Exercícios de SNC
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Exemplo 66 – Provisões e passivos e activos contingentes – Provisão resultante de obrigação construtiva
Exemplo 67 – Provisões e passivos contingentes – Activos contingentes
Exemplo 68 – Provisões e passivos e activos contingentes – Passivos e activos contingentes
Exemplo 69 – Provisões e passivos e activos contingentes – Provisão resultante de contrato oneroso
Exemplo 70 – Financiamentos – Locação financeira
Exemplo 71 – Financiamentos - Suprimentos
Exemplo 72 – Financiamentos – Empréstimo com juros a pagar no período seguinte
Exemplo 73 – Capital próprio – Aumentos de capital social por entradas de activos
Exemplo 74 – Capital próprio – Transformação de passivos em capital social
Exemplo 75 – Capital próprio – Amortização de acções com redução de capital na entidade emitente
Exemplo 76 – Capital próprio – Amortização de acções sem redução de capital na entidade emitente
Exemplo 77 – Capital próprio – Remição de acções
Exemplo 78 – Capital próprio – Aquisição e posterior venda de acções (quotas) próprias
Exemplo 79 – Capital próprio – Compra de activo fixo tangível com subsidio de governo
Exemplo 80 – Capital próprio – Resultados por acção
Exemplo 81 – Capital próprio – Aumento de capital por emissão de novas acções
Exemplo 82 – Impostos diferidos – Revalorização de activo fixo tangível depreciável
Exemplo 83 – Impostos diferidos – Revalorização de activo fixo tangível não depreciável
Exemplo 84 – Impostos diferidos – Contabilização pela primeira vez
Exemplo 85 – Impostos diferidos – Ajustamentos em investimentos financeiros, relacionados com o Método de
equivalência patrimonial
Exemplo 86 – Impostos diferidos – Prejuízos fiscais
Exemplo 87 – Impostos diferidos – Provisões não dedutíveis fiscalmente
Exemplo 88 – Impostos diferidos – Contratos de construção
Enunciado
A Sociedade ABC, Lda foi constituída em Janeiro de 2010 e vai dedicar-se ao transporte de combustíveis de várias
marcas.
A sociedade foi constituída por 5 sócios, todos motoristas de pesados, com um capital social de € 100.000.
Em Janeiro, a sociedade adquiriu 5 camiões-tractor, novos, para desenvolver a sua actividade. Os camiões, todos
iguais, de marca AAA, modelo BBB, foram adquiridos pelo montante global de € 600.000 através de um contrato de
locação financeira.
Estes camiões têm uma vida útil esperada de 6 anos, no fim desses 6 anos espera-se obter na venda dos mesmos o
valor de € 25.000 cada.
Na mesma data a sociedade adquiriu 5 cisternas semi-reboque de três eixos pelo valor de € 40.000 cada, através de
um contrato de locação financeira.
As cisternas têm uma vida útil de 4 anos, por imposição da APETRO, pelo que se espera obter na sua alienação um
quarto do valor pago por elas.
As cisternas foram objecto de alguns melhoramentos, nomeadamente rebaixamento do centro de gravidade, a fim de
estarem preparadas para o transporte de produtos perigosos das classes ADR 3-4, 1-5, 1-6, 1-8-9. Estes
melhoramentos ascendem a € 10.000 cada. Os tractores também foram objecto de certificação, onde foram
inspeccionados os sistemas de corte-corrente e travagem. O certificado ADR é válido por 3 anos e teve um custo
unitário (tractor + cisterna) de € 12.000.
A sociedade tem como objectivo assegurar o máximo de segurança possível para que se afaste a possibilidade de
acidente, pelo que é dada uma atenção muito especial à formação. Para poder efectuar transporte de combustíveis, o
motorista tem de frequentar um curso para obter certificado ADR, ao que se junta uma formação adicional exigida
pela APETRO. Os gastos com a formação dos motoristas (os 5 sócios) ascenderam a € 7.500, pelo que assim
obtiveram um certificado válido por um ano.
Resolução
Reconhecimento
(§ 44 da NCRF 7)
Uma entidade imputa a quantia inicialmente reconhecida com respeito a um item do activo fixo tangível às partes
significativas deste e deprecia separadamente cada parte. Por exemplo, pode ser apropriado depreciar separadamente
a estrutura e os motores de uma aeronave, sejam eles propriedade da entidade ou sujeitos a locação financeira.
(§20 da NCRF 7)
Exemplos de custos que não são custos de um item do activo fixo tangível são:
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a) Custos de abertura de novas instalações;
b) Custos de introdução de um novo produto ou serviço (incluindo custos de publicidade ou actividades promocionais);
c) Custos de condução do negócio numa nova localização ou com uma nova classe de clientes (incluindo custos de
formação de pessoal); e
d) Custos de administração e outros custos gerais.
Assim, os camiões dividem-se em vários componentes com valores e vidas úteis diferentes (camião, cisterna e
certificado). A formação não pode fazer parte do custo do bem.
Mensuração
(§53 da NCRF 7)
A quantia depreciável de um activo é determinada após dedução do seu valor residual. Na prática, o valor residual de
um activo é muitas vezes insignificante e por isso imaterial no cálculo da quantia depreciável.
O valor estimado para venda dos tractores e das cisternas no fim da sua vida útil não deve ser objecto de depreciação.
Impacto fiscal
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, as quotas mínimas de depreciação ou amortização são determinadas
através da aplicação, aos valores mencionados no artigo 2.º das taxas iguais a metade das fixadas no artigo 5.º, salvo
quando a Direcção-Geral dos Impostos conceda previamente autorização para a utilização de quotas inferiores, na
sequência da apresentação de requerimento em que se indiquem as razões que as justificam.
3 - O disposto nos números anteriores não é aplicável aos activos não correntes detidos para venda.
A vida útil estabelecida para os camiões e para as cisternas segundo o código 1435 do DR 25/2009 é de 4 anos, pelo
que não há qualquer divergência entre a política da empresa e o critério fiscal, dado que as quotas mínimas se fixam
em 8 anos, período superior ao que foi determinado pela gerência da sociedade.
Cálculos necessários:
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31-01-2010 433 Activos fixos tangíveis – equipamento básico 50.000
12 Depósitos à ordem 50.000
Pelo certificado ADR
31-01-2010 433 Activos fixos tangíveis – equipamento básico 60.000
12 Depósitos à ordem 60.000
Pela formação dos motoristas
31-12-2010 638 Gastos com o pessoal – outros gastos com o pessoal 7.500
12 Depósitos à ordem 7.500
Pelo reconhecimento das depreciações do período
31-12-2010 642 Gastos de depreciação e de amortização – activos fixos 153.333
438 Activos fixos tangíveis – depreciações acumuladas 153.333
Enunciado
A empresa BELAS, Lda possui um edifício de escritórios arrendado a diversas entidades, adquirido em 1 de Janeiro de
20xx, pelo valor de € 750.000, sendo a sua vida útil estimada em 25 anos.
Resolução
O valor da depreciação no final do ano 20xx, de acordo com o modelo do custo, é de € 30.000 (750.000 / 25)
Enquadramento
Uma propriedade de investimento é a propriedade (terreno, edifício – ou parte de um edifício – ou ambos), detida
(pelo dono ou pelo locatário numa locação financeira) para obter rendas ou para valorização do capital ou para ambas
as finalidades (NCRF 11, § 5).
Uma propriedade de investimento deve ser mensurada inicialmente pelo custo, compreendendo o seu preço de compra
e qualquer dispêndio directamente atribuível (NCRF 11, §§ 20 e 21). Após a mensuração inicial uma entidade deve
escolher ou o modelo do justo valor ou o modelo do custo para todas as propriedades de investimento (NCRF 11, §
33).
Uma entidade que escolha o modelo do custo deve, em conformidade com o § 58 da NCRF 11, mensurar todas as suas
propriedades de investimento de acordo com os requisitos da NCRF 7 para esse modelo e divulgar o seu justo valor,
excepto se satisfazerem os critérios de classificação como detidas para venda, em que devem ser mensuradas de
acordo com a NCRF 8.
Enunciado
A entidade ALFA, SA, procedeu ao processamento dos ordenados e salários do pessoal da entidade em 23 de Janeiro
de 20xx, tendo efectuado a transferência bancária correspondente ao pagamento dos vencimentos em 30 de Janeiro
de 20xx.
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Encargos Pessoal
Ordenados brutos 20.000
Encargos por conta do trabalhador
IRS (conforme tabelas de retenção) 1.000
Segurança Social (11%) 2.200
Ordenados líquidos 16.800
Encargos por conta da entidade patronal
Segurança Social (23,75%) 4.750
Enquadramento
1. ª fase — pelo processamento dos ordenados, salários e outras remunerações, dentro do mês a que respeitem:
débito, das respectivas subcontas de 63 — Gastos com o pessoal, por crédito de 231, pelos quantias líquidas apuradas
no processamento e normalmente das contas 24 — Estado e outros entes públicos (nas respectivas subcontas), 232 —
Adiantamentos e 278 — Outros devedores e credores, relativamente aos sindicatos, consoante as entidades credoras
dos descontos efectuados (parte do pessoal);
2. ª fase — pelo processamento dos encargos sobre remunerações (parte patronal), dentro do mês a que respeitem:
débito da respectiva rubrica em 635 — Gastos com o pessoal — Encargos sobre remunerações, por crédito das
subcontas de 24 — Estado e outros entes públicos a que respeitem as contribuições patronais;
3. ª fase — Pelos pagamentos ao pessoal e às outras entidades: debitam-se as contas 231, 24 e 278, por contrapartida
das contas da classe 1.
Enunciado
Em 31 de Dezembro 20xx foi identificado na empresa abcd, SA um cliente que tinha ultrapassado o prazo concedido
para pagamento da sua dívida. A empresa, após várias promessas de pagamento, considerou existir risco de
incobrabilidade, com probabilidade significativa de não vir a receber 60% da dívida de um total de € 10.000.
No final do ano 20xx (n+1) a dívida do cliente foi considerada incobrável. Contudo, em 20xx (n+2), no seguimento da
acção de recuperação da empresa, o cliente pagou integralmente a sua dívida.
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31-12-n+2 121 Recebimento do cliente 10.000
783 Recuperação de dívida 10.000
Enquadramento
As dívidas de terceiros, pela sua natureza, correm elevados riscos de se degradarem. Assim, sempre que a empresa
constate haver forte probabilidade de não vir a receber uma dívida, a empresa deve acautelar-se e, para isso,
reconhecer uma perda por imparidade na demonstração dos resultados (NCRF 27, § 23).
No caso das dívidas a receber relacionadas com operações da actividade operacional, a conta a debitar é a 6511 –
Perdas por imparidade – em dívidas a receber – clientes por contrapartida da conta 219 – clientes – perdas por
imparidade acumuladas.
Uma vez que a contabilidade deve reflectir, o mais verdadeiramente possível, a posição financeira da empresa, as
dívidas dos clientes que foram objecto de reconhecimento de perdas por imparidade devem ficar individualizadas na
conta 219 – Clientes – Perdas por imparidade acumuladas, subdividindo a conta por cada cliente nessa situação.
No caso das dívidas de difícil cobrança que não resultam de operações com clientes, a conta de gastos a reconhecer a
perda por imparidade é a conta 6512 – Perdas por imparidade – em dividas a receber – outros devedores. Quando
deixar de se verificar o motivo que originou a perda por imparidade, ou porque a dívida foi recebida ou porque a dívida
foi considerada incobrável a conta que registava a perda por imparidade, deve ser anulada (NCRF 27, §28).
Se a dívida a receber foi anteriormente considerada em situação de imparidade e reconhecida numa das seguintes
contas: 219, 229, 239, 269 a 279 Perdas por imparidade acumuladas, o desreconhecimento (anulação)da dívida é
feito por contrapartida da correspondente conta da classe 2, que contém o débito do reconhecimento inicial da dívida.
A anulação da conta de perdas por imparidade acumuladas, é feita por crédito na conta 76211 – Reversões – de
perdas por imparidade – em dívidas a receber – clientes, caso se trate de dívidas de clientes e na conta 76212 –
Reversões – de perdas por imparidade – em dívidas a receber – outros devedores, no caso de outros devedores que
não clientes.
Se a dívida a receber não foi anteriormente considerada em situação de imparidade, o desreconhecimento (anulação)
é feito por débito da conta de gastos, 683 – Outros gastos e perdas – dívidas incobráveis, por contrapartida da
correspondente conta da classe 2 – Contas a receber e a pagar.
Exemplo 5 – Gratificações
Enunciado
A empresa ABCD, SA tem como pratica comum a atribuição de gratificações aos administradores numa percentagem
de 15%.
Enquadramento
De acordo com a NCRF 28, §4 e 9, os benefícios dos empregados incluem a participação nos lucros se pagáveis dentro
de 12 meses do final do período. Ainda de acordo com a NCRF 28, § 22, “uma entidade reconhece o custo de planos
de participação nos lucros e de bónus não como uma distribuição do lucro líquido mas como um gasto”
Assim, a norma contabilística e de relato financeiro estabelece que as gratificações devem ser consideradas gastos do
próprio período a que respeitam os lucros e, como tal devem ser logo reconhecidas numa conta de gastos com o
pessoal.
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Contudo este reconhecimento como gastos apenas o pode ser quando, e só quando, a entidade tenha uma obrigação
presente legal ou construtiva de fazer tais pagamentos em consequência de acontecimentos passados e possa ser feita
uma estimativa fiável da obrigação.
Deste modo, a estimativa da obrigação, e o respectivo reconhecimento do gasto com pessoal deverão ser feitos de
acordo com a prática passada. Assim, em termos práticos e de acordo com a NCRF 28, o lucro do ano já deverá ser
deduzido do valor da gratificação a atribuir.
Enunciado
A empresa Alfa, Lda comprou à empresa Beta, Lda em 1 de Julho de 200n, a mercadoria Y por € 1.500, sujeita a IVA à
taxa normal.
A empresa adquiriu a mercadoria a pronto pagamento, tendo auferido do desconto de pronto pagamento de 5%. A
venda a dinheiro continha também o desconto de pronto pagamento.
Contudo, a empresa Alfa, Lda pagou à empresa Beta, Lda um fornecimento de mercadorias de € 4.000 acrescido de
IVA à taxa normal, tendo obtido de um desconto de 3% por força de ter antecipado o pagamento em 2 meses. O
cliente pediu que lhe fosse emitida uma nota de crédito relativamente ao desconto.
Cálculos auxiliares:
Desconto: 1.500 x 5% = 75
IVA: (1.500 – 75) x 23% = 328.
Enquadramento
Na actividade comercial existem dois tipos de desconto: comercial e financeiro. Os descontos financeiros prendem-se
com a actividade financeira da empresa e têm a ver com o pagamento a pronto, benefício tido com o pagamento
contra a entrega do produto ou execução do serviço num prazo normalmente curto, ou ainda com a antecipação do
prazo de pagamento.
Na contabilização de desconto obtido, o valor correspondente à dívida paga ao fornecedor, é debitado na conta 221 –
Fornecedores c/c, por crédito da conta 782 – Descontos de pronto pagamentos obtidos e crédito da conta de Meios
financeiros líquidos, respectiva, pelo valor líquido pago.
A sujeição ou não a IVA dos valores considerados como desconto de pronto pagamento, tem levantado algumas
questões que a doutrina não tem clarificado. No exemplo apresentado o desconto financeiro é retirado da base
colectável do IVA, de acordo com o Código do IVA.
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Contudo, esta leitura pode ser a de que apenas se aplica aos descontos comerciais, e se assim o for, não deverá ser
efectuada qualquer correcção ao imposto liquidado, porque as respectivas contabilizações do desconto, tanto do lado
do comprador como do lado do vendedor, não vão corrigir o valor pelo qual a mercadoria é transaccionada.
Quando o desconto é de natureza financeira é sempre contabilizado, quer nas próprias facturas de venda ou prestação
de serviços, quer obtido fora da factura.
Enunciado
A empresa Alfa, SA, vendeu à empresa Beta Lda, em 1 de Julho de 20n, mercadoria Y por € 4.000, sujeita a IVA à
taxa normal, tendo concedido um desconto de pronto pagamento de 3% a 30 dias. O cliente pediu que lhe fosse
emitida uma nota de crédito relativamente ao desconto.
Cálculos auxiliares:
IVA: 4.000 x 23% = 920
Enquadramento
Os descontos financeiros prendem-se com a actividade financeira da empresa. Assim, o desconto financeiro tem a ver
com o pagamento a pronto, benefício tido com o pagamento contra a entrega do produto ou execução do serviço num
prazo normalmente curto, ou ainda com a antecipação dos prazos de pagamento.
Os descontos de pronto pagamento são uma motivação para que o cliente pague dentro de um determinado prazo,
geralmente muito curto.
Os descontos de caixa são considerados como gastos financeiros e são contabilizados na conta 682 – Outros gastos e
perdas – descontos de pronto pagamento concedidos, se aproveitados pelo comprador e no acto do recebimento.
Quando o desconto é de natureza financeira é sempre contabilizado, quer nas próprias facturas de venda ou prestação
de serviços, quer obtido fora da factura (através das notas de crédito).
Enunciado
A empresa Alfa, SA, recebeu em 2 Janeiro de 20n, um subsídio governamental no valor de € 90.000 para compensar a
baixa margem dos produtos que produz, uma vez que o preço de venda é fixado administrativamente.
Este valor do subsídio foi atribuído para compensar a baixa margem dos produtos nos próximos 5 anos.
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Cálculos auxiliares:
Enquadramento
De acordo com a NCRF 22, os subsídios são auxílios do Governo na forma de transferência de recursos para uma
entidade em troca do cumprimento passado ou futuro de certas condições relacionadas com as actividades
operacionais da entidade.
De acordo com a NCRF 22, § 8 e 22, os subsídios só devem ser reconhecidos após existir segurança de que a entidade
cumprirá as condições a eles associadas e os subsídios serão recebidos. Neste sentido, o recebimento de um subsídio
não proporciona ele próprio prova conclusiva de que as condições associadas ao subsídio tenham sido ou serão
cumpridas.
No que diz respeito ao reconhecimento dos subsídios, a NCRF 22, § 24 refere que os subsídios do Governo que são
concedidos para assegurar uma rentabilidade mínima ou compensar deficits de exploração de um dado exercício
imputam-se como rendimentos desse exercício. Nos casos em que estes subsídios se destinarem a financiar deficits de
exploração de exercícios futuros, devem ser imputados aos referidos exercícios.
Enunciado
A Empresa Alfa, Lda, que comercializa artigos de joalharia, no dia 15 de Dezembro de 200n, na data do aniversário da
sua loja no centro comercial xx, ofereceu aos seus 10 melhores clientes, 10 peças de joalharia, uma a cada cliente,
que haviam custado € 100 cada.
Cálculos auxiliares:
10 x 100 = 1.000
IVA: 1.000 x 23% = 230
Enquadramento
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A reclassificação e regularização de inventários e activos biológicos consiste no reconhecimento contabilístico de
variações nas contas de inventários que não resultem de compras de inventários, vendas de inventários ou perdas por
imparidade de inventários.
As ofertas de inventários, consistem na transmissão de inventários da própria empresa sem qualquer contrapartida
pecuniária.
O IVA – Liquidado pode ser contabilizado por contrapartida da conta 6812 – Outros gastos e perdas – Impostos
indirectos, se esta for a prática da empresa.
A empresa Beta, Lda, que comercializa electrodomésticos, recebeu no dia 18 de Dezembro de 200n, do seu fornecedor
AAA, dois televisores de marca WWW, que foram valorizados por € 175 / cada.
A empresa Beta, Lda, contabiliza os seus inventários em sistema de inventário permanente (SIP).
Enquadramento
As ofertas de inventários, consistem na transmissão de inventários da própria empresa sem qualquer contrapartida
pecuniária.
O IVA – Liquidado pode ser contabilizado por contrapartida da conta 6812 – Outros gastos e perdas – Impostos
indirectos, se esta for a prática da empresa.
Enunciado
A empresa Gama, Lda, que comercializa óleos, na inventariação realizada em 30 de Novembro de 200n, verificou uma
quebra de 250 litros nos óleos vegetais, tipo XT.
A empresa Gama, Lda contabiliza os seus inventários em sistema de inventário permanente (SIP).
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Enquadramento
As quebras (e sobras) de inventários são diminuições (e aumentos) verificadas nas quantidades dos inventários
existentes na empresa num determinado momento.
- As quebras normais, que resultam de fenómenos naturais e inevitáveis, inerentes à actividade da empresa, como,
por exemplo, é o caso de empresas que produzem e/ou comercializam produtos perecíveis ou de fácil volatilidade.
- As quebras anormais, que têm carácter imprevisível e extraordinário, resultando de factos alheios à actividade da
empresa, por exemplo acidentes, roubos, incêndios, inundações, etc.
Nas quebras normais, no caso de haver alteração das quantidades (para menos) e do custo unitário (para mais), de tal
forma que se mantenha o valor global dos inventários existentes em armazém, não é necessário fazer qualquer
lançamento contabilístico. No caso de haver alteração das quantidades (para menos) e do valor global dos inventários
existentes no armazém (para menos) e manter-se o custo unitário da mercadoria, existe uma quebra.
No caso da quebra ser considerada normal deve utilizar-se a conta 6842 – Outros gastos e perdas – perdas em
inventários – quebras.
