoro que ao tratar de assunto envolvendo esta questão a CJU-SJC emitiu o
PARECER Nº 006/2012/CJU-SJC/CGU/AGU, cuja ementa segue abaixo:
(...)”
36
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada caracterização de seu objeto e indicação dos
recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade de
quem lhe tiver dado causa.
37
Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo,
devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação
sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:
38
“Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
[...]
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática
e da categoria econômica;
[...]”
33
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
[...]
3. DOS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS
3.1. As despesas para atender a esta licitação estão programadas em dotação
orçamentária própria, prevista no orçamento da União para o exercício de 20...., na
classificação abaixo:
Gestão/Unidade:
Fonte:
Programa de Trabalho:
Elemento de Despesa:
PI:
39
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
[...]
V – o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática
e da categoria econômica.
[...]”
40
Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos.
(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
34
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
82. Nesse caso, qualquer outro órgão que pretenda participar do registro de preços
deverá encaminhar o seu planejamento da contratação - que, basicamente, preenche os
requisitos estimativa de consumo, local de entrega e cronograma de contratação -, bem como
o seu Termo de Referência, conforme dispõe o art. 6º do Decreto nº 7.892/2013, a fim de
consolidar as demandas em único Termo de Referência que será anexo da minuta de Edital
de licitação. Sobre esse pormenor, é importante frisar que o regulamento do SRP incentiva a
realização desse procedimento, para que os órgãos públicos otimizem os recursos
administrativos disponíveis para a aquisição de bens e contratação de serviços para atender
mais de um órgão ou entidade.
§ 1º Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços, obras
e outros meios de que se serve a administração pública para consecução dos seus fins. (Veto
rejeitado no D.O. 05/05/1964)
§ 2º Para efeito de classificação da despesa, considera-se material permanente o de duração
superior a dois anos.
35
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
83. No tocante à minuta de Edital, é importante reiterar que a adoção desse parecer
referenciado está condicionada ao uso das minutas de Editais e anexos para essa modalidade
licitatória sugerido pelo Grupo de Trabalho da Consultoria-Geral da União, os quais foram
revisados por essa Consultoria Jurídica da União. Também se reitera aos órgãos, como medida
de cautela, utilizar o check-list (ou Lista de Verificação) da Orientação Normativa SEGES/MPOG
nº 2, de 6 de junho de 2016, que facilitará, sob o aspecto formal, o rol de documentos que
instruem o procedimento licitatório. A adequação da modalidade licitatória deverá observar
os contornos da Lei nº 10.520/2002, regulamentada pelo Decreto nº 5.450/2005 e
subsidiariamente a Lei nº 8.666/93.
86. Como pode ser notadamente percebido, o Termo de Referência traz para o
mundo do Direito os elementos de fato colhidos no Plano de Contratação dando-lhe a
roupagem jurídica que atenda aos direitos e obrigações que resultarão no negócio jurídico a
ser celebrado, bem como as disciplinas gerais sobre a existência de recursos orçamentários,
a repartição de atribuições entre os agentes públicos envolvidos na licitação e as
consequentes sanções administrativas em razão de infrações contratuais praticadas pela
licitante vencedora. Frise-se que o Termo de Referência deve ser elaborado pelo órgão
requisitante e submetido a aprovação pela autoridade competente consoante prescreve o
inciso II e §1º do art. 9º do Decreto nº 5.450/2005.
41
Disponível em: http://www.agu.gov.br/page/content/detail/id_conteudo/244391
36
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
89. A Ata de Registro de Preços distingue-se da Ata da licitação, porque esta não
possui conteúdo obrigacional, destinando-se efetuar os registros ocorridos durante a sessão,
ao passo que a ata firma compromisso para futura contratação, especificando-se preços e
condições.42
91. A Ata de Registro de Preços a ser utilizada pelo órgão assessorado deve ser o
modelo sugerido pela AGU, que atende plenamente os contornos previstos no inciso II do art.
