Anda di halaman 1dari 8

Utilização da via subcutânea no doente idoso

e terminal

Dra. Cristina Galvão*

NOTA PRÉVIA em centros mais avançados, sendo


A Medicina Familiar caracteriza-se pela prestação de cuidados integrais actualmente muito utilizada em
ao indivíduo e à família, do nascimento até à morte, e por uma aborda- medicina geriátrica e paliativa.
gem dos problemas que é identificavelmente diferente da das outras dis- Cuidar de pessoas em fim de vi-
ciplinas. Cuidar de pessoas em fim de vida exige dos profissionais de da exige dos profissionais de saúde
saúde conhecimentos e intervenção em diversas áreas. A prestação de conhecimentos e intervenção nas
cuidados no domicílio ou no hospital a pessoas idosas e em fase terminal áreas preventiva, curativa e palia-
exige com frequência uma alternativa à via oral, pela maior dificuldade tiva,2 e uma abordagem holística
que o doente pode ter em deglutir. A via subcutânea, muito utilizada em do doente enquanto pessoa, com
medicina geriátrica e paliativa, constitui, pela simplicidade de utilização uma família e inserido numa co-
e baixo risco de complicações, a via de eleição para hidratação e admi- munidade. As intervenções do
nistração de fármacos a estes doentes. médico de família ou do hospital
têm características bem distintas,
centrando-se a segunda habitual-
mente na resolução pontual de
Cuidar em fim de vida que poderão, mais cedo ou mais situações de agudização, e a pri-
tarde, levar a doença incapacitan- meira no acompanhamento inte-
esde meados do século XX te e progressiva. grado do doente e da família ao

D que, nas sociedades ditas


industrializadas, se assiste ao
envelhecimento da população. O
A Medicina Familiar caracteri-
za-se pela prestação de cuidados
integrais ao indivíduo e à família,
longo de todo o percurso de vida.
A utilização da via subcutânea
para administração de líquidos,
número de idosos tem vindo pro- do nascimento até à morte, e por denominada hipodermoclise, é um
gressivamente a crescer, não só uma abordagem dos problemas método seguro, simples e adequa-
porque se vive até mais tarde, pe- que é identificavelmente diferente do para doentes no domicílio ou
los avanços da medicina e de ou- da das outras disciplinas.1 hospitalizados.3,4
tras áreas como a protecção no A prestação de cuidados no do-
trabalho, saneamento básico, con- micílio ou no hospital a pessoas Hidratação e administração de
dições de habitabilidade, mas idosas e em fase terminal exige terapêutica por via subcutânea
também porque proporcionalmen- com frequência uma alternativa à
te o número de jovens tem vindo via oral, pela maior dificuldade A hidratação oral é muitas vezes
a diminuir. que o doente pode ter em deglutir. difícil ou impossível em doentes
Embora velhice não seja sinóni- Entre as vias parentéricas com problemas de deglutição, náu-
mo de doença, o avançar em idade [transdérmica, subcutânea (SC), seas, vómitos ou perturbações cog-
traz consigo problemas de saúde intramuscular (IM)] e a via rectal, nitivas, e em que é difícil manter
a via subcutânea tem vindo, pelas uma via EV por terem poucos aces-
*Médica de Família; Mestranda em Cuidados suas vantagens, a ganhar terreno sos venosos viáveis (quimioterapia,
Paliativos; Mestra em Gerontologia. sobre as restantes, particularmente terapêutica EV por longos perío-

