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29.

Saúde Humana
Promoção da Saúde Mental no Ambiente Acadêmico:
experiências por meio do Teatro do Oprimido
Autor: França, Eliezer Carvalho; e.mail: eliezer3r@gmail.com
Orientador: Rocha, Eduardo Gonçalves; e.mail: eduardofdufg@gmail.com
Universidade Federal de Goiás

Resumo
O presente trabalho tem como motivação as experiências práticas do grupo Programa de
Educação Tutorial - PET Vila Boa. O referido programa tem como pilar a tríade Ensino,
Pesquisa e Extensão, cujo fundamento é promover ações que tenham como foco o
interesse social. A iniciativa surge a partir da necessidade de refletir sobre as relações
interpessoais e as trocas entre subjetividades no meio acadêmico, com o objetivo de
constatar possíveis manifestações de opressão e suas implicações na saúde mental, por
meio de investigações realizadas com membros do grupo PET e também com os demais
universitários da Universidade Federal de Goiás, da Regional Cidade de Goiás. No
ambiente universitário, na maioria das vezes, o que se espera é uma homogeneização do
conhecimento, desconsiderando as experiências pessoais que precedem o processo de
formação de cada indivíduo. O objetivo geral é promover o cuidado com a saúde mental
dos universitários diante das diversas experiências cotidianas por estes experimentadas.
Adotou-se a metodologia de oficinas participativas, partindo de análises de linguagem, em
especial, na oralidade, por intermédio de atividades interativas. Para isso, utilizou-se da
prática de métodos utilizados no Teatro do Oprimido, onde permite-se o contato físico e
olhar penetrante e permanente entre os participantes. Utilizou-se ao fim, trocas de
impressões e relatos, mediadas por um profissional da psicologia. Conclui-se que a
abordagem acerca da saúde mental é algo de alta relevância no ambiente acadêmico. Há
variados fatores que influenciam do campo emocional dos sujeitos universitários, fatores
estes que são capazes de abalar toda a estrutura psicológica, prejudicando o
desenvolvimento estudantil.

Palavras chave: Saúde Mental; Bem Estar Psicológico; Teatro


diversidade sociocultural, muitas das

1. Introdução vezes, expressões comunicativas, de


natureza ideológica, de alguns indivíduos
O presente trabalho tem como
tornam-se hegemônicas e dominadoras.
motivação as experiências práticas do
São então naturalizadas como superiores e
grupo Programa de Educação Tutorial -
oprimem expressões diferentes nos
PET Vila Boa. O referido programa tem
espaços de troca.
como pilar a tríade Ensino, Pesquisa e
Extensão, cujo fundamento é promover Um exemplo de espaços de troca,

ações que tenham como foco o interesse relevante para essa abordagem, é o meio

social. Nessa perspectiva, um dos acadêmico. No referido espaço, na maioria

trabalhos desenvolvidos tem como objetivo das vezes, o que se espera é uma

o zelo pela saúde mental, do próprio grupo homogeneização do conhecimento,

e também dos acadêmicos da desconsiderando as experiências pessoais

Universidade Federal de Goiás, Regional que precedem o processo de formação de

Goiás. cada indivíduo. Nesse sentido, atropela-se


o eu do sujeito e sua história, impõe-se a
A tarefa de proteger a saúde mental
expropriação da cultura inerente a este,
se dá pela realização de leitura de obras
seja na total desconstrução do
literárias e debates, bem como por oficinas
pensamento, seja e da linguagem no seio
interativas, onde se trabalha a
familiar, na relação com a vizinhança e sua
corporalidade. Nesse sentido, um
naturalidade. Esse fenômeno contribui com
mediador desperta nas oficinas a libertação
a omissão de expressões vindas de
de preconceitos, principalmente pela
indivíduos que se tornam oprimidos por
constante provocação de se colocar no
não se adequarem aos padrões.
lugar do outro, ou seja, à medida que se
descontrói também fortalece a si e ao Desta forma é preciso que