No caso da quebra ser considerada anormal deve utilizar-se a conta 6848 – Outros gastos e perdas – perdas em
inventários – outras perdas.
Enunciado
Em 23 de Dezembro de 200n, a empresa BETA, Lda que comercializa electrodomésticos, sofreu um roubo numa das
suas lojas.
Depois de se inventariar as perdas, verificou-se que tinham sido roubadas 10 TV, ao custo unitário de € 200.
Situação 1 – Esta mercadoria está coberta pelo seguro, que irá pagar 80% do valor perdido.
Situação 1 – Esta mercadoria está coberta pelo seguro, que irá pagar € 2.300 do valor perdido.
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Enquadramento
Enunciado
A empresa Celtinfor, Lda, que importa da Alemanha equipamentos de telecomunicações, recebeu no dia 4 de
Dezembro de 200n, a documentação relativa à importação (intracomunitária), incluindo a factura do fornecedor
alemão, de 1.000 Telemóveis XTL, ao custo unitário de € 60.
Enquadramento
As mercadorias em trânsito correspondem a inventários (mercadorias) adquiridos pela empresa, mas que ainda não
entraram no armazém. Esta situação acontece, normalmente, com empresas importadoras, em que entre a data da
recepção dos documentos de compra das mercadorias e a data da recepção das mesmas decorre um período de tempo
alargado.
Enunciado
A empresa ALFA, Lda, enviou ao seu intermediário CL (consignatário), no dia 3 de Dezembro de 200n, 5 televisores
xxx, ao custo unitário de € 320.
A conta de venda do consignatário foi recebida no dia 18 de Dezembro de 200n, pela venda dos 5 televisores ao preço
unitário de € 480, acrescidos de IVA à taxa normal. A venda foi efectuada apenas a um cliente.
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boletim empresarial
A comissão do intermediário CL, foi de € 240, acrescidos de IVA à taxa normal. Nota de despesas n.º …, datada de 20
de Dezembro de 200n.
No caso da devolução dos televisores pelo consignatário, o lançamento contabilístico será o inverso do efectuado no
dia 3.
Enquadramento
Este regime consiste na entrega temporária de inventários a um intermediário, o consignatário, que os irá vender por
conta e ordem do consignante (a empresa que tem a posse jurídica dos inventários). O consignatário recebe uma
comissão pelas vendas que efectuar por conta do consignante.
Enunciado
A empresa JM, Lda, que comercializa sal a granel, na inventariação do artigo SI (sal iodado) realizada em 31-12-200n,
verificou uma sobra de 3.200 Kg deste artigo, ao preço de custo de € 0,25 / Kg.
A empresa JM, Lda contabiliza os seus inventários em sistema de inventário permanente (SIP).
Enquadramento
As sobras são aumentos de inventários que podem resultar de fenómenos naturais. É o caso, por exemplo, das sobras
verificadas em mercadorias cuja unidade de medida é o peso (quilo) em que se a inventariação for feita em dias com
muita humidade, esta pode apresentar pesos superiores aos registados nas fichas de armazém.
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Enunciado
A empresa xxx, Lda, que comercializa equipamentos informáticos, transferiu em 23 de Novembro de 200n, para o seu
departamento administrativo 2 PC’s, cujo custo unitário é de € 1.250.
A empresa xxx, Lda, contabiliza os seus inventários em sistema de inventário permanente (SIP).
Enquadramento
Este tipo de operação em empresas que comercializam mercadorias que a empresa também utiliza na sua actividade,
é muito frequente.
Enunciado
A empresa ABC, Lda, que comercializa diverso material de escritório, necessitou em 2 Janeiro de 200n para os seus
escritórios de 10 agrafadores.
Para tal, requisitou ao seu próprio armazém os referidos agrafadores, os quais foram transferidos nessa data para o
seu departamento administrativo.
A empresa ABC, Lda, contabiliza os seus inventários em sistema de inventário permanente (SIP).
Enquadramento
Autoconsumos de mercadorias significa que os activos passam a ser usados e não vendidos. Ou seja, as mercadorias
deixam de ser detidas para serem vendidas, para passarem a ser usadas nas das actividades correntes de entrega ou
fornecimento de bens e serviços.
O uso destes activos sem que seja a venda, devem ser reconhecidos como um gasto, mas não de vendas,
nomeadamente gastos com fornecimentos e serviços de outros.
Para o registo contabilístico destas operações deve usar-se a conta 38 – reclassificação e regularização de inventários
ou activos biológicos, que, sendo uma conta transitória, após perfazer a sua função, salda através da conta de
Inventários e activos biológicos adequada.
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boletim empresarial
Enunciado
A empresa ALFA, Lda, que comercializa diverso material de escritório, adquiriu ao seu fornecedor de mercadoria no dia
2 de Março de 200n, 100 pastas de arquivo, ao preço unitário de € 10, sujeito a IVA à taxa normal.
Posteriormente, no dia 25 de Março de 200n, a empresa ALFA, Lda, procedeu à devolução ao seu fornecedor de 10%
da mercadoria adquirida no dia 2, devido ao facto de estas pastas apresentarem pequenos defeitos de fabrico.
Neste sentido, o fornecedor procedeu à emissão da nota de crédito, referente à devolução das pastas adquiridas no dia
2. A nota de crédito regulariza o IVA.
A empresa ALFA, Lda, contabiliza os seus inventários em sistema de inventário permanente (SIP).
Enquadramento
A conta 317 – Compras – Devolução de compras, regista as devoluções de bens que tenham sido anteriormente
registadas na conta 311 – Compras – Mercadorias.
Esta conta movimenta-se a crédito, por contrapartida da conta 221 – Fornecedores – Fornecedores conta corrente.
No caso de se proceder à regularização do IVA a favor do Estado, o que acontece se na compra foi deduzido IVA, deve
enviar-se ao fornecedor prova em como se efectuou o lançamento de regularização do IVA, a favor do Estado, tal
como consta do Código do IVA.
Enunciado
A empresa ALFA, SA, pretende satisfazer um contrato de fornecimento de 150.000 unidades em 3 anos. Para o efeito,
a empresa adquiriu, em Janeiro de 200n, um equipamento estritamente especializado para esta fabricação sendo o
seu custo de € 180.000.
O vencimento da entrega das unidades produzidas foi fixado da seguinte forma, de acordo com o cliente:
Ano n – 30.000
Ano n+1 – 45.000
Ano n+2 – 75.000
TOTAL – 150.000
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O equipamento será desactivado no final do período de fabricação.
Assim:
A depreciação do activo em linha recta (quotas constantes) ou pelo método do saldo decrescente (quotas degressivas)
em três anos, não traduz o ritmo real de depreciação, sendo preferível basear as depreciações nas quantidades
produzidas. Assim, as depreciações nos 3 anos serão as seguintes:
Enquadramento
O período de depreciação de um activo fixo tangível, representa o período durante o qual a empresa conta utilizá-lo,
ou o número de unidades produzidas (ou equivalentes) que espera realizar com a utilização do activo. O período de
depreciação pode também basear-se em dados físicos (número de unidades a serem produzidas, quilómetros a
percorrer, etc). Esta possibilidade é particularmente indicada para os activos que se depreciam mais pela utilização do
que pelo seu envelhecimento ou se o ritmo de utilização é irregular.
Relativamente à determinação da vida útil em conformidade com o § 56 da NCRF 7, deve ter-se em consideração uma
série de factores, tais como:
- Capacidade produtiva do activo (uso esperado);
- Desgaste normal esperado, tendo em conta o número de turnos durante os quais o activo será usado e o programa
de reparação e manutenção, e o cuidado e manutenção do activo enquanto estiver parado;
- Obsolescência técnica ou comercial à qual está submetido;
- Limites legais de utilização, em particular a duração de locação para os bens objecto de contratos de locação
financeira.
Assim, a vida útil de um activo deve basear-se no período durante o qual a empresa espera utilizar o activo, isto é, a
estimativa da vida útil do activo é uma questão de juízo de valor baseado na experiência da entidade com activos
semelhantes. Assim, o período de depreciação pode ser inferior à duração da vida física do activo, por exemplo quando
a empresa tem por norma renovar frequentemente os seus activos fixos tangíveis (NCRF 7, § 57).
A depreciação começa quando o activo esteja disponível para uso, isto é, quando estiver na localização e condição
necessárias para que seja capaz de operar na forma pretendida e cessa na data que ocorrer mais cedo entre a data
em que o activo for classificado como detido para venda de acordo com a NCRF 8 e a data em que o activo for
desreconhecido (NCRF 7, § 55).
Enunciado
A sociedade BETA, SA, adquiriu a crédito, em Janeiro de 200n, um equipamento industrial por € 750.000.
Sabe-se, à data da sua aquisição, que a vida útil esperada do equipamento é de 20 anos e que este necessita de
inspecções importantes no valor de € 25.000, de 5 em 5 anos.
O equipamento funciona a motor, tendo este sido adquirido por € 250.000 a substituir de 4 em 4 anos.
16
boletim empresarial
Para testar o correcto funcionamento do equipamento foram realizados testes no valor de € 1.000, tendo ainda
ocorrido custos de instalação e montagem no valor de € 5.000.
Estima-se que, por imposição legal, no final da vida útil do equipamento a empresa terá que recuperar a área
circundante e proceder ao desmantelamento da máquina. A quantia actualizada estimada dos custos é de € 50.000.
Assim, tem-se:
O equipamento industrial é uma parte do activo fixo tangível, a ser depreciada durante 20 anos, sendo a sua quantia
de reconhecimento inicial no valor de (750.000 – 25.000 + 1.000 + 5.000 + 50.000) = € 781.000.
O motor do equipamento é uma parte significativa do equipamento industrial, a ser depreciada durante 4 anos, sendo
a sua quantia de reconhecimento inicial no valor de € 250.000.
A inspecção é uma parte significativa do equipamento industrial, a ser depreciada durante 5 anos, sendo a sua quantia
de reconhecimento inicial no valor de € 25.000.
Depreciações anuais:
- Equipamento industrial € 781.000 / 20 anos = € 39.050
- Motor do equipamento € 250.000 / 4 anos = € 62.500
- Inspecção € 25.000 / 5 anos = € 5.000
Enquadramento
Cada parte de um item do activo fixo tangível com um custo que seja significativo em relação ao custo total do item
deve ser depreciada separadamente (NCRF 7, § 43).
Uma entidade imputa a quantia inicialmente reconhecida com respeito a um item do activo fixo tangível às partes
significativas desse e deprecia separadamente cada parte (NCRF7, § 44).
Enunciado
A sociedade ALFA, SA, em 31 de Dezembro de 200n, fez um teste de imparidade a um seu equipamento com vida útil
restante de 3 anos, e com a quantia escriturada de € 117.000 (após reconhecimento da depreciação de 200n).
Assim, tem-se:
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boletim empresarial
O custo do equipamento actualizado a 31 de Dezembro de 200n, considerando uma taxa de actualização de 10%, é
igual a:
Enquadramento
Se um activo fixo tangível verificar uma diminuição de valor, esta deve ser reconhecida em resultados do exercício, a
não ser que o activo tenha sido anteriormente revalorizado e, nesse caso, a diminuição deve ser debitada
directamente ao capital próprio, na conta “Excedentes de revalorização”, até ao ponto de qualquer saldo de crédito
existente no excedente de revalorização com respeito a esse activo (NCRF 7, § 40 e NCRF 12, § 29).
Enunciado
A sociedade ALFA, Lda, na Assembleia Geral de 28 de Março de 200n, deliberou um aumento de capital de 250.000
acções de valor nominal de € 1, através da incorporação de € 180.000 de Excedentes de revalorização de activos fixos
tangíveis, realizados e de € 70.000 de outras reservas realizadas.
Enquadramento
Os aumentos de capital por incorporação de reservas não alteram o montante do capital próprio das empresas, uma
vez que em termos contabilísticos se verifica uma mera transferência de valores entre contas.
No entanto, de acordo com a lei comercial (CSC), o capital apenas pode ser aumentado por reservas disponíveis para
tal efeito, ou seja, as reservas que se possam considerar realizadas.
O excedente de revalorização incluído no capital próprio com respeito a um item do activo fixo pode ser directamente
transferido para resultados transitados quando o activo for desreconhecido, ou à medida que o activo que originou o
excedente for usado pela entidade (NCRF 7, § 41).
As reservas legais apenas podem ser integradas no capital social desde que não haja prejuízos que não possam ser
cobertos por lucros do exercício ou por outras reservas.
O aumento de capital por incorporação de reservas implica um aumento da quota (ou acções) de cada sócio
proporcionalmente ao valor nominal dela, excepto se o contrato de sociedade estipular critério diverso.
A deliberação do aumento de capital indicará se são criadas novas quotas ou acções ou se é aumentado o valor
nominal das existentes, na falta desta indicação será aumentado o valor nominal das mesmas.
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boletim empresarial
Enunciado
A sociedade BETA, Lda, com um capital social de € 900.000 e prejuízos acumulados no valor de € 460.000 deliberou
em Assembleia Geral realizada em 30 de Março de 200n, uma redução de capital social para metade do existente.
Enquadramento
A redução de capital por cobertura de prejuízos é um dos recursos da empresa para evitar a sua dissolução e só se
pode realizar após a verificação dos condicionalismos previstos na lei comercial. Assim, de acordo com o CSC, quando
os membros da gerência verificarem que se encontra perdido metade do capital social devem propor aos sócios que o
capital seja reduzido, salvo se forem deliberadas entregas dos sócios de modo a manter pelo menos em dois terços a
cobertura de capital.
Com a redução do capital, as empresas passam a apresentar rácios económicos e financeiros melhores, facto que é
vantajoso para alguns utentes das demonstrações financeiras, nomeadamente as instituições financeiras.
O sócio MS da sociedade da sociedade Nafta, Lda, que possuía 25% do capital, em 1 de Dezembro de 200(n-1),
decidiu sair da sociedade, o que, depois de decorrerem todos os trâmites legais, foi aceite pelos restantes sócios. A
saída do sócio MS, ocorreu em 2 de Janeiro, sendo o capital próprio da sociedade, nesta data o seguinte:
Capital € 60.000
Reservas Legais € 12.000
Outras Reservas € 22.000
Resultados Transitados € 6.000
TOTAL € 100.000
Enquadramento
A redução de capital por saída de sócios implica que seja feita a avaliação da empresa para o efeito.
A saída de um sócio obriga ao pagamento ao mesmo da sua quota, proporcionalmente à parte que lhe cabe no total do
capital próprio.
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boletim empresarial
Enunciado
O contrato da empresa ALFA Lda, contempla a entrega por parte dos seus sócios, de prestações suplementares. Em
conformidade, os sócios deliberaram em Assembleia Geral, realizada em Março de 200n, entregar à sociedade €
75.000.
Passados dois exercícios económicos, em Março de 200n+2, os sócios deliberaram que as prestações suplementares
entregues, fossem restituídas, uma vez que o capital próprio depois da restituição permanecia nas condições exigidas
por lei.
Ano n
Data Conta Descritivo Débito Crédito
Deliberação dos sócios de entregarem à sociedade prestações suplementares
x-03-200n 268x Accionistas – Outras operações 75.000
53x Outros instrumentos de capital próprio 75.000
Realização das prestações suplementares
x-03-200n 12 Depósitos à ordem 75.000
268x Accionistas – Outras operações 75.000
Ano n+2
Enquadramento
As prestações suplementares respeitam a entradas de dinheiro, como reforço de capital, se o contrato de sociedade
assim o exigir. As prestações suplementares não vencem juros.
A restituição das prestações suplementares aos sócios depende da deliberação dos mesmos em Assembleia Geral e só
pode ser efectuada desde que o capital próprio (depois da restituição) não fique inferior à soma do capital social
realizado e da reserva legal e não podem ser restituídas depois de declarada a falência da sociedade.
Em conformidade com a lei comercial (CSC), as prestações suplementares só são exigidas, pelos estatutos das
sociedades por quotas.
Enunciado
A empresa BETA Lda, recebeu em Julho de 200n, a título gratuito, um terreno cujo justo valor foi determinado em €
50.000
Enquadramento
De acordo com a lei civil (Código Civil) “a doação é o contrato pelo qual uma pessoa, por espírito de liberalidade e à
custa da sua riqueza dispõe gratuitamente de uma coisa ou de um direito, ou assume uma obrigação, em benefício de
outro contraente”.
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boletim empresarial
O valor pelo qual se devem registar as doações corresponde ao seu justo valor, isto é, a quantia pela qual um activo
pode ser trocado entre um comprador e um vendedor conhecedores e interessados, numa transacção ao seu alcance.
Enunciado
A sociedade ALFA SA, deliberou em Março do ano de 200n+1, a aplicação dos resultados do ano de 200n, no valor de
€ 200.000, conforme se apresenta:
Enquadramento
No inicio de cada exercício económico, para que a conta 81 – Resultado liquido de período, fique saldada de forma a
conter apenas os resultados do período que começa, o saldo do exercício anterior deve ser transferido para a conta 56
– Resultados transitados. Assim, quando da aplicação do resultado a conta a movimentar será a conta 56 e não a
conta 88.
O relatório de gestão da sociedade deve indicar uma proposta de aplicação de resultados devidamente fundamentada
para apreciação dos accionistas (sócios) na Assembleia Geral (CSC).
A proposta de aplicação de resultados pode contemplar gratificações e participação nos lucros aos trabalhadores da
empresa.
Enunciado
A sociedade ALFA , Lda, constituiu-se por quotas, em 1 Dezembro de 200n, com um capital de € 20.000 e dois sócios
X e Y, em iguais partes.
O sócio X realizou 50% da sua quota em dinheiro, sendo a parte restante realizada seis meses após o acto
constitutivo. O sócio Y realizou a sua quota entregando uma viatura avaliada em € 12.000 conforme relatório
apresentado pelo ROC.
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boletim empresarial
Enquadramento
A realização do capital das sociedades pode ser efectuada integral ou parcialmente. Pode ainda ser feita pela entrega
de dinheiro ou de outros activos.
No caso de entradas em bens diferentes de dinheiro (entradas em espécie), o CSC, na “subsecção II – Obrigação de
entrada”, exige que estas devem ser objecto de um relatório elaborado por um ROC sem interesses na sociedade,
designado por deliberação dos sócios na qual estão impedidos de votar os sócios que tenham efectuado as entradas
em espécie.
Se eventualmente o valor dos activos líquidos entregues para a realização da quota, for superior ao valor de realização
das quotas, a diferença é reconhecida em suprimentos, na conta “253x – Financiamentos obtidos – participantes de
capital – suprimentos”. Os contratos de suprimento são regulados no CSC, no capítulo IV contratos de suprimento.
Para efeitos de apresentação do balanço, os saldos da conta 262 – Quotas não liberadas, são deduzidos à conta 51
Capital, (NCRF 27, § 8).
Na demonstração das alterações no capital próprio, são indicadas as quantias do capital realizado, no início e no fim do
período.
No anexo, na nota “outras informações”, deverão ser indicadas as quantias do capital social nominal e do capital social
por realizar e respectivos prazos de realização, dado tratar-se de uma divulgação relevante para melhor compreensão
da posição financeira da empresa.
As despesas relacionadas com a constituição da sociedade, nomeadamente escritura pública, registos e inscrições
obrigatórias, deverão ser consideradas como gastos do exercício em que é efectuada a constituição da sociedade, uma
vez que não configuram os requisitos necessários do reconhecimento dos activos (NCRF 6, § 68).
Enunciado
Os órgãos sociais da empresa ALFA SA, nos termos do contrato de sociedade, autorizaram, em Setembro do ano de
200n, o pagamento de dividendos antecipados ao accionista aaa, tendo pata tal, procedido aos condicionalismos da lei
comercial (CSC).
Em Março de 200n+1, em assembleia geral, foi deliberada a aplicação de resultados líquidos do exercício de 200n, no
valor de € 15.000, conforme se segue:
Ano 200n
Data Conta Descritivo Débito Crédito
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boletim empresarial
Antecipação de dividendos e respectiva retenção na fonte
xx-09-200n 89 Dividendos antecipados 15.000
2423 Retenção IRS (21,5%) 3.225
263x Adiantamentos por conta de lucros 11.775
Pagamento de dividendos antecipados
xx-09-200n 263x Adiantamentos por conta de lucros 11.775
12 Depósitos à ordem 11.775
Ano 200n+1
Enquadramento
Ao adiantamentos sobre lucros no decurso do exercício (dividendos antecipados) correspondem a parcelas de lucro
atribuíveis aos accionistas antes do apuramento de resultados.
A lei comercial (CSC) estipula as condições a observar para ser possível o adiantamento sobre lucros no decurso do
exercício económico. Salienta-se a responsabilidade do órgão de gestão, de elaborar um balanço intercalar, com a
antecedência máxima de 30 dias e certificado pelo ROC, que demonstre a existência nessa ocasião de importâncias
disponíveis para os aludidos adiantamentos, que devem observar, no que seja aplicável, a lei comercial, e a existência
de apenas um adiantamento em cada exercício, na segunda metade deste.
Enunciado
O contrato da empresa ALFA Lda, exige a obrigação dos seus 3 sócios efectuarem prestações acessórias. Por este
motivo, no dia 1 de Março de 200n, os sócios entregaram à sociedade € 30.000, que vencem juros postecipados à
taxa de 6% ao ano.
Os juros são pagos em 1 de Março de 200n+1 e na data do reembolso do dinheiro aos sócios.
