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A ESTRUTURA DE UMA CIDADE COMO ELEMENTO INIBIDOR DE CRIMES: O


CASO DE CACHOEIRA DO SUL

Ivan Soares de Almeida¹

Lucas Dos Anjos Pacheco¹

RESUMO

A aplicabilidade deste artigo se dá na cidade de Cachoeira do Sul, ao longo de três


meses do primeiro semestre de 2018. Com este recorte, já fora possível identificar os
elementos necessários para o estudo. O objetivo foi apontar os elementos morfológicos
urbanos responsáveis por contribuir para as ocorrências criminosas, e através de uma
comparação a partir da área central da cidade, ficam claros os espações positivos em
detrimento de outros segregados. Para tal, os crimes obtidos na Delegacia Regional, foram
georreferenciados para análise espacial, e com isso observar os fatores que influenciam na
cidade e, como a carência de instrumentos espaciais básicos faz com que a cidade sofra alta
incidência de ações criminosas.

Palavras-chave: Crime; Jane Jacob; Espaço.

INTRODUÇÃO

Tudo começa a partir de uma problemática, seja ela qual for. Neste caso, a questão a ser
discutida gira em torno dos crimes ocorridos na cidade de Cachoeira do Sul- RS. Entretanto,
realizou-se um filtro obtendo somente os crimes de roubo/ furtos contra a pessoa ou
patrimônio. Estes crimes podem ser facilmente influenciados pelo meio em que acontecem, e
ainda conta com diversos fatores que envolvem a mente de quem comete delitos. Estes fatores
podem ser físicos e espaciais, bem como questões sociais, econômicas e históricas de uma
região. Entretanto, questões muito amplas da cidade não serão tratadas aqui. O intuito deste
artigo é atingir a micro região a partir de uma visão macro da cidade, isto é, utilizar uma
escala ampliada e, posteriormente focar em pequenas regiões nas quais os crimes acontecem.

1- Discentes do curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Universidade Federal de Santa Maria – CS.
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A análise que segue, tem forte influência dos estudos da escritora norte americana
Jane Jacobs. Em seus trabalhos, a autora cita como a segurança das ruas está diretamente
ligada ao uso delas pelas pessoas (Jane Jacobs, 2015). No entanto, este espaço na cidade
precisa ser convidativo. Esta forma de juntar a cidade às pessoas, Jane Jacobs descreve em seu
livro Morte e Vida de Grandes Cidades como “os olhos da rua”.(Jane Jacobs, 2014). Partindo
desse pressuposto, este artigo busca analisar onde os crimes acontecem, e quais fatores estão
diretamente ligados a estes locais.

Vale salientar que, o conteúdo aqui estudado não possui base científica aplicada.
Sendo assim, os elementos textuais e figurativos anexados, possuem caráter analítico para
uma futura intervenção, sem que fossem testados de fato. Entretanto, os dados apresentados
possuem poder cientifico se associado a vivencia da cidade, a compreensão e observação de
como ela funciona. Muitos problemas possuem certa resistência em ser resolvido para se
atingir um espaço adequado. E ainda, problemas “invisíveis” como economia local, cultura e
população, podem dificultar a solução dos problemas relacionados aos espaços na cidade.
Ademais, os estudos que seguem, tem como objetivo fomentar a discussão sobre como olhar a
cidade, e como seus elementos podem estar relacionados a outros com grande poder de
interferência nas cidades, sobretudo em Cachoeira do Sul.

1. METODOLOGIA

O primeiro passo consistiu em obter os dados na 20ª Delegacia de Policia Civil de


Cachoeira do Sul. Este banco de dados conta com a tipificação da ocorrências, bem como,
seus respectivos horários, e endereços. Após, estes dados foram lançados em uma planilha no
Software de planilha Excel ® (Microsoft Corporation, 2016), acrescentando a coordenada de
cada ocorrência. O último passo foi lançar estas coordenadas no Software de SIG da
ArcGis®(Enviromental Systems Research Institute - ESRI Inc., 2010), e com isso, obtêm-se
diversos mapas.

