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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Análise de Dois Solos Finos do Distrito Federal para Utilização


em Estruturas de Rodovias
Francisco Hélio Caitano Pessoa, doutorando em Geoecnia (UnB)
Professor do CEFET/RR, Brasilia, Brasil, caitano@unb.br

Edi Mendes Guimarães, Dra.


Professor da Universidade de Brasilia, Brasilia, Brasil,rxedi@un.br

Isabel Cristina de Oliveira Campos, MsC em Geotecnica


Professora da Universidade de Brasília, izabelcampos@unb.br

José Camapum de Carvalho, PhD


Professor da Universidade de Brasilia, Brasilia, Brasil,rxedi@un.br

RESUMO: O solo pode ser considerado como o material de construção civil de maior abundância
na crosta terrestre. Tem muitas aplicações em obras civis, em baragens e principalmente na
engenharia rodoviária. Neste trabalho os solos analisados são proveniente de uma área de
empréstimo próximo a uma via urbana na Região Administrativa de Taguatinga/DF. Realizaram-se
nos mesmos as caracterizações física, mineralógica e mecânica. Foram executados ensaios em
laboratório: de umidade, de granulometria a laser e peneiramento, limites de Atterberg, massa
específica dos sólidos, cisalhamento direto e difratometria de raio X. Concluindo-se que os solos
apresentam a mesma composição mineralógica e pertencem as mesmas classificações e também
apresentam comportamento mecânico que deve ser visto com restrições ao emprego em obras
rodoviárias.

PALAVRAS-CHAVE: solos, ensaios, laboratório, difração, raios X.

1 INTRODUÇÃO hidratados de alumínio, ferro e


magnésio(SANTOS, 1989).
A necessidade da caracterização de materiais, As argilas têm grande importância nas
na maior parte das vezes, advém da necessidade prospecções geológicas, na agricultura, na
de conhecer suas propriedades físicas mecânica dos solos e na indústria(metarlúgica,
(resistências mecânicas à compressão, à flexão, petróleo, borracha, papel, cerâmica, e outras).
a abrasão), químicas (para verificação da As argilas são essencialmente compostas por
adequação a um determinado processo) partículas cristalinas extremamente pequenas de
mineralógicas e micro-estruturais (compostos um ou mais membros de um grupo
presentes, relação entre os grãos, porosidade, relativamente restrito de minerais. São silicatos
permeabilidade) para a sua correta aplicação em de alumínio hidratados, com magnésio ou ferro
diferentes processos industriais(GOULART, substituindo total ou parcialmente o alumínio
2000). em alguns minerais e que, em alguns casos,
A argila é um material natural, terroso, de incluem elementos alcalinos ou alcalinos
granulação fina, que geralmente adquire, terrosos. São colóides eletronegativos, e uma
quando umedecido com água, certa das suas propriedades mais importantes é a da
plasticidade; quimicamente, são as argilas adsorção e troca de cátions. Também são
formadas essencialmente por silicatos susceptíveis de dispersão e floculação.

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As propriedades físicas mais importantes A difratometria de raios X corresponde a


