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Devorando a alma dos alemães: o sutil magnetismo social do Führer

Führer:
em alemão, "condutor", "guia", "líder" ou "chefe". Deriva do verbo führen “para conduzir”. Embora a
palavra permaneça comum no alemão, está tradicionalmente associada a Adolf Hitler, que a usou para
se designar líder da Alemanha Nazista.

Encontravam-se agora em um apart-hotel, Julio Verne e Katherine. Consternados e abatidos com o


isolamento social, ainda mais Kate. Julio sentia-se frágil, incapaz de produzir, sentia saudades das aulas
e dos amigos. Chega a citar que, não nascera para o luxo que o apart trazia, e sim que nascera para as
ideias. E ali, chegando também a haver uma discussão entre os dois, Julio questiona se Katherine
deveria realmente estar ao lado dele, um simples professor, enquanto poderia estar nos braços de
algum outro homem. Por fim o assunto chega ao fato de que o aniversário de casamento dos dois seja
no dia seguinte, que também é o mesmo dia do Encontro Nacional de Psicólogos Sociais e Cientistas
Políticos, um encontro na qual Julio fora convidado para falar sobre “O Magnetismo Social de Hitler
Cativando o Inconsciente Coletivo”. Encontro esse que Julio pensava ter tido sua presença desmarcada
por Katherine, como ele próprio havia pedido. Mas acontecendo que ela não tinha o feito, os dois
imploraram a Billy que armasse um plano e os protegesse para que pudessem ir à Conferência.

No dia do discurso:

"Hitler penetrou no inconsciente coletivo da sociedade alemã com uma refinada propaganda
pseudoafetiva de massa, jamais vista na história."

Paul toma fala e diz discordar, dizendo que Hitler usou de terror e uso de armas.

"Paul, que bom que você está presente, e obrigado pela sua discordância. Sem dúvida, o emprego das
armas, em especial pela SS, pela SA e pela Gestapo, para eliminar qualquer opositor nos bastidores do
regime, começando pelos marxistas, criou um silêncio mordaz. Mas o flerte que esse ditador usou
para seduzir a sociedade não foi linear, porém multiangular. Ele alavancou a economia investindo
poderosamente no rearmamento das forças armadas. Diminuiu o número de desempregados. Atacou
o Tratado de Versalhes. Usou símbolos místicos para cativar as religiões. Procurou a unidade política
numa Alemanha fragmentada. Tudo isso contribuiu para a supremacia hitleriana. Contudo, outras
poderosas armas foram apontadas, mas não destacadas, pelos historiadores, até porque envolvem os
meandros da psicologia social, e que tiveram uma importância vital para Hitler cativar sorrateiramente
o inconsciente coletivo da sociedade alemã. Alguém pode me apontar alguma? O “ensopado de
domingo”. O “ensopado de domingo” foi instituído pelo nazismo em outubro de 1933, portanto dez
meses depois do início do seu governo. No primeiro domingo dos meses de outubro a fevereiro, as
famílias alemãs das classes média e rica foram encorajadas a se alimentar somente de um ensopado
com poucos ingredientes, e a economia gerada por esse sacrifício era coletada de casa em casa para
auxiliar os pobres nos meses subsequentes, de novembro a março, quando o inverno chegasse. Havia
7 milhões de desempregados, um caos social. A nação se envolveu coletivamente num clima de
solidariedade patrocinado pelos nazistas."
Dr. Herbert professor e doutor em ciências sociais, levantou-se e comentou: "Desconhecia esses fatos,
mas foi incrível a habilidade desse homem para sequestrar o afeto da sociedade. Fico imaginando a
cena dos pais tendo de explicar aos filhos as causas e os objetivos daquele pequeno sacrifício."

"É de se imaginar ainda que milhões de pobres ficaram agradecidos com a ajuda que emanava da
sociedade, que criou uma rede de fraternidade, ainda que superficial. E mesmo que essa política não
tenha tido nenhuma eficácia para eliminar a pobreza, foi um grande golpe de propaganda" comentou
Michael, um especialista em marketing social.