VOL 23 / N. o 2 / FEVEREIRO 2005 / POSTGRADUATE MEDICINE / UTILIZAÇÃO DA VIA SUBCUTÂNEA NO DOENTE IDOSO E TERMINAL 97
Utilização da via subcutânea no doente idoso e terminal, continuação

dos)5 ou por se encontrarem no desidratação (boca seca, sede, fra- ganglionar, situações em que é
domicílio, onde a vigilância per- queza e hipotensão postural) e, necessário administrar soros em
manente é impossível. O interna- embora degluta, não tenha capa- grandes quantidades e rápida-
mento hospitalar para hidratação cidade para ingerir quantidades mente (choque, desidratação ou
não corresponde ao desejo de per- suficientes de líquidos (sequelas alterações hidroelectrolíticas gra-
manecer no domicílio que com fre- de AVC, demências, problemas ves),4,6 quando há insuficiência
quência manifestam os doentes e neurológicos)6 ou apresente sinais renal pré-renal ou hipotensão.
de toxicidade de Está também contraindicada em
fármacos, quan- doentes em risco de edema pul-
Hipodermoclise é um método seguro, do a via oral não monar como os doentes em hemo-
é viável (lesões diálise ou com insuficiência car-
simples e adequado para doentes
da boca, faringe díaca grave, nos doentes em ana-
no domicílio ou hospitalizados. ou esófago, sarca e nos doentes com coagulo-
PGM náuseas ou patias pelo risco de hemorragia no
vómitos persis- local da punção.4
as famílias, tem custos muito eleva- tentes, oclusão intestinal),7,8,9 em Contraindicações relativas: as
dos, e comporta ainda o risco de situações de má absorção intes- zonas irradiadas, especialmente
infecções nosocomiais que não é tinal, quando os fármacos por via quando há necessidade de admi-
6 oral estão contra-indicados ou há nistrar grandes volumes ou infu-
de desprezar.
A desidratação é uma das cau- resposta terapêutica insatisfatória, sões contínuas e prolongadas, ou
sas de delirium e contribui para a em situações de inconsciência, quando há infecções de repetição
toxicidade dos opióides por dimi- quando há convulsões ou quando nos locais de punção.
nuição da excreção renal dos seus há necessidade de sedação prolon- Não se justifica a utilização da
metabolitos; a hidratação, embora gada e na fase de agonia. via subcutânea quando o doente
controversa nos últimos dias de Constituem ainda indicações tem necessidade de ter uma via
vida, deve ser cuidadosamente potenciais para a utilização da via endovenosa mantida para admi-
ponderada e revista com regulari- subcutânea a inexistência de ou- nistração de terapêutica EV (por
dade, tendo sempre em considera- tras vias (endovenosa, rectal, sub- ex. hipercalcémia) (quadro 2).
ção a situação do doente, os seus lingual ou transdérmica) disponí-
desejos e o seu prognóstico.5 veis, a necessidade de administrar Vantagens
Quando a opção terapêutica grandes doses de morfina oral e a
mais adequada para o doente passa administração de soros a doentes São muitas as vantagens da via
pela hidratação, ou pela adminis- que deambulam (quadro 1). subcutânea.
tração de fármacos por via paren- Para além do seu baixo custo,6
térica, a via subcutânea constitui a Contraindicações a via subcutânea possibilita a ma-
melhor alternativa à utilização da nutenção de concentrações plas-
via endovenosa. São poucas as contraindicações à máticas de fármacos estáveis ao
utilização da via subcutânea, quer longo do tempo, o que facilita o
Indicações para hidratação quer para adminis- controle de sintomas.8
tração de fármacos. As contraindi- Quando se usa uma bomba in-
A utilização da via subcutânea pa- cações são absolutas e relativas.7 fusora podem-se planear diversos
ra hidratação ou para administra- Contraindicações absolutas: utili- esquemas terapêuticos, e adminis-
ção de fármacos justifica-se sem- zação da via subcutânea nos mem- trar um ou mais fármacos na mes-
pre que o doente tenha sinais de bros em que foi feita dissecção ma seringa, sem necessidade de

98 UTILIZAÇÃO DA VIA SUBCUTÂNEA NO DOENTE IDOSO E TERMINAL / VOL 23 / N. o 2 / FEVEREIRO 2005 / POSTGRADUATE MEDICINE
Utilização da via subcutânea no doente idoso e terminal, continuação

administrações periódicas ao
Quadro 1. Indicações para utilização da via subcutânea
longo do dia.