são: o forte poder de retenção de água, a uma das principais técnicas de caracterização
acentuada plasticidade e adesividade, a micro-estrutural de materiais cristalinos,
tenacidade no estado seco, a variação de encontrando aplicações em diversos campos do
volume com o teor de água e a formação de conhecimento, mais particularmente na
ligações com substâncias orgânicas. engenharia e ciências de materiais, engenharias
A estrutura da maioria das substâncias metalúrgica, química e de minas, além de
sólidas é cristalina. Isto significa que, nas geociências, dentre outros.
substâncias sólidas, átomos, íons e moléculas A difração de raios X permite a
estão arranjadas de uma maneira ordenada, de determinação dos compostos existentes em um
forma repetida nas 3 dimensões. Se a repetição material através da interpretação dos diagramas
ocorre em uma ou duas direções somente a de difração (difratogramas). Um aspecto
substância é chamada semi-cristalina. interessante a ser considerado é a preparação da
A identificação das argilas pode ser feita amostra, dependendo dela o sucesso da análise.
por difração de Raios X(XRD), Análise O método mais empregado de difração é o
Térmica Diferencial(ATD) e microscopia método de pós (a amostra é analisada de forma
eletrônica de transmissão(MET). pulverizada). A preparação da amostra consiste
Os raios X são radiações eletromagnéticas em acondicionar a substância a ser analisada em
da mesma natureza que as radiações que um amostrador.
compõem a luz branca, visível ao olho humano. A partir da difração de raios-X é possível
Os comprimentos de onda dos raios X são cerca identificar, determinar o grau de cristalinidade,
de 1000 vezes menores que os comprimentos de quantificar o tamanho do cristal e a substituição
onda da luz visível e daí resultam grandes isomórfica dos minerais (RESENDE, et al.,
diferenças nas propriedades dos dois tipos de 2005).
radiação; por exemplo, uma folha de alumínio A primeira fase de identificação dos cristais
de 1mm de espessura é transparente aos raios X é a medida das distâncias interplanares e das
e é opaca à radiação branca. A unidade de intensidades relativas dos picos do
medidas das regiões de raios X (comprimento difratograma. O uso simultâneo de valores de
de onda) é o Ângstron (10-8cm), e os raios X “d” associados a intensidade representam a
usados em difração possuem comprimento de maneira usual e mais prática de identificação
onda na faixa de 0,5 a 2,5 Ângstrons, enquanto dos materiais (cristais).
que o comprimento de onda da luz visível é da As aplicações da difratometria são várias:
ordem de 6000 Angstrons(LIMA, 2000). a) Identificação de fases cristalinas: a principal
A técnica de difração de raio X (XRD) aplicação da difração de raios X refere-se à
oferece um modo conveniente para determinar a identificação de compostos cristalinos, sejam
análise mineralógica dos sólidos cristalinos. Se eles inorgânicos ou orgânicos. São
um mineral cristalino é exposto a raios X de um características específicas e únicas de cada
comprimento de onda específico, as camadas de substância cristalina: os planos de difração e
átomos difratam os raios e produzem um padrão suas respectivas distâncias interplanares, as
de picos que é característico do mineral. A densidades de átomos.
escala horizontal (ângulo de difração) de um b) Quantificação de fases: a intensidade da
padrão XRD típico fornece o espaçamento do difração é dependente da densidade de elétrons
arranjo cristalino, e a escala vertical (altura do em um dado plano cristalino. Os fatores de
pico) fornece a intensidade do raio difratado. estrutura, de multiplicidade, e de Lorentz-
Quando a amostra bombardeada com raio X Polarização devem também ser consideradas;
contém mais do que um mineral, a intensidade c) Determinação de parâmetros de célula
de picos características dos minerais individuais unitária: o padrão do difratograma de um
são proporcionais às suas quantidades.” material cristalino é função da sua estrutura
(MEHTA & MONTEIRO, 1994) cristalina, é possível se determinar os
parâmetros do seu retículo (a, b, c e α, β e γ da

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célula unitária) desde que se disponha de montante de um córrego e o solo denominado