Enquadramento
As prestações acessórias estão definidas na lei comercial (CSC). As prestações acessórias podem ser ou não em
dinheiro e podem ou não vencer juros e têm que estar contempladas no contrato de sociedade.
Se as prestações acessórias não vencerem juros e não forem objecto de posterior reembolso, em data definida, aos
sócios devem ser contabilizadas no capital próprio, numa subconta da conta 53 – Outros instrumentos de capital
próprio. Se ao contrário, vencerem juros e forem objecto de reembolso, em data definida, devem ser consideradas
23
boletim empresarial
como suprimentos e contabilizadas no passivo da empresa, na conta 253x – Financiamentos obtidos – Participantes de
capital.
Enunciado
A empresa TPC, Lda, recebeu em 1 de Janeiro de 200n um cheque, do cliente XXX, no montante de € 12.300
juntamente com a nota de encomenda YYY do cliente.
Este valor respeita a um adiantamento para fornecimento de mercadorias, sujeitas a IVA, com preço previamente
fixado.
A empresa TPC, Lda, emitiu no dia 10 de Janeiro de 200n, a factura XXX, relativa à venda a prazo, de mercadorias no
valor de € 20.000, dando satisfação à nota de encomenda YYY do cliente XXX.
Enquadramento
O SNC relativamente aos adiantamentos atende à sua natureza monetária ou não monetária e também ao seu
destino.
Assim, se o adiantamento for de natureza não monetária, significa que o preço é conhecido (o preço está previamente
fixado) e será reconhecido no balanço: ou como um activo não financeiro, na conta “39 – Adiantamentos por conta de
compras” e na conta “445 – Adiantamentos por conta de investimentos”; ou como um passivo não financeiro, na conta
“276 – Adiantamentos por conta de vendas”.
Se o adiantamento for de natureza monetária, significa que o preço não é conhecido (sem preço fixado) e será
reconhecido no balanço ou como um activo financeiro, na conta “228 – Adiantamentos a fornecedores” e na conta
“2713 – Adiantamentos a fornecedores de investimentos”; ou como um passivo financeiro, na conta “218 –
Adiantamentos de clientes”.
Relativamente à exigibilidade do IVA nos adiantamentos, o CIVA refere que “… a exigibilidade do imposto é ainda
aplicável aos casos em que se verifique emissão de factura ou documento equivalente, ou pagamento, precedendo o
momento da realização das operações tributáveis”.
Adiantamentos recebidos
O valor recebido na forma de adiantamento é contabilizado: a crédito da conta “218 – Adiantamentos de clientes” no
caso do preço dos fornecimentos não terem o preço fixado, ou a crédito da conta “276 – Adiantamentos por conta de
vendas” no caso do preço dos fornecimentos terem o preço fixado e crédito da conta “2433 – IVA Liquidado”; sendo o
total do valor recebido debitado na conta de “Meios financeiros líquidos” respectiva.
Quando do fornecimento (emissão da factura dos bens ou serviços fornecidos), a factura é contabilizada normalmente
e, simultaneamente, o(s) valor(es) recebidos na forma de adiantamento(s) são transferidos para a conta “211 –
Clientes C/C”, isto é, debita-se a conta “218 – Adiantamentos de clientes”, ou a conta “276 – Adiantamentos por conta
de vendas”, e debita-se a conta “24341 – IVA regularizações – a favor da empresa”; por crédito da conta “211 –
Clientes c/c”.
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boletim empresarial
Enunciado
A empresa ALFA, Lda, procedeu em 10 Junho 200n à emissão do cheque xxx, a favor do fornecedor BETA SA, no
montante de € 4.920.
Este valor respeita a um adiantamento para fornecimento de mercadorias sujeitas a IVA à taxa normal, sem preço
previamente fixado, e segue acompanhado da nota de encomenda XXX. Ao fornecedor.
A empresa ALFA, Lda, recebeu no dia 15 Junho 200n, a factura YYY do fornecedor BETA SA, relativa à compra a prazo
de mercadorias no valor de € 15.000, dando satisfação à nota de encomenda XXX.
Enquadramento
Adiantamentos pagos
O valor pago na forma de adiantamento é contabilizado a débito da conta “228 – Adiantamentos a fornecedores” e da
conta “2713 – Adiantamentos a fornecedores de investimentos”, no caso do preço dos fornecimentos não terem o
preço fixado; ou a débito da conta “39 – Adiantamentos por conta de compras” e da conta “445 – Adiantamentos por
conta de investimentos”, no caso do preço dos fornecimentos terem o preço fixado e débito da conta “2432 – IVA
Dedutível”; sendo o total do valor pago creditado na conta de “Meios financeiros líquidos” respectiva.
Quando do fornecimento (recebimento da factura dos bens ou serviços fornecidos), a factura é contabilizada
normalmente e, simultaneamente, o(s) valor(es) pagos adiantadamente são transferidos para débito da conta “221 –
Fornecedores C/C” ou da conta “2711 – Fornecedores de investimentos – contas gerais”, quer se trate,
respectivamente, de fornecedores de bens e serviços ou se trate de fornecedores de investimentos, e credita-se a
conta “24342 – IVA Regularizações – a favor do estado”, também para débito daquelas contas.
Enunciado
A empresa ALFA, Lda, procedeu em 31 de Dezembro de 200n à especialização dos juros de depósitos a prazo relativos
ao exercício, mas que o banco creditará no exercício seguinte, no montante de € 1.000.
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boletim empresarial
Enquadramento
A conta “272 – Devedores e credores por acréscimos” regista a débito, na sua subconta “2721 – Devedores por
acréscimos de rendimentos”, o crédito de rendimentos que devam ser reconhecidos no próprio período e a crédito na
sua subconta “2722 – Credores por acréscimos de gastos”, o débito de gastos que devam ser reconhecidos no próprio
período, ainda que não tenham documentação vinculativa, cuja receita ou despesa só venha a ocorrer em período ou
períodos posteriores.
Os rendimentos de juros imputáveis ao exercício (período) económico em curso, mas cuja receita e recebimento
apenas ocorrerá no exercício ou exercícios económicos seguintes deverão ser contabilizadas a débito numa conta
divisionária da conta “2721 – Devedores por acréscimos de rendimentos”, por crédito da conta “7862 – Outros
rendimentos e ganhos – Rendimentos e ganhos nos restantes investimentos financeiros – juros”, ou da conta “791 –
Rendimentos e ganhos de financiamento – Juros obtidos”.
Enunciado
A empresa ALFA, Lda, procedeu em 8 de Dezembro do ano 200n-1, à transferência bancária referente ao pagamento
mensal da renda do armazém do mês de Janeiro de 200n, no montante de € 5.000 (sujeito a retenção na fonte).
Enquadramento
Uma contabilidade baseada no acréscimo, permite a obtenção do resultado económico através da diferença entre os
gastos e os rendimentos do exercício.
O regime do acréscimo (periodização económica), preconiza que os rendimentos e os gastos são reconhecidos quando
obtidos e incorridos, independentemente do seu recebimento ou pagamento, devendo incluir-se nas demonstrações
financeiras dos períodos a que respeitam. Significa atender ao fluxo real dos gastos e dos rendimentos e não ao seu
fluxo monetário (fluxo de caixa).
A conta 28 – Diferimentos, regista a débito, na sua subconta 281 – Gastos a reconhecer, o crédito de despesas (e/ou
pagamentos) efectuadas, cujos gastos só devem ser reconhecidos em períodos posteriores e a crédito, na sua
subconta 282 – Rendimentos a reconhecer, o débito de receitas (e/ou recebimentos) obtidas, cujos rendimentos só
devem ser reconhecidos em períodos posteriores.
Enunciado
Em 31 de Dezembro de 200n foi identificado na empresa ALFA, SA um cliente que tinha ultrapassado o prazo
concedido para pagamento da sua dívida. A empresa, após várias promessas de pagamento, considerou existir risco
de incobrabilidade, com probabilidade significativa de não vir a receber 60% da dívida de um total de € 10.000.
Contudo, 5 meses após se ter identificado a situação, o cliente pagou integralmente a sua dívida.
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boletim empresarial
31-05-200n 121 Recebimento do cliente 10.000
219 Perdas por imparidade acumuladas 6.000
2111 Cliente 10.000
76211 Reversão de perda por imparidade 6.000
Enquadramento
As dívidas de terceiros, pela sua natureza, correm elevados riscos de se degradarem. Assim, sempre que a empresa
constate haver forte probabilidade de não vir a receber uma dívida, a empresa deve acautelar-se e, para isso,
reconhecer uma perda por imparidade na demonstração dos resultados (NCRF 27, § 23).
No caso das dívidas a receber relacionadas com operações da actividade operacional, a conta a debitar é a 6511 –
Perdas por imparidade – Em dívidas a receber – Clientes por contrapartida da conta 219 – Clientes – Perdas por
imparidade acumuladas.
Uma vez que a contabilidade deve reflectir, o mais verdadeiramente possível, a posição financeira da empresa, as
dívidas dos clientes que foram objecto de reconhecimento de perdas por imparidade devem ficar individualizadas na
conta 219 – Clientes – Perdas por imparidade acumuladas, subdividindo a conta por cada cliente nessa situação.
No caso das dívidas de difícil cobrança que não resultam de operações com clientes, a conta de gastos a reconhecer a
perda por imparidade é a conta 6512 – Perdas por imparidade – Em dívidas a receber – Outros devedores. Quando
deixar de se verificar o motivo que originou a perda por imparidade, ou porque a dívida foi recebida ou porque a dívida
foi considerada incobrável a conta que registava a perda por imparidade, deve ser anulada (NCRF 27, § 28).
Se a dívida a receber foi anteriormente considerada em situação de imparidade e reconhecida numa das seguintes
contas: 219, 229, 239, 269 a 279 Perdas por imparidade acumuladas, o desreconhecimento (anulação) da dívida é
feito por contrapartida da correspondente conta da classe 2, que contém o débito do reconhecimento inicial da dívida.
A anulação da conta de perdas por imparidade acumuladas, é feita por crédito na conta 76211 – Reversões – De
perdas por imparidade – Em dívidas a receber – Clientes, caso se trate de dívidas de clientes e na conta 76212 –
Reversões – De perdas por imparidade – Em dívidas a receber – Outros devedores, no caso de outros devedores que
não clientes
Se a divida a receber não foi anteriormente considerada em situação de imparidade, o desreconhecimento (anulação)
é feito por débito da conta de gastos, 683 – Outros gastos e perdas – Dívidas incobráveis, por contrapartida da
correspondente conta da classe 2 – Contas a receber e a pagar.
Enunciado
A empresa ALFA, SA, em 31 de Dezembro de 200n, apresentava na conta corrente do cliente xxx uma dívida de $
25.000 americanos, reconhecidos contabilisticamente por € 18.181,82.
Assim, tem-se
Em 31 de Dezembro de 200n, o valor dos dólares em caixa correspondiam a (25.000 / 1,465) = € 17.064,85.
Na actualização do valor dos dólares a empresa reconhece, em gastos, uma diferença de câmbio desfavorável igual a
(17.064,85 – 18.181,82) = € 1.116,97
Enquadramento
27
boletim empresarial
- As alterações estruturais num determinado país, com a criação de novas indústrias, tornam-no mais competitivo, o
que estimula as exportações e reduz as importações, provocando alterações na procura e oferta de moeda e
incrementando a cotação da moeda desse país;
- A variação positiva ou negativa das taxas de juro de um país, relativamente às de outros países, atraindo ou
repelindo investimentos, leva a que, no primeiro caso as cotações subam e no segundo desçam;
- A inflação, resultado de um maior volume de detentores de moeda relativamente ao dos agentes que a procuram,
provoca o aumento das importações e a diminuição das exportações;
- A moeda de um país em que a taxa de inflação é superior à de outros países, tende a sofrer uma desvalorização
relativa.
Uma transacção em moeda estrangeira é uma transacção que seja denominada ou exija liquidação numa moeda
estrangeira, incluindo transacções que resultem de quando uma entidade:
(a) Compra ou vende bens ou serviços cujo preço seja denominado numa moeda estrangeira;
(b) Pede emprestado ou empresta fundos quando as quantias a pagar ou a receber sejam estabelecidas numa moeda
estrangeira; ou
(c) Por qualquer forma adquire ou aliena activos ou incorre ou liquida passivos, denominados numa moeda
estrangeira.
(NCRF 23 § 20).
A transacção deve ser registada, na moeda funcional, no momento do reconhecimento inicial, pela aplicação à quantia
em moeda estrangeira da taxa de câmbio entre a moeda funcional e a moeda estrangeira à data da transacção (NCRF
23 § 21).
Todas as empresas devem converter as suas transacções em moeda estrangeira para a sua moeda funcional.
A moeda funcional é geralmente a moeda do país no qual a empresa está situada, isto é, a moeda do ambiente
económico principal no qual a entidade opera, que é aquele em que a entidade gera e gasta meios monetários (NCRF
23 § 9).
Porém, a moeda funcional pode ser diferente da divisa nacional, em particular para as empresas que realizam a maior
parte das suas operações numa outra moeda (as empresas europeias de corretagem de matérias-primas operam
principalmente em dólares) ou, também, no caso de filiais situadas em países com níveis de inflação muito elevados.
(As economias hiperinflacionárias, são aquelas em que os preços duplicam em 3 anos ou menos).
Se a moeda funcional for a moeda de um economia híperinflacionária, as demonstrações financeiras da entidade não
são reexpressas em conformidade com a presente Norma (vide IAS 29 - Relato Financeiro em Economias
Hiperinflacionárias, em conformidade com o texto original do Regulamento (CE) 1126/2008 da Comissão, de 3 de
Novembro). (NCRF 23 § 14).
Quando itens monetários resultam de uma transacção em moeda estrangeira e ocorre uma alteração na taxa de
câmbio, entre a data da transacção e a data da liquidação, o resultado é uma diferença de câmbio. Quando a
transacção é liquidada dentro do mesmo período contabilístico em que ocorreu, toda a diferença de câmbio é
reconhecida nesse período. Porém, quando a transacção é liquidada num período contabilístico subsequente, a
diferença de câmbio reconhecida em cada período até à data de liquidação é determinada pela alteração nas taxas de
câmbio durante cada período (NCRF 23 § 28).
Os itens monetários, unidades monetárias detidas e activos e passivos a receber ou a pagar num número fixado ou
determinável de unidades monetárias, resultantes de uma transacção em moeda estrangeira, são expressas no
balanço do final do período contabilístico ao câmbio em vigor nessa data (NCRF 23 § 8 e 21 e NCRF 27 § 14, al. d)).
As diferenças de câmbio apuradas são contabilizadas nas contas de gastos e de rendimentos do período (NCRF 23 §
27).
Enunciado
A empresa ALFA, SA, em 31 de Dezembro de 200n, apresentava na conta corrente do fornecedor xxx uma dívida a
pagar em 1 de Abril de 200n+1, no montante de 125.000 GBP (Libras estrelinas), reconhecidos contabilisticamente
por € 147.058,82.
Assim, tem-se
28
boletim empresarial
Na actualização do valor das Libras estrelinas a empresa reconhece, em gastos, uma diferença de câmbio desfavorável
igual a (147.058,82 – 156.250,00) = € 9.191,18.
Enquadramento
Uma transacção em moeda estrangeira é uma transacção que seja denominada ou exija liquidação numa moeda
estrangeira, incluindo transacções que resultem de quando uma entidade:
(a) Compra ou vende bens ou serviços cujo preço seja denominado numa moeda estrangeira;
(b) Pede emprestado ou empresta fundos quando as quantias a pagar ou a receber sejam estabelecidas numa moeda
estrangeira; ou
(c) Por qualquer forma adquire ou aliena activos ou incorre ou liquida passivos, denominados numa moeda
estrangeira.
(NCRF 23 § 20).
A transacção deve ser registada, na moeda funcional, no momento do reconhecimento inicial, pela aplicação à quantia
em moeda estrangeira da taxa de câmbio entre a moeda funcional e a moeda estrangeira à data da transacção (NCRF
23 § 21).
Todas as empresas devem converter as suas transacções em moeda estrangeira para a sua moeda funcional.
A moeda funcional é geralmente a moeda do país no qual a empresa está situada, isto é, a moeda do ambiente
económico principal no qual a entidade opera, que é aquele em que a entidade gera e gasta meios monetários (NCRF
23 § 9).
Porém, a moeda funcional pode ser diferente da divisa nacional, em particular para as empresas que realizam a maior
parte das suas operações numa outra moeda (as empresas europeias de corretagem de matérias-primas operam
principalmente em dólares) ou, também, no caso de filiais situadas em países com níveis de inflação muito elevados.
(As economias hiperinflacionárias, são aquelas em que os preços duplicam em 3 anos ou menos).
Se a moeda funcional for a moeda de um economia híperinflacionária, as demonstrações financeiras da entidade não
são reexpressas em conformidade com a presente Norma (vide IAS 29 - Relato Financeiro em Economias
Hiperinflacionárias, em conformidade com o texto original do Regulamento (CE) 1126/2008 da Comissão, de 3 de
Novembro). (NCRF 23 § 14).
Quando itens monetários resultam de uma transacção em moeda estrangeira e ocorre uma alteração na taxa de
câmbio, entre a data da transacção e a data da liquidação, o resultado é uma diferença de câmbio. Quando a
transacção é liquidada dentro do mesmo período contabilístico em que ocorreu, toda a diferença de câmbio é
reconhecida nesse período. Porém, quando a transacção é liquidada num período contabilístico subsequente, a
diferença de câmbio reconhecida em cada período até à data de liquidação é determinada pela alteração nas taxas de
câmbio durante cada período (NCRF 23 § 28).
Os itens monetários, unidades monetárias detidas e activos e passivos a receber ou a pagar num número fixado ou
determinável de unidades monetárias, resultantes de uma transacção em moeda estrangeira, são expressas no
balanço do final do período contabilístico ao câmbio em vigor nessa data (NCRF 23 § 8 e 21 e NCRF 27 § 14, al. d)).
As diferenças de câmbio apuradas são contabilizadas nas contas de gastos e de rendimentos do período (NCRF 23 §
27).
Enunciado
A empresa ALFA, SA, procedeu no dia 3 de Janeiro de 200n, a um adiantamento ao seu vendedor no valor de € 750.
29
boletim empresarial
O processamento do ordenado do vendedor ocorreu em 23 de Janeiro de 200n, tendo sido efectuada a transferência
bancária correspondente ao pagamento do vencimento em 30 de Janeiro de 200n.
Pessoal
Ordenado bruto 2.500
Encargos por conta do trabalhador
IRS (conforme tabelas de retenção) 125
Segurança Social (11%) 275
Ordenados líquidos 2.100
Encargos por conta da entidade patronal
Segurança Social (23,75%) 593,75
Enquadramento
Os adiantamentos ao pessoal consistem em valores que a entidade entrega aos colaboradores na forma de
adiantamento. Normalmente estes valores são descontados no valor a pagar do próprio mês, ou em meses seguintes.
De acordo com a NCRF 28, em conjunto com a NCRF 5, o conceito de remuneração inclui todos os benefícios dos
empregados. Estes benefícios são todas as formas de retribuição paga, a pagar ou proporcionada pela entidade, ou em
nome da actividade, em troca de serviços prestados à entidade. Também inclui as retribuições pagas em nome da
empresa-mãe da entidade com respeito aos serviços prestados à entidade.
A remuneração inclui:
a) Benefícios de curto prazo dos empregados, tais como salários, ordenados e contribuições para a segurança social,
licença anual paga e licença por doença paga, participação nos lucros e bónus (se pagáveis dentro de doze meses do
final do período) e benefícios não monetários (tais como cuidados médicos, habitação, automóveis e bens ou serviços
gratuitos ou subsidiados) relativos aos empregados correntes;
b) Benefícios pós-emprego tais como pensões, outros benefícios de reforma, seguro de vida pós emprego e cuidados
médicos pós emprego;
c) Outros benefícios a longo prazo dos empregados, incluindo licença de longo serviço ou licença sabática, jubileu ou
outros benefícios de longo serviço, benefícios de invalidez a longo prazo e, se não forem pagáveis completamente
dentro de doze meses após o final do período, a participação nos lucros, bónus e remunerações diferidas;
d) Benefícios de cessação de emprego; e
e) Benefícios de remuneração em capital próprio (pagamento com base em acções).
Enunciado
A empresa ALFA, SA, vendeu em 1 de Junho de 200n uma mercadoria em que o preço é de € 1.500.000, no caso de
ser recebido no prazo de 30 dias.
Porém, a empresa acordou com o cliente, receber no momento da entrega da mercadoria € 600.000 mais o IVA da
factura à taxa normal e o restante 7 meses mais tarde.
