Perdoamos tudo, menos o fracasso", este parece ser o lema que, partindo de algumas
famílias e escolas, dirige-se aos jovens. O fracasso é o oposto ao êxito. Não será que,
para evitar ou buscar diminuir o fracasso escolar, necessitamos reverter essa ética do
êxito? Além disso, não teríamos que repensar o uso da denominação fracasso escolar?
Tal termo surge como parte de um questionamento necessário à postura que depositava
o problema na criança, chamando de problema de aprendizagem o que era um problema
de ensino (FERNÁNDEZ, 2001, p.21).
A liberação da inteligência aprisionada só poderá dar-se através do encontro com o
prazer de aprender que foi perdido. Por tal razão, acreditamos que nossa principal tarefa
na relação com os pacientes (aos quais denomino "aprendensinantes") é "ajudá-los a
recuperar o prazer de aprender" e, de igual modo, pretendemos, para nós mesmos,
recuperar o prazer de trabalhar aprendendo e de aprender trabalhando (FERNÁNDEZ,
2001, p.19).
Assim como para resolver o problema do apagamento dos sinais da fome no desnutrido
devemos intervir no contexto que o priva de alimentos, para resolver o fracasso escolar
do aluno devemos intervir no contexto que o priva de um espaço de autoria de
pensamento. Ou seja, devemos intervir no sistema ensinante (FERNÁNDEZ, 2001,
p.18).
[...] a questão das diferenças tem estado presente na reflexão pedagógica principalmente
através de aproximações a partir de correntes da psicologia, em que o tema das
diferenças individuais é privilegiado, e da ótica sociológica, em que as diferenças de
classe social e outros determinantes socioeconômicos e seu impacto nos processos
escolares são analisados. Esta constatação não supõe que as consequências destas
perspectivas nas práticas pedagógicas tenham sido cada vez mais levadas em
consideração. Quanto às contribuições de Paulo Freire, se desenvolveram de modo mais
significativo no âmbito da educação não formal. Em geral, a cultura escolar continua
fortemente marcada pela lógica da homogeneização e da uniformização das estratégias
pedagógicas (CANDAU, 2011, p. 245).