informações referentes aos sistema cristalino, laterítico no aterro na ampliação da via Qnc
grupo espacial, índices de Miller (hkl) e Foram retirados de dois(2) blocos
respectivas distâncias interplanares dos picos indeformados, conforme mostra a Figura 1. O
difratados. solo orgânico na profundidade de 1m, à
d) Dispositivos com controle de temperatura: montante do córrego e o solo laterítico na
inúmeros processos de manufatura empregam profundidade de 2m, no aterro da via. As
temperaturas elevadas, nas quais os coordenadas de localização são 150 49’13,37’’S
constituintes primários da amostra sofrem e 480 04’ 22,49”O.
mudanças de fase em razão do aquecimento.
d) Orientação de cristalitos (Textura): a
orientação preferencial de cristalitos em
materiais sólidos policristalinos é de vital
importância para vários materiais industriais.
Materiais extrudados e pós-prensados, dentre
outros, são materiais que tipicamente
apresentam orientação preferencial; alguns
materiais cerâmicos e semicondutores tem suas
propriedades relacionadas a uma dada direção
cristalográfica, sendo de extrema importância o
controle da orientação preferencial nos
processos de fabricação e controle de qualidade. Figura 1. Localização dos solos analisados.
e) Tamanho de cristalitos: partículas de Realizaram-se os seguintes ensaios em
dimensões inferiores a 1µm podem apresentar laboratório para a determinação de umidade, de
intensidades difratadas em valores de 2θ pouco granulometria a laser (com e sem ultra-som) e
superiores e inferiores ao valor do ângulo de peneiramento com lavagem, limites de
Bragg devido ao efeito de alargamento de picos Atterberg e massa específica dos sólidos, e
face ao tamanho de partículas. Tal fato deve-se cisalhamento direto, todos de acordo com as
ao menor número de planos que difratam os normas da ABNT. E também, difratometria de
raios X, em função das pequenas dimensões dos raios-x na amostra total e na fração argilosa.
cristalitos, permitindo a difração para valores de
comprimento de onda um pouco superiores e A identificação dos minerais das frações
inferiores ao valor de λ. areia e silte foram feitas com material não
f) Tensão Residual: Tensão em um material orientado. Inicialmente, as amostras foram
pode causar dois efeitos distintos sobre o trituradas, preferencialmente em gral de ágata.
difratograma. Se a tensãocorresponder a um Fez-se então, a montagem em lâminas de
esforço uniforme, compressivo ou distensivo, alumínio vazada, pela técnica de back loading.
também chamado de macrotensão Esta consiste no pressionamento do pó para o
(macrostress), as distâncias da célula unitária preenchimento da abertura da lâmina, que deve
dos cristais vão, respectivamente, diminuir ou estar apoiada sobre superfície lisa e firme
aumentar, ocasionando um deslocamento na (geralmente vidro).
posição dos picos difratados. A separação da fração argila foi realizada
por dispersão em água numa porção de cerca de
15g. A seguir realizada a centrifugação com
2 MATERIAIS E MÉTODOS rotação de 750rpm, durante 7min. A fração silte
precipita, enquanto a fração argila permanece
em suspensão.
Os solos analisados foram coletados nas
proximidades de uma via urbana na região A fração argila decantada por
administrativa de Taguatinga. O solo centrifugação a 1500 rpm, é utilizada como uma
denominado de orgânico foi coletado à pasta na preparação de lâminas com amostras

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orientadas. A técnica utilizada foi a do (a) estudo da umidade em áreas de empréstimo,