30
boletim empresarial
Assim, tem-se:
A empresa ALFA, para este prazo e risco de débito, aplica uma taxa de 6%, o que corresponde a uma taxa de juro
equivalente mensal de [(1,06^(1/6) – 1] = 0,9758794%
O valor actual da divida e dos gastos financeiros a reconhecer no final de cada mês, são os seguintes:
Divida do cliente ao
Data Juro Recebimento Diferença
custo amortizado
(1) (2) (3) (4) = (2) – (3) (5)
01-06-200n - - 1.857.420,00
01-06-200n - 957.420,00 957.420,00 900.000,00
30-06-200n 8.782,91 8.782,91 908.782,91
31-07-200n 8.868,63 8.868,63 917.651,54
31-08-200n 8.955,17 8.955,17 926.606,71
30-09-200n 9.042,56 9.042,56 935.649,28
31-10-200n 9.130,81 9.130,81 944.780,09
30-11-200n 9.219,91 9.219,91 954.000,00
31-12-200n 0.00 0.00 954.000,00
(5) x TJE (mes0) + [(4) mês 1]
Enquadramento
Numa transacção quando o influxo de dinheiro ou equivalentes de dinheiro for diferido, se o justo valor da retribuição
for menor que a quantia nominal do dinheiro recebido ou a receber, devido a um acordo que constitua efectivamente
uma transacção de financiamento, o justo valor da retribuição é determinado descontando todos recebimentos futuros
usando uma taxa de juro efectiva e a diferença entre o justo valor e a quantia nominal da retribuição é reconhecida
como rédito de juros (NCRF 20, §§ 11 e 30).
A dívida do cliente, dado tratar-se de um activo financeiro, deve ser valorizada ao custo amortizado menos qualquer
perda por imparidade (NCRF 27, § 11).
No final do exercício de 200n+1 a empresa ALFA Lda, descobriu artigos, no valor de € 15.000 que por lapso foram
incluídos nas mercadorias mas que foram vendidos em Dezembro de 200n.
31
boletim empresarial
Rendimentos e gastos
31-12-200n 31-12-n-1
Resultados transitados 85.000 35.000
Assim, tem-se:
No final do exercício de 200n, o custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas corrigido é de [Ei + C –
(Ef – 15.000)] = € 115.000.
Os resultados transitados revistos no início do ano 200n+1 são de (85.000 – 15.000) = € 70.000.
No final do exercício de 200n+1, o custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas corrigido é de [(Ei –
15.000) + C – Ef] = € 145.000.
Os resultados transitados revistos finanis do ano 200n+1 são de (70.000 + 55.000) = € 125.000.
Rendimentos e gastos
31-12-n+1 31-12-n
Resultados transitados 125.000 70.000
Enquadramento
Podem surgir erros no que respeita ao reconhecimento, mensuração, apresentação ou divulgação de elementos de
demonstrações financeiras.
Os erros potenciais do período corrente descobertos nesse período são corrigidos antes de as demonstrações
financeiras serem autorizadas para emissão. Contudo, os erros materiais por vezes só são descobertos num período
posterior, e estes erros de períodos anteriores são corrigidos na informação comparativa apresentada nas
demonstrações financeiras desse período posterior (NCRF 4, § 36).
Uma entidade deve corrigir os erros materiais de períodos anteriores retrospectivamente ao primeiro conjunto de
demonstrações financeiras aprovadas após a sua descoberta, reexpressando as quantias comparativas para o(s)
período(s) anterior(es) apresentado(s) em que tenha ocorrido o erro (NCRF 4, § 37).
Um erro de um ou mais períodos anteriores deve ser corrigido para o período mais antigo para o qual seja praticável a
reexpressão retrospectiva (NCRF 4, § 38).
A correcção de um erro de um período anterior é excluída dos resultados do período em que o erro é descoberto.
Qualquer informação apresentada sobre exercícios anteriores, incluindo qualquer resumo histórico de dados
financeiros, é reexpressa para períodos tão antigos quanto tal seja praticável (NCRF 4, § 41).
Enunciado
A empresa ALFA, SA, vendeu em 10 de Fevereiro do ano 200n+1, antes da apresentação das suas contas,
mercadorias por € 5.000 que apresentavam um valor contabilístico à data do balanço (31-12-200n) de € 7.000.
32
boletim empresarial
Enquadramento
Uma entidade deve ajustar as quantias reconhecidas nas suas demonstrações financeiras para reflectir os
acontecimentos após a data do balanço, e antes da data de autorização para emissão das demonstrações financeiras,
que dão lugar a ajustamentos.
Os acontecimentos após a data do balanço que dão lugar a ajustamentos são aqueles que proporcionem prova de
condições que existiam à data do balanço.
A venda de inventários após a data do balanço pode dar evidência acerca do valor realizável líquido à data do balanço,
confirmando que o activo estava em imparidade, logo evidenciando que a entidade necessita de ajustar o custo dos
inventários.
Exemplos de acontecimentos ocorridos após a data do balanço que dão lugar a ajustamentos:
- A resolução, após a data do balanço, de um caso judicial que confirma que a entidade tinha uma obrigação presente
à data do balanço. A entidade ajusta qualquer provisão anteriormente reconhecida relacionada com este caso judicial
de acordo com a NCRF 21 - Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes ou reconhece uma nova provisão.
A entidade não pode divulgar meramente um passivo contingente porque a resolução proporciona provas adicionais
que seriam consideradas de acordo com da NCRF 21;
- A falência de um cliente que ocorre após a data do balanço confirma, normalmente, que existia uma perda à data do
balanço numa conta a receber comercial e que a entidade necessita de ajustar a respectiva quantia escriturada da
mesma;
- A determinação após a data do balanço do custo de activos comprados, ou os proventos de activos vendidos, antes
da data do balanço;
- A determinação após a data do balanço da quantia de participação no lucro ou de pagamentos de bónus, caso a
entidade tivesse uma obrigação presente legal ou construtiva à data do balanço de fazer tais pagamentos em
consequência de acontecimentos antes dessa data;
- A descoberta de fraudes ou erros que mostrem que as demonstrações financeiras estão incorrectas.
Os acontecimentos após a data do balanço que não dão lugar a ajustamentos, embora possam necessitar de
divulgações adicionais, são aqueles que sejam indicativos de condições que surgiram após a data do balanço.
Exemplos de acontecimentos ocorridos após a data do balanço que não dão lugar a ajustamentos:
- Declínio no valor de mercado de investimentos entre a data do balanço e a data em que foi autorizada a emissão das
demonstrações financeiras, que normalmente não se relaciona com as condições dos investimentos, à data do
balanço, mas reflecte circunstâncias que surgiram posteriormente;
- Uma importante concentração de actividades empresariais após a data do balanço (a NCRF 14 - Concentrações de
Actividades Empresariais exige divulgações específicas em tais casos) ou a alienação de uma importante subsidiária;
- Alterações nas taxas fiscais ou leis fiscais decretadas ou anunciadas, que tenham um efeito significativo nos activos e
passivos por impostos correntes e diferidos;
- Celebrar compromissos significativos ou passivos contingentes, por exemplo, pela emissão de garantias
significativas; e
- Iniciar litígios importantes que provenham unicamente de acontecimentos que ocorreram após a data do balanço.
33
boletim empresarial
Enunciado
A empresa ABC adquiriu em 31 de Dezembro de 200n um lote de 100 bezerros com 12 meses de idade, pelo seu justo
valor de € 300 cada animal.
Assim, tem-se:
Em 31 de Dezembro de 200n o valor do lote de bezerros de 12 meses era de (100 x 300 ) = € 30.000.
Em 31 de Dezembro de 200n+1:
- O valor do lote de novilhos de 24 meses era de (100 x 400) = € 40.000.
- O valor do lote de bezerros de 12 meses era de (100 x 250) = € 25.000.
O ganho atribuído a alterações no justo valor menos custos estimados no ponto de venda devido a alterações físicas
foi de [100 x (400 – 250)] = € 15.000.
A perda atribuída a alterações no justo valor menos custos estimados no ponto de venda devido a alterações de preços
foi de [100 x (250 – 300)] = € 5.000.
A alteração no justo valor menos custos estimados no ponto de venda foi de (40.000 – 30.000) ou [100 x (150 –
50.000)] = € 10.000.
Enquadramento
Quando se relacione com a actividade agrícola, a NCRF 17 deve ser aplicada na contabilização de activos biológicos,
produto agrícola no ponto de colheita e subsídios governamentais relacionados com activos biológicos mensurado pelo
justo valor menos custos estimados no ponto de venda (NCRF 17, §§ 2, 39).
Os activos biológicos consumíveis são os que estejam para ser colhidos como produto agrícola ou vendidos como
activos biológicos. Os activos biológicos de produção são os que não sejam activos biológicos consumíveis sendo de
regeneração própria (NCRF 17, § 40).
Um activo biológico deve ser mensurado, no reconhecimento inicial e em cada data de balanço, pelo seu justo valor
menos os custos estimados no ponto de venda, excepto no caso em que o justo valor não pode ser fiavelmente
mensurado (NCRF 17, § 13).
Quando os preços determinados pelo mercado não estejam disponíveis e as estimativas alternativas do justo valor
sejam claramente pouco fiáveis, o activo biológico deve ser mensurado pelo custo menos qualquer depreciação
acumulada e qualquer perda por imparidade acumulada (NCRF 17, § 31).
O produto agrícola colhido dos activos biológicos de uma entidade deve ser mensurado pelo seu justo valor menos
custos estimados no ponto de venda no momento da colheita, passando tal mensuração a ser o custo nessa data para
aplicação da NCRF 18 ou outra norma aplicável (NCRF 17, § 14).
34
boletim empresarial
Um ganho ou uma perda proveniente do reconhecimento inicial de um activo biológico ou produto agrícola e de uma
alteração no justo valor menos os custos estimados no ponto de venda de um activo biológico devem ser incluídos no
resultado líquido do exercício do período em que surja (NCRF 17, § 27).
A divulgação da quantia de alterações no justo valor menos os custos estimados no ponto de venda devido a
alterações físicas e a alterações de preços é encorajada.
Enunciado
A empresa Alfa, Lda, emitiu uma factura sobre o seu cliente XXX em 30 de Dezembro de 200n, no valor de € 6.000,
sujeitos a IVA à taxa normal, cuja entrega apenas se efectuou em 3 de Janeiro de 200n+1.
Enquadramento
Quanto ao reconhecimento do rédito, a NCRF 20, § 14, refere que o rédito proveniente da venda de bens deve ser
reconhecido quando tiverem sido satisfeitas todas as condições seguintes:
a) A entidade tenha transferido para o comprador os riscos e vantagens significativos da propriedade dos bens;
b) A entidade não mantenha envolvimento continuado de gestão com grau geralmente associado com a posse, nem o
controlo efectivo dos bens vendidos;
c) A quantia do rédito possa ser fiavelmente mensurada;
d) Seja provável que os benefícios económicos associados com a transacção fluam para a entidade; e
e) Os custos incorridos ou a serem incorridos referentes à transacção possam ser fiavelmente mensurados.
Assim, aquando da facturação de bens ainda não entregues, não existe a transferência para o comprador dos riscos e
vantagens, uma vez que não houve a passagem da posse para o comprador, e como tal estamos perante um rédito
diferido.
Enunciado
A empresa Alfa, Lda, no dia 1 de Fevereiro de 200n, recepcionou a factura xxx do fornecedor yyy, relativa à compra a
prazo a 30 dias conforme prática comercial do fornecedor, de 100 unidades do artigo AAA, ao custo unitário de € 150,
sujeito a IVA à taxa normal.
Contudo aquando da recepção da factura na contabilidade, verificou-se que por lapso não tinha sido concedido o
desconto comercial de 5%.
Contactado o fornecedor, este procedeu à emissão da nota de crédito nnn, no dia 8 de Fevereiro de 200n,
regularizando assim a situação.
35
boletim empresarial
Aquisição de mercadorias
01-02-n 2432 IVA Dedutível 3.450
311 Aquisição de mercadorias 15.000
2211 Fornecedor c/c 18.450
Guia de entrada em armazém
01-02-n 321 Entrada em armazém 15.000
311 Transferência para armazém 15.000
Recepção da nota de crédito
08-02-n 2211 Fornecedor c/c 922,50
24342 Regularização do IVA a favor do Estado 172,50
318 Descontos e abatimentos em compras 750
Regularização da entrada em armazém
08-02-n 318 Regularização da entrada de armazém 750
321 Regularização da entrada de armazém 750
Enquadramento
Tal como consta da NCRF 18, § 11, “os custos de compra de inventários incluem o preço de compra, direitos de
importação e outros impostos (que não sejam os subsequentemente recuperáveis das entidades fiscais pela entidade)
e custos de transporte, manuseamento e outros custos directamente atribuíveis à aquisição de bens acabados, de
materiais e de serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes deduzem-se na determinação
dos custos de compra”.
Enunciado
Na empresa Alfa, Lda, no mês de Outubro de 200n, relativamente ao produto acabado ZZZ, apurou-se a seguinte
informação:
Produto ZZZ
Inventário inicial (3.000 unidades) – custo unitário de € 8 24.000
Matéria consumida na produção 36.000
Outros gastos de produção 9.000
Produtos fabricados (5.625 unidades) 45.000
Produtos vendidos (5.990 unidades), dos quais, 2990 foram produzidos no mês 47.920
Valor de venda (5.990 x € 12) 71.880
Quebra normal de produtos na produção (10 unidades) 80
Inventário final = [(3.000 + 5.625) – (5.990 + 10)] = 2.625 unidades 21.000
36
boletim empresarial
Inventários – Produto zzz, em 1 de Outubro de 200n (final)
31-10-200n 34xx Variação da produção 21.000
7322 Inventários – produto zzz, final 21.000
Enquadramento
No caso de ser adoptado o sistema de inventário permanente a conta 73 – Variações nos inventários da produção,
deve ser subdividida em contas divisionárias em “Produção” e “Custo das vendas”, as quais serão movimentadas por
contrapartida das respectivas contas da classe 3.
As regularizações de quebras de produção, reconhecidas na conta 384 – Produtos acabados e intermédios, devem ser
imputadas à conta 732 – Variações nos inventários da produção, uma vez que o rédito da produção tem que ser igual
aos gastos de produção verificados no período.
Neste caso, foram vendidos da produção do mês 2.990 unidades, cujo custo de produção foi de (2.990 x 8 = €
23.920), por isso, o rédito de produção foi de (23.920 + 80 + 21.000 = 45.000), o que iguala os gastos de produção
(36.000 + 9.000 = 45.000).
Na empresa Alfa, SA, adquiriu, em 1 de Junho de 200n, um equipamento em que o preço é de € 1.500.000, no caso
de ser liquidado no prazo de 30 dias.
Porém a empresa acordou com o fornecedor, pagar no momento da entrega do equipamento € 600.000 mais o IVA da
factura à taxa normal e o restante 7 meses mais tarde.
Assim, tem-se:
A empresa fornecedora, para este prazo e risco de crédito, aplica uma taxa de 6%, o que corresponde a uma taxa de
juro equivalente mensal (TJE) de 0,976%.
Valor actual da dívida e dos gastos financeiros a reconhecer no final de cada mês, são os seguintes:
Valor da dívida ao
Data Juro Pagamento Diferença
custo amortizado
(1) (2) (3) (4) = (2) – (3) (5)
01-06-200n - - - 1.857.420
01-06-200n - 957.420 957.420 900.000
30-06-200n 8.782,91 8.782,91 908.782,91
31-07-200n 8.868,63 8.868,63 917.651,54
31-08-200n 8.955,17 8.955,17 926.606,71
30-09-200n 9.042,56 9.042,56 935.649,28
31-10-200n 9.130,81 9.130,81 944.780,09
30-11-200n 9.219,91 9.219,91 954.000
01-12-200n 0 0 954.000
(5) x TJE (mês 0) + [(4) mês 1]
37
boletim empresarial
Enquadramento
A materialidade da operação exige que o equipamento seja contabilizado pelo seu preço nas condições normais de
liquidação da factura e, a diferença do preço seja contabilizada como gasto financeiro (juro) a reconhecer durante o
período do crédito (NCRF 7, § 24), a não ser que esse juro, sob certas condições, seja capitalizado e reconhecido na
quantia escriturada do item de acordo com o tratamento alternativo permitido (NCRF 10, § 9).
A dívida ao fornecedor, dado tratar-se de um passivo financeiro, deve ser valorizada ao custo amortizado, utilizando-
se o método da taxa de juro efectiva (NCRF 27, §§ 11 e 22).
Na empresa Beta, que produz electricidade, adquiriu por € 4.200.000 uma subestação cujo preço é decomposto da
seguinte forma:
A empresa tem intensão de utilizar a subestação por um período de 15 anos, substituindo-a depois por outra. Assim, o
valor residual da subestação dependerá da política de substituição dos elementos cuja vida útil é inferior a 15 anos.
Assim, tem-se:
Tendo em conta a dificuldade de tais previsões, é preferível depreciar cada elemento com base na sua vida útil
esperada, em vez de ter por base a duração de utilização daquela subestação pela empresa.
Enquadramento
Quando os activos fixos tangíveis são constituídos por várias partes que podem ter duração de utilização diferente, a
norma estabelece, como princípio, que cada elemento em que o custo é significativo deve ser inicialmente reconhecido
e depreciado separadamente (NCRF 7, §§ 43 e 44).
Na medida em que se deprecia separadamente algumas partes do activo fixo tangível, então, também se deprecia
separadamente o resto do item. O remanescente consiste em partes que não são individualmente significativas (NCRF
7, § 46).
38
boletim empresarial
A empresa Alfa, SA, que possui um edifício adquirido por € 3.000.000 e depreciado em € 1.000.000, decidiu, no final
do exercício de 200n, reconhecê-lo pelo seu valor de mercado que é, à data da revalorização, igual a € 7.000.000.
Assim, tem-se:
Situação 1:
Revalorizar simultaneamente o custo e as depreciações acumuladas, sendo necessário a aplicação de um índice que
revalorize o custo do edifício e as depreciações acumuladas.
O coeficiente igual a 3,5 representa a relação entre o valor revalorizado e a quantia escriturada do bem.
Situação 2:
Com a utilização desta hipótese, as depreciações acumuladas são primeiro imputadas ao custo do activo fixo tangível,
que será depois reconhecido pelo seu valor revalorizado.
Enquadramento
Em conformidade com a NCRF 7, § 35, é possível tratar a revalorização das seguintes formas:
Situação 1:
Revalorizar simultaneamente o custo e as depreciações acumuladas. É vulgarmente designado por “Método do custo
de reposição depreciado”, em que a quantia bruta do activo revalorizado é substituída pelo correspondente custo de
39
boletim empresarial
reposição, sendo a quantia das depreciações acumuladas ajustada com base na proporção entre aquelas quantias, a
fim de se obter o custo de reposição depreciado, ou seja, o justo valor. A quantia do excedente corresponderá, assim,
à diferença entre a variação do custo e a variação das depreciações.
Situação 2:
Revalorizar apenas a quantia escriturada deduzindo-se as depreciações acumuladas ao custo do activo. É vulgarmente
designado por “Método do valor corrente do mercado”, em que se releva a quantia do activo, líquida das depreciações
acumuladas, que é substituída pela quantia correspondente ao valor corrente de mercado, ou seja, o justo valor.
Neste caso, a quantia do excedente corresponderá à variação verificada. Este método é geralmente aplicado a
terrenos e edifícios.
Em qualquer uma das situações o aumento da revalorização é creditado directamente no capital próprio numa conta
com o título de “Excedente de revalorização” (NCRF 7, § 39).
Para os terrenos e edifícios a reavaliação é determinada com recurso a avaliadores profissionalmente qualificados
(NCRF 7, § 32).
Se não existir um mercado normalizado para os bens a reavaliar, a reavaliação efectua-se com base no valor
actualizado do bem (NCRF 7, § 31).
Note-se que para os terrenos e edifícios apenas é aceitável o preço de mercado, que, não existindo, não permite a
utilização do método de revalorização (NCRF 7, §§ 32 e 33).
Enunciado
A empresa Alfa, SA, em 31 de Dezembro de 200n, fez um teste de imparidade a um seu equipamento com vida
Útil restante de mais 3 anos, e com a quantia escriturada de € 117.000 (após reconhecimento da depreciação de
200n).
O equipamento foi objecto de uma revalorização em 200 (n-2), tendo sido reconhecido um excedente de revalorização
de € 12.000, sendo o saldo deste excedente, em 31 de Dezembro de 200n, de € 6.000.
Assim, tem-se:
O custo do equipamento actualizado a 31 de Dezembro de 200n, considerando uma taxa de actualização de 10%, é
igual a [40.000 + (35.000 / 1,10) + (30.000 / 1,102)] = € 96.611,57.
Enquadramento
Se um activo fixo tangível revalorizado verificar uma diminuição, esta deve ser debitada directamente ao capital
próprio, na conta – “excedente de revalorização”, até ao ponto de qualquer saldo de crédito existente no excedente de
revalorização com respeito a esse activo e o remanescente, se ainda existir, deve ser reconhecida nos resultados do
exercício (NCRF 7, § 40 e NCRF 12, § 29).
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boletim empresarial
Enunciado
A empresa Alfa, SA, em 2 de Janeiro de 200n, vendeu um equipamento por € 25.000 (mais IVA à taxa normal), cuja
quantia escriturada era de € 18.000, sendo o seu valor de custo de € 45.000 e as depreciações acumuladas de €
27.000.
A vida útil do activo foi estimada em 10 anos (depreciações pelo método da linha recta) e o seu valor residual nulo.
Enquadramento
Um activo fixo tangível deve ser desreconhecido do balanço no momento da sua alienação ou quando não se espere
futuros benefícios económicos do seu uso ou alienação.
O ganho, que não deve ser classificado como rédito, ou a perda realizada no momento do desreconhecimento é
reconhecido em ganhos ou perdas do exercício em curso (NCRF 7, §§ 66 e 67).
