PRODUÇÃO DE PAVIMENTO INTERTRAVADO COM A UTILIZAÇÃO DE

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL COMO AGREGADO MIÚDO

Regislaine Damasio Barreto1,Marina Rico Toro Del Rio2,Erika Peterson

Gonçalves, Drª.3

Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP/Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo -

FEAU, Av. Shishima Hifumi, 2911 , Ubanova , São Jose dos campos, SP.
1regi.damasio@hotmail.com, 2marinadelrio19@hotmail.com , 3erika@univap.br

Resumo–O resíduo de construção civil é um problema que vem se agravando com o passar do
tempo e do grande desenvolvimento das cidades que geram uma grande quantidade desse material,
pois apesar do descarte correto, o acúmulo desse material pode ocasionar transtorno àsociedade. No
intuito de criar uma melhor destinação a esses resíduos, este trabalho tem por objetivo mostrar uma
maneira viável de aplicação do resíduo em pavers (pavimento intertravado). Foi estudado um traço
(composição de materiais), que utiliza apenas resíduo como agregado miúdo (lugar da areia) para
confecção de concreto. Observou-se que o pavimento intertravado pode ser empregado a calçadas,
com intuito evitar a impermeabilização do solo, com isso ajudando o meio ambiente

Palavras-chave:pavers, resíduo de construção civil, pavimento permeável.

Área do Conhecimento:Engenharias

Introdução
Neste trabalho desenvolveu-se o estudo de pavimentos intertravados com agregado miúdo
utilizando material reciclado, ou seja, o resíduo gerado por demolição de construções. O pavimento
intertravado é um pavimento por si só ecológico, tem maior durabilidade e reduz à temperatura em
relação á outros tipos de pavimentos têm uma grande capacidade de drenagem, baixa e fácil
manutenção e redução de custo. O sistema é intertravado, os pavers se encaixam uns nos outros
como um quebra-cabeça, possibilitando a personalização e troca rápida de peças, a drenagem e
devolução de água ao solo por conta de suas fissuras e economia de material já que não se faz o uso
de cimento para fixação do piso.
A construção civil é uma das atividades que mais causa impacto no meio ambiente pois
consome muitos recursos naturais, entre 40 e 75% dos recursos naturais são utilizados nesse setor, e
gera uma quantidade considerável de resíduo, só no Brasil cerca de 25% dos resíduos da indústria
são gerados pela construção civil.
Uma das alternativas encontradas para diminuir o impacto da construção civil é a utilização
de materiais reciclados, como os resíduos de outras obras. A reutilização desses resíduos gerados
pela construção civil gera benefícios sociais, ambientais e econômicos, ou seja, reduzindo o custo,
impacto ambiental e tratando a construção não como atividade isolada, mas sim como parte de um
contexto socioambiental e assim também trazendo custos para a fabricação do pavimento, já que foi
utilizado os resíduos da construção como agregado miúdo.

Metodologia
Neste trabalhorecuperou-se o material de demolição gerado por obras no campus da UniVap
para produção do resíduo de construção. Todos os processos foram realizados nos laboratórios de
Processamento de Materiais e Tecnologia do Concreto, nas dependências da FEAU.
Depois de coletado o material, foi para o processo de moagem no moinho, este equipamento
composto por um recipiente cerâmico com tampa e após colocado o material em seu interior é
submetido a rotações sobre seu eixo, que possibilitam por utilização de esfera de moagem, a
diminuição do tamanho de partícula do resíduo, este processo tem duração de cerca de 20 minutos.
Após a moagemo material é submetido à secagem e calcinação em uma estufa à temperatura de
150°C por 48 horas.
Após esse procedimento resíduo pesado,500g, foi depositado na série de peneiras
normatizadas, com aberturas e #16, #50, #80, #150, #200 e #325,foi submetido a mesa vibratoria por
cerca de 30 minutos,onde determinamos o módulo de finura do material (granulometria), parte desse
material foi para a análisepor difração de raios X. O peneiramento foi realizado em triplicata.
1
 Figura 1 - Matéria prima do resíduo

Fonte: o autor

O processo de determinação do módulo de finura obedeceu a Norma NBR 7217 –

Determinação da Composição da Granulometria, o resultado deste implica na dimenção do agregado
miúdo ,quanto maior o módulo de finura , mais grosseiraserá a amostra. Esse procedimento é
importante para a determinação do traço do concreto.
Para realização do traço foi obedecida a norma NBR 6118 ,o traço nada mais é que a
dosagem dos materias para a mistura se tornar mais economica, e a obtenção do concreto mais
resitente apos 28 dias . Para essa formulação deve ser conhecido as caracteristicas dos materias a
serem utilizados, tais como,cimento,agregado miúdo(resíduo),agregado graudo (brita);fixar a relação
a/c (água/cimento).