“esfregaço” - consiste no espalhamento da pasta barragens, aterros, aeroportos, fundações;
sobre a lâmina de vidro, utilizando-se uma (b) estudo de parâmetros geotécnicos de solos
espátula, com movimentos repetidos na mesma obtidos em ensaios de compactação,
direção. Então, a seguir a amostra orientada caracterização, resistência e outros;
sobre a lâmina é deixada ao ar para secagem, (c) estudo da variação sazonal e em
sendo denominadas “normais”. profundidade da umidade em corpos de aterro,
em pavimentos;
Posteriomente foi realizada a glicolagem
(d) controle do teor de umidade em áreas de
das amostra que consiste em deixar a lâmina
empréstimo, execução de aterro.
com a amostra orientada em uma atmosfera de
etileno-glicol por cerca de 12 horas, Para as amostras estudadas as umidades
favorecendo a entrada do composto nos espaços naturais encontradas foram 66,4% e 28,9%,
intercamada dos minerais expansivos. A lâmina respectivamente para os solos orgânico e
é analisada em seguida, permitindo a laterítico.
verificação do possível aumento das distâncias A análise granulométrica visa determinar a
interplanares. relação entre as dimensões das partículas e os
E por fim, o aquecimento, na qual a lâmina seus percentuais bem como, a graduação destas
foi submetida à temperatura de 490oC, em no solo. Nos ensaios convencionais ela consiste,
mufla por 3:30 horas. Após este tempo foi em geral de duas fases: peneiramento
procedida à análise da amostra, podendo-se (partículas com dimensões maiores que
verificar as mudanças da posição dos picos, 0,074mm segundo a NBR 7181) e sedimentação
pela perda do material do sítio intercamada, ou (partículas com dimensões menores que 2 mm
o colapso da estrutura de alguns minerais. segundo a mesma norma). Nesta pesquisa a
A análise das amostras foram realizadas no granulometria foi determinada utilizando-se o
equipamento RIGAKU D/MAX – 2/C operando granulômetro a laser da fração fina e
com tubo de cobre, sob voltagem de 35kv e peneiramento após lavagem da fração mais
15mA, velocidade de varredura de 2o/minuto, grosseira. O material fino foi analisado no
granulômetro com e sem o uso de ultra-som. O
no intervalo de 2° a 70° - 2θ teta (para as
granulômetro a laser existente no laborabtório
amostras total e fração argila) e de 2° a 40° - 2θ
de Geotecnia da Universidade de Brasília é o
teta (glicolada e aquecida).
modelo MASTERSIZER Standard BENCH
A identificação e interpretação dos produzido pela Malvern Instruments Ltda da
difratogramas foi feita com auxílio do software Inglaterra. Este equipamento é constituído de
JADE 3.0, com banco de dados ICCD 1996. três peças: a unidade óptica, a unidade de
preparação da amostra e o computador. A
Figura 2 mostra o granulômetre e seus
3 DISCUSSÕES E RESULTADOS acessórios.

3.1 Caracterização física

Umidade é a massa de água contida em uma


determinada porção de solo, expressa como
uma porcentagem da massa das partículas
sólidas (solo seco) existente nessa porção.
Figura 2. Granulômetro a laser e seus acessórios.
A determinação do teor de umidade dos
solos é necessária para a análise de situações
como: Observado as curvas granulométricas
(Figuras 3 e 4) percebe-se que os solos são

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finos e que o procedimento utilizando ultrasom Tabela 1 com a Figura 5 resulta a classificação
desagregou os torrões de argila ou areia, dos solos estudados que está apresentada na
aumentando a proporção de material mais fino. Tabela 2.
Solo Laterítico Os limites de Atterberg fornecem
100
90 solo laterítico sem ultra-som indicativos dos solos quanto as suas
80
70 solo laterítico com ultra-som características de plasticidade, permeabilidade e
60 resistência. A Figura 5 mostra a Carta de
50
40 Plasticidade de Casagrande, observando-a
30
20
percebe-se que os solos analisados, quanto aos
10 limites de Atterbergg, classificam-se como MH
0
0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 ou OH.
Diâmet ro das Partí culas (mm)

Figura 3. Curva Granulométrica do Solo Laterítico.

Solo Orgânico
100
90 solo orgânico sem ultra-som
80 solo orgânico com ultra-som
70
60

50
40

30

20

10

0 Figura 5. Carta de Plasticidade de Casagrande dos solos


0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1

Diâmetro das Partículas (mm)