No caso do activo ter sido objecto de revalorização, a diferença de revalorização (excedente de revalorização) residual
deve ser reconhecida directamente em resultados transitados, sem passar pela conta de resultados (NCRF 7, § 41).
Se, uma entidade reconhecer na quantia escriturada de um item do activo fixo tangível o custo de uma substituição de
parte do item, então ela dereconhece a quantia escriturada da parte substituída independentemente desta ter sido
depreciada ou não separadamente.
Se não for praticável que uma entidade determine a quantia escriturada da parte substituída, ela pode usar o custo da
substituição como indicação do custo da parte substituída reportada ao momento em que foi adquirida ou construída
(NCRF 7, § 69).
No caso do valor a receber pela alienação ser diferido, a retribuição recebida é reconhecida inicialmente pelo
equivalente ao preço a dinheiro. A diferença entre a quantia nominal da retribuição e o equivalente ao preço a dinheiro
é reconhecida como rédito de juros, reflectindo o rendimento efectivo sobre a conta a receber (NCRF 20, § 11 e NCRF
7, § 71).
A empresa Alfa, SA, em 2 de Janeiro de 200n, vendeu um equipamento por € 15.000 (mais IVA à taxa normal), cuja
quantia escriturada era de € 18.000, sendo o seu valor de custo de € 45.000 e as depreciações acumuladas de €
27.000.
A vida útil do activo foi estimada em 10 anos (depreciações pelo método da linha recta) e o seu valor residual nulo.
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boletim empresarial
02-01-200n 4383 Depreciações acumuladas 27.000
6871 Perdas em investimentos não financeiros 18.000
433 Equipamento básico 45.000
Enquadramento
Um activo fixo tangível deve ser desreconhecido do balanço no momento da sua alienação ou quando não se espere
futuros benefícios económicos do seu uso ou alienação.
O ganho, que não deve ser classificado como rédito, ou a perda realizada no momento do desreconhecimento é
reconhecido em ganhos ou perdas do exercício em curso (NCRF 7, §§ 66 e 67).
No caso do activo ter sido objecto de revalorização, a diferença de revalorização (excedente de revalorização) residual
deve ser reconhecida directamente em resultados transitados, sem passar pela conta de resultados (NCRF 7, § 41).
Se, uma entidade reconhecer na quantia escriturada de um item do activo fixo tangível o custo de uma substituição de
parte do item, então ela dereconhece a quantia escriturada da parte substituída independentemente desta ter sido
depreciada ou não separadamente.
Se não for praticável que uma entidade determine a quantia escriturada da parte substituída, ela pode usar o custo da
substituição como indicação do custo da parte substituída reportada ao momento em que foi adquirida ou construída
(NCRF 7, § 69).
No caso do valor a receber pela alienação ser diferido, a retribuição recebida é reconhecida inicialmente pelo
equivalente ao preço a dinheiro. A diferença entre a quantia nominal da retribuição e o equivalente ao preço a dinheiro
é reconhecida como rédito de juros, reflectindo o rendimento efectivo sobre a conta a receber (NCRF 20, § 11 e NCRF
7, § 71).
Enunciado
Em 30 de Junho de 200n, a empresa Alfa, SA, entregou um edifício adquirido por € 600.000 (terreno € 150.000 e
edifício € 450.000) e amortizado em € 225.000 a um construtor em troca de um lote de terreno para construção
situado na periferia da cidade, recebendo, na data da troca, uma compensação monetária de € 400.000.
Situação 1:
O justo valor do lote de terreno recebido foi estimado em € 800.000 e o justo valor do edifício cedido foi estimado em
€ 1.200.000
Situação 2:
O justo valor dos activos trocados não pode ser determinado com fiabilidade.
42
boletim empresarial
7871 Ganhos em Investimentos não financeiros 400.000
Enquadramento
Os activos fixos tangíveis em que a aquisição resulta de uma troca com outros activos não monetários são,
normalmente, contabilizados pelo seu justo valor, que é a quantia pela qual um activo pode ser trocado ou um passivo
liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso, numa transacção em que não exista relacionamento entre
elas. A não ser que o justo valor do activo recebido seja mais claramente evidente, o justo valor do activo cedido é
usado para mensurar o custo do activo recebido (NCRF 7 § 25 e 27).
Porém se a transacção não tem “substância comercial” ou se o justo valor dos activos trocados não poder ser medido
com fiabilidade, o activo fixo tangível adquirido é contabilizado por um valor igual à quantia escriturada do activo
cedido.
Na troca de activos fixos tangíveis é preciso entender o que quer dizer “substância comercial”. A norma não define o
conceito de substância comercial, porém, refere que uma troca de activos possui substância comercial se (NCRF 7, §
26):
- Os fluxos de caixa esperados do activo recebido na troca diferem na sua configuração (risco, tempestividade e valor)
das do activo cedido; ou
- Se a troca provoca uma alteração de valor à parte das operações da entidade afectada pelas alterações na
transacção;
- A exclusão da avaliação ao justo valor nas trocas sem substância comercial é para evitar que as empresas possam
contabilizar ganhos elevados graças a operações de troca sem incidência económica real.
Suponha-se o seguinte exemplo, a empresa ALFA e a empresa BETA possuem escritórios equivalentes no mesmo
imóvel. A quantia escriturada de cada escritório é de € 300.000 enquanto o seu valor de mercado é estimado em €
1.500.000. Se, em desobediência ao tratamento específico para as trocas sem substância comercial, estas empresas
contabilizarem os espaços trocados pelo justo valor, podem reconhecer, cada uma, um ganho de € 1.200.000, embora
a simples troca de escritórios não altere significativamente o seu valor.
Enunciado
Uma empresa adquiriu, em Janeiro de 200(n-5), um equipamento industrial por € 30.000, estimando a sua vida útil
em 10 anos, a amortizar pelo método da linha recta (quotas constantes).
No final do exercício de 200n, tendo em conta o estado do equipamento a sua vida útil foi reestimada, prevendo-se
que esta seria de mais 7 anos e no final dos quais, teria um valor residual de € 3.000.
Assim, tem-se:
Com a reestimação da vida útil e considerando ao valor residual de € 3.000, o equipamento irá ter mais 8
depreciações anuais de € 1.500, sendo a primeira a do exercício de 200n.
Os gastos de depreciação dos exercícios de 200(n-5) até 200(n-1) não são postos em causa. No entanto, as
depreciações dos exercícios posteriores são alteradas de forma a que o activo no final do exercício de 200(n+7) tenha
uma quantia escriturada de € 3.000, que será o seu valor residual estimado.
Enquadramento
A quantia depreciável de um activo é determinada após dedução do seu valor residual, que é a quantia estimada que
se obteria correntemente pela alienação de um activo, após dedução dos custos de alienação estimados.
43
boletim empresarial
O valor residual pode aumentar até uma quantia igual ou superior à quantia escriturada do activo. Se assim for, o
gasto de depreciação do activo é zero a menos que, e até que, o seu valor residual diminua posteriormente para uma
quantia abaixo da quantia escriturada do activo (NCRF 7, § 54).
O gasto de depreciação de um período é geralmente reconhecido nos resultados. Contudo, por vezes, os futuros
benefícios económicos incorporados num activo são absorvidos na produção de outros activos. Neste caso, o gasto de
depreciação constitui parte do custo do outro activo e está incluído na sua quantia escriturada (NCRF 7, § 49)
Como consequência das incertezas inerentes às actividades empresariais, muitos itens nas demonstrações financeiras
não podem ser mensurados com precisão, podendo apenas ser estimados. A estimativa envolve juízos de valor
baseados na última informação disponível. Por exemplo, podem ser exigidas estimativas de:
(a) Débitos incobráveis (de Contas a Receber);
(b) Obsolescência de inventários;
(c) Justo valor dos activos e passivos financeiros;
(d) A vida útil de, ou o modelo esperado de consumo dos benefícios económicos futuros incorporados em, activos
depreciáveis; e
(e) Obrigações respeitantes a garantias (NCRF 4, § 27).
O efeito de uma alteração numa estimativa contabilística, deve ser reconhecido prospectivamente incluindo-o nos
resultados do:
(a) Período de alteração, se a alteração afectar apenas esse período; ou
(b) Período de alteração e futuros períodos, se a alteração afectar ambas as situações (NCRF 4, § 31)
Enunciado
200(n+1)
200n Provisória
Resultados antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos 150.000 100.000
Gastos / reversões de depreciação e de amortização 60.000 60.000
Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 90.000 40.000
Juros e gastos similares suportados 0 0
Resultados antes de impostos 90.000 40.000
Assim, tem-se:
44
boletim empresarial
Data Conta Descritivo Débito Crédito
Alterações nas políticas contabilísticas relativas ao ano 200n
31-12-n+1 56 Resultados transitados 65.000
543 Activos fixos tangíveis em curso 5.000
438 Depreciações acumuladas 60.000
Alterações nas políticas contabilísticas relativas ao ano 200(n+1)
31-12-n+1 642 Gastos de depreciação 12.000
691 Juros de financiamentos obtidos 2.000
453 Activos fixos tangíveis em curso 2.000
438 Depreciações acumuladas 12.000
Enquadramento
Políticas contabilísticas: são os princípios, bases, convenções, regras e práticas específicos aplicados por uma entidade
na preparação e apresentação das suas demonstrações financeiras (NCRF 4, § 5).
Uma entidade deve alterar uma política contabilística por exigência normativa ou voluntariamente se a alteração
resultar em informação fiável e mais relevante.
Quando a alteração na politica contabilística resulta de aplicação inicial normativa, uma entidade deverá contabilizar a
alteração de acordo com as disposições transitórias específicas.
Quando uma entidade altera uma politica contabilística por aplicação inicial de Norma ou Interpretação que não inclua
disposições transitórias especificas, ou quando a alteração é voluntária, ela deve aplicar a alteração de forma
retrospectiva.
Contudo se a aplicação retrospectiva for impraticável, a entidade deve aplicar a nova politica contabilística às quantias
escrituradas dos activos e passivos no inicio do período mais antigo para o qual seja praticável a aplicação
retrospectiva, ajustando o saldo de abertura de cada componente do capital próprio afectado e as outras quantias
comparativas divulgadas para cada período anterior apresentado (NCRF 4, § 17 a 21).
Enunciado
A sociedade BETA, SA contraiu em 31 de Julho de 200n, um empréstimo bancário no valor de € 50.000 para a
construção de um edifício que passou a estar em condições de funcionamento, no âmbito da sua actividade, no final
de 200n.
O empréstimo vence juros anuais postecipados à taxa de 6% tendo sido aplicados inicialmente na construção € 35.000
com a contracção do empréstimo e o restante em 1 de Dezembro de 200n.
A empresa constituiu um depósito a prazo, entre 31 de Julho e 30 de Novembro do ano 200n, que vence juros à taxa
efectiva de 3%, a receber no final do período.
Assim, tem-se:
Enquadramento
Por ser difícil identificar um relacionamento directo entre certos empréstimos obtidos e um activo que se qualifica a
determinação da quantia dos custos de empréstimos obtidos que sejam directamente atribuíveis à aquisição de um
activo que se qualifica é difícil sendo de exigir o exercício de bom senso (NCRF 10, § 11).
45
boletim empresarial
Até ao ponto em que sejam pedidos fundos emprestados especificamente com o fim de obter um activo que se
qualifica, a quantia dos custos de empréstimos obtidos elegível para capitalização nesse activo deve ser determinada
como os custos reais dos empréstimos obtidos incorridos nesse empréstimo durante o período menos qualquer
rendimento de investimento temporário desses empréstimos (NCRF 10, § 12).
Enunciado
A sociedade ALFA, SA recorreu aos serviços de uma empresa de construção para construir um edifício fabril para
utilizar no âmbito da sua actividade, devendo estar concluído no final de 200n.
Conhece-se ainda que a empresa tem um empréstimo no valor de 1 milhão de euros, contraído em Janeiro de 200n, à
taxa de 4%, e um empréstimo hipotecário de 4 milhões de euros contraído em 200(n-5), à taxa de 5%.
A empresa suportou despesas no valor de 4 milhões durante o período, (1 milhão de euros no inicio de cada
trimestre).
Assim, tem-se:
Os pagamentos relativos à construção originaram uma despesa média acumulada do período de [(1.000.000 / 12) x
12] + [(1.000.000 / 12) x 9] + [(1.000.000 / 12) x 6] + [(1.000.000 / 12) x 3] = € 2.500.
O valor da despesa efectiva de juros do período do ano 200n é de (1.000.000 x 4% + 4.000.000 x 5%) = € 240.000.
A média ponderada das taxas de juro é de [(1.000.000 x 4% + 4.000.000 x 5%) / (1.000.000 + 4.000.000)] = 4,8%.
O juro potencialmente capitalizável adoptando a média ponderada das taxas de juro é de (2.500.000 x 4,8%) = €
120.000.
Enquadramento
Até ao ponto em que sejam pedidos fundos emprestados especificamente com o fim de obter um activo que se
qualifica, a quantia dos custos de empréstimos obtidos elegível para capitalização nesse activo deve ser determinada
como os custos reais dos empréstimos obtidos incorridos nesse empréstimo durante o período menos qualquer
rendimento de investimento temporário desses empréstimos (NCRF 10, § 12).
Na medida em que os fundos sejam pedidos de uma forma geral e usados com o fim de obter um activo que se
qualifica, a quantia de custos de empréstimos obtidos elegíveis para capitalização deve ser determinada pela aplicação
de uma taxa de capitalização aos dispêndios respeitantes a esse activo. A taxa de capitalização deve ser a média
ponderada dos custos de empréstimos obtidos aplicável aos empréstimos contraídos pela entidade que estejam em
circulação no período, que não sejam empréstimos contraídos especificamente com o fim de obter um activo que se
qualifica. A quantia dos custos de empréstimos obtidos capitalizados durante um período não deve exceder a quantia
dos custos de empréstimos obtidos incorridos durante o período (NCRF 10, § 14).
Enunciado
46
boletim empresarial
O primeiro ano foi dedicado à investigação visando compreender melhor o processo de formação das pragas tendo a
empresa suportado despesas de investigação no montante de € 100.000.
No final de 200(n+1) a empresa começou o desenvolvimento do produto contra as pragas nos castanheiros, com
despesas totais no montante de € 300.000. Durante os 18 primeiros meses desta fase, as chances de obter o produto
não eram suficientemente fortes para que se pudesse reconhecer como um activo.
Por fim, em Julho de 200(n+2), verificou-se que as condições de contabilização de um activo fixo tangível estavam
reunidas.
Enquadramento
Quando o activo intangível não foi adquirido pela empresa mas desenvolvido por ela própria, é geralmente difícil
distinguir o seu custo do conjunto das outras despesas suportadas.
A NCRF 6 impõe então que se distinga as duas fases da criação do elemento, a fase de pesquisa e a fase de
desenvolvimento (NCRF 6 § 51).
A fase da pesquisa corresponde a uma investigação original em que o objectivo é adquirir uma compreensão e
conhecimentos científicos ou novas técnicas. Nesta fase, as condições necessárias para a contabilização de um activo
intangível não estão reunidas. Assim, as despesas verificadas nesta fase devem ser contabilizadas como gastos (NCRF
6 §§ 53 a 55).
A fase de desenvolvimento segue normalmente a fase de investigação. É a aplicação desta na produção de protótipos,
novos procedimentos, serviços inovadores ou substancialmente melhorados, concepção de ferramentas, moldes e
suportes envolvendo novas tecnologias, antes de serem utilizadas na exploração (NCRF 6 §§ 57 a 58).
É por vezes possível, na fase de desenvolvimento, determinar se um projecto é susceptível de dar origem a um activo
intangível. Por isso, as despesas relativas a este período, em certas circunstâncias podem ser reconhecidas no
balanço. Porém, condições muito estritas são exigentes para isso. A empresa terá de demonstrar que (NCRF 6 § 56):
- A viabilidade técnica do projecto está assegurada;
- A empresa tem intenção e a capacidade de utilizar ou vender o activo fixo tangível;
- A empresa dispõe de recursos técnicos, financeiros e outros necessários ao acabamento do projecto;
- É capaz de medir com fiabilidade as despesas de desenvolvimento;
- O activo gerará prováveis benefícios económicos futuros. Para isso, precisa de demonstrar que existe um mercado
para a produção do activo intangível ou a utilização do activo utilizado em conjunto com outros activos.
A NCRF 6 impede expressamente a capitalização de certos elementos quando estes são criados pela própria empresa,
tais como dispêndios com marcas, cabeçalhos, títulos de publicações, listas de clientes e itens semelhantes em
substância gerados internamente não podem ser distinguidos do custo de desenvolver a empresa no seu todo. Por
isso, tais itens não são reconhecidos como activos intangíveis (NCRF 6 § 63).
As despesas com actividades de arranque, despesas de formação, despesas de publicidade e de promoção e os gastos
de reinstalação ou de reorganização de toda ou parte da empresa são exemplos de dispêndios que são reconhecidos
como um gasto quando incorridos (NCRF 6, § 68). A não permissão de capitalizar estes elementos resulta na
dificuldade de determinar os esperados benefícios económicos futuros.
Por exemplo, quanto aos gastos de formação, pode considerar-se que a sua não activação se deve, por um lado, ao
facto de ser praticamente impossível medir com fiabilidade o acréscimo de produtividade conseguido por uma
formação. Por outro, o facto do controlo exercido pela empresa sobre este eventual activo ser posto em causa, tendo
por conta, por exemplo, a possibilidade do trabalhador se demitir.
De referir que, segundo a norma interpretativa do IASB, “SIC 32 – Activos Intangíveis – Custos com Web Sites”, o
custo de desenvolvimento de um “Web Site” não pode ser considerado como um activo intangível, se a empresa não
conseguir demonstrar que a sua presença gera um suplemento de fluxos de caixa. O que acontece se o site tiver por
único objectivo tornar conhecidos os produtos da empresa. Por outro lado, se o site se destinar à realização de uma
47
boletim empresarial
actividade comercial electrónica, em que os retornos aumentam os lucros realizados pelas vias tradicionais, então os
gastos com o desenvolvimento do site podem, eventualmente, ser reconhecidos no balanço.
Os elementos intangíveis que não são reconhecidos no balanço são contabilizados em gastos. Porém, se estes foram
adquiridos num quadro de uma concentração de empresas, são considerados como fazendo parte do goodwill gerado
pela operação, que é contabilizado como um activo intangível. Um elemento intangível reconhecido inicialmente como
um gasto não pode ser, posteriormente, reconhecido como um activo (NCRF 6 § 70).
À semelhança dos activos fixos tangíveis, as despesas posteriores ao reconhecimento inicial não podem ser
adicionadas ao custo do activo intangível, a não ser que, seja provável que permitam ao activo gerar fluxos de caixa
superiores aos inicialmente previstos e essas despesas possam ser avaliadas e atribuídas ao activo em causa de uma
forma fiável. Tendo em conta a natureza dos activos intangíveis, estas condições parecem difíceis de verificar-se,
sendo na prática, o reconhecimento no activo intangível de despesas posteriores à aquisição muito raro.
Enunciado
Os custos de desenvolvimento do ano 200(n-3) foram contabilizados em gastos, já que as condições necessárias para
a sua activação não estavam cumpridas.
O desenvolvimento do produto foi acabado no final de Abril de 200n, mas a fabricação em série só começou no início
de Novembro do mesmo ano.
Assim, tem-se:
Enquadramento
Uma entidade deve escolher ou o modelo de custo ou o modelo de revalorização como sua política contabilística. No
modelo do custo um activo intangível deve ser escriturado pelo seu custo menos qualquer amortização acumulada e
quaisquer perdas por imparidade acumuladas (NCRF 6, § 73).
No modelo de revalorização, um activo intangível deve ser escriturado por uma quantia revalorizada, que seja o seu
justo valor à data da revalorização menos qualquer amortização acumulada subsequente e quaisquer perdas por
imparidade acumuladas subsequentes.
Para a finalidade de revalorização, o justo valor deve ser determinado tendo por referência o preço praticado num
mercado activo, o qual de facto, reserve o tratamento a activos homogéneos fazendo regularmente transacções, como
por exemplo licenças de táxis ou licenças de pesca ou quotas de produção (NCRF 6, § 74 e 78).
48
boletim empresarial
Quando deixar de existir o mercado activo, o activo deve ser reconhecido no balanço pela quantia escriturada sendo
este o montante da última revalorização menos as amortizações e perdas por imparidade acumuladas verificadas
depois daquela data (NCRF 6, § 80).
As revalorizações devem ser renovadas a intervalos regulares dependendo a sua frequência da volatilidade dos activos
intangíveis que estão a ser revalorizados, ou quando houver indícios de variações de valor importantes (NCRF 6, §
78).
Se um activo intangível é revalorizado, todos os activos da mesma categoria devem também ser revalorizados, a não
ser que não exista mercado activo para estes últimos (NCRF 6, § 79).
Os excedentes de revalorização são contabilizados directamente nos capitais próprios, contudo o aumento deve ser
reconhecido nos resultados até ao ponto em que reverta um decréscimo de revalorização do mesmo activo
previamente reconhecido em resultados (NCRF 6, § 84).
Qualquer perda de valor de um activo intangível anteriormente revalorizado deve, em primeiro lugar, ser deduzida do
excedente de revalorização, até ao ponto de qualquer saldo credor no excedente de revalorização com respeito a esse
activo, e o remanescente em resultados (NCRF 6, § 85).
