Brincando
GUIA DIDÁTICO
de Música
APRESENTAÇÃO Brincando de Música 2
INTRODUÇÃO
Brincando de Música I
A música é uma expressão artística que envolve fas educativas e vínculos afetivos. Nesse momen-
uma série de teorias e fórmulas. Mas experimen- to da vida marcado pelas constantes descobertas,
tar a música – ouvi-la e perceber os sinais que musicalizar representa a oportunidade de apri-
transmite – é uma ação essencialmente sensorial. morar a inteligência, a autoestima e os canais pa-
É por isso que toda atividade de musicalização ou ra expressar sentimentos e emoções.
de familiarização com a linguagem musical preci-
sa estabelecer comunicações com nossos senti- Podemos pensar que a música é como uma ami-
dos, para nos tornar cada vez mais sensíveis ao zade, cuja intimidade vai sendo cultivada com o
fenômeno dos sons. convívio. O papel do professor é fundamental
nesse caminho, pois articula o potencial de cada
A escola é o espaço ideal para realizar atividades criança com práticas musicais coletivas. Para rea-
de musicalização por muitos motivos. É nela que lizar bem essa função, não existe outro segredo
encontramos as crianças reunidas em um mes- além de buscar despertar, sempre, o prazer de fa-
mo lugar e por longo tempo, desenvolvendo tare- zer e desfrutar a música em conjunto.
INTRODUÇÃO BRINCANDO DE MÚSICA I Brincando de Música 3
Exercício 1
Que tal propor às crianças que sintam seu pró-
prio batimento cardíaco e que caminhem pe-
Pulso deve
la sala de aula de acordo com o que estão ou-
vindo? Mesmo que esses batimentos não sejam
ser sempre
iguais para cada um, eles seguirão um movimen- constante e
regular.
to constante ao redor do espaço.
Exercício 3
Podemos achar dentro da sala de aula mais ele-
mentos que remetam a essa ideia de pulso? Um
relógio! É possível reproduzir o som do tic-tac do
relógio? Dá para diferenciar o som do tic do som
do tac? Temos outros objetos que podemos usar
para exemplificar um pulso uniforme?
Exercício 2
Que tal agora sugerir que as crianças sintam o
pulso do colega ao lado e reproduzam, como qui-
serem, o que estão ouvindo desses batimentos
cardíacos? Eles são iguais ao dela? São mais for-
tes? São mais fracos?
Exercício 4
Motive o grupo a procurar variações de sons de
acordo com o que encontram dentro da sala de
aula, como bater as mãos na mesa, na parede,
percutir com o lápis sobre a cadeira, etc. Ou ain-
da: o som do tic mais forte que o som do tac, o tic
feito com a mão e o tac com o pé, ou mesmo uti-
lizando os móveis que possam produzir som. Se-
rá mais fácil identificar o ritmo associando cada
pulsação encontrada a essas diferentes intensi-
dades sonoras.
PARTE 1 BRINCANDO DE RITMO Brincando de Música 5
Exercício 5
Agora vamos tentar entender de outra maneira bem definidas o momento de cada pulso. Ou en-
como funciona esse “coração” da música. Dese- tão recorte do nosso material complementar,
nhe com as crianças cartões que representem exemplos para usar em aula. Essa leitura pode
um eletrocardiograma, marcando com bolinhas ser muito divertida!
Brincando de Música
PARTE 1 BRINCANDO DE RITMO Brincando de Música 6
Esse é um exercício básico para entendermos a exemplo, para a palavra BO-LO, damos apenas
noção de subdivisão. Ele fica muito mais anima- um passo, mas cantamos dois sons. Para a pa-
do quando usamos palavras escolhidas pelos alu- lavra CHO-CO-LA-TE, marcamos um pulso tam-
nos com uma, duas ou quatro sílabas! Vamos ver bém, mas cantamos quatro sons.
um exemplo?