analisados.
Tabela 1. Resultados dos limites de Atterberg.
Figura 4. Curva Granulométrica do Solo Orgânico. Solo
Laterítico Solo Orgânico
A consistência do solo está relacionada à Limites de
manifestação das forças físicas de coesão e Atterberg sem com secagem
adesão que nele atuam para vários teores em secagem
água. Num solo úmido a muito úmido podem natural estufa
surgir em grau variável duas formas de WL 52 56 51 49
consistência: a adesividade (maior ou menor
WP 46 51 46 46
facilidade de aderência a outros objetos) e a
plasticidade (mudança reversível na forma sob IP 6 1 5 3
ação de pressão). A maior ou menor intensidade Os limites de Atterberg refletem a influência
da manifestação das diversas formas de dos argilominerais nas propriedades do solo
consistência depende essencialmente da textura sem levar em conta distintamente e influência
do solo, da natureza dos colóides minerais, do do tipo e da quantidade dos argilominerais
teor de matéria orgânica e do estado disperso ou presentes.
floculado dos colóides, e está intimamente
relacionada com a estrutura do solo (Costa, A massa específica dos sólidos, de um solo,
1973). é função dos minerais constituintes e da
percentagem de ocorrência de cada um deles
Nesta pesquisa os limites de liquidez e nesse solo. Ela representa a média da massa
plasticidade foram determinados, específica dos constituintes que compõem a
respectivamente, de acordo com as normas fase sólida do solo, incluindo minerais,
NBR 6459/84 NBR 718/84. No entanto, foram compostos orgânicos, sais precipitados e
realizados natural, com secagem ao ar e em materiais não cristalinos. Na Tabela 2 constam
estufa. A Tabela 1 apresenta os resultados dos os valores de
limites de Atterberg para as amostras
realizadas. Correlacionando-se os dados da massa específica dos sólidos dos minerais mais
comuns nos solos. É necessário o conhecimento

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da massa específica dos sólidos do solo para


caracterizá-lo quanto aos valores de seus 3.2 Caracterização mecânica
índices físicos em um dado instante. O seu
valor quase não se altera com o tempo, pois é
dependente dos minerais. Neste trabalho a A Tabela 4 apresenta alguns parâmetros
massa específica dos sólidos (γs) foi obtida determinados em laboratório e na condição
experimentalmente de acordo com a norma inundada para as amostras dos solos estudados.
NBR 6508/84. Analisando-a percebe-se que os solos quando
Tabela 2. Massas Específica dos sólidos de diferente inundados (pior condição) apresentam coesão
minerais (modificado - Nogueira, 2001). muito baixa, não suportando as possíveis cargas
de projeto. Quanto ao índice de vazios, os
MASSA ESPECÍFICA DOS
MINERAL valores são muito altos, caracterizando-se solos
SÓLIDOS(kg/m3)
altamente permeáveis. Já o valor do ângulo de
Feldspato 2590 - 2900 atrito é baixo, indicando solos com pouca
Quartzo 2650 resistência ao cisalhamento.
Montmorilonita 2500 - 2800 Tabela 4. Resultados de parâmetros de resistência dos
solos.
Caulinita 2600 - 2650
Solos
Mica 2700 - 3200 Parâmetros
Laterítico Orgânico
Goetita 4400
Indice de vazios (e) 1,18 1,71
Ilmenita 4500 - 5000
Ângulo de atrito(φ, 0) 16 12
Magnetita 5200
Coesão(c, kPa) 0 3
Para as amostras estudadas os valores foram
2580(kg/m3) e 2630(kg/m3) respectivamente, Umidade higroscópica 1,52 1,70
(w,%)
para os solos orgânico e laterítico.
Tabela 3. Resultado das propriedades dos solos.
3.2 Caracterização mineralógica
Grupo MH OH
Compactação regular a ruim regular a ruim
Compressibilidade e
alta alta
Skempton (1953), citado por Vermatti (1995)
expansão comenta que as propriedades de uma argila são
Drenagem e drenagem ruim sem drenagem e determinadas fundamentalmente pelas
permeabilidade e impermeável impermeável características físico-químicas dos vários
minerais constituintes e pela proporção relativa
estabilidade não deve ser
Qualidade como aterro
regular a ruim usado que esses minerais se apresentam no solo.
Qualidade como A matéria mineral sólida do solo é
ruim muito ruim constituída por minerais primários e por
subleito
minerais secundários. Os minerais primários
Qualidade como base não adequada não adequada encontrados no solo provêm da rocha a partir da
qual o solo se originou (herdados da rocha-
Grupo Comparáveis A-5 A -7 ou A - 8
mãe), persistindo mais ou menos inalterados na
sua composição. Os minerais secundários, por
Analisando-se a Tabela 3 percebe-se que os sua vez, podem ocorrer no solo principalmente
solos apresentam propriedades de por três processos:
comportamento ruim para aplicação em - por síntese in situ de produtos resultantes da
estruturas de pavimento rodoviário. Porque são meteorização dos minerais primários menos
solos muito compressíveis e expansíveis e resistentes;
possuem baixa permeabilidade e pouca
drenagem.