Para o estudo em questão, foram selecionados somente os crimes de furto e/ou roubo
contra a pessoa, comércio e residência. Estes foram escolhidos pelo fato de serem mais
facilmente influenciados pelo meio em que acontecem, mesmo sabendo que outros fatores
externos podem influenciar, tais como fatores econômicos e sociais, na qual não serão
abordados neste artigo.
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Segundo o Art. 155 do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de Setembro de


1940) “furto simples é subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. Existe ainda o
furto qualificado, que ocorre quando o ato de delito provoca destruição ou rompimento de
obstáculo para consumação do furto, quando executado por mais de duas pessoas, possuir
explosivos e/ou uso de chaves falsas (BRASIL, Cap. I). No Art. 157 do mesmo Código Penal
(Decreto-Lei Nº 2.848, de Setembro de 1940) “roubar é subtrair a pessoa alheia, para si ou
outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzindo a possibilidade de resistência” (BRASIL, Cap. II). Vale salientar que o furto,
por não possuir como característica a violência física, ele pode estar sujeito a tal.

Figura1: Fluxograma da Metodologia. Fonte: Elaborada pelos Autores.


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2. A DISCREPÂNCIA ESPACIAL

Para que os espaços sejam úteis, a cidade precisa oferecer comodidade, suas ruas
precisam ser atraentes. O elemento principal são as calçadas. Estas tem importância na cidade,
pois é nelas que acontece toda a vida das ruas, encontros e fluxos. Esta estrutura – pessoas
como elemento de segurança – pode ser desenhada como um ciclo. Um local com fluxo
ininterrupto de pessoas tende a ser mais seguro, e essa movimentação atrai moradores a
olharem para ela (JACOB, 2014).

O mapa da figura 2 permite observar como o período da noite – período com menor
índice de comércios abertos – possui maior discrepância nas ocorrências e seus locais. Foram
delimitados no mapa regiões do centro da cidade que possuem alta movimentação de pessoas
neste mesmo período, a saber, Aquece Pub; Posto Best Point; a Rua Sete de Setembro no
trecho entre Praça Honorato e o Orlando Plaza Shopping; Posto da “cinco esquina”; parte da
Av. Brasil; região da Hype Club; proximidades da casa noturna Casa Nova e; na rua Júlio de
Castilhos no trecho entre cruzamento com a Juvêncio Soares e a Praça Honorato. Dentro

Figura 2: Relação da alta movimentação de pessoas x ocorrências noturnas. Fonte: Elaborada pelos Autores.
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dessa área foram contabilizados apenas 4 ocorrências , sendo 3 furtos e 1 roubo. Já fora dela,
foram 66 ocorrências, sendo 34 furtos e 7 roubos. Isto permite observar a grande diferença
entre roubo e crime, isto é, a maior dificuldade de se executar o roubo, em detrimento do
furto. E ainda, traz a conclusão de que, onde se tem maior movimentação de pessoas, têm-se
mais segurança.

No período diurno (figura 3) obtendo este mesmo padrão, o número de ocorrências


na área de alta movimentação de pessoas sobe para 15, sendo 14 furtos e 1 roubo. Quando
comparado à outra área, este valor sobe para 29, sendo todos furtos.

Figura 3: Relação da alta movimentação de pessoas x ocorrências diurnas. Fonte: Elaborada pelos Autores.

Pode-se observar também, que o furto muitas vezes é atraído por alta movimentação
de pessoas ou comércio, uma vez que este tipo de crime não envolve ameaça à vítima. Sendo
assim, outros fatores podem ser inseridos a fim de inibir tais crimes, como câmeras de
segurança e melhora do policiamento.
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3. A CATEGORIA DAS VÍTIMAS

É possível ainda subdividir os crimes ocorridos em categorias, para que se possa


identificar onde eles mais ocorrem e em que períodos são mais frequentes. Os mapas das
figuras 3 e 4 apresentam como essas categorias se distribuem no espaço de acordo com seus
respectivos períodos.

Figura 4: Categorias das ocorrências noturnas. Fonte: Elaborada pelos Autores.

