75
consorciado diferido
Introdução
Um dos principais problemas da pecuária brasileira é a degradação de pastagens,
fato que compromete a sustentabilidade dos sistemas pastoris, com graves
prejuízos econômicos, ambientais e sociais (OLIVEIRA, 2007; OLIVEIRA et al.,
2015). Pastagens degradadas cobrem milhões de hectares no Brasil, o que torna
a recuperação dessas áreas estratégica para o país. Tal recuperação consta,
inclusive, como uma ação do plano ABC – Agricultura de Baixo Carbono (BRASIL,
2012), que tem o compromisso de recuperar 15 milhões de ha de pastagens.
Pesquisador
da Embrapa Pecuária Sudeste, garantir a recuperação
São Carlos, SP das pastagens tanto
rodolfo.godoy@embrapa.br
em sistemas solteiros
quanto nos integrados.
Entretanto, alguns
pecuaristas apresentam
resistência em adotar as
técnicas preconizadas
porque encontram
dificuldades relacionadas
às necessidades de
maior investimento e
de desenvolvimento de
2
Consorciação com guandu na recuperação de pastagens degradadas, uma tecnologia de duplo propósito: adubação verde e pastejo
consorciado diferido
Nesse caso, o adubo recomendado pela análise do Sampaio (2007) avaliou três tipos de sistemas de
solo deve ser colocado na linha do guandu para que produção orgânica na recria-engorda de machos
este o absorva antes que a gramínea o faça. Mais Nelores: pastejo intermitente de capim-Marandu
tarde, o adubo também será absorvido pelas raízes com banco de proteína de 30% da área na seca,
da gramínea. Todas essas ações são imprescindíveis pastejo intermitente de capim-Marandu com
para que o consórcio inicie corretamente e, em suplementação proteica de 0,5% do peso vivo na
consequência, tenha mais longevidade. seca e pastejo intermitente de capim-Marandu sem
suplementação proteica. O período experimental foi
Nesta publicação, será recomendado um método de 16 ciclos de pastejo com 42 dias em cada um.
alternativo, que dispensa o uso de herbicida no No pastejo intermitente do capim-Marandu, foram
plantio e usa uma roçada anual para o manejo da adotados períodos de ocupação de sete dias, e de
leguminosa, além da adubação verde com o rema- descanso de 35 dias. Na primeira seca, o ganho
nescente do material roçado. de peso médio diário (GMDP) do sistema com
banco de proteína com guandu (0,376 kg/dia) foi
Esse método permite ao guandu desempenhar duas superior (P<0,05) aos sistemas com (0,298 kg/
funções principais no consórcio com as pastagens dia) e sem suplementação (0,138 kg/dia). Na seca
tropicais: seguinte, com aumento do NDT do suplemento
de 64,16% para 75,62%, não houve vantagem
Fonte de proteína: na época seca, o guandu fornece no ganho de peso dos animais pelo uso do banco
forragem de alto teor proteico aos animais, pois é de proteína com guandu em relação aos sistemas
palatável somente após o florescimento, que ocorre suplementados, mas o sistema sem suplementação
no início da estação seca. Assim, funciona como apresentou menor ganho de peso vivo médio diário,
fonte de proteína num pasto diferido e consorciado. e foram necessários mais ciclos de pastejo para o
acabamento e abate dos animais. O capim-Marandu
3
Consorciação com guandu na recuperação de pastagens degradadas, uma tecnologia de duplo propósito: adubação verde e pastejo
consorciado diferido
(a) (b)
(b)
Figura 4. Aspecto do guandu com 35 dias pós-plantio (a) e 60
(c) (d)
dias pós-plantio (b).
(b)
Figura 6. Aspecto da roçada anual.
(b)
Figura 5. (a) aspecto do guandu com 130 dias pós-plantio; (b)
guandu submetido ao pastejo por animais da raça Canchim.
Referências
SAMPAIO, R. L. Avaliação de sistemas orgânicos de
ADUBAÇÃO de pastagens. São Carlos, SP: Embrapa produção de corte em manejo orgânico. 2007. 102
Pecuária Sudeste, 2007. 4 p. 1 folder. Disponível f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia), Faculdade
em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/ de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade
bitstream/item/39763/1/PROCICPPSE2007.00428. Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
pdf>. Acesso em: 4 out. 2010. Jaboticabal.
BONAMIGO, L. A. Recuperação de pastagem com ZOUZA, A. H. D. de; FRIGERI, T.; MOREIRA, A.;
guandu em sistema de plantio direto. Informações GODOY, R. Produção de sementes de guandu. São
agronômicas, Piracicaba, n. 88, p. 1-8, dez. 1999. Carlos, SP: Embrapa Pecuária Sudeste, 2007. 68 p.
Encarte técnico. (Documentos / Embrapa Pecuária Sudeste, 69).
CGPE: 14244