outro. revisemos não apenas o outro nas relações


de troca, mas principalmente nossas
Os variados ambientes de relações
ações, afim de identificarmos em nossos
sociais são constituídos por inúmeras
olhares possíveis leituras opressoras em
informações e realidades de vida, as quais
relação ao outro, tendo a compreensão de
são expressas através de linguagens
que, em ambientes de atividades em
distintas, carregadas de experiências
grupo, estamos sempre exercendo
pessoais que, corriqueiramente, se
influência na ou sendo influenciados pela
chocam, causando o que chamaremos de
leitura de mundo do outro.
situação de opressão. Mesmo diante da
Nenhuma pessoa conhece 2. Objetivos
realmente a outra sem que essa lhe 2.1. Geral
permita, estamos constantemente usando
Promover o cuidado com a saúde
máscaras para que possamos sobreviver
mental dos universitários diante das
em meio ao caos que é a humanidade.
diversas experiências cotidianas por estes
Augusto Boal, um dos grandes pensadores
experimentadas.
do teatro e idealizador do Teatro do
Oprimido, ressalta que estamos 2.2. Específicos

constantemente atuando, para ele “Todo Constatar, junto aos universitários


mundo atua, age, interpreta. Somos todos participantes, opressões experimentadas e
atores. Até mesmo os atores! ”. Tal influenciar na superação de traumas por
pensamento só confirma que, o que vemos meio do empoderamento dos indivíduos;
nem sempre de fato é o que parece. provocar a reflexão crítica das ações
(BOAL, 1931). pessoais como sujeitos ativos e passivos
Compreendendo que nossa leitura nas interações dos ambientes sociais;
superficial em relação ao outro pode estar provocar em cada indivíduo participante a
errada, onde o fraco pode ser o mais forte oportunidade de experimentar a vida
e o oprimido pode ser na verdade, um acadêmica de forma humanizada; formar
grande opressor, precisamos retirar o atores sociais capazes de interferir
julgamento do olhar, afim de acreditar que positivamente diante de uma realidade
aquele que julgamos ser o mais oprimido onde vozes são silenciadas pela opressão.
pode nos surpreender ao sentir liberdade 3. Materiais e Métodos
de expressar suas experiências
Inicialmente, foi realizada uma
particulares, sejam elas empíricas ou
pesquisa no banco de dados do Programa
teóricas. Com isso é preciso acreditar no
Saudavelmente, da Universidade Federal
outro, mesmo em situações de opressão,
de Goiás, o qual informa a relação de
como afirma Paulo Freire “...contudo, é
alunos em processo de atendimento
preciso que creiamos nos homens
psíquico terapêutico, com objetivo de
oprimidos. Que os vejamos como capazes
analisar as relações da terapia com as
de pensar certo também” (Freire, 2011, p.
trocas estabelecidas nos espaços
73).
acadêmicos. Diante da constada
necessidade de zelar da saúde mental no
ambiente universitário, adotou-se a
metodologia de oficinas participativas,
voltadas às expressões individuais, por aceitação da maioria dos membros,
partindo de análises de linguagem, em acerca das ações a serem executadas, o
especial, na oralidade, por intermédio de que nem sempre se revela como tarefa
atividades interativas. Para isso, utilizou-se simples.
da prática de métodos utilizados no Teatro
do Oprimido, de Augusto Boal, onde
permite-se o contato físico e olhar
penetrante e permanente entre os
participantes. Utilizou-se ao fim, trocas de
impressões e relatos, mediadas por um
profissional da psicologia.

4. Resultados e Discussão

Observou-se que a questão da


saúde mental dos universitários é algo que
requer uma total atenção. Constata-se que
o indivíduo, enquanto estudante, fica
sujeito a variadas situações emocionais
que podem interferir tanto no seu
rendimento acadêmico, como também nas FIGURA 01: Registro de oficina em pro-saúde
mental. (Acervo Grupo PET Vila Boa)
relações com os membros de grupos de
trabalho. Ressalta-se que as influencias No ambiente acadêmico, em geral,