Os activos intangíveis que têm vida útil indefinida não são amortizáveis (NCRF 6, § 106).
A vida útil de um activo intangível é indefinida quando, com base na análise de todos os factores relevantes, não
existir um limite previsível para o período durante o qual se espera que o activo gere influxos de caixa líquidos (NCRF
6, § 87).
Os que têm vida útil indefinida são amortizados sobre a duração da sua vida útil.
A amortização deve começar quando o activo estiver disponível para uso, i.e. quando estiver na localização e condição
necessárias para que seja capaz de operar da forma pretendida.
O método de amortização usado deve reflectir o modelo pelo qual se espera que os futuros benefícios económicos do
activo sejam consumidos pela entidade. Se não for possível determinar fiavelmente esse modelo, deve usar-se o
método da linha recta (NCRF 6, § 96).
A amortização é normalmente reconhecida como gasto. Porém, por vezes, os futuros benefícios económicos
incorporados num activo são absorvidos pela produção de outros activos. Neste caso, o custo de amortização constitui
parte do custo do outro activo e é incluído na sua quantia escriturada. Por exemplo, a amortização de activos
intangíveis usados num processo de produção é incluída na quantia escriturada dos inventários (NCRF 6, § 98).
Enunciado
A sociedade BELAS, Lda, possui um edifício de escritórios arrendado a diversas entidades, adquirido em 1 de Janeiro
de 200n pelo valor de € 750.000.
Assim, tem-se:
O ganho, no final do ano 200n, proveniente da alteração no justo valor da propriedade de investimento é de (800.000
– 750.000) = € 50.000
Enquadramento
49
boletim empresarial
Após a mensuração inicial uma entidade deve escolher ou o modelo do justo valor ou o modelo do custo para todas as
propriedades de investimento (NCRF 11, § 33).
Uma entidade que opte pelo modelo do justo valor deve, em conformidade com o § 37 da NCRF 11, reconhecer um
ganho ou uma perda proveniente de uma alteração no justo valor de propriedades de investimento nos resultados.
Há uma presunção de que a entidade pode continuamente determinar o justo valor de uma propriedade de
investimento com fiabilidade. Contudo, quando há clara evidência de que o justo valor da propriedade de investimento
não é determinável com fiabilidade numa base continuada ou de que não estão disponíveis alternativas fiáveis de justo
valor, a entidade deverá mensurar a propriedade de investimento usando o modelo do custo, da NCRF 7 até à
alienação da propriedade de investimento.
Enunciado
Em 30 de Novembro de 200n a empresa ALFA, Lda, desocupou uma parte sua de um edifício, que usava como
armazém, passando esta a ser detida para ser locada segundo uma locação operacional.
A parte do edifício estava escriturada pelo seu custo, tendo esta sido adquirida por € 700.000 e depreciada em €
200.000 (de acordo com o § 30 da NCRF 7).
O justo valor da propriedade na data em que houve a alteração de uso era de € 800.000, passando a empresa a
escriturar a propriedade pelo justo valor.
Enquadramento
Quando uma propriedade ocupada pelo dono se torna uma propriedade de investimento escriturada pelo justo valor, a
entidade deprecia a propriedade e reconhece quaisquer perdas por imparidade que tenham ocorrido.
A entidade deve aplicar a NCRF 7 até à data da alteração de uso e qualquer diferença nessa data entre a quantia
escriturada e o seu justo valor deve, em conformidade com o § 63 da NCRF 11, ser tratada da mesma forma que uma
revalorização de acordo com a NCRF 7.
Por outras palavras, qualquer diminuição resultante na quantia escriturada da propriedade é reconhecida nos
resultados. Porém, uma diminuição deverá ser debitada directamente contra qualquer excedente de revalorização
relacionado até ao ponto em que a diminuição não exceda a quantia registada no excedente de revalorização no que
respeita a essa propriedade. Se a quantia da propriedade for aumentada este aumento deve ser creditado
directamente no capital próprio no excedente de revalorização. Porém, até ao ponto em que o aumento reverta uma
anterior perda por imparidade dessa propriedade, o aumento é reconhecido nos resultados (NCRF 11, § 64).
Quando um activo fixo tangível for revalorizado, qualquer depreciação acumulada à data da revalorização é reexpressa
proporcionalmente com a alteração na quantia escriturada bruta do activo a fim de que a quantia escriturada iguale a
quantia revalorizada ou eliminada em contrapartida da quantia escriturada bruta do activo, sendo a quantia líquida
reexpressa para a quantia revalorizada do activo (NCRF 7, § 35).
Enunciado
50
boletim empresarial
Em 15 de Novembro de 200n, a empresa ALFA SA, adquiriu 50.000 acções da empresa BETA SA (única participação
naquela empresa, representando 1% do Capital) por € 150.000 (o valor da cotação das acções naquela data, era de €
3 / cada).
Em 31 de Dezembro de 200m, a empresa ALFA ainda mantinha aquele investimento, e a cotação das acções era de €
3,50 / cada.
Em 31 de Março de 200(n+1), a empresa ainda mantinha a totalidade do investimento e foram-lhes atribuídos € 0,75
de dividendos por cada acção.
Em 15 de Maio de 200(n+1), a empresa alienou a totalidade das acções pelo valor de cotação na data, que era de €
3,95.
Assim, tem-se
Ano 200n
Ano 200(n+1)
Enquadramento
O valor dos activos financeiros mensurados ao justo valor por contrapartida de resultados, devem ser ajustados para o
justo valor, sendo as perdas do ajustamento contabilizadas em gastos (conta 661 – Gastos – perdas por reduções de
51
boletim empresarial
justo valor) e os ganhos contabilizados em rendimentos (conta 771 – Rendimentos – ganhos por aumentos de justo
valor) devendo estes ser ajustados com uma periodicidade regular.
Enunciado
Em 1 de Janeiro de 200n, a empresa ALFA SA, adquiriu 200 obrigações emitidas, naquela data, pela empresa BETA
(10 lotes de 20 obrigações) por € 10.457,97 (gastos de transacção incluídos), com as seguintes características:
Assim, tem-se:
O algoritmo de cálculo dos juros a receber, dos rendimentos financeiros, da amortização do prémio e do custo
amortizado no final de cada ano é o seguinte:
Juros Valor do
Rendimento Amortização
Anos anuais a investimento (custo
financeiro do prémio
receber amortizado)
01-01-200n - - - 10.487,97
31-12-200n 400 313,74 (86,26) 10.371,71
31-12-200n+1 400 311,15 (88,85) 10.282,86
31-12-200n+2 400 308,49 (91,51) 10.191,35
31-12-200n+3 400 305,74 (94,26) 10.097,09
31-12-200n+4 400 302,91 (97,09) 10.000,00
2.000 457,97
Enquadramento
A expressão instrumento financeiro designa qualquer contrato que origina numa entidade um activo financeiro e
noutra entidade, um passivo financeiro ou um instrumento de capital próprio.
52
boletim empresarial
- um instrumento de capital próprio de uma outra entidade;
- qualquer direito contratual de receber dinheiro ou qualquer outro activo financeiro de outra entidade ou de trocar
instrumentos financeiros em condições potencialmente favoráveis;
- qualquer contrato no final do qual a entidade é obrigada ou poderá ser obrigada a receber uma quantidade variável
dos seus próprios instrumentos de capital próprio, ou um instrumento derivado que seja liquidado de forma diferente
da troca de uma quantia fixa em dinheiro ou outro activo financeiro por um número fixo de instrumentos de capital
próprio da própria entidade.
Um instrumento de capital próprio, é qualquer contrato que evidencie um interesse residual nos activos de uma
entidade após dedução de todos os seus passivos.
Um instrumento financeiro primário, é, entre outros, o dinheiro, as dívidas a receber e a pagar e as aplicações e
investimentos financeiros.
Um instrumento derivado, é um instrumento financeiro ou outro contrato cujo valor se altera devido a alterações
verificadas no produto principal à qual está associado o derivado.
São instrumentos derivados, entre outros, os futuros, forwards, opções e swaps, que tenham o efeito de transferir um
ou mais dos riscos financeiros inerentes a um instrumento financeiro primário subjacente, e em que o justo valor do
contrato reflicta normalmente as alterações no justo valor do instrumento financeiro primário subjacente.
Enunciado
A empresa ALFA SA, concedeu, em 1 de Fevereiro de 200n, um empréstimo por 2 anos, no valor de € 10.000, à sua
associada BETA SA.
Ficou acordado um plano de pagamentos, por BETA SA, de prestações semestrais fixas, no montante de €1.475.
O pagamento da primeira prestação, em 1 de Agosto de 200n, incluía € 1.050 de amortização de capital e € 425 de
juros, sendo que os juros do empréstimo estão sujeitos a retenção na fonte à taxa de 21,5%.
Enquadramento
Os investimentos financeiros são registados, de acordo com o SNC, na conta “4113, ou 4123 ou 4133 ou 4142 –
Investimentos financeiros – empréstimos concedidos”, em função do tipo de participação detida.
Estes são aplicações financeiras que se classificam para efeitos de apresentação no balanço como passivos não
correntes.
Por passivos não correntes entende-se aqueles que não se classificam como correntes, ou seja, um passivo deve ser
classificado como corrente quando se espere que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade, ou
esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado, ou deva ser liquidado num período até doze meses
após a data do balanço, ou a entidade não tenha um direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante
pelo menos doze meses após a data do balanço.
Na conta “26 – Accionistas / sócios” incluem-se ainda, para além das operações relativas às relações com os titulares
de capital, os empréstimos concedidos à empresa-mãe e excluem-se consequentemente as operações com os titulares
de capital que respeitem a transacções correntes e a transacções relativas a investimentos (financeiros ou não
financeiros).
Integrados nos investimentos financeiros temos os empréstimos de financiamento, que são empréstimos concedidos
que visam a rentabilização dos excessos de capital e que possuem características de permanência prolongada.
53
boletim empresarial
Enunciado
A empresa ALFA SA, em 1 de Janeiro de 200n, detém uma participação de 25% na empresa BETA SA e emprestou €
25.000 àquela sociedade.
Enquadramento
A conta “419 – Investimentos Financeiros – Perdas por imparidade acumuladas”, serve para registar as diferenças
acumuladas entre as quantias escrituradas e as que resultam da aplicação dos critérios de mensuração dos
correspondentes activos incluídos na conta 41 – Investimentos financeiros, podendo ser subdivididas a fim de facilitar
o controlo e possibilitar a apresentação em balanço das quantias líquidas.
As perdas por imparidade anuais serão registadas debitando as subcontas da conta “653 – Perdas por imparidade –
Em investimentos financeiros” por crédito da conta “419 – Perdas por imparidade acumuladas”, e as suas reversões
(quando deixarem de existir as situações que originaram as perdas) são registadas nas subcontas da conta “7623 –
Reversões – de perdas por imparidade – em investimentos financeiros”.
Enunciado
A empresa Gama no exercício de 200n, realizou um serviço muito especializado a um cliente, para o qual existe a
obrigação legal de garantir os trabalhos efectuados, tendo, por isso, em 31 de Dezembro de 200n, constituído uma
provisão para garantias a clientes no montante de € 75.000.
Em 200n+2, deixou de haver necessidade de manter a provisão porque o trabalho realizado não teve qualquer tipo de
reclamação por parte do cliente.
Enquadramento
Esta assimilação a passivos traduz o facto que, só é constituída se existir um risco provável de exfluxo de recursos da
entidade que incorporem benefícios económicos.
Assim, uma provisão deve ser reconhecida se, e só se (NCRF 21, § 13):
- A entidade tiver uma obrigação presente (legal ou construtiva) em resultado de um acontecimento passado;
54
boletim empresarial
- A liquidação da obrigação necessitará provavelmente de saída de recursos que incorporem benefícios económicos,
isto é, na maioria das vezes, uma saída de dinheiro;
- O montante da obrigação pode ser estimado com fiabilidade.
Um passivo é uma obrigação presente da empresa proveniente de acontecimentos passados, cuja liquidação se espera
que resulte num exfluxo de recursos da empresa que incorporam benefícios económicos.
Um acontecimento que cria obrigações é um acontecimento que cria uma obrigação legal ou construtiva que faça com
que uma empresa não tenha nenhuma alternativa realista senão liquidar essa obrigação (NCRF 21, § 8).
Uma obrigação construtiva é uma obrigação que decorre das acções de uma empresa em que:
- Por via de um modelo estabelecido de práticas passadas, de políticas publicadas ou de uma declaração corrente
suficientemente específica, a empresa tenha indicado a outras partes que aceitará certas responsabilidades; e
- Em consequência, a empresa tenha criado uma expectativa válida nessas outras partes de que cumprirá com essas
responsabilidades.
Fiscalmente as provisões para garantias a clientes são aceites: “As que se destinem a fazer face a encargos com
garantias a clientes previstas em contratos de venda e prestações de serviços”.
O montante anual é determinado pela aplicação às vendas e prestações de serviços sujeitas a garantia efectuadas no
período de tributação de uma percentagem que não pode ser superior à que resulta da proporção entre a soma dos
encargos derivados de garantias a clientes efectivamente suportados nos últimos três períodos de tributação e a soma
das vendas e prestações de serviços sujeitas a garantia efectuadas nos mesmos períodos, alínea b) do n.º 1 e n.º 5 do
artigo 39.º - Provisão fiscalmente dedutíveis, do CIRC.
Enunciado
No final de 200n, um petroleiro naufragou ao largo da Cidade xxx, provocando uma importante maré negra que veio a
poluir a costa por largos meses.
Na qualidade de armador (proprietário do navio), a empresa Transmar, não é, à priori, juridicamente responsável pelo
acidente e suas consequências, esta responsabilidade será do fretador (responsável pelos custos totais do fretamento
do navio, que terá obrigatoriamente seguro para estes tipo de riscos). Porém, o presidente da Transmar declarou que
a empresa participaria nas operações de despoluição da costa.
Para fazer face às suas responsabilidades a empresa proprietária do navio constituiu uma provisão no montante de €
1.000.000
Enquadramento
A empresa Transmar passou a ter uma obrigação implícita depois do seu presidente ter declarado que a empresa
participaria nas operações de despoluição da costa.
55
boletim empresarial
Foram causados danos ambientais que podem não ter causado à empresa nenhuma obrigação para remediar as
consequências. Porém, o facto de a empresa ter publicamente aceite a responsabilidade pela reparação dos danos,
criou uma obrigação construtiva (NCRF 26, § 12).
Um outro exemplo é o caso de uma empresa que publicita reembolsar a diferença de preços a todos os compradores
que encontrem o mesmo produto a um melhor preço nos seis meses seguintes à compra efectuada fica com uma
obrigação implícita, mesmo se o compromisso não figurar no contrato de venda.
Enunciado
Com o objectivo de incentivar a formação profissional, a autarquia local prometeu um subsídio de € 3.000 por cada
posto de trabalho criado para pessoas sem qualificações.
Porém, a concessão do subsídio está dependente da realização de um exame profissional a verificar-se um ano após o
recrutamento.
A empresa ALFA, Lda durante o ano de 200n contratou 4 pessoas que correspondiam à definição.
Perante esta questão, a empresa apenas deverá efectuar a divulgação de um activo contingente.
No anexo, na nota “provisões, passivos contingentes e activos contingentes”, deverá ser indicada a natureza do activo
contingente à data do balanço (probabilidade de influxo de benefícios económicos) e estimativa do seu efeito
financeiro (caso seja impraticável a divulgação, a empresa deverá declarar esse facto).
Enquadramento
Um activo contingente é um possível activo proveniente de acontecimentos passados, com desfecho incerto e cuja
existência somente será confirmada pela ocorrência de acontecimentos futuros incertos.
Os activos contingentes não são reconhecidos nas demonstrações financeiras desde que isto possa resultar no
reconhecimento de rendimentos que possam nunca ser realizados. Porém, quando a realização de rendimentos esteja
virtualmente certa, então o activo relacionado não é um activo contingente e o seu reconhecimento é apropriado
(NCRF 21, § 32).
Uma entidade deve divulgar uma breve descrição da natureza dos activos contingentes se for provável um influxo de
benefícios económicos e, quando praticável, uma estimativa do seu efeito financeiro, mensurada usando os princípios
estabelecidos para as provisões (NCRF 21, § 33 e 84).
Enunciado
A empresa BETA SA, foi informada pelos seus advogados da existência de dois processos em tribunal.
O primeiro movido pela empresa, o qual está relacionado com o fornecimento de produtos defeituosos por um
fornecedor, cujo desfecho se prevê seja favorável com um recebimento de uma indemnização no valor de € 50.000,
por compensação dos danos causados.
O segundo movido por um cliente, que pede uma indemnização no valor de € 10.000, mas cujo desfecho provável é
de que a empresa não venha a pagar qualquer indemnização.
56
boletim empresarial
No anexo, na nota “Provisões, passivos contingentes e activos contingentes”, deverá ser indicada a natureza do activo
contingente à data do balanço (probabilidade de influxo de benefícios económicos) e estimativa do seu efeito
financeiro (caso seja impraticável a divulgação, a empresa deverá declarar esse facto).
No anexo, na nota “Provisões, passivos contingentes e activos contingentes”, deverá ser indicada a natureza do
passivo contingente, estimativa do seu efeito financeiro, indicação das incertezas que se relacionam com a quantia ou
momento de ocorrência de qualquer exfluxo e a possibilidade de qualquer reembolso (caso seja impraticável a
divulgação, a empresa deverá declarar esse facto).
Enquadramento
Um passivo é uma obrigação presente da entidade, proveniente de acontecimentos passados, cuja liquidação se
espera que resulte num exfluxo de recursos da entidade que incorporem benefícios económicos.
Um Passivo contingente é uma obrigação possível que provenha de acontecimentos passados e cuja existência
somente será confirmada pela ocorrência ou não de um ou mais acontecimentos futuros incertos não totalmente sob
controlo da entidade (NCRF 21, § 8).
Um passivo contingente não deve ser reconhecido nas demonstrações financeiras devendo ser divulgado a menos que
a possibilidade de qualquer exfluxo na liquidação seja remota (NCRF 21, § 26 e 82).
Uma entidade deve divulgar uma breve descrição da natureza dos passivos contingentes e, quando praticável (a
menos que a possibilidade de qualquer exfluxo na liquidação seja remota):
(a) Uma estimativa do seu efeito financeiro, mensurado segundo os parágrafos 35 a 52;
(b) Uma indicação das incertezas que se relacionam com a quantia ou momento de ocorrência de qualquer exfluxo; e
(c) Possibilidade de qualquer reembolso.
(NCRF 21, § 82).
Um activo contingente é um possível activo proveniente de acontecimentos passados, com desfecho incerto e cuja
existência somente será confirmada pela ocorrência de acontecimentos futuros incertos (NCRF 21, § 8 e 31).
Os activos contingentes não são reconhecidos nas demonstrações financeiras desde que isto possa resultar no
reconhecimento de rendimentos que possam nunca ser realizados. Porém, quando a realização de rendimentos esteja
virtualmente certa, então o activo relacionado não é um activo contingente e o seu reconhecimento é apropriado
(NCRF 21, § 32).
Uma entidade deve divulgar uma breve descrição da natureza dos activos contingentes se for possível um influxo de
benefícios económicos e, quando praticável, uma estimativa do seu efeito financeiro (NCRF 21, § 33 e 84).
Enunciado
A empresa ALFA, Lda efectuou em Fevereiro do ano 200n, um contrato de venda de produtos acabados para Fevereiro
de 200n+1 pelo valor de € 100.000.
No final do ano 200n, a empresa tem a expectativa de que irá ter custos com a produção destes produtos no valor de
€ 105.000, não podendo a empresa cancelar o contrato sem pagar uma compensação à outra parte no valor de €
15.000.
Enquadramento
Não devem ser reconhecidas provisões para perdas operacionais futuras, no entanto se a entidade tiver um contrato
oneroso, a obrigação presente segundo o contrato deve ser reconhecida e mensurada como uma provisão (NCRF 21, §
62 e 64).
57
boletim empresarial
Um contrato oneroso é um contrato em que os custos inevitáveis de satisfazer as obrigações segundo o contrato
excedem os benefícios económicos que se espera venham a ser recebidos segundo o mesmo. Os custos inevitáveis
segundo um contrato reflectem o menor do custo líquido de sair do contrato, que é o mais baixo do custo de o cumprir
e de qualquer compensação ou de penalidades provenientes da falta de o cumprir (NCRF 21, § 66).
Uma entidade deve reconhecer qualquer perda de imparidade que tenha ocorrido nos activos inerentes a um contrato
oneroso antes de ser reconhecida a provisão (NCRF 21, § 67).
Um outro exemplo é o caso de uma empresa ter celebrado um contrato de arrendamento de uma unidade industrial,
onde leva a cabo a sua actividade, sem possibilidade de cancelamento e com uma cláusula contratual que não permite
o seu arrendamento.
Caso a empresa transfira a sua actividade esta mantém a obrigação legal de pagar a renda mensal durante a vigência
do contrato.
Assim, o acontecimento que cria a obrigação é, desde logo a celebração do contrato de arrendamento que criou a
obrigação legal da empresa pagar uma renda mensal.
Por outro lado é provável que ocorram exfluxos de recursos incorporando benefícios económicos na liquidação, na
medida em que, ao não existir a possibilidade de rearrendar a unidade industrial abandonada, a empresa deverá
continuar a pagar o respectivo valor da renda contratada.