Quando perceber que eles já decoraram o for-
Peça aos alunos para sugerirem palavras com mato da atividade, alterne os desenhos e mude o
uma sílaba. Essas palavras vão funcionar como pulso. Sinta-se sempre livre para criar!
figuras que representam a pulsação. Quando vá-
rios exemplos forem dados, peça outras com du- Essa brincadeira pode utilizar muitos exemplos
as sílabas. Repita o processo para fazer uma cole- de palavras diferentes. Proponha aos alunos que
ção com mais tantas de quatro sílabas. as cantem. Depois de brincarem bastante, vire os
cartões e... surpresa! O que será que encontra-
O próximo passo é transformar esse grupo de mos aqui.
palavras escolhidas em cartões, com figuras que
eles mesmos podem desenhar em sala de aula. Aqueles símbolos musicais ficam bem mais fá-
Faça um caminho no chão com os cartões e pe- ceis de entender se os associamos a experiências
ça que os alunos andem ao lado dos desenhos, que fazem parte do nosso cotidiano. As palavras
sempre marcando a pulsação e cantando (ou to- têm pulso e podem ajudar a perceber a função
cando) a quantidade de sílabas das palavras. Por do tempo na música.
PÃO BO – LO CHO-CO-LA-TE
BRINCANDO DE MELODIA Brincando de Música 8
Para entender o que é o ritmo, usamos o nosso elevador de um edifício, que passa a vida a subir
corpo como referência. Para falar da melodia, va- e a descer. Como podemos imitar esse elevador e
mos pensar na ideia de casa. Imagine uma casa movimentá-lo com o som da nossa voz?
grande, muito grande. Dentro dela, muitos sons,
de todas as alturas, graves e agudos, sons fortes Exercício 1
e fracos, doces e amargos. Os sons que habitam Assuma o papel de regente e imite com os alunos
essa casa estão vagando para cima e para baixo, o som do elevador subindo e descendo, partindo
como um elevador que sobe e desce. de uma região sonora bem grave. Esse movimen-
to também pode ser reproduzido por instrumen-
Podemos imitar esses sons subindo e descendo, tos que existam na sala de aula (flauta doce, te-
saindo do grave para o agudo? Vamos imaginar o clado, xilofone de brinquedo, escaleta, etc.).
5
4
4
3
3
2
2
1
1
Estimular a compreensão da pauta musical po- ras para criar uma pauta. Convide seus alunos a
de ser mais prazeroso e eficaz quando levamos sentirem, pisarem ou manusearem os espaços e
a criança a percebê-la como um território a ser linhas onde circulam as notas. Essa brincadeira
descoberto, que será logo habitado por uma figu- fará a turma avançar bastante no processo de lei-
ra musical. Utilize cordas, barbantes ou vassou- tura musical.
BRINCANDO DE MELODIA Brincando de Música 10
BRINCANDO DE MELODIA Brincando de Música 11
BRINCANDO DE MELODIA Brincando de Música 12
Exercício 6 dos para eles. Proponha que os alunos os repre-
Com três sons (alturas) já definidos e apreendi- sentem cenicamente enquanto cantam.
dos pela turma, utilize três cordas, três fitas, três
cabos de vassoura ou o que mais a criatividade Exercício 8
permitir para representar linhas que serão pisa- A partir de agora, vamos apresentar o círculo ou
das pelos alunos. As crianças vão se deslocar pa- espiral das notas. Mesmo que os alunos não consi-
ra cima e para baixo, reproduzindo o som escu- gam decorar seus nomes de imediato, é importan-
tado. Se ele for grave, elas descem; se for agudo, te que entendam que cada uma está em uma altu-
elas sobem. ra diferente (relembre a ideia do elevador). Cante
(em vez de falar simplesmente) o nome delas, co-
Exercício 7 meçando a cada momento em uma nota para que
E se a turma escolhesse alguns animais, cujos entendam que o Dó não é a primeira de todas. As
sons pudessem compor uma música? Vamos notas fazem parte de uma espiral contínua.
continuar usando nossa pauta gigante para fixar
a organização da escrita e da leitura. Veja os ani- Dó – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá – Si – Dó
mais abaixo e imagine que sons podem ser usa-
BRINCANDO DE MELODIA Brincando de Música 13
Exercício 9
Vamos construir uma escada musical, que pode até zinhos: eles sobem e descem em relação às notas
ser feita com as diversas alturas dos alunos. Isso que vêm antes ou depois. As crianças adoram com-
vai nos ajudar a firmar a ideia de que os sons são vi- parar as notas vizinhas com seus vizinhos reais!