emocionais pode ora estarem ligadas a os participantes relataram as formas

problemas do ambiente de ensino, ora diversas em que é possível perceber a

podem ser oriundos da vida externo e ora construção da posição hegemônica dos

podem ser dos dois ambientes. sujeitos. Nesse sentido, utiliza-se,


principalmente, da imponência mascarada
O trabalho do estudante em grupo,
de poder, através do uso da linguagem
dentro das universidades, como verificou-
rebuscada, da maneira que se veste, do
se pela experiência do Grupo PET Vila
bom histórico familiar, dos ambientes que
Boa, enfrenta grandes desafios. A
se frequenta, em suma, parte da
diversidade presente no grupo exige uma
particularidade do sujeito, o qual acredita
constante conciliação de perspectivas. O
ser superior em relação às qualidades dos
grupo enfrenta esses desafios por meio
demais membros do grupo.
das exposições e contraposições de ideias
de seus membros, onde ao final, decidem,
É de suma importância o debate e a I. Existência de um clima
estimulante e motivador, no
reflexão de comportamentos internos que
qual os estudantes encontram
podem influenciar negativamente no oportunidades de formação, e
que lhes permite construir
campo psicológico dos universitários. É
ativamente suas identidades;
preciso desse modo, trabalhar na
II. Riqueza de opções sociais,
construção de um ambiente propício ao
culturais, de lazer, que
bem estar social. melhoram o horizonte humano
e a autoestima do estudante;
Para Venturi e Goulart (2016, III. Existência de atenção para o
papel da vida emocional e para
p.100) o ambiente universitário pode se a qualidade das relações
tornar fator adverso ou de proteção para a humanas;
saúde mental dos seus membros. Para as IV. Existência de estímulo de
referidas autoras, a universidade está em fortalecimento da comunidade
universitária, essencial para
sofrimento e produz exclusão gerar a solidariedade;
principalmente quando incentiva um
Nogueira (2017, p.43) destaca que
espírito competitivo dominante, a
a saúde mental condiciona a forma de
tendência seletiva meritocrática e
pensar, sentir e agir das pessoas perante
desatenção aos problemas frustrantes e
as diversas situações do dia-a-dia. Nesse
estressantes que afetam a comunidade
sentido, condiciona igualmente o modo
universitária.
como cada um se vê a si mesmo, como vê
Venturi e Goulart (2016, p.102) a sua vida, como avalia os desafios e
apontam também que a Universidade é, problemas e como procura alternativas e
acima de tudo, excludente quando ela se resolve problemas.
coloca como insensível aos problemas
O bem-estar, segundo Nogueira
sociais, de renovação cultural e de
(2017), é um componente essencial da
transformação dos costumes. Nesse
saúde mental e da capacidade de viver de
sentido, as autoras elaboraram um quadro
forma plena. Keyes e Magyar-Moe (2003,
com recomendações para uma
apud Nogueira, 2017, pp.48-49) apontam
Universidade inclusiva e acolhedora, que
que o Bem-Estar Social centra-se nas
assim proporcionaria o bem estar da saúde
tarefas sociais e nas relações que se
mental dos estudantes.
estabelece com a comunidade e as
As recomendações de Venturini e estruturas sociais, e é constituído por cinco
Goulart (2016, p.103), para uma dimensões. São elas:
universidade acolhedora são as seguintes:
1. Aceitação social - traduz a
interpretação da sociedade e o
funcionamento numa esfera olhar e da ação do outro. Nesse sentido,
pública. Os indivíduos que a
ressalta-se que os nossos olhares e as
exibem têm confiança e
sentem-se confortáveis com o ações humanas possuem força, tanto para
outro, têm opiniões favoráveis
ativar como para bloquear o
sobre a natureza humana e,
acreditam que o outro é capaz desenvolvimento do outro.
de ser construtivo;
As oficinas provocaram variados
2. Atualização social - avaliação
do potencial da sociedade sentimentos nos participantes. Houveram
concretizado através das relatos no sentido da significância que foi
instituições e dos cidadãos;
ultrapassar barreiras privadas do outro. O
3. Contribuição social - avaliação fato de usar o toque humanizado entre os
que o indivíduo faz do seu valor
para com a sociedade, que participantes, fez gerar um sentimento de
inclui a crença de que se possui maior afetividade e proporcionar maior
algo de valor para oferecer ao
mundo; harmonia ao grupo.

