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MUNDO JURÍDICO

artigo de Pablo Stolze Gagliano

Alguns Efeitos do Direito de Família na Atividade Empresarial

Pablo Stolze Gagliano


Juiz Titular da Comarca de Amélia Rodrigues
Professor de Direito Civil da UFBA

(www.novodireitocivil.com.br)

Recentemente, a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia editou o


Provimento n° 002/2003 . CGJ, estabelecendo diretrizes para a modificação do regime de
bens do casamento, nos termos do art. 1639, §° 2 do novo Código Civil que dispõe:
“É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em
pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e
ressalvados os direitos de terceiros.”

Louvável a iniciativa do nosso Tribunal, com o qual modestamente colaboramos na


elaboração do ato, sobretudo porque talvez seja um dos primeiros no Brasil a cuidar da
regulamentação administrativa de uma matéria tão controvertida.
De fato, tal como fora concebido, o referido artigo de lei remete-nos a complexas
questões, não solucionadas pelo novo Código Civil. Afinal, como se daria a publicidade do
ato para efeito de preservação dos direitos de terceiros? Para que cartórios deveriam os
mandados de averbação ser expedidos? Qual seria o juízo competente para proceder com a
referida modificação?

O nosso Provimento, nesse diapasão, visando a resguardar o princípio da


segurança jurídica, resolve tais dúvidas, sem violar a consciência do julgador, dispondo que:

Art.1º. A modificação do regime de bens do casamento decorrerá de pedido


motivado de ambos os cônjuges, em procedimento de jurisdição voluntária, devendo
o Juízo competente publicar edital com prazo de 30 (trinta) dias, a fim de imprimir a
devida publicidade à mudança, visando resguardar direitos de terceiros;
Art. 2º - A intervenção do Ministério Público é necessária para a validade da
mudança;

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Art. 3º - Após o trânsito em julgado da sentença, serão expedidos mandados


de averbação aos Cartórios de Registro Civil e de Imóveis, e, caso qualquer dos
cônjuges seja empresário, ao Registro Público de Empresas Mercantis;

Art. 4º - A modificação do regime de bens é de competência do juízo da Vara


de Família da respectiva comarca onde se processar a mudança.

Art. 5º - Este provimento entrará em vigor na data de sua publicação.


Art. 6º - Revogam-se as disposições em contrário.

Há, entretanto, em seu texto, um importante aspecto a ser considerado: a


necessidade de se expedir mandado ao Registro Público de Empresas, caso qualquer dos
cônjuges seja empresário.

Tal providência, a par de extremamente aconselhável e cautelosa, decorre de


simples interpretação sistemática do Código Civil, dispensando considerações mais
profundas.
Tratando-se de cônjuge empresário (titular de firma individual), o seu regime de
bens interfere, indubitavelmente, nas relações negociais que venha a travar com terceiros,
uma vez que estes têm no seu patrimônio a garantia geral das eventuais dívidas
contraídas. Se tiver havido uma alteração do regime, sem a devida referência no Registro de
Empresas, eventuais credores, inscientes do fato, poderão vir a ser prejudicados.

E tanto isso é verdade que o art. 968 exige, para a inscrição do empresário no
Registro Público de Empresas (Junta Comercial), que o requerimento contenha: “I - o seu
nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens”.
Nota-se, portanto, a obrigatoriedade de o empresário casado informar o seu
regime de bens, sob pena de lhe ser negado o reconhecimento oficial de sua atividade.
Ora, e se assim o é, é lógica a conclusão de que a eventual alteração do regime de
bens deve ser averbada no mesmo Registro Público, sob pena de não gerar efeitos erga
omnes, devendo os Juízes das Varas de Família ficar atentos para esse aspecto.

Mas a interferência das normas de Direito de Família na atividade empresarial não


acaba por aí.

O art. 980, seguindo a mesma diretriz, dispõe que: a sentença que decretar ou
homologar separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser
opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas
Mercantis.

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Cuida-se, aqui, de dispositivo novo, sem correspondente no direito positivo anterior


e que remete-nos à idéia de que, sem a devida averbação, também a sentença de
separação judicial não poderá surtir efeitos em face de eventuais credores do empresário.

Lembramos, ainda, a possibilidade de se aplicar o referido Provimento a


casamentos anteriores, uma vez que, consoante já anotamos: “o regime de bens consiste
em uma instituição patrimonial de eficácia continuada, gerando efeitos durante todo o tempo
de subsistência da sociedade conjugal, até a sua dissolução. Dessa forma, mesmo casados
antes de 11 de janeiro de 2002. data da entrada em vigor do Novo Código -, os cônjuges
poderiam pleitear a modificação do regime, eis que os seus efeitos jurídico-patrimoniais
adentrariam a incidência do novo diploma, submetendo-se às suas normas”1
Finalmente, cumpre-nos, com redobrada felicidade, registrar que a Corregedoria
do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por meio do ilustre Professor e Juiz Corregedor
Paulo Henrique Moritz demonstrou interesse em obter cópia do Provimento para, após as
devidas discussões locais, quiçá adotá-lo no respeitável Poder Judiciário catarinense.
Resta-nos, com isso, louvar a atitude do Des. Luiz Fernando Ramos e de toda a
sua equipe de Juizes Corregedores, especialmente o Dr. Joselito Miranda, pela excelente
iniciativa.

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

GAGLIANO, Pablo Stolze. Alguns Efeitos do Direito de Família na Atividade


Empresarial. Disponível na Internet: <http://www.mundojuridico.adv.br>. Acesso em
xx de xxxxxxxx de xxxx
(substituir x por dados da data de acesso ao site)

1
GAGLIANO, Pablo Stolze. O Impacto do Novo Código Civil no Regime de Bens
do Casamento, artigo publicado no Jornal A Tarde, em 14.12.2002, também
disponível no site www.novodireitocivil.com.br

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