2º do Decreto nº 7.892/2013. Abre-se um parêntese nesse ponto específico apenas para
alertar o órgão assessorado que se houver mais de um licitante na situação prevista no inciso
II (registro de licitantes que aceitarem cotar bens com preços iguais aos do licitante vencedor
na sequência da classificação do certame, excluída a margem de preferência) serão
classificados segundo a ordem da última proposta apresentada durante a fase competitiva
(§2º do art. 11 do Decreto nº 7.892/2013). O cadastro de reserva formado por esses licitantes
será utilizado se houver necessidade de contratação de fornecedor remanescente nas
hipóteses previstas nos artigos 20 e 21 do referido decreto. 44
92. O prazo de vigência da ata não poderá ser superior a doze meses, incluídas
eventuais prorrogações, bem como não poderá alterar o quantitativo inicialmente previsto na
licitação:
42
JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Sistema de Registro de Preços e Pregão Presencial e
Eletrônico. 4ª edição, revista, atualizada e ampliada. Belo Horizonte: Fórum, 2011, p. 326.
43
JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Sistema de Registro de Preços e Pregão Presencial e
Eletrônico. 4ª edição, revista, atualizada e ampliada. Belo Horizonte: Fórum, 2011, p. 327-328.
44
Art. 20. O registro do fornecedor será cancelado quando:
I - descumprir as condições da ata de registro de preços;
II - não retirar a nota de empenho ou instrumento equivalente no prazo estabelecido pela
Administração, sem justificativa aceitável;
III - não aceitar reduzir o seu preço registrado, na hipótese deste se tornar superior àqueles
praticados no mercado; ou
IV - sofrer sanção prevista nos incisos III ou IV do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993, ou no
art. 7º da Lei nº 10.520, de 2002.
Parágrafo único. O cancelamento de registros nas hipóteses previstas nos incisos I, II e IV do caput
será formalizado por despacho do órgão gerenciador, assegurado o contraditório e a ampla defesa.
Art. 21. O cancelamento do registro de preços poderá ocorrer por fato superveniente, decorrente
de caso fortuito ou força maior, que prejudique o cumprimento da ata, devidamente comprovados
e justificados:
I - por razão de interesse público; ou
II - a pedido do fornecedor.
37
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
45
Sobre o substitutivo do contrato, remeto aos fundamentos dos itens 43 e 44 do PARECER Nº
009/2013 desta CJU-SJC.
46
Aqui, recomendo que ao definir o prazo de vigência do contrato, considere-se no planejamento
da contratação a somatória do lapso temporal de cada uma das obrigações da relação jurídica, v.g.:
data da assinatura + data limite para publicação + prazo para notificação e início da execução
contratual + prazo da execução contratual + prazos do recebimento provisório e definitivo + prazo
para apresentação da NF/Fatura + prazo para pagamento.
38
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
95. Lembre-se que deverá ser adotada a minuta disponibilizada pela Advocacia-
Geral da União, e, somente na hipótese de substituição por instrumento equivalente é que
39
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
será possível ao órgão utilizar outro modelo, desde que atenda ao disposto no art. 55 c.c. art.
62, caput, da Lei nº 8.666/93.
98. Também deve-se frisar que na hipótese de aquisição que resulte obrigação
futura ou assistência técnica, será obrigatório formalizar a relação jurídica por meio de
instrumento contratual (art. 62, §4º da Lei nº 8.666/93). Nesse sentido, o Acórdão nº 187/2007
-1ª Câmara não deixa margem a dúvidas sobre a necessidade de formalização do negócio
jurídico por instrumento contratual:
“
[..]3. Formalize instrumento de contrato nos casos de tomada de preços e sempre que
adquirir bens que necessitem de obrigações futuras do fornecedor, inclusive assistência
técnica, conforme disposição do art. 62, caput, e §4º, da Lei nº 8.666/1993.”
Fonte: TCU. Processo nº TC – 023.621/2006-3. Acórdão nº 187/2007 – 1ª Câmara.47
VIII - CONCLUSÃO
47
JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Vade-Mécum de Licitações e Contratos. 5ª edição revista,
atualizada e ampliada. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 883 e 886.
48
“Não é função do Órgão Consultivo, após expressar seu juízo conclusivo de aprovação acerca das
minutas de editais e contratos, em cada caso concreto, pronunciar-se, posteriormente, para
fiscalizar o cumprimento das recomendações ofertadas.
Sempre que necessário, o conteúdo de alteração de cláusulas editalícias ou contratuais deve ser
sugerida pelo Advogado Público.”
40
Continuação do PARECER No 009/2017/CJU-SJC/CGU/AGU
É o parecer.
De acordo:
41