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- por simples alteração da estrutura de A caulinita é o argilomineral de mais ampla


determinados minerais primários verificada in ocorrência em solos, sobretudo nos de domínio
situ; tropical. A sua formação é a partir de uma
- herdados diretamente da rocha-mãe. grande variedade de materiais de origem. É
produto do intemperismo ácido devido a
Costa (1973) relaciona os principais
retirada de sílica e das bases. A estrutura básica
minerais primários que podem ocorrer nos
é composta pelo arranjamento de lâminas
solos: quartzo, feldspato, feldspatóides, micas,
contendo silício e um octaedro de alumínio,
piroxenas, anfibolios, olivinas, apatite,
portanto, com estrutura 1:1(REZENDE, et al.,
magnetite, turmalina, rutílio, ilmenita, zircão,
2005).
calcita, granadas, etc. Os mais freqüentes são o
quartzo e os feldspatos. O conhecimento Observando os picos da caulinita em ambos
qualitativo e quantitativo dos minerais os difratogramas (Figuras 6 e 7) percebe-se que
primários fornece a indicação do grau de elas não desapareceram quando aquecida,
evolução do solo e da reserva de mineral. Os concluindo-se que não houve colapso da sua
minerais secundários de ocorrência mais estrutura.
freqüentes são os minerais de argilas (silicatos
de alumínio no estado cristalino), silicatos não
cristalinos, óxidos e hidróxidos de ferro e de
alumínio e carbonatos de cálcio e de magnésio.
Cavalieri (1988) argumenta que a
composição mineralógica da fração argilosa
avalia quais as estruturas argilosas
predominantes e a possibilidade de uso da cal
como agente estabilizante do solo
Lima (2003) reforça que o conhecimento da
composição mineralógica dos solos é
fundamental para a compreensão de suas Figura 6. Difratograma do Solo Laterítico.
características físicas. Existem vários métodos
para identificação dos minerais dos solos, os
mais empregados são: a análise química, a
difratometria por raios-X(DRX), a análise
termo-diferencial (ATD), a análise termo-
gravimétrica, as microscopias óptica, eletrônica
e de transmissão. As Figuras 5 e 6 apresentam
os difratogramas das amostras estudadas e a
Tabela 5 mostra os tipos de minerais e a
abundância relativa em cada amostra.
O quartzo está presente na fração grosseira Figura 7. Difratograma do Solo Orgânico.
de todos os solos e predomina na fração areia.
O pico do quartzo serve de referência A goethita é um dos principais óxidos de
qualitativa do tamanho de partículas ou ferro encontrado nos solos e responsável pela
cristalinidade e para a correção dos picos dos coloração amarelada, no entanto, essa coloração
demais minerais. A diferença entre a largura do pode ser diferente conforme o tamanho e
pico à meia altura do mineral, menos a referente substituição isomórfica, do alumínio(Al) no
a do quartzo, dá idéia relativa de tamanho. lugar do ferro(Fe)[REZENDE, et al., 2005].
Quanto maior for a diferença, menor é o A gibbsita foi mais marcante no solo
tamanho das partículas do mineral orgânico(de coloração marrom) e quando a
analisado(REZENDE, et al., 2005). mostra foi aquecida ela desapareceu, ocorreu a
desestruturação dela.