Consequentemente, a empresa deve reconhecer uma provisão pelo montante correspondente à melhor estimativa dos
pagamentos inevitáveis do arrendamento da unidade industrial que foi abandonada, correspondente ao número de
meses que faltam para o terminus do contrato.
Enunciado
Em 2 de Janeiro de 200N a empresa ALFA, S.A. subscreveu um contrato de locação financeira que tem a duração de 3
anos, relativamente a um equipamento industrial para exercer a sua actividade. O equipamento tem um valor de
€600.000,00 e tem uma vida útil estimada de 10 anos e o valor residual é zero. As rendas da locação são €204.712,78
e são devidas em 2 de Janeiro de cada ano com início em 200N. A taxa de juro efectiva é de 10%.
Assim, tem-se:
O valor presente dos pagamentos da locação ascende a 93% do justo valor do activo locado e é [204.712,78 +
(204.712,78/1,10) + (204.712,78/1,10^2)] = €560.000,00. O Plano de amortização da obrigação é o seguinte:
Redução da
Pagamentos Saldo da obrigação
Anos Juro (10%) obrigação da
Anuais da locação
locação
560.000,00
02-01-200n 204.712,78 0,00 204.712,78 355.287,22
02-01-200n+1 204.712,78 35.528,72 169.184,06 186.103,16
02-01-200n+2 204.712,78 18.609,62 186.103,16 0,00
614.138,34 54.138,34 560.000,00
Ano 200N
Ano 200(N+1)
58
boletim empresarial
Data Conta Descritivo Débito Crédito
Pagamento da 2ª renda
31-12-200n+1 2513 Pagamento da obrigação 169.184,06
6911 Juros de financiamento 35.528,72
121 Pagamento da renda 204.712,78
Depreciação do equipamento
31-12-200n+1 643 Gastos de depreciação 56.000,00
438 Depreciações acumuladas 56.000,00
Ano 200(N+2)
Enquadramento
Locação é um acordo pelo qual o locador transfere para o locatário, em troca de um pagamento ou série de
pagamentos, o direito de usar um activo por um período de tempo acordado. A locação financeira é uma locação que
transfere substancialmente todos os riscos e vantagens inerentes à posse de um activo e uma locação operacional é
uma locação que não seja uma locação financeira (NCRF 9, § 4).
Exemplos de situações que podem normalmente conduzir à classificação como uma locação financeira:
- A locação transfere a propriedade do activo para o locatário no fim do prazo da locação;
- O locatário tem a opção de comprar o activo por um preço que se espera que seja suficientemente mais baixo do que
o justo valor à data em que a opção se torne exercível tal que, no inicio da locação, seja razoavelmente certo que a
opção será exercida;
- O prazo da locação abrange a maior parte da vida económica do activo ainda que o título de propriedade não seja
transferido;
- No início da locação o valor presente dos pagamentos mínimos da locação ascende a pelo menos, substancialmente,
todo o justo valor do activo locado; e
- Os activos locados são de uma tal natureza especializada que apenas o locatário os pode usar sem que sejam feitas
grandes modificações.
Enunciado
O Contrato da empresa ALFA, Lda, exige a obrigação dos seus três sócios efectuarem prestações acessórias. Por este
motivo, no dia 1 de Março de 200N, os sócios entregaram à sociedade €30.000,00 que vencem juros postecipados à
taxa de 6% ao ano. Os juros são pagos em 1 de Março de 200(N+1) e na data do reembolso do dinheiro aos sócios.
Em 31 de Dezembro do ano 200(N+1) aquele montante será restituído aos sócios.
59
boletim empresarial
12x Banco x (cheques emitidos aos sócios) 1.413,00
Restituição dos suprimentos e pagamento de juros de Março a Dezembro de 200(N+1)
dd-mm-(n+1) 253x Sócios 30.000,00
6918 Juros de Março a Dezembro 1.500,00
2423 IRS retido (capitais) 322,50
12x Banco x (cheques emitidos aos sócios) 31.177,50
Enquadramento
As prestações acessórias estão definidas na lei comercial (CSC). As prestações acessórias podem ser ou não em
dinheiro e podem ou não vencer juros e têm que estar contempladas no contrato de sociedade.
Se as prestações acessórias não vencerem juros e não forem objecto de posterior reembolso, em data definida, aos
sócios devem ser contabilizadas no capital próprio, numa subconta da conta «53 – Outros instrumentos de capital
próprio». Se, ao contrário, vencerem juros e forem objecto de reembolso, em data definida, devem ser consideradas
como suprimentos e contabilizadas no passivo da empresa, na conta «253x – Financiamentos obtidos – Participantes
de capital».
Enunciado
A empresa ALFA, Lda, no dia 31 de Março de 200N, contraiu um empréstimo bancário com o Banco XPTO no montante
de € 100.000,00. Neste empréstimo foi contratualizado o pagamento de 1 prestação anual a liquidar em 31 de Março
de 200(N+1), a qual vence juros postecipados à taxa de 6%.
Enquadramento
De acordo com a NCRF 27, § 6, uma entidade deve reconhecer um passivo financeiro quando a entidade se torne uma
parte das disposições contratuais do instrumento.
No exemplo apresentado há que ter em conta o pressuposto do acréscimo presente na Estrutura Conceptual, tendo
assim que se reconhecer os gastos no período a que dizem respeito (no ano de 200N), independentemente do seu
pagamento apenas ocorrer no período seguinte.
Enunciado
A empresa ALFA, SA, cujo capital social estava representado por 150.000 acções de valor nominal igual a €1,00 e
valorizadas pelos antigos accionistas por €2,40, deliberou em Assembleia Geral um aumento de capital por emissão e
subscrição privada para mais 50.000 acções ordinárias.
A subscrição das novas acções ocorreu no dia 1 de Julho de 200N.
Assim tem-se
60
boletim empresarial
O valor de emissão e subscrição das novas acções foi de €2,40, por forma a não prejudicar os antigos accionistas.
Enquadramento
Os aumentos de capital social requerem alterações ao contrato das sociedades. Estas só podem ser deliberadas pelos
sócios, nos casos das sociedades por quotas e nas sociedades em geral e deliberadas pelos accionistas no caso das
sociedades anónimas.
Np caso das sociedades anónimas o valor das acções a emitir para aumentos do capital social deverá ser de modo a
não prejudicar o valor das acções dos accionistas mais antigos.
Os aumentos de capital efectuados com a entrega de outros activos que não dinheiro, em obediência à lei comercial
(CSC) obrigam a que esses activos sejam objecto de um relatório efectuado por um Revisor Oficial de Contas
independente da sociedade.
Enunciado
Em Assembleia Geral da empresa ALFA, Lda, realizada em 1 de Julho de 200N, os sócios deliberaram um aumento de
capital no valor de €200.000,00. Este aumento foi efectuado por transformação de dividas ao fornecedor Fm, de
€50.000,00, ao fornecedor de investimentos Faft, no valor €100.000,00, e ao fornecedor de investimentos Mob
€50.000,00.
As despesas com o aumento de capital ascenderam a €2.500,00.
61
boletim empresarial
dd-07-200n 2211Fm Fornecedor Fm 50.000,00
2711Faft Fornecedor de investimentos Faft 100.000,00
2711Mob Fornecedor de investimentos Mob 50.000,00
262fm Sócio Fm 50.000,00
262faft Sócio Faft 100.000,00
262mob Sócio Mob 50.000,00
Transferência de capital subscrito para capital realizado
dd-07-200n 5111 Quotas subscritas 200.000,00
5112 Quotas realizadas 200.000,00
Gastos com aumento de capital
dd-07-200n 62xx Fornecimentos e serviços externos 2.500,00
12x Depósitos à ordem 2.500,00
Enquadramento
O aumento de capital por transformação de passivos transforma credores da empresa em novos sócios ou accionistas.
Nas sociedades anónimas esta operação obriga à emissão de acções. Os credores podem ser obrigacionistas
possuidores de obrigações convertíveis em capital, ou credores de outra natureza.
As despesas relacionadas com a constituição da sociedade, nomeadamente escritura pública, registos e inscrições
obrigatórias, deverão ser consideradas como gastos do exercício em que é efectuada a constituição da sociedade,
uma vez que não configuram os requesitos necessários do reconhecimento dos activos (NCRF 6, § 68).
Enunciado
A empresa ALFA, SA, possuía no início do ano de 200N, capital próprio no montante de €700.000,00, assim
decomposto:
Em 20 de Março de 200N a Assembleia Geral deliberou proceder à amortização das 20.000 acções próprias ao valor
nominal, com redução de capital.
62
boletim empresarial
Enquadramento
A lei comercial (CSC), refere que o contrato de sociedade pode impor ou permitir que, em certos casos e sem
consentimento dos seus titulares, sejam amortizadas acções, devendo os factos que imponham ou permitam a
amortização ser concretamente definidos no contrato de sociedade. Neste contexto a amortização de acções implica
sempre a redução do capital da sociedade, extinguindo-se as acções amortizadas na data da redução do capital.
No caso de a amortização ser imposta pelo contrato de sociedade, deve este fixar todas as condições essenciais para
que a operação possa ser efectuada, competindo ao conselho de administração ou ao conselho de administração
executivo apenas declarar, nos 90 dias posteriores ao conhecimento que tenha do facto, que as acções são
amortizadas nos termos do contrato e dar execução ao que, para o caso, estiver disposto.
Porém, a redução do capital não pode ser deliberada se a situação líquida da sociedade não ficar a exceder o novo
capital em, pelo menos 20%, no entanto, é permitido deliberar a redução do capital a um montante inferior ao mínimo
estabelecido na lei comercial para o respectivo tipo de sociedade se tal redução ficar expressamente condicionada à
efectivação de aumento do capital para montante igual ou superior àquele mínimo, a realizar nos 60 dias seguintes
àquela deliberação. Esta situação não se aplica à amortização de acções inteiramente liberadas, postas à disposição da
sociedade, a título gratuito; e se para a amortização de acções inteiramente liberadas forem unicamente utilizados
fundos que limitem a distribuição de bens aos sócios.
A redução do capital não exonera os sócios das suas obrigações de liberação do capital.
A empresa ALFA, SA, possuía no final de Junho de 200N, capital próprio no montante de €320.000,00, assim
decomposto:
Em Julho do mesmo ano, a sociedade amortizou por sorteio, aos seus accionistas, 30.000 acções sem redução de
capital. O pagamento aos accionistas efectuou-se no mês seguinte.
63
boletim empresarial
Enquadramento
De acordo com a lei comercial (CSC), a amortização de acções pode ser feita pelo valor total ou parcial do seu valor
nominal. O reembolso das acções aos accionistas não provoca redução de capital, dado que é feito através de fundos
distribuíveis aos accionistas, provocando modificação dos direitos patrimoniais das mesmas, quer ao nível do direito
aos dividendos (dão direito a dividendos inferiores ao das acções de capital), quer ao nível do direito ao produto de
liquidação da sociedade (só podem partilhar o património depois de pago o valor nominal das acções de capital).
Em nota do Anexo deve ser divulgado o número de acções de fruição (acções totalmente amortizadas), o número de
acções parcialmente amortizadas, e o montante despendido na amortização.
Enunciado
A empresa ALFA, SA, com um capital social representado por 300.000 acções de valor nominal de € 1,00/cada, das
quais 90.000 são acções preferenciais, deliberou na Assembleia Geral realizada 20 de Março de 200N, a remição de
30.000 acções a 2,00/cada.
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boletim empresarial
20-03-200n 552x Outras reservas 30.000,00
551x Reservas legais – Acções remidas 30.000,00
Transferência – alteração qualitativa do capital
20-03-200n 513 Acções preferenciais remíveis 30.000,00
514 Acções remidas 30.000,00
Enquadramento
De acordo com a lei comercial (CSC), se o contrato de sociedade o autorizar, as acções que beneficiem de algum
privilégio patrimonial podem, na sua emissão, ficar sujeitas em data fixas, a remição ou quando a Assembleia Geral o
deliberar, tendo de estar inteiramente liberadas (pagas) antes de serem remidas.
As acções remíveis possibilitam aos seus detentores algum privilégio patrimonial (dividendos ou quota de liquidação
especial). A remição de acções pode ser feita pelo valor nominal ou com prémio e é feita através de fundos disponíveis
que possam ser distribuídos aos accionistas (intangibilidade do capital) não havendo por isso redução do capital. É
necessário então saber quais os fundos indisponíveis para distribuição aos accionistas.
Neste sentido, a lei comercial (CSC) refere que não podem ser distribuídos aos sócios bens da sociedade enquanto a
situação líquida for inferior ao somatório do capital e das reservas legais.
Quando é feita a remição de acções, a empresa emitente deve constituir uma reserva indisponível de valor igual ao
das acções remidas. Para o reconhecimento contabilístico das acções remidas, deve ser criada uma subconta da conta
«52 – acções próprias», que indique o valor nominal das acções remidas, subconta «523 – Acções Remidas».
Em nota do Anexo, em «Outras informações», deve ser divulgado o número de acções remidas e o valor nominal das
mesmas e deverão ser explicitados a quantidade, o valor nominal e o prémio das acções remidas no período.
Enunciado
A empresa ALFA, S.A, em observância de todos os formalismos legais, adquiriu em 2 de Maio de 200N por €
200.000,00, 50.000 acções próprias, (o equivalente a 5% do seu capital) de valor nominal de € 1,00/cada.
Em 2 de Dezembro de 200N, a empresa ALFA vendeu metade das acções próprias por € 140.000,00.
Assim tem-se
65
boletim empresarial
Regularização do prémio de acções próprias, relativo à venda
20-03-200n 522 Prémio de acções próprias 40.000,00
599 Outras variações no capital próprio 40.000,00
Disponibilização de reserva legal
2-05-200n 551x Reserva legal – Acções próprias 100.000,00
552x Outras reservas 100.000,00
Após este lançamento o saldo das contas de capital próprio relacionadas com as acções próprias, é o
seguinte:
Enquadramento
A aquisição de acções ou quotas próprias, na medida em que reduz o capital próprio da empresa, tem de ser efectuado
com muito rigor e transparência em conformidade com a legislação comercial (CSC) aplicável.
Assim, nos casos de aquisição lícita de acções próprias uma sociedade não pode adquirir e deter acções próprias
representativas de mais de 10% do seu capital, a não ser em situações muito excepcionais, como por exemplo, em
resultado da aquisição de um património, a título universal.
No âmbito da lei comercial (CSC), o regime das acções próprias exige que enquanto as acções pertencerem à sociedade,
esta deve tornar indisponível uma reserva de montante igual àquele por que as acções próprias estejam contabilizadas
e, enquanto as acções próprias estiverem na posse da sociedade, devem estar suspensos os direitos inerentes às acções,
excepto o direito de participar em aumentos de capital por incorporação de reservas.
De acordo com o enquadramento contabilístico, a dinâmica da conta «52 – Acções (quotas) próprias», prevê que o valor
nominal seja reconhecido numa subconta diferente do reconhecimento dos eventuais descontos e prémios, subcontas
521, para o valor nominal e subconta 522, para os descontos e prémios. Assim, na aquisição o valor nominal é
reconhecido a débito da conta 521 e a diferença entre o custo de aquisição e o valor nominal é reconhecido na conta
522. Quando da venda das acções (quotas) próprias, para além do crédito à conta 521, deve movimentar-se a conta
522, pela diferença entre o preço de venda e o valor nominal. No caso da conta 522, manter algum saldo relacionado
com as acções (quotas) próprias vendidas, este deverá ser regularizado por contrapartida da conta «599 – Outras
variações no capital próprio», de forma a manter os descontos e prémios correspondentes às acções (quotas) próprias
em carteira.
Enunciado
Depois de elegível a empresa ALFA, Lda recebeu em 02 de Janeiro de 200N um subsídio governamental de €
80.000,00 para a aquisição de 2 equipamentos no valor de € 120.000,00. Os equipamentos foram também adquiridos
em Janeiro de 200N, entrando de imediato em exploração.
Assim tem-se
O preço de equipamento, o período de vida útil e a depreciação a quotas constantes de cada um dos equipamentos
apresentam-se no quadro seguinte:
Equipamentos Subsídio
Anos Depreciação Saldo Vida Útil % Rendimento Saldo
200n 18.000,00 102.000,00 15,00% 12.000,00 68.000,00
200(n+1) 18.000,00 84.000,00 15,00% 12.000,00 56.000,00
200(n+2) 18.000,00 66.000,00 15,00% 12.000,00 44.000,00
200(n+3) 18.000,00 48.000,00 15,00% 12.000,00 32.000,00
200(n+4) 18.000,00 30.000,00 15,00% 12.000,00 20.000,00
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boletim empresarial
200(n+5) 10.000,00 20.000,00 8,33% 6.666,66 13.333,34
200(n+6) 10.000,00 10.000,00 8,33% 6.666,67 6.666,67
200(n+7) 10.000,00 0 8,33% 6.666,67 0,00
120.000,00 100,00% 100.000,00
Enquadramento
Os subsídios são auxílios do Governo na forma de transferência de recursos para uma entidade em troca do
cumprimento passado ou futuro de certas condições relacionadas com as actividades operacionais da entidade.
Os subsídios do Governo relacionados com activos devem ser apresentados no balanço como componente do capital
próprio, e imputados como rendimento do exercício numa base sistemática e racional durante a vida útil do activo
(NCRF 22, § 22). Só devem ser reconhecidos após existir segurança de que a entidade cumprirá as condições a eles
associadas; e os subsídios serão recebidos (NCRF 22, § 8).
Quando os subsídios respeitam a activos fixos tangíveis não depreciáveis e intangíveis com vida útil indefinida, são
mantidos nos Capitais Próprios, excepto se a respectiva quantia for necessária para compensar qualquer perda por
imparidade (NCRF 22, § 12).
Enunciado
A entidade ALFA, S.A. apresentou um resultado líquido do período de 200N no valor de € 100.000,00. No inicio de
200N a empresa tinha um saldo inicial de 3.000 acções, das quais 200 eram acções próprias e 500 eram acções
preferenciais. Os dividendos respeitantes às acções preferenciais totalizaram € 15.000,00.
Em 15 de Outubro de 200N foram emitidas 2.200 novas acções, pagas com dinheiro.
Assim tem-se
Acções
Acções Ajusta-
Data Operações em
Emitidas mentos
circulação
01-01-200n Saldo inicial das acções 3.000 3.000
01-01-200n Acções próprias 200 2.800
01-01-200n Acções preferenciais 500 2.300
15-10-200n Emissão de novas acções pagas com dinheiro 2.200 4.500
31-12-200n Saldo final 5.200 700 4.500
Na primeira situação de cálculo de acordo com a IAS 33, o número de acções a Ter em conta no cálculo dos resultados
por acção, não considerando as acções próprias, é de [(2.500 x 9,5/12) + (4.700 x 2,5/12)] =2.958.
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boletim empresarial
Na Segunda situação de cálculo, o número de acções a Ter em conta no cálculo dos resultados por acção,
considerando as acções próprias, é de [(2.300 x 9,5/12) + (4.500 x 2,5/12)] = 2.758.
O resultado por acção básico, é de [(100.000,00 – 15.000,00) / 2.758] = € 30,82.
Enquadramento
De acordo com IAS 33, o resultado por acção básico deve ser calculado dividindo o resultado líquido atribuível aos
accionistas ordinários pelo número médio ponderado das acções ordinárias em circulação durante o exercício.
Para o cálculo do número médio de acções ordinárias as variações do capital ao longo do exercício são tidas em conta
porque, para estabelecer o resultado por acção básico, o denominador é o número médio ponderado das acções
ordinárias em circulação durante o exercício.
A ponderação é feita em função do tempo durante o qual um certo número de acções estão em circulação. A
ponderação baseia-se normalmente no número de dias (ou meses) de circulação, mas uma aproximação razoável é
igualmente possível.
As acções são consideradas no cálculo a partir da data em que o preço é pago (geralmente na data da emissão). Como
exemplo, as acções ordinárias emitidas em contrapartida de tesouraria são incluídas logo que o pagamento é exigível,
as acções ordinárias emitidas na data do reinvestimento voluntário dos dividendos em acções ordinárias ou
preferenciais são incluídas na data do pagamento do dividendo, as acções ordinárias resultantes da conversão de
obrigações convertíveis em acções ordinárias são incluídas na data em que o direito ao juro cesse, as acções
ordinárias emitidas em substituição de juros ou do produto principal sobre outros instrumentos financeiros são
incluídas na data em que o direito ao juro cesse e as acções ordinárias emitidas em troca da liquidação de um passivo
da empresa são incluídas na data da liquidação (IAS 33).
As acções a ter em conta no cálculo devem ser as acções ordinárias adquiridas em contrapartida de tesouraria. Se tal
não for o caso, o número de acções deve ser ajustado para o exercício em que a variação teve lugar, mas também
para todos os exercícios apresentados. As acções criadas sem que houvesse uma alteração correspondente de
recursos podem ser acções provenientes de uma distribuição gratuita de novas acções, de um pagamento de
dividendos em acções e fraccionamento ou reagrupamento de acções.