4. Coerência social - percepção da Os integrantes do PET, ao


qualidade da organização e do reconhecerem a opressão como uma das
funcionamento do mundo social
e, de que a sociedade é características centrais da sociedade, e
discernível, sensível e que, muitas das vezes, inconscientemente,
previsível;
abalam o psicológico dos outros, seja com
5. Integração social - é o palavras ou ações. Augusto Boal, no
sentimento de pertencer à sua
comunidade e à sua sociedade Teatro do Oprimido, trabalha exatamente
e de que se partilha algo de esses pontos: o teatro como ferramenta
comum com outros. É a
avaliação da qualidade das modificadora da sociedade. A utilização do
relações com o entorno teatro como um espelho social, onde o
social/comunidade.
público consegue enxergar os seus
Observa-se deste modo, que a
dilemas íntimos expostos e percebem na
forma como o trabalho em grupo se
forma em que o teatro realiza a cena, as
desenvolve no ambiente acadêmico pode
possibilidades de mudar a sua conjuntura.
influenciar positivamente, condicionado à
O teatro do oprimido aborda, de modo
necessidade de uma consciência coletiva
simples e compreensível, para todo o
de reciprocidade. Os grupos de trabalho
público, maneiras de sair de uma situação
podem então ser ferramentas em potencial
de opressão. Tal fato é possível somente
para a promoção da saúde mental.
pela possibilidade de a principal regra é de
Os relatos dos participantes das se colocar no lugar do outro.
oficinas apontaram para a é importância do
Nesse processo já podemos emocional dos sujeitos universitários,
identificar muito dos agentes motivadores fatores estes que são capazes de abalar
do comportamento de cada um, o porquê toda a estrutura psicológica, prejudicando
de algumas expressões, gestos e falas. A o desenvolvimento estudantil.
maioria dos participantes revelaram a
Observa-se também que a
dificuldade e o constrangimento em olhar
implementação de atividades culturais,
fixamente nos olhos uns dos outros, pelo
artísticas, esportivas, etc, são altamente
sentimento de estarem sendo julgados.
capazes de influenciar positivamente na
Todavia, a cada oficina, esta prática tende
saúde mental dos estudantes. O exemplo
a se naturalizar. Aos poucos emerge o
da micro realidade do grupo PET, por meio
respeito empático uns pelos outros. Os
das oficinas de corporalidade e teatro do
risos e desvios de olhares, de
oprimido confirmam tal afirmativa. Os
constrangimento, tornam-se olhares
membros do grupo passaram a discutir
penetrantes e neutros.
sem intervenção de um mediador a
necessidade de olhar para o outro sem
julgar, mas de forma mais analítica,
buscando compreender as reais
motivações e intenções nas falas uns dos
outros.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Atendimentos realizados de 02 de


FIGURA 02: Registro momento de relatos de
impressões da oficina. (Acervo Grupo PET)
janeiro a 25 de outubro de 2018. UFG,
2018. Disponível em:
O Grupo PET Vila Boa, avaliou <https://saudavelmente.prae.ufg.br/p/2618
0-saudavelmente-em-numeros.> Acesso
como positivas as realizações das oficinas,
em: 10/06/19
em que buscou-se a promoção de um
BOAL, Augusto. Jogos para atores-não
espaço de trocas, baseado no respeito atores/ Augusto Boal. Rio de Janeiro:
recíproco. Civilização Brasileira, 2008.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido.


5. Conclusões
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
Constata-se que abordagem acerca NOGUEIRA, Maria José Carvalho. SAÚDE
MENTAL EM ESTUDANTES DO ENSINO
da saúde mental é algo de alta relevância
SUPERIOR: FATORES PROTETORES E
no ambiente acadêmico. Há variados FATORES DE VULNERABILIDADE. Tese
de doutoramento em Enfermagem,
fatores que influenciam do campo
Universidade de Lisboa, com a Financiamento
colaboração da Escola Superior de
Enfermagem de Lisboa, 2017. PET/MEC/FNDE
VENTURINI, Ernesto; GOULART, Maria
Stella Brandão. Universidade, solidão e
saúde mental. Interfaces - Revista de
Extensão da UFMG, v. 4, n. 2, p.94-115,
jul./dez. 2016.
VIGOTSKY, Levi Semenovich, 1869 -1934.
A construção do pensamento e da
linguagem / Lev Semenovich Vigotsky;
tradução Paulo Bezerra. – 2ª. Ed. – São
Paulo : Editora WMF Martins Fontes, 2009.
VIGOTSKY, Levi Semenovich, 1869 –
1934. A formação social da mente: o
desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores / L. S. Vigotski ;
organizadores Michael Cole... [et al.] ;
tradução José Cipolla Neto, Luís Silveira
Menna Barreto, Solange Castro Afeche. –
7ª. Ed. – São Paulo : Martins Fontes, 2007.

Agradecimentos

Aos meus companheiros de


trabalho e parceiros de pesquisa no
Programa de Educação Tutorial (PET) por
aceitarem o desafio de inserir o teatro
como ferramenta de desenvolvimento
pessoal e interpessoal nas atividades do
grupo, à psicóloga da Universidade Federal
de Goiás (UFG) – Regional Goiás, Damaris
Morais, pelo estimulo e pela parceria na
promoção da bem-estar no ambiente
acadêmico. Agradeço também a
coordenação do curso de Arquitetura e
Urbanismo da UFG-Regional Goiás por
trazer discussões sobre a qualidade mental
na graduação, alertando discentes e
docentes sobre cuidados à saúde mental.

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