Indicações para utilização da via subcutânea


Via subcutânea/via intramuscular
1. Doentes com sinais de desidratação (boca seca, sede, fraqueza e hipotensão
Quando se compara a via subcutâ-
postural)
nea com a via intramuscular, tra-
2. Doentes incapazes de ingerir quantidades suficientes de líquidos (sequelas de
dicionalmente utilizada para me-
AVC, demências, problemas neurológicos)
lhorar a absorção de fármacos,
3. Doentes com sinais de toxicidade de fármacos
podem encontrar-se diversas van-
4. Doentes sem via oral viável (lesões da boca, faringe ou esófago, náuseas ou
tagens. A agulha (butterfly) pode
vómitos persistentes, oclusão intestinal)
ser deixada no mesmo local por
5. Doentes com má absorção intestinal
períodos que podem ir até uma
6. Doentes em que os fármacos por via oral estão contra-indicados
semana, reduzindo a necessidade
7. Doentes sem resposta terapêutica satisfatória aos fármacos por via oral
de picadas sucessivas, o que é mais
8. Doentes inconscientes
cómodo para o doente, e tem me-
9. Doentes com convulsões
nores custos em materiais utiliza-
10. Doentes em sedação prolongada
dos e em tempo para o profissio-
11. Doentes em fase de agonia
nal. A via subcutânea utiliza agu-
12. Doentes sem outras vias (endovenosa, rectal, sublingual ou transdérmica)
lhas de calibre inferior aos da via
disponíveis
IM, pelo que a injecção é muito
13. Doentes com necessidade de grandes doses de morfina oral
menos dolorosa e as lesões nervo-
14. Doentes que deambulam e necessitam de soros
sas menos frequentes. Os tecidos
subcutâneos são menos vasculari-
zados que os músculos pelo que o
risco de hematomas é menor e a Quadro 2. Contraindicações à utilização da via subcutânea
absorção dos fármacos é mais len-
ta, o que permite manter níveis Contraindicações à utilização da via subcutânea
constantes, ao contrário do que 1. Membros em que foi feita dissecção ganglionar
acontece quando a administração 2. Quando é necessário administrar soros em grandes quantidades e rápidamente
é intermitente.5 (choque, desidratação ou alterações hidroelectrolíticas graves)
3. Insuficiência renal pré-renal
Via subcutânea/via endovenosa 4. Hipotensão
Quando se compara a via subcutâ- 5. Doentes em risco de edema pulmonar (hemodialisados ou com insuficiência
nea com a via endovenosa, habi- cardíaca grave)
tualmente utilizada em meio hos- 6. Doentes em anasarca
pitalar, podem também encontrar- 7. Doentes com coagulopatias
-se diversas vantagens. A via sub- 8. Zonas irradiadas
cutânea pode ser usada em casa ou 9. Zonas de pele não íntegra
no hospital, tem uma inserção 10. Doentes com necessidade de grandes volumes ou infusões contínuas e
simples e é mais confortável e me- prolongadas
nos susceptível que a via EV a 11. Infecções de repetição nos locais de punção
causar edema pulmonar. Os locais 12. Quando o doente tem necessidade de ter uma via EV mantida (por ex.
de punção podem ser mantidos hipercalcémia)
durante vários dias. Pode ser ini-

VOL 23 / N. o 2 / FEVEREIRO 2005 / POSTGRADUATE MEDICINE / UTILIZAÇÃO DA VIA SUBCUTÂNEA NO DOENTE IDOSO E TERMINAL 101
Utilização da via subcutânea no doente idoso e terminal, continuação