AGREGADO MIÚDO (resíduo de construção): figura 2, material proveniente de demolição de

construção (bloco estrutural,paredes, resto de concreto), passou pelo processo de moagem, foi
analisado por difração de raios X e determinaçãodo módulo de finura.

AGREGADO GRAÚDO (brita):figura 3, determinou-se a granulometria desse material por método de

peneiramento em mesa vibratória, buscou-se agregado com dimensão máxima caracteristica 19 mm.

Figura 2–Agregado miúdo, resíduo de

Figura 3 –Agregado graúdo, brita graduada
construção civil obtido por moagem de material
n° 1, obtida comercialmente.
de demolição.

Fonte: o autor Fonte: o autor

A determinação do traço segue os passos descritos em seguida.
Ca
CC =
a/c
Onde, Cc: Consumo de cimento; Ca: consumo de água; a/c: relação água/cimento.
CB = VB . Mu
2
Onde, Cb: consumo de agregado graúdo; Vb: Volume do agregado graúdo seco por m 3de
concreto;Mu: Massa unitária compactada do agregado graúdo.

CC CB CA
Vm = 1 − + +
γcimento γagregado graúdo γágua
Onde, Vm: volume do agregado miúdo
CM = γagregado miúdo . Vm
Onde, CM: consumo deagregado miúdo; m: massa específica do agregado miúdo.

Apresentação do traço:Cimento: areia : brita : a/c

Com o traço calculado, preparou-se o concreto misturando-se os materiais na betoneira de

eixo inclinado, com capacidade de 120L. Foram adicionados os materiais na seguinte ordem: 70%da
água, 100% da brita n° 1, 100% de cimento CP lll – 40, 100% do resíduo de construção e por fim o
restante da água. Tempo de mistura 5 minutos. Moldou-se 6 corpos de prova em formas prismáticas
plásticas de dimensão 10 x 20 x 6 cm, e 3 formas metálicas cilíndricas de dimensão 20 x 10 cm , o
processo de adensamento foi o de mesa vibratória.Após a moldagem, os corpos de prova foram
mantidos no ambiente do laboratório câmara semi-úmida por 28 dias. Após este o processo
submeteu-se as amostras já resfiradas à saturação em água, obedecendo a norma ABNT NBR 9781
onde, as peças foram colocadas submersas por no minimo 24horas até o ensaio de
compressão/ruptura das mesmas. As figuras 4 à 8 ilustram as etapas de metodologia descritas.

Figura 4 - Material sendo misturado na

Figura 5– Corpos de prova prismáticos moldados.
betoneira.

Fonte: o autor
Fonte:o autor
Figura 6 – Moldagem dos corpos de prova, Figura 7- Corpos de prova
processo de adensamento. cilíndricosmoldados

Fonte:o autor Fonte: o autor

Figura 8–Corpos de prova após desmoldagem 28 dias

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 Fonte:o autor

Resultados
Os resultados das análises do material reciclado obtidos por difração de raio X estão
apresentados na figura 9, neles pode-se notar que o material processado possui em sua maioria
variações de SiO2, material formador da areia, Ca(CO3) proveniente do cimento reciclado,
Ca(SO4).2H2O proveniente de resíduos de gesso da demolição. Com este ensaio pode-se garantir a
ausência de material orgânico.

Figura 9 – Difratograma de Raios X do Agregado Miúdo Reciclado

Fonte: O autor

Os resultados obtidos pelo ensaio de módulo de finura estão apresentados no quadro 1, e a

imagem apresentada na figura 2 mostra o agregado miúdo obtido a partir de resíduos de demolição.

Quadro 1 – Granulometria obtida pelo ensaio de peneiramento e resultados do ensaio de

módulo de finura
1° ensaio 2° ensaio 3° ensaio
Peneiras
Peso (g) % % Ac Peso (g) % % Ac Peso (g) % % Ac
#4,8 33,375 6,72 6,72 79,988 0,16 16,0 94,483 0,190 19,0
#2,4 49,424 9,95 16,67 72,035 0,144 30,4 65,365 0,131 32,1
#1,2 75,364 15,17 31,84 89,471 0,179 48,3 87,516 0,176 49,7
#0,6 100,173 20,16 52,00 91,445 0,183 66,6 86,334 0,173 67,0
#0,3 85,272 17,16 69,16 61,941 0,124 79,0 60,033 0,120 79,0
#0,15 23,08 92,24 74,184 0,148 93,8 76,568 0,154 94,4
Passou 38,548 7,76 28,337 0,057 22,009 0,058
∑=496,823 ∑=261,91 ∑=497,401 ∑=318,1 ∑=498,264 ∑=322,2
Módulo de Finura Médio = 3,006
Com a realização do cálculo para o traço que foi utilizado para a confecção dos corpos de
prova obteve-se: 1:1,5:2 (Uma parte de cimento, uma parte e meia de resíduo reciclado e duas partes
de brita).Todos os corpos de prova foram pesados, quadro 2.