"O partido de Hitler não tinha sido majoritário nas eleições. E Hitler tornou-se chanceler por meio de
manobras políticas. Muitos políticos tradicionais esperavam que o bizarro Hitler caísse em breve por
sua falta de habilidade política, mas num golpe ele começou a penetrar em todos os lares alemães e,
mais que isso, na alma deles, inclusive na das crianças e adolescentes."

O lobo e o cordeiro habitavam na mesma mente. A mesma mão que acariciava era a que matava.

"Vejam os efeitos do marketing de Hitler no território da emoção das crianças, numa época em que
não havia televisão. Analisem esta carta, produzida em 19 de abril de 1934 — disse o professor:

Caro senhor chanceler do Reich, Adolf Hitler,

Nós, meninos e meninas hitleristas, não queremos deixar de expressar nossos mais sinceros votos de
felicidade no dia do seu aniversário. Desejamos, de todo o coração, que Deus lhe dê muitos e muitos
anos de vida, para que possamos nos tornar, sob seu governo, autênticos e

corajosos alemães, e para que possamos desfrutar das suas obras na Alemanha recém despertada,
debaixo do sol brilhante da sua magnífica vitória [...]. Soubemos que o senhor é o padrinho de todo
sétimo filho. Mas como vai demorar demais para nós [eles eram apenas cinco irmãos], e já que não
somos batizados e queremos ser seus afilhados, pedimos que o senhor consagre nosso sentimento
divino por meio do batismo e se torne o padrinho de todos nós. O senhor vai atender nosso desejo?
Por favor, por favor! Seus jovens congratulantes, que o adoram sobre todas as coisas: Gerhad, 11 anos;
Horst, 8 anos; Evi, 5 anos; Dietrich, 3 anos; Sigfried, 2 anos."

Isaac, professor de sociologia de uma importante universidade em Jerusalém perguntou: "Como pode
um líder que estabeleceu o ensopado de domingo e que, aparentemente, pensava na fome dos pobres
alemães, ser o financiador dos campos de concentração que esmagaram de fome milhões de judeus e
outros seres humanos? Que homem é esse que apadrinhou as crianças arianas das famílias numerosas
e, ao mesmo tempo, foi capaz de levar à morte impiedosamente 1 milhão de crianças e adolescentes
judeus? Que mente é essa?"

Depois de discussões sobre marketing, uma mulher na plateia levantou-se e disse: O voto é
poderosíssimo durante as eleições, e não depois delas. A inteligência é saber quando exercê-lo. Ou
seja, Hitler estava apenas preparando todo o terreno. A mulher ainda acrescentou que, é muito fácil
para uma sociedade eliminar um candidato, e muito difícil eliminar um ditador. Os portões da
Alemanha estiveram abertos para a emigração e foram poucos os que saíram. Chegaram também
ao tema do rádio, que foi usado como um grande golpe de marketing fazendo alcançar diversos
alemães.
Os participantes do evento perceberam que a conferência sobre o magnetismo social de Hitler possuía
um leque tão amplo que tinha grandes implicações para o futuro da espécie. Goebbels, o “gênio” do
marketing político, tinha um plano. Tal plano previa a utilização mais ampla possível do rádio, uma
massificação “que nossos adversários não têm sabido explorar...”, escrevia o chefe da Propaganda.
Ele queria que Hitler fizesse seus discursos em todas as cidades dotadas de emissoras de rádio para
atingir o maior número possível de alemães. Mas os discursos deveriam romper o cárcere do
tecnicismo político e ganhar ares de um artista plástico.

— São de Goebbels estas palavras — disse o professor:

Nós transmitiremos as mensagens radiofônicas para o meio do povo e daremos assim ao ouvinte uma
imagem plástica do que acontece durante nossas manifestações. Eu mesmo farei uma introdução para
cada discurso do Führer, na qual tentarei transmitir aos ouvintes o fascínio e o clima geral de nossas
manifestações coletivas.

Continuando, disse ainda:

— E Albert Speer, o arquiteto e grande amigo de Hitler, confirma em suas memórias:

Por meio de recursos técnicos como o rádio e o megafone, 80 milhões de pessoas foram privadas da
sua liberdade de opinião. Por conseguinte, foi possível submetê-las à vontade de um único homem.