ciada em qualquer local, e termi- zona puncionada é um dos efeitos O eritema pode ser consequên-
nada em qualquer altura abrindo adversos mais frequentes da hipo- cia de alergia ao(s) fármaco(s)
ou fechando o sistema, pelo que dermoclise, que resolve habitual- administrado(s), à agulha,10 ou ao
pode ser usada em casa com facili- mente com massagem ou com a material de penso. Pode também
dade e segurança.3,5 Não tem risco diminuição do ritmo da infusão. dever-se à mobilização ou mudan-
de formação de trombos e não Se aumentar ou se for desconfor- ça de penso. Vigiar frequentemen-
causa tromboflebite. Nunca se de- tável para o doente deve parar-se te para determinar a etiologia. Se
monstrou que fosse causa de sepsis e mudar de sítio.4,6,10 não houver desconforto para o
ou de infecção sistémica.6 A anasarca é rara. Deve vigiar- doente pode manter-se a zona de
Nos doentes que ainda deambu- -se o edema, especialmente pélvi- punção.11 Se necessário deve
lam (grandes idosos, doentes ter- co, dos pés ou dos genitais. Se ne- mudar-se o local de punção.
minais não agónicos) a hidratação cessário deve diminuir-se o ritmo A dor ou o desconforto local,
por via sub-cutânea durante o pe- de infusão ou parar os soros.10 embora raros, podem ter origem
ríodo nocturno permite a mobili-
dade do doente, evita a restrição
ao leito e o internamento hospita-
lar (quadro 3).8 Quadro 3. Vantagens da utilização da via subcutânea

Desvantagens Vantagens da utilização da via subcutânea


1. Baixo custo
As desvantagens da utilização da 2. Manutenção de concentrações plasmáticas de fármacos estáveis ao longo do
via subcutânea face às outras vias tempo
são raras. 3. A agulha pode permanecer no mesmo local por períodos até uma semana
A hipodermoclise só permite a 4. Mais cómoda para o doente
administração de um máximo de
3.000 ml de soros por dia, usando Via subcutânea/Via intramuscular
dois locais puncionados em simul- 5. Menores custos em materiais utilizados e em tempo para o profissional
tâneo, uma vez que o ritmo habi- 6. Injecção menos dolorosa
tual é de 1 ml/minuto.3,6 Quando 7. Menor risco de hematomas
há necessidade de maiores quanti-
dades de soros, pouco habitual nos Via subcutânea/Via endovenosa
grandes idosos e nos doentes ter- 8. Pode ser usada em casa ou no hospital
minais, deve preferir-se a via en- 9. Inserção simples
dovenosa. 10. Mais confortável
É frequente o edema na zona 11. Menor risco de edema pulmonar
puncionada o que, por vezes, pode 12. Pode ser iniciada e terminada em qualquer local e em qualquer altura
ser desconfortável para o doente. 13. Sem risco de formação de trombos
Há ainda a possibilidade de 14. Não causa tromboflebite
reacções locais aos fármacos 15. Não causa sepsis ou infecção sistémica.
administrados. 16. Permite a mobilidade do doente

Efeitos secundários adversos Quando se usa bomba infusora


17. Podem-se administrar um ou mais fármacos na mesma seringa
A existência de edema a nível da

102 UTILIZAÇÃO DA VIA SUBCUTÂNEA NO DOENTE IDOSO E TERMINAL / VOL 23 / N. o 2 / FEVEREIRO 2005 / POSTGRADUATE MEDICINE
Utilização da via subcutânea no doente idoso e terminal, continuação

