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MUTAÇÃO E TRANSMUTAÇÃO CONSTITUCIONAIS

Primeiramente é importante situar que o tema da mutação e da transmutação


constitucionais são parte de um estudo de hermenêutica constitucional. Assim sendo, a
hermenêutica constitucional é um estudo composto de técnicas e instrumentos utilizados para
realizar a interpretação da Constituição.
Existem diversas técnicas para interpretar a Constituição, sendo os mais tradicionais a
interpretação histórica, a interpretação literal, a interpretação sistemática e a interpretação
teleológica. Sobretudo, como o Brasil tem uma orientação romano-germânica para a construção
do Direito, muito dos nossos estudos sobre a Constituição se apoiam na doutrina alemã. Daí
dizer que, pelos menos, dois nomes se destacam: Konrad Hesse e Peter Häberle.
Konrad Hesse apresenta o método concretizador para realizar a interpretação
constitucional. Para tanto, estabelece que a interpretação é fundamental em razão do caráter
aberto e amplo da Constituição; Mesmo que o Tribunal seja competente para fixar o conteúdo
da Constituição, com eficácia vinculante, não se encontra acima da Constituição à qual deve
sua existência; O papel da interpretação é correto se racional e controlável, criando certeza e
previsibilidade jurídicas; A superação do positivismo, contemporaneamente, segue acrítica e
busca a solução para a insegurança em métodos de interpretação tradicionais, ignorando por
completo o problema da interpretação constitucional; As regras de interpretação tradicional
fornecem uma solução/percepção parcial das questão, resolvendo os problemas de forma
imperfeita.
A interpretação constitucional tem caráter criativo: o conteúdo da norma
constitucional somente é completo com sua interpretação e a atividade interpretativa é
vinculada à norma. A concretização pressupõe compreender o conteúdo da norma. Para
tanto, o intérprete passa pela leitura do problema concreto e da Teoria Constitucional
para estabelecer uma pré-compreensão.
Segundo Hesse, as formas tradicionais de interpretação delimitam o tempo, o espaço
e a direção da norma, possibilitando uma compreensão correta do texto. No método
concretizador tem-se a norma constitucional e a realidade em cotejo, atuando o intérprete com
o objetivo de garantir a solução adequada do problema, relacionando de forma objetiva, várias
normas e pontos de vista.
Peter Häberle traz à luz que a Constituição possui um texto aberto e plural, por isso a
atividade de interpretar deve levar em conta as mais variadas possibilidades que se pode extrair
do texto. Assim, os significados, os limites e os alcances das expressões constitucionais abertas
e plurais são definidos por toda a coletividade de pessoas, não sendo uma atividade restrita aos
órgãos judiciários. Para Häberle o fato de permitir a Constituição aberta e plural é o que garante
sua efetividade e atualidade. Ou seja, independentemente dos processos de emenda – alteração
material da Constituição – seu texto se mantém vivo e ligado aos cidadãos mediante a busca
pela significação de suas expressões.
Disto isso, passa-se à mutação constitucional que se figura como um “processo
informal de alteração de sentidos, significados e alcance dos enunciados normativos contidos
no texto constitucional através de uma interpretação constitucional que se destina a adaptar,
atualizar e manter a Constituição em contínua interação com a sua realidade social” (CUNHA
JÚNIOR, 2012, p. 263-264).
A mutação constitucional é uma espécie de meio termo entre a interpretação
constitucional e a alteração da Constituição, se nesta última temos um processo formal e cheio
de regras próprias que dão à Constituição a qualidade de rígida, naquele temos um processo de
adaptação dos fatos à norma constitucional para a solução de um problema. Nesse passo, a
mutação constitucional não muda o texto, mas altera o seu sentido tendo por base o contexto ao
qual tal norma se dirige.
A mutação constitucional estabelece-se como uma adaptação do texto à sociedade,
sem as formalidades e sem uma necessidade de reescrever os postulados originais,
acrescentando ou suprimindo ideias que não se amoldam à convivência humana,
correlacionando-se à questão do tempo e do espaço que separa o momento da concepção do
texto com o momento da sua leitura e subsunção à realidade que se permite regular pela
Constituição. Por isso, a mutação constitucional é uma interpretação que altera o significado da
norma sem a necessidade de um processo legislativo.
Na medida em que a mutação constitucional se desvia do processo civilizatório, dos
valores plurais e da própria realização dos direitos fundamentais, se assemelha à Transmutação
Constitucional (MARTINEZ; et al, 2018) que é um retrocesso político-jurídico ao se
desvincular do conteúdo da Constituição, implicando no retraimento da democratização
constitucional em virtude do aprofundamento do fascismo político.
A natureza jurídica da Transmutação Constitucional, assim como a mutação, é a do
criacionismo constitucional, porém no sentido reverso, ou seja, é uma involução político-
jurídica. Nesta situação, a Transmutação Constitucional tem por principal modo de autuação o
uso excessivo dos meios de exceção e de coerção, trazendo uma situação de eliminação das
múltiplas concepções, implicitamente realizando a erosão dos direitos fundamentais e do acesso
à política.
Enquanto na mutação constitucional se busca a alteração dos sentidos da norma tendo
por base os contextos ao qual a Constituição se aplica, na transmutação constitucional altera-se
o significado da norma para servir a um contexto criado com exclusivo de alterar a Constituição.
Por outras palavras, grupos hegemônicos de poder criam situações para forçar a alteração
informal da Constituição, deformando seus sentidos, porque o procedimento formal de
alteração não alcançaria êxito no aspecto de celeridade e de segurança jurídica.
A transmutação atua na insegurança, na crise e no medo, solapando os valores da
Constituição para a satisfação de pautas populistas e para a legitimação de grupos
antidemocráticos no poder das agendas que a priori pertence à população consideradas todas
as suas nuances de classes e minorias. Na transmutação, a interpretação constitucional deixa de
pensar os direitos fundamentais como objeto de ampliação e volta-se à aniquilação da
pluralidade e da democracia.

REFERÊNCIAS
ARAUJO, Luiz Alberto David. NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito
constitucional. 20ª ed. São Paulo: Editora Verbatim, 2016.

CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de direito constitucional. Salvador: JusPodivm, 2012.

HABERLE, Peter. Hermenêutica Constitucional – A sociedade aberta dos intérpretes da


constituição: contribuição para a interpretação pluralista e “procedimental” da constituição.
Tradução: Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1997.

_____. Os problemas da verdade no Estado Constitucional. Porto Alegre : Sergio Antonio


Fabris, 2008a.

_____. Textos clássicos na vida das Constituições. São Paulo : Saraiva, 2016.

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abierta. Madrid: Tecnos, 2008b.

HESSE, Konrad. A força normativa da constituição. Tradução de Gilmar Ferreira Mendes.


Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1991.

HESSE, Konrad. Escritos de derecho constitucional. Introducción y traducción de Pedro


Cruz Villalón. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1983.

HESSE, Konrad. Temas fundamentais do Direito Constitucional. Textos selecionados e


traduzidos por Carlos dos Santos Almeida, Gilmar Ferreira Mendes, Inocêncio
Mártires Coelho. São Paulo: Saraiva, 2009.

MARTINEZ, Vinício; FROCEL, Jéssica et al. Transmutação constitucional na Carta Política.


Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 23, n. 5340, 13 fev. 2018.
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/64015>. Acesso em: 4 maio 2018.

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