RESUMO
INTRODUÇÃO
Tudo começa a partir de uma problemática, seja ela qual for. Neste caso, a questão a ser
discutida gira em torno dos crimes ocorridos na cidade de Cachoeira do Sul- RS. Entretanto,
realizou-se um filtro obtendo somente os crimes de roubo/ furtos contra a pessoa ou
patrimônio. Estes crimes podem ser facilmente influenciados pelo meio em que acontecem, e
ainda conta com diversos fatores que envolvem a mente de quem comete delitos. Estes fatores
podem ser físicos e espaciais, bem como questões sociais, econômicas e históricas de uma
região. Entretanto, questões muito amplas da cidade não serão tratadas aqui. O intuito deste
artigo é atingir a micro região a partir de uma visão macro da cidade, isto é, utilizar uma
escala ampliada e, posteriormente focar em pequenas regiões nas quais os crimes acontecem.
1- Discentes do curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Universidade Federal de Santa Maria – CS.
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A análise que segue, tem forte influência dos estudos da escritora norte americana
Jane Jacobs. Em seus trabalhos, a autora cita como a segurança das ruas está diretamente
ligada ao uso delas pelas pessoas (Jane Jacobs, 2015). No entanto, este espaço na cidade
precisa ser convidativo. Esta forma de juntar a cidade às pessoas, Jane Jacobs descreve em seu
livro Morte e Vida de Grandes Cidades como “os olhos da rua”.(Jane Jacobs, 2014). Partindo
desse pressuposto, este artigo busca analisar onde os crimes acontecem, e quais fatores estão
diretamente ligados a estes locais.
Vale salientar que, o conteúdo aqui estudado não possui base científica aplicada.
Sendo assim, os elementos textuais e figurativos anexados, possuem caráter analítico para
uma futura intervenção, sem que fossem testados de fato. Entretanto, os dados apresentados
possuem poder cientifico se associado a vivencia da cidade, a compreensão e observação de
como ela funciona. Muitos problemas possuem certa resistência em ser resolvido para se
atingir um espaço adequado. E ainda, problemas “invisíveis” como economia local, cultura e
população, podem dificultar a solução dos problemas relacionados aos espaços na cidade.
Ademais, os estudos que seguem, tem como objetivo fomentar a discussão sobre como olhar a
cidade, e como seus elementos podem estar relacionados a outros com grande poder de
interferência nas cidades, sobretudo em Cachoeira do Sul.
1. METODOLOGIA
Para o estudo em questão, foram selecionados somente os crimes de furto e/ou roubo
contra a pessoa, comércio e residência. Estes foram escolhidos pelo fato de serem mais
facilmente influenciados pelo meio em que acontecem, mesmo sabendo que outros fatores
externos podem influenciar, tais como fatores econômicos e sociais, na qual não serão
abordados neste artigo.
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2. A DISCREPÂNCIA ESPACIAL
Para que os espaços sejam úteis, a cidade precisa oferecer comodidade, suas ruas
precisam ser atraentes. O elemento principal são as calçadas. Estas tem importância na cidade,
pois é nelas que acontece toda a vida das ruas, encontros e fluxos. Esta estrutura – pessoas
como elemento de segurança – pode ser desenhada como um ciclo. Um local com fluxo
ininterrupto de pessoas tende a ser mais seguro, e essa movimentação atrai moradores a
olharem para ela (JACOB, 2014).
O mapa da figura 2 permite observar como o período da noite – período com menor
índice de comércios abertos – possui maior discrepância nas ocorrências e seus locais. Foram
delimitados no mapa regiões do centro da cidade que possuem alta movimentação de pessoas
neste mesmo período, a saber, Aquece Pub; Posto Best Point; a Rua Sete de Setembro no
trecho entre Praça Honorato e o Orlando Plaza Shopping; Posto da “cinco esquina”; parte da
Av. Brasil; região da Hype Club; proximidades da casa noturna Casa Nova e; na rua Júlio de
Castilhos no trecho entre cruzamento com a Juvêncio Soares e a Praça Honorato. Dentro
Figura 2: Relação da alta movimentação de pessoas x ocorrências noturnas. Fonte: Elaborada pelos Autores.
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dessa área foram contabilizados apenas 4 ocorrências , sendo 3 furtos e 1 roubo. Já fora dela,
foram 66 ocorrências, sendo 34 furtos e 7 roubos. Isto permite observar a grande diferença
entre roubo e crime, isto é, a maior dificuldade de se executar o roubo, em detrimento do
furto. E ainda, traz a conclusão de que, onde se tem maior movimentação de pessoas, têm-se
mais segurança.
Figura 3: Relação da alta movimentação de pessoas x ocorrências diurnas. Fonte: Elaborada pelos Autores.
Pode-se observar também, que o furto muitas vezes é atraído por alta movimentação
de pessoas ou comércio, uma vez que este tipo de crime não envolve ameaça à vítima. Sendo
assim, outros fatores podem ser inseridos a fim de inibir tais crimes, como câmeras de
segurança e melhora do policiamento.
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É importante reparar que os crimes contra a pessoa possui maior diferença quando
muda o período. Durante o dia, os crimes acontecem de forma mais aglomerada. Já no
período noturno, eles se espalham para a periferia da cidade. São 35 ocorrências no período
diurno, contra 47 noturnas. Estes números não apresentam uma grande diferença. No entanto,
se compará-lo aos crimes contra residência e comércio, os crimes contra a pessoa são altos,
uma vez que, existem menos “barreiras”, sobretudo nos crimes tipificados como furto.
Nos gráficos abaixo é possível observar como os elementos citados neste artigo são
de fundamental importância no contexto urbano. Sobretudo pelo fato de 37% das ocorrências
acontecerem na zona rural (gráfico 3). Esta região quase sempre é carente de qualquer
estrutura física – pavimentação das ruas, iluminação, comércios, fluxo de pessoas –
necessária. E ainda, nos gráficos 1 e 2, fica claro como os crimes ocorrem longe das zonas de
movimento e relação pessoal, simplesmente pelo fato da maior incidência de crimes acontecer
no período noturno.
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OCORRÊNCIAS NOTURNAS
80
60
Ocorrências 64
40
37 Série1
20
0
RURAL URBANA
Região
OCORRÊNCIAS DIURNAS
60
50 55
Ocorrências
40
30
33
20 Série1
10
0
RURAL URBANA
Região
CONCLUSÃO
A cidade tem forte influencia sobre seus habitantes. Se o modo como ela é
organizada pode inibir ou não os crimes, este fator pode então estar relacionado aos elementos
que a competem. O estudo apresentou ainda, números distantes entre si quando comparado
ocorrências de furtos e roubos. São 102 furtos contra 13 roubos. Essa realidade pode ter
ligação com a própria cidade que inibi esse time de crime.
REFERÊNCIAS
JACOB, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. 3ª ed. WMF Martins Fontes, São Paulo,
2014.