no aumento de pressão sobre os fármacos por via subcutânea a pa- Desinfectar o local de punção
tecidos provocado pelo edema, no rede abdominal, a face anterior do com solução alcoólica a 70% ou
aumento da quantidade de soro tórax, a região escapular, os braços clorhexidina a 0,5% ou, quando o
administrado ou na inserção da e a face externa das coxas são os doente a eles for alérgico, com
6,12
agulha no músculo: a massagem, a locais habitualmente utilizados. iodopovidona. Deixar secar.10,12
diminuição do ritmo da infusão e Está contra-indicada a hipoder- Fazer prega cutânea entre o po-
a reinserção da agulha são medi- moclise em zonas dolorosas, sujei- legar e o indicador e inserir a agu-
das correctoras desta situação.5 tas a radioterapia prévia, em zonas lha (butterfly de 23G ou 25G ou
A punção de vasos é um risco de pele não ín-
mínimo mas possível da utilização tegra ou cicatri-
da via subcutânea. A remoção da cial, em mem- A utilização da via subcutânea tem,
agulha, compressão do ponto de bros com linfe- em geral, boa aceitação por parte dos
inserção e a colocação de uma no- dema, sobre doentes e familiares.
va agulha noutro local resolvem a proeminências PGM
situação.6 ósseas ou pró-
A celulite constitui também ximo de articu-
um risco mínimo da administra- lações, na região mamária ou no Abocath) na base da prega, num
ção de soros e fármacos por via hemitórax em que foi feita mas- ângulo de 45 graus, com o bisel
subcutânea, em especial quando tectomia e próximo de estomas. para cima.6
se usa a técnica correcta e se mu- Quando se punciona a parede
da o local de punção com fre- Como administrar abdominal a agulha deve ser inse-
quência.4,6 Quando acontece de- rida lateralmente, para evitar que
ve-se parar o soro, retirar a agulha A utilização da via subcutânea o doente se pique ao sentar-se ou
e enviá-la para exame cultural.10 tem, em geral, boa aceitação por deitar-se em decúbito lateral.
Reiniciar a administração de soros parte dos doentes e familiares. Tal Se refluir sangue na agulha
com outra agulha, outro sistema e não obsta, no entanto, a que a deve retirá-la, comprimir a zona
outro soro numa zona distante da técnica lhes deva ser explicada de punção durante dois ou três
primeira e aguardar pela informa- antes de se passar à sua aplicação, minutos e puncionar em zona
ção do exame bacteriológico para e que deva ser procurado o con- adjacente com outra agulha.
iniciar antibioterapia. sentimento informado.9 Deve cobrir a zona de punção
Quando a agulha se desinsere Durante a execução da técnica, com um penso transparente para
deve parar-se o soro, cobrir a zona em doentes conscientes ou, caso o poder inspeccioná-la mais tarde.
com um penso e reiniciar noutro não estejam, aos familiares que os Adaptar um sistema de soros
local.10 acompanham, devem-se explicar EV standard e iniciar a adminis-
As reacções locais ao catéter e por palavras simples os procedi- tração do soro.
alterações na concentração de elec- mentos, o funcionamento do sis- Fármacos para aumentar a
trólitos no plasma são efeitos se- tema e eventuais efeitos colaterais. absorção sub-cutânea, como a hia-
cundários mais raros do que quando luronidase, não são habitualmente
se utiliza a via endovenosa.6 Técnica necessários.4
O edema pulmonar é raro.6
Perguntar ao doente, qual a loca- Conselhos práticos
Locais a utilizar e a evitar lização que lhe é mais confortável
e, caso seja possível, puncionar Qualquer que seja o local puncio-
Para administração de soros ou essa zona. nado, se a agulha ficar muito su-

104 UTILIZAÇÃO DA VIA SUBCUTÂNEA NO DOENTE IDOSO E TERMINAL / VOL 23 / N. o 2 / FEVEREIRO 2005 / POSTGRADUATE MEDICINE
Utilização da via subcutânea no doente idoso e terminal, continuação