Entendendo as claves
e o que elas representam
É muito fácil entender a lógica das claves: elas
apenas dão nome aos sons e estipulam que têm
uma altura definida. As claves são escolhidas pa-
ra melhor representar o instrumento que será to-
cado. Usamos a clave de Sol para instrumentos
de som agudo, a clave de Dó para os de som mé-
dio e a clave de Fá para os mais graves.
Já falamos bastante sobre o ritmo e a melodia. Harmonia é a ordem que se coloca na bagunça
Agora imagine esse som, que foi retirado lá da dos sons. É ela que organiza essa mistura de al-
tal casa com elevador, passeando por qualquer turas, formas e durações, fazendo com que a mú-
altura, subindo e descendo (melodia). De repen- sica encontre texturas e efeitos muito diferentes.
te, esse som se encontra com aquela seta que o A harmonia permite que sejam criadas variações
conduz a uma certa direção, propondo durações no encontro dos mesmos sons e torna possível
variadas para ele (ritmo). que notas iguais, rearranjadas, transmitam sen-
sações e sentimentos distintos.
Qual será o resultado desse encontro? Uma me-
lodia com diversas alturas, que possuem dura- É exatamente aqui que entra em cena a figura
ções variadas, curtas e longas. Sem perceber, que dá vida a todas essas possibilidades: o com-
estamos construindo uma família de sons! Se a positor! Assim como um arquiteto pensa em uma
melodia e seu ritmo convidam novos sons a se casa e imagina as formas que ela terá, quantos
juntarem a eles, teremos colunas sólidas forman- cômodos serão importantes para aquela família
do uma grande relação de parentesco. e o que é necessário para tudo funcionar bem (a
elétrica, a hidráulica, etc.), o compositor projeta a
Encontraremos então sons que vão se misturar harmonia dos diferentes sons e combina os tim-
e interagir com outros. Como uma casa cheia de bres de cada instrumento.
gente, onde todos brincam e jogam juntos. Mas
cada um desses sons tem uma função dentro da Se o compositor pode ser visto como o arquiteto,
casa. E todos serão importantes, os que apare- o intérprete é quem vai habitar a casa projeta-
cem mais e os que aparecem menos, aqueles que da, dando a ela cor e alma.
procuram sua voz em um instrumento grave e
pesado e também aqueles que procuram por um Escolha músicas folclóricas ou do repertório in-
instrumento mais agudo ou ágil. E, assim, a festa fantil e experimente construir com seus alunos
da música está pronta para começar! maneiras novas e originais de executá-las. Lem-
bre-se de que a criança deve sempre cantar ou
tocar algum instrumento, sozinha ou em con-
junto, para que possa afinar seu ouvido interno.
A música também pode ficar mais interessan-
te com um acompanhamento, por mais simples
que ele seja: uma batida rítmica ou uma segunda
voz percorrendo a melodia. Você verá como a
espontaneidade musical das crianças produz
resultados surpreendentes!
Vamos cantar
Sugerimos dois exemplos de música cantada Na Bahia tem
com acompanhamento simples para que a crian-
ça possa entender, na prática, o que significa har- Ciranda, Cirandinha
monia.
