1. Poder Constituinte
Não se pode esquecer de que a vedação do retrocesso no campo dos direitos humanos é
uma limitação ao poder constituinte originário. Entende- -se por vedação do retrocesso o
impedimento de se reduzir um direito previsto em tratado internacional que o país faça
parte. É uma espécie de efeito cliquet (ampliação de direitos, sem possibilidade de
redução).
NOTE BEM
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Importante
Pela primeira vez depois que entrou em vigor a CF/1988 foi realizada a Intervenção Federal. O
Decreto Presidencial 9.288, de 16 de fevereiro de 2018 determina a intervenção federal na área da
segurança pública no Estado do Rio de Janeiro com o objetivo de pôr termo ao grave
comprometimento da ordem pública com o prazo previsto de vigência até 31 de dezembro de
2018. Durante sua vigência, não pode ser modificada a CF/1988.
c) Limitações materiais: são as chamadas limitações materiais explícitas, cláusulas
pétreas, cerne fixo da Constituição, cláusulas inabolíveis, cláusulas de inamovibilidade,
cláusulas inamovíveis, ou núcleos constitucionais intangíveis, ou seja, são partes da
Constituição que não podem ser modificadas por emendas constitucionais para abolir
direitos. As cláusulas pétreas só poderão ser retiradas da Constituição se houver uma nova
Assembleia Nacional Constituinte, que, como se sabe, não encontra limites, salvo a
vedação do retrocesso previsto em tratados internacionais sobre direitos humanos. As
cláusulas pétreas explícitas estão previstas no § 4.º do art. 60 e são os seguintes casos: a
forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos
Poderes; e os direitos e garantias individuais. Existem as cláusulas pétreas implícitas, que
são mandamentos constitucionais que, apesar de não estarem previstos no § 4.º do art. 60,
não podem ser retirados da Constituição, pois o espírito do órgão constituinte assim o
desejou. São exemplos: o próprio procedimento das emendas constitucionais, o art. 127:
“O Ministério Público é instituição permanente (...)” e o art. 142: “As Forças Armadas,
constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares (...)” (grifos nossos).
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• É possível ampliar esse poder para englobar os Municípios (art. 29) e o Distrito Federal
(art. 32), destacando que estes se regem por Lei Orgânica.
• Destaque-se: o STF entende que a Lei Orgânica do Município não serve como parâmetro
de controle de constitucionalidade, pois se trata na verdade de uma crise de legalidade, de modo
que há parte da doutrina que sustenta que a Lei Orgânica Municipal não seria fruto de Poder
Constituinte.
“Antes de adentrar no mérito da questão aqui debatida, anoto que, muito embora não
tenha o constituinte incluído o Distrito Federal no art. 125, § 2.º, que atribui competência
aos Tribunais de Justiça dos Estados para instituir a representação de
inconstitucionalidade em face das constituições estaduais, a Lei Orgânica do Distrito
Federal apresenta, no dizer da doutrina, a natureza de verdadeira Constituição local, ante
a autonomia política, administrativa e financeira que a Carta Magna confere a tal ente
federado. Por essa razão, entendo que se mostrava cabível a propositura da Ação Direta de
Inconstitucionalidade pelo MPDFT no caso sob exame” (STF, RE 577.025, j. 11.12.2008, rel.
Min. Ricardo Lewandowski, DJE 06.03.2009).
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