perficial pode provocar dor e levar evitar lesões tecidulares. via subcutânea for colocado muito
a fugas de líquido, se for introduzi- Para reduzir o desconforto ao alto.10
da a grande profundidade pode fi- inserir a agulha há autores que A hidratação descontínua, isto
car intramuscular, causando dor advogam a administração de 0,5 é, apenas realizada durante uma
e/ou hemorragia.10 mg de dexametasona no local de parte do dia, em especial à noite, é
A colocação da agulha deve punção. a mais indicada para doentes que
permitir a mobilidade do doente, Se o volume a administrar for ainda deambulam, permitindo-
pelo que há que ter em atenção demasiado grande para absorção -lhes a mobilidade ao longo do dia.
num único local A hidratação subcutânea ou a
ou quando se administração de fármacos por
A não existência de bomba infusora não é administram fár- esta via pode, no domicílio, ser
impeditiva da utilização da via subcutânea macos incompa- uma tarefa executada pelos fami-
tíveis quando liares do doente, depois de devida-
para administração de soros ou fármacos. misturados, po- mente instruídos. Tal implica uma
PGM
dem, se neces- vigilância apertada dos locais de
sário, colocar-se punção, da técnica utilizada e dos
zonas próximas de articulações ou várias agulhas a, no mínimo, dois fármacos administrados.
pregas cutâneas. ou três centímetros umas das ou- No domicílio do doente deve
A agulha pode ficar colocada tras.7,12 ficar um plano escrito de adminis-
6,7
entre um e sete dias, sendo mais Não há necessidade de lavar o tração dos soros ou fármacos, que
habitual a utilização da mesma zo- sistema com soro entre vários fár- seja compreensível para o familiar
na de punção entre cinco e sete macos, uma vez que eles vão ser que se encarrega da tarefa, bem
dias; porém, quando se usam fár- absorvidos no mesmo local; se, no como o telefone de contacto per-
macos em concentrações elevadas, entanto, o sistema tiver um tubo manente do profissional responsá-
pode ser necessário mudar a agu- muito longo, é aconselhável fazer- vel. É também aconselhável que aí
lha ao fim de três a quatro dias. -se a sua lavagem com soro, para exista, tal como a nível hospitalar,
Se houver dificuldade em man- permitir que todo o fármaco que uma pasta com o diário clínico do
ter os sítios pode usar-se uma pe- está no sistema seja administrado. doente e esquema dos fármacos.
quena cânula de teflon. Vigie as zonas puncionadas para Cada frasco de soro não deve
A zona de punção deve ser mu- detectar inflamação ou infecção. ser utilizado por mais de 24 horas10
dada sempre que haja descolora- Se houver problemas de absor- e os volumes devem ser ajustados
ção ou eritema cutâneo, exsuda- ção escolha o abdómen ou o regularmente.
ção, refluxo de sangue, desconfor- tórax. A não existência de bomba infu-
to intenso ou quando se altera a No tórax a agulha pode ser co- sora não é impeditiva da utilização
prescrição de fármacos, para ou- locada em qualquer direcção. No da via subcutânea para administra-
tros muito diferentes ou incompa- abdómen, quando colocada abai- ção de soros ou fármacos. A sua uti-
tíveis com os primeiros. xo do umbigo, pode causar edema lização justifica-se quando há ne-
A nova zona de punção deverá escrotal.10 cessidade de monitorizar cuidadosa-
ficar a, pelo menos, cinco centí- Na coxa, em doentes acamados, mente a velocidade de administra-
metros da primeira, utilizando uma há que ter em atenção a possibili- ção de soros ou medicamentos.12
nova agulha e um novo sistema de dade de deslocação da agulha Quando se utiliza uma bomba
soros, embora alguns autores reco- quando do posicionamento sobre infusora, o fármaco deve manter-
mendem a rotação para uma zona o lado puncionado. O edema -se estável na concentração usada e
mais distante da primeira, a fim de escrotal pode ocorrer se o local da pelo período de tempo da adminis-

VOL 23 / N. o 2 / FEVEREIRO 2005 / POSTGRADUATE MEDICINE / UTILIZAÇÃO DA VIA SUBCUTÂNEA NO DOENTE IDOSO E TERMINAL 105
Utilização da via subcutânea no doente idoso e terminal, continuação