E também:

— Quem olha para as atitudes de Goebbels poderia achar que outrora ele não fora uma mente
independente. Mas se engana. O Partido Nazista voltou à legalidade em 1925, e Goebbels foi um dos
primeiros a filiar-se. No começo, vivia em atrito com Hitler: “Exijo que esse pequeno burguês Adolf
Hitler seja expulso do partido”. Depois anotara em seu diário: Estou exausto. Quem é esse Hitler,
afinal? Um reacionário? Extremamente inábil e volúvel?...Itália e Inglaterra são nossas aliadas
naturais... Nossa tarefa é aniquilar o bolchevismo, mas o bolchevismo é uma invenção dos judeus...

Katherine disse ainda:

"Uns têm habilidade para adestrar animais, outros, mentes humanas. Adolf Hitler tinha habilidade
para adestrar homens que antes eram mentes independentes. Anos depois, Goebbels tornou-se
apenas uma sombra do Führer."

Devido à avançada hora, o professor sintetizou as características do marketing político e dos discursos
eletrizantes de Hitler, que alicerçavam seu magnetismo social:

"1) Tonalidade imponente e teatral da voz; 2) utilização de frases de efeito; 3) supervalorização da


crise social e econômica; 4) propagação contínua da ameaça comunista, o que causava pânico nos
empresários e produzia uma adesão histérica ao Führer; 5) lembrança constante da humilhação
sofrida na Primeira Guerra Mundial; 6) excitação até o ódio aos inimigos da Alemanha, em especial
marxistas e judeus; 7) promoção exaustiva da raça ariana e da autoestima do povo alemão; 8)
exaltação do nacionalismo e de sua postura como o alemão dos alemães; 9) utilização exagerada das
suas origens humildes; 10) verborreia — necessidade neurótica de falar, expressa por monólogos
intermináveis."

Após esse comentário, Anna, doutora em ciências da educação, fez este comentário: "A conclusão a
que cheguei, professor e diletos colegas, e que me deixa abaladíssima, é que, antes de devorar os
judeus, Hitler devorou o psiquismo dos alemães..."

Para encerrar sua fala, ele comentou o magnetismo de Hitler exibido nas inaugurações e nos shows
militares, capazes de gerar um delírio de grandeza:

— A argúcia de Hitler saía do rádio e ia para as ruas. Ele era um especialista em lançar pedras
fundamentais e colocar primeiras pás em obras que iriam iniciar. E fez escolas para muitos políticos. E
sua notável capacidade de autopromoção também ganhava ares nas forças armadas. Hitler reunia
dezenas de milhares de soldados nas grandes praças, que faziam performances espetaculares. Um
perfeccionismo rítmico e um exibicionismo que suplantavam os grandiosos espetáculos da atualidade.

E continuou:

— O ponto alto das exibições do regime eram as Honras Fúnebres, quando Hitler atravessava fileiras
gigantescas de milhares de soldados rigorosamente organizados. A portentosa homenagem aos que
tombaram excitava o cérebro de quem os contemplava, gerando uma comoção fortíssima,
provocando o instinto de lutar. A debilitada Alemanha despertava para seu gigantismo. Os shows
militares tornaram-se grandes peças de marketing. Feitos ao ar livre, em horários tais que
combinavam um jogo de luz e sombra, objetivavam dar contornos messiânicos à imagem do Führer”,
disse ainda o professor, no fim de sua exposição.

E completou:

— Essa é uma breve história da sofisticadíssima propaganda imprimida por um simples soldado que
quinze anos depois de perder a Primeira Guerra Mundial se tornou chanceler e dominou generais e
marechais, deixando o mundo assombrado. Sem sua virulência e seus golpes no inconsciente coletivo,
patrocinados por seu marketing de massa, nunca sairia do anonimato. O melhor de Hitler era seu
desempenho como ator, pois, como ser humano, era ególatra, radical, instável, parcial, agressivo,
explosivo, exclusivista, amante de bajuladores, avesso a críticas e ao diálogo. Adolf Hitler queria
inscrever seu nome no concerto das nações e gravar com chamas seu nome na história. O homem que
teve a ambição de Alexandre, o Grande, a habilidade de discursar de Júlio César e a sede de poder de
Napoleão Bonaparte desconhecia que a vida humana, por mais longa que seja, é como a brisa que
sorrateiramente aparece e logo se dissipa aos primeiros raios solares do tempo.

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