Comparando os dois mapas, é possível observar como as ocorrências em comércio,


acontecem com maior intensidade justamente no período em que estão fechados (noturno).
Isto pode significar que não só elementos eletrônicos inibem ações criminosas, mas também
as pessoas que usam o espaço.

Contra as residências, os números se destoam bastante quando comparado aos dois


períodos, são 20 ocorrências noturnas, contra 8 diurnas em toda a cidade. Isso mostra como a
movimentação de pessoas na rua – durante o dia – pode estar contribuindo para a redução
desses números.
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Figura 5: Categorias das ocorrências diurnas. Fonte: Elaborada pelos Autores.

É importante reparar que os crimes contra a pessoa possui maior diferença quando
muda o período. Durante o dia, os crimes acontecem de forma mais aglomerada. Já no
período noturno, eles se espalham para a periferia da cidade. São 35 ocorrências no período
diurno, contra 47 noturnas. Estes números não apresentam uma grande diferença. No entanto,
se compará-lo aos crimes contra residência e comércio, os crimes contra a pessoa são altos,
uma vez que, existem menos “barreiras”, sobretudo nos crimes tipificados como furto.

4. ZONA URBANA X ZONA RUAL

Nos gráficos abaixo é possível observar como os elementos citados neste artigo são
de fundamental importância no contexto urbano. Sobretudo pelo fato de 37% das ocorrências
acontecerem na zona rural (gráfico 3). Esta região quase sempre é carente de qualquer
estrutura física – pavimentação das ruas, iluminação, comércios, fluxo de pessoas –
necessária. E ainda, nos gráficos 1 e 2, fica claro como os crimes ocorrem longe das zonas de
movimento e relação pessoal, simplesmente pelo fato da maior incidência de crimes acontecer
no período noturno.
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Gráfico 1: Ocorrências no período noturno

OCORRÊNCIAS NOTURNAS
80

60
Ocorrências 64
40
37 Série1
20

0
RURAL URBANA
Região

Fonte: Elaborada pelo Autor

Gráfico 2: Ocorrências no período diurno

OCORRÊNCIAS DIURNAS
60
50 55
Ocorrências

40
30
33
20 Série1
10
0
RURAL URBANA
Região

Fonte: Elaborada pelo Autor


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Gráfico 3: Índices gerais de ocorrências

TOTAL DE OCORRÊNCIAS X REGIÃO


200 189
180
160
140
120 119
100
80 70 Série1
60
40
20
0
OCORRÊNCIAS OCORRÊNCIAS TOTAL DE
RURAIS URBANAS OCORRÊNCIAS

Fonte: Elaborada pelo Autor

CONCLUSÃO

A cidade tem forte influencia sobre seus habitantes. Se o modo como ela é
organizada pode inibir ou não os crimes, este fator pode então estar relacionado aos elementos
que a competem. O estudo apresentou ainda, números distantes entre si quando comparado
ocorrências de furtos e roubos. São 102 furtos contra 13 roubos. Essa realidade pode ter
ligação com a própria cidade que inibi esse time de crime.

Outra análise conclusiva pode-se fazer em torno da comparativa entre as áreas de


maior movimento em detrimento das demais. Neste cenário, é evidente como a quantidade de
pessoas em um local influencia na sua segurança, principalmente no período noturno. O
estudo deste artigo pode servir a outros com maior profundidade, e com um recorte maior que
três meses, com isso aproxima-se ainda mais o detalhamento da análise. O intuito também
está relacionado a intervenções na escala micro, isto é, melhorar um espaço na menor
dimensão, em detrimento de um todo.
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REFERÊNCIAS

JACOB, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. 3ª ed. WMF Martins Fontes, São Paulo,
2014.

BRASIL, Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de Setembro de 1940. Código Penal Brasileiro.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 26 de Nov. 2018.

MapCoodinates. Disponível em: <http://www.mapcoordinartes.net/pt>. Acesso em: 26 De


Nov. de 2018.

20ª DELEGACIA DA POLÍCIA CIVIL. Relatório dos crimes ocorridos na cidade.


Cachoeira do Sul, 2018. Material impresso fornecido pelo agente da instituição.

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