tração, que não deverá exceder as Quadro 4. Fármacos que podem ser administrados por via subcutânea, modo
vinte e quatro horas. Quando se de acção e indicações
misturam fármacos estes devem ser
compatíveis uns com os outros, as- Fármaco Modo de acção Indicações
sim como os solventes utilizados.
A seringa deve, sempre que pos- Morfina Analgésico Dor, dispneia, diarreia
sível, ser protegida da luz directa.
Quando o doente está muito Tramadol Analgésico Dor
próximo da morte (agónico), pode
ser aconselhável suspender a Haloperidol Antiemético e antipsicótico Agitação, náuseas, vómitos
hidratação subcutânea.
Levomepromazina Antiemético e sedativo Vómitos, agitação
Soros, ritmo e volumes
Midazolam Ansiolítico e sedativo Agitação, convulsões,
O tipo de soro a administrar por dispneia
via subcutânea, depende do qua-
dro clínico de cada doente. Lorazepam Ansiolítico e sedativo Ansiedade, dispneia
Na rehidratação subcutânea o
soro mais adequado é o Cloreto de Dexametasona Esteróide Dispneia, dor, vómitos
Sódio a 0,9% ou Cloreto de Sódio
a 0,9% com 10 mmol de potássio, Metoclopramida Antiemético Náuseas, vómitos, dispneia
a um ritmo de 70 a 100 ml/hora,
até um volume máximo de dois a Butilescopolamina Antiespasmódico e antisecretor Estertor, cólicas
dois litros e meio por dia, em in-
fusão contínua.5,11 Grandes volu- Diclofenac Anti-inflamatório Dor óssea
mes de soros necessitam de elec-
trólitos.10 Furosemida Diurético Edemas, crise hipertensiva
Em manutenção o volume diá-
rio oscila entre 500 e 1.500 ml
por dia, administrados entre oito e
doze horas por gravidade.4,5,6 mite administrar 1.000 ml ao lon- Ringer e Dextrose 3,33% em Clo-
Os doentes terminais neces- go da noite,11 por gravidade ou, reto de Sódio a 0,3% (2/3:1/3).4
sitam, em regra, de volumes muito em bolus de 500 ml, durante uma
menores.6,11 hora, duas ou três vezes ao dia, Fármacos
Quando ocorre hipernatrémia com bomba infusora.
com a utilização contínua de Clo- Alguns doentes menos desidra- Ao doente terminal em fase agó-
reto de Sódio a 0,9% deve, de for- tados, mas com dificuldade de in- nica devem ser apenas administra-
ma intermitente, administrar-se gerir água em quantidade suficien- dos os fármacos estritamente ne-
Dextrose em soro a 5%. te, podem necessitar de 1.000 ml cessários para controlar sintomas e
Em doentes com diarreia ou vó- três ou quatro vezes por semana, garantir a melhor qualidade de
mitos devem adicionar-se 20 a 40 em vez de soros subcutâneos vida possível até ao fim.
mmol de cloreto de potássio por administrados diariamente. Assim, os medicamentos mais
litro de soro administrado. Em situações muito específicas frequentemente utilizados nestes
A hidratação descontínua per- também se podem usar Lactato de doentes são os opióides (morfina,

106 UTILIZAÇÃO DA VIA SUBCUTÂNEA NO DOENTE IDOSO E TERMINAL / VOL 23 / N. o 2 / FEVEREIRO 2005 / POSTGRADUATE MEDICINE
Utilização da via subcutânea no doente idoso e terminal, continuação