Na Bahia tem
Voz 1 & 42 œ œ œ œ ú œ œ ú
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Na Ba - hi - a tem, tem, tem, tem Na Ba - hi - a tem, ó, mo - re - na, co - co de vin - tém Lá lá lá lá lá lá
& 42 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœœœœ
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Voz 2
Palma ã 42 œ œ œ Œ œ œ œ Œ œ œ œ Œ œ œ œ Œ Œ œœ
(suave)
Pandeiro ã 42 ∑ œ œ œ Œ œ œ œ Œ œ œ œ Œ œ Œ œ œ œ
& 42 œ œ ú œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ
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Xilofone
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Voz 1 & œœ œœ œ œœ œœ œ œ œ œœ œœ œ œœ œœ œ œœ œœ œ ú
lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá
Voz 2 & œœ œœ œ œœ œœ œ œ œ œœ œœ œ œœ œœ œ œœ œœ œ ú
lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá
Palma ã Œ œ œ Œ œ œ Œ œ œ Œ œ œ Œ œ œ Œ œ œ œ œ œ
(suave)
Pand. ã œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
& œ œ œ œ œ œ
œ œ œ œ
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Xil.
Vamos cantar
Ciranda, cirandinha
& 42 j œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ
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Voz 1
œ
Ci - ran - da, ci - ran - di - nha Va - mos to - dos ci - ran - dar Va - mos dar a mei - a vol - ta, vol - taIe mei - a va - mos
2
&4 ‰ Œ ‰ j ‰ j
œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ
Voz 2
Ci - ran - da, ci - ran - di - nha, ci - ran - dar Ci - ran - da, ci - ran - di - nha, vol - taIe mei - a va - mos
2
Palma ã 4 ‰ Œ œ Œ œ Œ œ œ Œ Œ œ Œ œ Œ œ
(suave)
Pé ou ã 42 ‰ œ Œ œ Œ œ Œ œ Œ œ Œ œ Œ œ Œ
Palma-concha
Triângulo ã 42 ‰ Ó Ó Ó œ Œ Ó Ó Ó
& 42 ‰ œ œ œ œ œ œ œœœ œ œ œ œœ œ
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Xilofone
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& œ ‰ j œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ
‰
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Voz 1
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dar OIa - nel que tu me des - te e - ra vi - droIe se que - brou O a - mor que tu me ti - nhas e - ra pou - coIe seIa - ca - bou
& œ Œ Œ ‰ j
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Voz 2
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dar OIa - nel que tu me des - te se que - brou OIa - mor que tu me ti - nhas e - ra pou - coIe seIa - ca - bou
Palma ã œ Œ Œ œ Œ œ Œ œ œ Œ Œ œ Œ œ Œ œ œ ‰
(suave)
Pé ã œ Œ œ Œ œ Œ œ Œ œ Œ œ Œ œ Œ œ Œ œ ‰
Trgl. ã œ Œ Ó Ó Ó œ Œ Ó Ó Ó œ ‰
Somos herdeiros de uma tradição musical muito ção cotidiana do professor, já que cada turma é
rica e uma de nossas funções como educadores uma oportunidade única para que se descubram
é encontrar os meios certos para que esse patri- novos usos e sentidos no mundo dos sons. Para
mônio alcance e sensibilize as novas gerações. A isso, basta que os alunos tenham contato cons-
linguagem da música, que mobiliza pessoas em tante com a música e sejam incentivados a reco-
qualquer época ou lugar, pode ser vista como uma nhecer nela uma expressão do que pensam, sen-
poderosa aliada do processo de ensino. A musica- tem e desejam.
lização aprimora toda a capacidade cognitiva, o
raciocínio lógico e o repertório cultural, além de O estímulo à sensibilidade é o primeiro passo pa-
servir como ferramenta de sociabilização, onde a ra educar indivíduos livres, erguendo as bases de
prática em conjunto gera uma compreensão do uma sociedade mais justa. Tudo isso começa na
indivíduo trabalhando para o coletivo. sala de aula e você, professor, pode ser o prota-
gonista de uma iniciação musical atraente e reno-
As atividades que apresentamos aqui são suges- vada, que consiga ampliar as capacidades cultu-
tões que devem ser transformadas pela interven- rais do nosso ensino escolar.
FICHA TÉCNICA POR TRÁS DE TUDO Brincando de Música 18
Geral
Guia Musical
MANTENEDOR COPATROCÍNIO
REALIZAÇÃO