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Solos de alta capacidade de troca


catiônica(CTC), geralmente são argilosos e AGRADECIMENTOS
contém praticamente todos os tipos de minerais
que se encontravam na rocha de origem. Na Os autores agradecem muitíssimo aos técnicos
fração argila pode ocorrer caulinita, gibbsita, do Laboratório de Geotecnia da UnB e ao
goethita e hematita. A Tabela 5 apresenta os mestrando em Geologia Wagner do Laboratório
tipos de minerais e a abundância relativa nos de Geociências.
solos estudados.
Os minerais antásio e rutilo, ambos têm a REFERÊNCIAS
mesma composição química e estão presentes
nos solos analisados. No entanto, originam-se
de rochas diferentes. O anatásio tem origem Associação Brasileira de Normas Técnicas. Norma
sedimentar e o rutilo, metamórfica. Brasileira 6459 (1984). Solo – Determinação do Limite
Tabela 5. Minerais presentes nas amostras analisadas. de Liquidez, Rio de Janeiro, RJ, 6 p.
_____________________________________________
Abundância relativa
NBR 6508 (1984). Grãos de solos que passam na
Composição
Minerais Amostra total peneira de 4,8 mm – Determinação da massa específica,
Química
Rio de Janeiro, RJ, 8 p.
Orgânico Laterítico
_____________________________________________
Quartzo SiO2 maior maior NBR 7180 (1984). Solo – Determinação do Limite de
Caulinita Al2Si2O5(OH)4 maior menor Plasticidade. Rio de Janeiro, RJ, 3 p.

Goethitha FeO(OH) maior maior ______________________________________________


NBR 7181 (1984). Solo – Análise granulométrica. Rio de
Gibsita Al(OH)3 maior menor Janeiro, RJ, 13 p.
Rutilo TiO2 - maior ______________________________________________
COSTA, J.B. (1997). Caracterização e Constituição do
Anatásio TiO2 maior -
Solo, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal,
527 p.
CAVALIERI, L.V.P. (1988). Estabilização de Minerais
4 CONCLUSÕES Argilosos com Cal, Petrobrás: Petróleo Brasileiro S. A.,
Rio de Janeiro, RJ, 100 p.
De acordo com os resultados dos limites de
Atterberg e da granulometria os solos podem GOULART, E.P.(2000). A Capacitação do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo para a
ser classificados com orgânico e/ou siltosos. Caracterização de Materiais de Interesse Cultural, 2000
Pelas propriedades geotécnicas que estes solos Disponível em http:// www.itaucultural.org.br/
apresentam eles são de comportamento ruim. conservar_nao_restaurar/papers/PAPER_EVARISTO.rtf,
Os solos analisados quanto à mineralogia, acessado em 0/10/2008.
apresentam basicamente os mesmo minerais. KALN, H.Difração de Raios X. 2000 (apontamentos de
Induzindo-se que são de mesma origem aula).
geológica e que os fatores intempéricos atuaram LIMA, M. G.(2001). Materiais e Processos
com intensidade similar. Construtivos, Disponível em: http//: www.angelfire.com/
O comportamento mecânico quanto à crazy3/qfl2308/1_multipart_xF8FF_4_MEV_PMI-
utilização na estrutura de rodovias deve ser 2201.pdf, acessado em 15/10/2008
visto com restrições. No entanto, um LIMA, M.C. (2003). Degradação Físico-Química e
procedimento executivo utilizando boas Mineralógica de Maciços junto às Boçorocas, Tese de
técnicas e controles e /ou o uso de algum Doutorado em Geotecnia, Departamento de Engenharia
Civil e Ambiental, FT, UnB, Brasília, DF,346 p.
processo de estabilização para melhorar as
propriedades físicas e comportamentais, estes MEHTA, P.K., MONTEIRO, P.J.M.(1994). Concreto –
solos poderão ser empregados em obras Estrutura, Propriedades e Materiais. Editora PINI, São
Paulo, SP, Brasil, 573p.
rodoviárias.
NOGUEIRA, J.B.(2000). Ensaios de Laboratório,EESC-
USP, São Carlos, SP, Brasil, 248 p.

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PESSOA, F.H.C.(2004). Análises dos Solos de Urucu


para Fins de Uso Rodoviário, Dissertação de Mestrado,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,
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REZENDE, M. et al. (2005). Mineralogia dos Solos
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