Quadro 5. Fármacos que não


Em doentes muito desidratados, http://pmj.bmjjournals.com/cgi/content/full/
mas em que a esperança de vida é 76/897/453 (acedido em 06/02/2005)
devem ser administrados por via
4. Kane RS. Fluid replacement by hypoder-
subcutânea de semanas ou meses, pode ser útil
moclysis. www.wamd.org/News1103.html
a avaliação seriada da ureia. (acedido em 06/02/2005)
Fármacos que não devem ser O aparecimento de edema deve 5. Watanabe S. Palliative Care Tips on
administrados por via subcutânea ser equacionado caso a caso. Este Hydration. Issue #11 Palliative Care Tips.
pode não se dever a hiperhidrata- www.palliative.org (acedido em 18/01/2005)
Diazepam ção, mas ser consequência de hi- 6. Sasson M, Shvartzman P. Hypodermo-
Clorpromazina clysis: an alternative infusion technique.
poalbuminémia no doente caqué-
Am Fam Physic 2001;64(9):1575-8 (acedido
Pamidronato tico ou de obstrução venosa ou em 10/01/2005)
Digoxina linfática (infiltração ou compres- 7. Dugas R. La voie sous-cutanée Une
Fenitoína são por tumor ou metástases).7,11 alternative utile en soins palliatifs. Can Fam
Antibióticos Physic 2001;47:266-7 (acedido em
Resumo 21/12/2004)
8. Twycross R. Cuidados Paliativos. 2.a ed.
Lisboa: Climepsi Ed; 2003. (115-117)
A utilização da via subcutânea 9. West Lincoln NHS Primary Care
tramadol), as benzodiazepinas para administração de soros, de- Trust. Syringe Driver Guidelines
(midazolam) e os neurolépticos nominada hipodermoclise, é um http://www.westlincspct.nhs.uk/Policies&ma
(haloperidol, levomepromazina).7 método seguro, simples e ade- nuals/Clinical%20governance/WLQD17%2
Podem também ser administra- quado para doentes no domicílio 0-%20Syringe%20Driver%20Policy.pdf
(acedido em 10/01/2005)
dos, por via subcutânea, dexame- ou hospitalizados, permitindo
10. Regional Palliative Care Program.
tasona, butilescopolamina, cloreto também a administração de fár- Hypodermoclysis (HDC) Administration
de potássio, sulfato de magnésio, macos. Protocol for Palliative Care Patients
calcitonina, furosemida, metoclo- São muitas as vantagens e 11.
pramida, e diclofenac (quadro poucas as desvantagens da uti- http://www.palliative.org/PC/ClinicalInfo/Cl
4).13 lização desta via, particularmente inical%20Practice%20Guidelines/PDF%20fi
les/Hypodermoclysis%20Administra-
Estão contra-indicados para uti- nos idosos e nos doentes termi-
tion%20Guideline.pdf (acedido em
lização subcutânea: antibióticos, nais. 14/12/2004)
pamidronato, digoxina, fenitoína, A via subcutânea constitui, 12. Alberta Palliative Care Resource.
clorpromazina e diazepam. pela simplicidade de utilização e Chapter 7: Hydration. http://www.alberta-
(quadro 5).10 baixo risco de complicações, a palliative.net/APN/PCHB/07_Hydration.ht
via de eleição para hidratação e ml (acedido em 18/01/2005)
13. Alberta Palliative Care Resource.
Monitorização administração de fármacos a
Appendix K – Administering Hypodermo-
estes doentes. PGM clysis
Nas situações em que há neces- http://www.albertapalliative.net/APN/PCH
sidade de hidratação e/ou de Referências bibliográficas B/K_AdministeringHypodermoclysis.html
administração de fármacos por via 1. WONCA. A Definição Europeia de (acedido em 18/01/2005)
sub-cutânea, a monitorização é Medicina Geral e Familiar (Clínica Geral / 14. Oneschuk D. Subcutaneous Adminis-
tration of Opioids and Anti-emetics. Issue
essencialmente clínica.5 Medicina Familiar). Lisboa: APMCG; 2002
2. Back AL, Curtis JR. When does prima- #14 Palliative Care Tips. www.palliative.org
A avaliação diária do estado do (acedido em 18/01/2005)
ry care turn into palliative care? West J Med
doente, do grau de hidratação, do
2001;175:150-1 (acedido em 18/01/2005)
controle de sintomas, da tensão 3. Gandhi JS, Patel V. Delivery of fluids by Reproduzido com a permissão da
arterial e do estado mental são
1
the subcutaneous route. Postgrad Med J POSTGRADUATE MEDICINE,
essenciais.11 2000;76:453 uma publicação

VOL 23 / N. o 2 / FEVEREIRO 2005 / POSTGRADUATE MEDICINE / UTILIZAÇÃO DA VIA SUBCUTÂNEA NO DOENTE IDOSO E TERMINAL 107

Anda mungkin juga menyukai