A IAS 33 preconiza um ajustamento do número de acções em circulação, no caso de uma emissão de acções incluírem
direitos de um elemento gratuito na forma do preço de exercício ser inferior ao justo valor das acções, que é o caso
mais frequente. Nesta situação, o capital aumenta de maneira desproporcional relativamente ao número das acções
emitidas. Para ter em conta este efeito, é preciso multiplicar o número de acções em circulação antes da emissão pelo
factor:
A IAS 33 não trata de casos particulares como é o caso das acções próprias resgatadas para serem transaccionadas,
ou das acções próprias detidas para serem vendidas no curto prazo no quadro de uma participação de empregados. Se
a duração da detenção é muito curta, o número de acções em questão não é geralmente muito elevado e o impacto
sobre o cálculo do número médio ponderado deve ser irrelevante. Porém, se o impacto for significativo o ter em conta
as acções próprias é vantajoso para a imagem da empresa porque, ao deduzirem-se todas as acções próprias, o
número médio das acções ordinárias diminui, o que aumenta o resultado por acção.
Enunciado
Em 01 de Janeiro de 200N, a sociedade ALFA, S.A, decidiu realizar um aumento de capital. Para tal a entidade irá
emitir 400.000 acções pelo valor de emissão de € 6,00 tendo as acções um valor nominal de € 5,00. As acções
emitidas foram oferecidas à subscrição pública, durante todo o mês de Janeiro, através das instituições bancárias, com
a obrigação de todos os subscritores entregarem de 50% do valor dos títulos subscritos.
No dia 3 de Fevereiro, a empresa recebeu o produto da subscrição, verificando que haviam sido subscritas 500.000
acções, pelo que houve necessidade de proceder a rateio para a anulação das acções subscritas em excesso.
No dia 10 de Fevereiro foram devolvidas aos subscritores as importâncias correspondentes às subscrições anuladas.
No dia 15 de Fevereiro os subscritores realizaram o remanescente.
Assim tem-se
68
boletim empresarial
Data Conta Descritivo Débito Crédito
Subscrição do Capital
03-02-200n 261x1 Accionistas c/ subscrição 3.000.000,00
261x2 Accionistas c/ subscrição-excedente 600.000,00
51x Capital subscrito 2.000.000,00
54 Prémios de emissão 400.000,00
Realização de parte da subscrição
03-02-200n 12x Depósitos à ordem 1.500.000,00
261x1 Accionistas c/ subscrição 1.500.000,00
Rateio – Anulação do excedente
03-02-200n 261x2 Accionistas c/ subscrição-excedente 600.000,00
261x1 Accionistas c/ subscrição 600.000,00
Devolução de parte realizada referente às acções excedentes
10-02-200n 261x1 Accionistas c/ subscrição 300.000,00
12x Depósitos à ordem 300.000,00
Realização dos restantes 50% correspondentes às 400.000 acções
15-02-200n 12x Depósitos à ordem 1.200.000,00
261x1 Accionistas c/ subscrição 1.200.000,00
Enquadramento
Os aumentos de capital social requerem alterações ao contrato das sociedades. Estas só podem ser deliberadas pelos
sócios em observância ao disposto Código das Sociedades Comerciais para as sociedades anónimas. No que diz
respeito ao prémio de emissão, este corresponde ao valor do excedente do valor de emissão em relação ao valor
nominal das acções.
Quando o número de acções subscritas é superior ao número de acções emitidas, há que proceder ao rateio, que
corresponde à divisão proporcional das acções subscritas pelas acções emitidas pela empresa, de acordo com os
critérios definidos aquando da subscrição. Uma vez que no exemplo apresentado na subscrição houve lugar à entrega
de 50% do valor de emissão de imediato, teve de ser devolvida a parte correspondente às acções excedentes aos
respectivos subscritores.
A conta «51 – Capital», é utilizada para registar o capital nominal subscrito das sociedades, devendo-lhe ser deduzido,
para efeitos de elaboração do Balanço, o eventual saldo da conta «261 – Accionistas/sócias – Accionistas c/
subscrição».
Enunciado
A empresa Alfa, S.A, no final do ano de 200N, procedeu à revalorização do edifício da sede, com base em diploma
legal, conhecendo-se os seguintes dados, depois das depreciações do exercício:
Assim tem-se
O excedente de revalorização vai realizar-se em 30 anos. Uma vez que se trata de uma revalorização ao abrigo de um
diploma de carácter fiscal, de acordo com o Decreto-Regulamentar nº 25/2009, de 14 de Setembro, o fisco não aceita
como gasto, o produto de 40% pela importância do aumento das depreciações resultantes dessas revalorizações
(excedente de revalorização realizado).
Então:
- € 1.200.000 x 40% = €480.000 não vão ser aceites como custos fiscais ao longo de 30 anos.
- O Imposto sobre o rendimento correspondente = € 480.000 x 26,5% = € 127.200,00.
69
boletim empresarial
- A depreciação anual do edifício que era de € 10.000,00 = 500.000,00 x 2%, passa a ser de € 50.000,00 =
2.500.000,00 x 2%, ou seja €10.000,00 relacionada com o custo inicial do edifício e € 40.000,00, relacionada com o
acréscimo no valor inicial.
- A realização do excedente de revalorização anual é de € 40.000,00 = 1.200.000,00 / 30.
- O imposto diferido a realizar em cada ano é de € 4.240,00 = 127.200,00 / 30.
Enquadramento
A revalorização de um activo tangível provoca um acréscimo na base do valor amortizável e, por isso, um aumento
das amortizações futuras, o que resulta numa diminuição dos resultados dos exercícios seguintes. O aumento da
quantia escriturada deve ser creditado directamente no capital próprio numa conta com o título «excedente de
revalorização», NCRF 7, § 39.
Em Portugal, a revalorização de um activo não afecta o lucro tributável no período da revalorização, por isso, a base
fiscal (tributável) do activo não é ajustada. Porém, a recuperação futura da quantia escriturada resultará num fluxo
tributável de benefícios económicos para a entidade e a quantia que será dedutível para finalidades de tributação
diferirá da quantia desses benefícios económicos (NCRF 25, § 20).
Quando com o aumento da quantia escriturada provoca diferenças, para menos, relativamente ao valor fiscal do
activo, que corresponde ao valor atribuído pela administração fiscal para a determinação dos resultados fiscais futuros,
estas diferenças temporárias fiscais levam ao reconhecimento de passivos por impostos diferidos (NCRF 25, §§ 7 e
15).
O excedente de revalorização pode ser transferido para «Resultados transitados» (e não para resultados do
exercício), na medida que o activo é usado e o excedente realizado (NCRF 7, § 41). Assim, a quantia do excedente
transferida é a diferença entre a depreciação baseada na quantia escriturada revalorizada do activo e a depreciação
baseada no custo original do activo.
Por outro lado, quando o activo for desreconhecido, o valor residual do excedente de revalorização incluído no capital
próprio é também transferido para « Resultados transitados», o que implica a transferência da totalidade do
excedente.
A NCRF 7, não especifica se uma entidade deve transferir ano a ano o excedente de revalorização para resultados
transitados uma quantia igual à diferença entre a depreciação ou amortização baseada no custo desse activo.
Porém, se uma entidade fizer tal transferência, a quantia transferida é líquida de qualquer imposto diferido relacionado
(NCRF 25, § 58).
Os efeitos tributários relatados como passivos por impostos diferidos devem reflectir as consequências fiscais
esperadas no momento em que o activo é recuperado. Assim, os passivos por impostos diferidos devem ser
mensurados com base na utilização das taxas de tributação aprovadas para os períodos em que se prevê venham a
reverter as subjacentes diferenças temporárias fiscais, devendo ser ajustados sempre que se verifiquem alterações
nas taxas de tributação do rendimento ou em outros aspectos da legislação fiscal (NCRF 25, §§ 43 a 50).
Na contabilização, após o reconhecimento na conta «58 – Excedentes de revalorização de activos fixos tangíveis e
intangíveis», por qualquer processo, do valor do aumento do imobilizado líquido, aquela conta é debitada por
contrapartida da conta «2742 – Passivos por impostos diferidos» pelo montante do imposto correspondente à fracção
do excedente de revalorização não relevante para a tributação.
Para o efeito, a conta relativa a cada excedente de revalorização é desdobrada em duas subcontas: uma, denominada
«5811 – Antes de imposto sobre o rendimento», que tem saldo credor, e outra, denominada por «5812 – Impostos
diferidos» cujo saldo é devedor. O indicado débito terá lugar nesta última subconta.
Aquando da realização do excedente de revalorização, a subconta «5812 – Impostos diferidos» é creditada pela
correspondente fracção do imposto sobre o rendimento, por contrapartida da conta «56xy – Resultados transitados-
…». Simultaneamente, a conta «2742 – Passivos por impostos diferidos» é debitada por contrapartida da conta «8122
– Imposto diferido».
70
boletim empresarial
Enquadramento
Quanto aos bens não depreciáveis, considera-se a óptica da alienação, tendo em atenção o seguinte:
Independentemente da existência de nova revalorização, o valor do imposto diferido resultante da diferença entre a
base tributável e a quantia escriturada dos bens não depreciáveis deve ser ajustado tendo em atenção a variação da
base tributável decorrente da aplicação dos coeficientes de desvalorização monetária, uma vez que estes são utilizados
para determinar tal base tributável no âmbito do apuramento das mais e menos valias fiscais.
Nos casos em que, por efeito de revalorizações, os elementos dos activos fixos tangíveis e intangíveis passem a ter
uma base tributável superior (caso das situações de imparidade) à correspondente quantia escriturada não deverá ser
registado qualquer correspondente activo por impostos diferidos.
No caso de bens revalorizados não susceptíveis de depreciação, as quantias do passivo por impostos diferidos e do
excedente de revalorização deverão ser ajustadas de acordo com as alterações da base tributável, em função da
aplicação dos sucessivos coeficientes de actualização monetária.
No caso da revalorização de activos fixos tangíveis destinados ao uso pela empresa deverá ter-se em atenção o valor
da base tributável compatível com o destino indicado. Assim, são irrelevantes as variações de valor que não
correspondam a revalorizações em diplomas legais que comportem efeitos fiscais.
Enunciado
O balancete da empresa Gama, em 31-12-200N, antes da liquidação do IRC, apresentava os seguintes saldos:
CONTA SALDO
DEVEDOR CREDOR
219 Perdas por imparidade acumuladas 357.000,00
292 Garantias a clientes 15.000,00
294 Acidentes de trabalho e doenças profissionais 31.500,00
5811 Decreto-Lei nº … … 96.000,00
6266 Despesas de representação 8.000,00
68882 Multas não fiscais 700,00
811 Resultado antes de impostos 25.000.000,00
O saldo inicial da conta «219 – Clientes – Perdas por imparidade acumuladas», diz respeito a dívidas em mora,
tendo sido provisionada a totalidade das dívidas. O desdobramento das dívidas é o seguinte:
- Dívida do cliente A, no valor de 357.000, factura emitida em 30 de Abril de 200 (N-1), (7 meses de mora);
- Dívida do cliente L, no valor de 178.500,00, factura emitida em 31 de Março de 200 (N-1), (8 meses de mora). O
cliente liquidou esta dívida em Junho de 200N.
O saldo da conta «5811 – Excedentes de revalorização de activos fixos tangíveis – decreto-Lei nº …, de dd de MM»,
diz respeito à revalorização do edifício da sede, efectuada há 7 anos. 46,66% da reserva já estavam realizados e
transferidos para a conta «56xy – Resultados transitados – regularização de excedentes». Os valores relativos aos
excedentes de revalorização são os seguintes:
A taxa de IRC + derrama aprovada é de 26,5%, não se prevendo alteração para os próximos anos.
200N
Resultado antes de impostos 25.000.000,00
71
boletim empresarial
A acrescer:
A deduzir:
(1) A tributação autónoma das despesas de representação, em 2009, é de 10% (Lei n.º 64/2008, de 5 de Dezembro). A taxa de 2005 a
2008, era de 5% (Lei n.º 55/B/2004, de 30 de Dezembro – OE) e a taxa de 2004, era de 6% = (20% de 30%), (Lei n.º 107-B/2003,
de 31 de Dezembro – OE)
72
boletim empresarial
Enquadramento
Uma entidade deve, no seu balanço de abertura de acordo com a NCRF, reconhecer todos os activos e passivos cujo
reconhecimento seja exigido pelas NCRF, NCRF 3, § 7. Por isso a entidade deve reconhecer todos ajustamentos
referentes a saldos de activos por impostos diferidos e de passivos por impostos diferidos relativos a situações
passadas.
O imposto corrente ou diferido deve ser debitado ou creditado directamente no capital próprio se o imposto se
relacionar com itens que sejam creditados ou debitados, no mesmo ou num diferente período, directamente no capital
próprio, NCRF 25, § 55. A empresa deve divulgar, separadamente, esta situação, NCRF 25, § 74.
No que respeita ao capital próprio, os ajustamentos serão registados nas contas de, Outras reservas, Resultados
transitados, Ajustamentos em activos financeiros, ou Excedentes de revalorização, consoante for mais adequado.
Se for necessário debitar uma conta de capital próprio e não houver saldo suficiente nessa conta, os ajustamentos
devem ser reconhecidos na conta de Resultados Transitados.
Enunciado
Em 31-12-200N, a empresa Alfa, S.A, tem na sua conta «4121 – Investimentos em associadas – Método da
equivalência patrimonial» um saldo de € 67.000, correspondentes a 20.000 acções da empresa Beta.
- A cotação das acções da empresa Beta em 31-12-200N, é de €2,95.
- Não havia nenhuma perda por imparidade constituída para aqueles títulos.
Em 31-12-200 (N+1) a empresa mantinha em carteira as acções. Com a aplicação do método de equivalência
patrimonial, o valor das acções aumentou para € 70.000 e a cotação, naquela data, era de € 3,60.
A (taxa de IRC + derrama), em 200N e 200 (N+1) é igual a 26,5%.
Assim tem-se
Em 31-12-200N:
- Perdas por imparidade = (20.000 x 2,95) – 67.000 = -€ 8.000,00
- Impostos diferidos = 8.000 x 0,265 = €2.120
Em 31-12-200 (N+1):
- Perdas por imparidade = (20.000 x 3,60) – 70.000 = € 2.000,00, não há perdas por imparidade.
- Anular os Impostos diferidos
Enquadramento
Tendo aplicado o método da equivalência patrimonial, o investidor deve determinar se é necessário reconhecer
qualquer perda por imparidade adicional com respeito ao conjunto de interesses na associada, NCRF 13, § 51.
Em conformidade com os §§28 e 29 da NCRF 12, se a quantia recuperável de um activo for menor que a sua quantia
escriturada, esta deve ser reduzida para a quantia recuperável e a perda por imparidade deve ser reconhecida nos
resultados, a não ser que o activo seja escriturado pela quantia revalorizada de uma outra norma, que, neste caso
deve ser tratada como decréscimo de revalorização de acordo com essa outra norma.
73
boletim empresarial
Enunciado
A empresa Alfa, S.A, verificou a seguinte evolução nos seus resultados fiscais:
Estes resultados tinham sido antecipadamente perspectivados, uma vez que no exercício de 200N a empresa verificou
um processo de reestruturação, que ficou concluído no exercício de 200(N+1), esperando-se que a partir de
200(N+2), a empresa viria a obter lucros fiscais.
A taxa de IRC + derrama aprovada em 200N foi de 26,5%, não se alterando nos anos seguintes.
Assim tem-se
Exercícios
20x0 20x1 20x2 20x3
Resultado fiscal:
Prejuízo fiscal 35.000,00 10.000,00
Lucro tributável 20.000,00 30.000,00
Enquadramento
Deve ser reconhecido um activo por impostos diferidos relativamente aos prejuízos fiscais que possam ser deduzidos a
lucros futuros, bem como em relação a créditos fiscais que, por eventual insuficiência da colecta do período a que
deviam ser deduzidos, sejam diferidos para períodos seguintes.
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boletim empresarial
Porém, o registo de activos por impostos diferidos apenas é possível quando e na medida em que for previsível que
venham a ser apurados lucros fiscais que permitam a utilização desses prejuízos ou a dedução dos créditos fiscais,
respectivamente.
A simples existência de prejuízos fiscais pode suscitar dúvidas quanto à capacidade de obtenção de resultados fiscais
positivos, que venham a possibilitar a utilização desses prejuízos.
Assim, apenas deve ser reconhecido um activo por impostos diferidos, respeitantes a prejuízos fiscais ou a créditos
fiscais, se existir uma quantia superior ou igual de diferenças temporárias fiscais, ou existirem expectativas
fundamentadas de que irão ser apurados lucros tributáveis, que permitam, em ambos casos, a utilização desses
prejuízos, NCRF 25, §§31 a 33.
Enunciado
A empresa Gama no exercício de 200N, realizou um serviço muito especializado a um cliente, tendo, por isso, em 31-
12-200N, constituído uma provisão para garantia a clientes no montante de € 75.000,00.
Em 200 (N+2), deixou de haver necessidade de manter a provisão porque o trabalho realizado não teve qualquer tipo
de reclamação por parte do cliente.
A taxa de IRC + derrama aprovada em 200N foi de 26,5%, não se alterando nos anos seguintes.
Assim tem-se
Enquadramento
Independentemente das expectativas que possam existir quanto à evolução dos resultados fiscais futuros, devem ser
contabilizados activos por impostos diferidos quando simultaneamente existirem passivos por impostos diferidos
decorrentes de diferenças temporárias fiscais cuja reversão se preveja tenha lugar, NCRF 25, § 28:
- No mesmo período fiscal em que se preveja que revertam as diferenças temporárias dedutíveis; ou
- Em períodos em que uma perda fiscal, decorrente de um activo por impostos diferidos, possa ser compensada com
ganhos posteriores.
Em tal caso, o registo de activos por impostos diferidos deve ser feito até ao limite dos passivos por impostos diferidos
nas condições referidas, NCRF 25, § 29.
O registo deverá ser efectuado sempre que se mostre provável a obtenção de ganhos futuros que permitam a
recuperação do activo por impostos diferidos, ou tenham surgido passivos por diferenças temporárias fiscais que
compensem aqueles activos, até ao limite da compensação, NCRF 25, § 33.
Na data do encerramento das contas, deverão ser objecto de reapreciação todas as situações em que tenham existido
activos por impostos diferidos que não tenham sido reconhecidos por não estarem reunidas as condições para o efeito
exigidas, NCRF 25, § 34.
Enunciado
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boletim empresarial
A empresa Alfa, S.A, reconhece os réditos dos contratos de construção numa base na percentagem de acabamento, de
acordo com a lei fiscal.
Para um contrato de construção, no valor de € 100.000,00, com um período de 2 anos de construção, os gastos
incorridos e estimados para executar a obra, e as facturações e recebimentos do contrato, são os seguintes, em euros:
200N 200(N+1)
Gastos incorridos acumulados 40 500 90 000
Gastos estimados para acabar a obra 49 500 -
Facturação emitida 40 000 60 000
Assim tem-se
200N 200(N+1)
Gastos incorridos acumulados 40 500 90 000
Gastos estimados para acabar a obra 49 500 -
Grau de acabamento 45,00% 100,00%
Réditos do período 45 000 55 000
Réditos totais 45 000 100 000
Usando as regras fiscais, calcula-se a percentagem de facturação. Se esta for inferior à da fase de acabamento, o lucro
tributável do contrato será determinado em função da percentagem de facturação.
200N 200(N+1)
Contrato 100.000 100.000
Facturação acumulada 40.000 100.000
Percentagem de facturação 40,00% 100,00%
Uma vez que a percentagem de facturação é inferior à da percentagem de acabamento, o lucro tributável do contrato
é determinado em função da percentagem de facturação, como se segue:
O lucro tributável e o gasto de impostos correntes e o passivo por impostos diferidos para os períodos 200N e
200(N+1) (supondo uma taxa de imposto para ambos os períodos de 26,5%) é o seguinte:
200N 200(N+1)
Resultado antes de impostos 4.500 5.000
A acrescer:
Lucro de contratos de construção - 500
A deduzir:
Lucro de contratos de construção -500 -
Lucro tributável 4.000 6.000
Impostos correntes (taxa de 26,5%) 1.060 1.590
Diferença temporária fiscal:
Saldo de abertura 500 500
Anulação (reposição) 0 -500
Saldo de fecho 500 0
Passivo por impostos diferidos Taxa de imposto (26,5%):
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boletim empresarial
Enquadramento
A lei fiscal, IRC, artº 19º, define que a determinação de resultados em relação a obras cujo ciclo de produção ou
tempo de construção seja superior a um ano pode ser efectuada segundo o critério de encerramento da obra ou
segundo o critério da percentagem de acabamento, sendo obrigatória a utilização do critério da percentagem de
acabamento nas obras (públicas ou privadas) efectuadas em regime de empreitada, quando se verifiquem facturações
parciais do preço estabelecido, ainda que não tenham carácter sucessivo, e as obras realizadas tenham atingido o grau
de acabamento correspondente aos montantes facturados; e nas obras efectuadas por conta própria vendidas
fraccionadamente, à medida que forem sendo concluídas e entregues aos adquirentes, ainda que não sejam
conhecidos exactamente os custos totais das mesmas.
Assim, os proveitos são reconhecidos à medida que a obra contratada progride, atribuindo-se a cada período
contabilístico um resultado correspondente ao grau de acabamento, mediante o balanceamento dos proveitos
respectivos com os custos incorridos inerentes.
Para efeitos de tributação, calcula-se a percentagem de facturação e se esta for inferior à da fase de acabamento, o
lucro tributável do contrato será determinado em função da percentagem de facturação.
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