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 Quadro2- Massa dos corpos de prova
Massa seco com Massa saturado
CDP
(kg) (kg)
1 2,435 2,530
2 2,475 2,580
3 2,430 2,525
4 2,500 2,595
5 2,470 2,570
6 2,355 2,460
Fonte: o autor

Os resultados dos ensaios de compressão após 28 dias,quadro 3. As figuras 10 e 11 ilustram

as amostras submetidas ao ensaio de compressão e rompidas, respectivamente

Quadro 3- Resultados medidos no ensaio de compressão dos pisos

Carga em Compressão Tensão Máxima em Compressão
CDP
(T) (MPa)
1 36,5 17,89
2 35,3 17,31
3 37,2 18,24
4 36,0 17,65
5 37,5 18,38
Fonte: o autor

Figura 11-Corpo de prova rompido em

Figura 10 –Ensaio de compressão
compressão

Fonte:o autor
Fonte: o autor

Discussão
O agregado miúdo produzido a partir do resíduo de demolição de construção civil mostrou-se
eficaz para a produção de concreto, pois a análise química realizada por difração de raios X mostrou
que a composição do resíduo é coerente à composição química da areia comercial (formada em sua
maioria por compostos baseados em SiO2, além disto, além disto o material processamos por
moagem apresentou um módulo de finura da ordem de areia média, conforme é especificado na
norma ABCP de produção de concreto, assim, é viável a utilização deste material como matéria prima
para produção de peças não estruturais.
Esta restrição se dá pelo fato de não ter sido obtida a resistência mecânica esperada para
pavers de concreto, que segundo a norma NBR 9781 a resistência mínima indicada é de 35 MPa,
este resultado não deve ser suficiente para o impedimento da produção destes pisos a partir da
recuperação de material residual de demolições, visto que o material obtido poderá ser aplicado em
espaços com menor circulação, mesmo que esta área se apresente em ambientes úmidos, visto que
a absorção de água no ensaio de saturação apresentou média de 4% de absorção de água.

5
 Para alcançar melhores valores de resistência será necessário estudos relacionados ao tipo
de cimento utilizado, assim como a relação água/cimento que tem relevante interferência nos
resultados de resistência mecânica de peças produzidas em concreto.

Conclusão
O estudo mostra uma das varias maneiras de melhorar o meio ambiente, amenizando os
impactos ambientais, tornando as calçadas permeáveis e conscientizando as pessoas que os
resíduos gerados pela construção não precisam ser simplesmente descartados e sim reaproveitados
gerando uma economia na própria obra. Além disto é de grande importância econômica a utilização
destes materiais reaproveitados, visto que o custo destes resíduos, deverá ser menor quando
comparado ao custo do material natural (areia) utilizado comumente para a produção de concreto.
Este estudo apresentou a aplicação destes resíduos na produção de pavimentos
Intertravados de concreto, podendo ser estendido para a produção de argamassas não estruturais ou
qualquer outro produto cimentíceo aplicado na construção civil sem função estrutural. Deste modo,
estudos mais aprofundados deverão ser realizados pelo grupo de pesquisa a fim de identificar
melhorias na resistência mecânica, assim como novas aplicações para este material residual.

Referências

- ABNT NBR NM 53 – Agregado graúdo – Determinação de massa específica, específica aparente e

absorção de água.
-NBR 9781 - Peças de Concreto para Pavimentação – Especificação.
-ABNT NBR 7217 – Agregados – Determinação da composição granulométrica.
-ABNT NBR 12655 – Concreto de cimento Portland - preparo, controle e recebimento –
procedimentos.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366-69132009000200016

http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-7.217-
Determina%C3%A7%C3%A3o-da-composi%C3%A7%C3%A3o-granulom%C3%A9trica.pdf

http://www.lfequipamentos.com.br/produtos_detalhes.aspx?ProdutoID=784&CategoriaID=2

https://docente.ifrn.edu.br/marciovarela/disciplinas/materiais-de-construcao/granulometria-
1/granulometria

http://www.abronzinox.com.br/peneirasparalaboratorio.aspx

http://www.mwrpisos.com.br/piso-intertravado-ecologico.html

http://www.ecosolutions.rec.br/2014/07/paver-fabricados-de-materiais-reciclado.html

http://www.teraambiental.com.br/blog-da-tera-ambiental/obra-sustentavel-saiba-mais-sobre-a-
reciclagem-dos-residuos-da-construcao-civi

http://greendomus.com.br/a-construcao-civil-e-seu-impacto-no-meio-ambiente/

http://www.hzen.ind.br/blog/10-vantagens-de-utilizar-piso-intertravado-de-concreto/