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ROVERANDOM

J. R. R. Tolkien

Era uma vez um cachorrinho, e seu nome era Rover. Ele era muito jovem e muito pequeno,
senão entenderia melhor as coisas; ele estava muito feliz brincando no jardim sob a luz do sol com
sua bola amarela, ou ele nunca teria feito o que ele fez.
Nem todo homem velho com as calças rasgadas é um homem velho malvado, alguns são
homens gentis e têm cachorrinhos; alguns são jardineiros; e uns poucos, muito poucos, são bruxos
passeando por aí num feriado, procurando por alguma coisa para fazer. Esse aqui era um bruxo, esse
que entra na história agora. Ele veio caminhando pelo passeio do jardim, vestido com um velho
casaco rasgado, com um velho cachimbo em sua boca e um velho chapéu verde em sua cabeça. Se
Rover não estivesse tão ocupado latindo para a bola, ele teria notado a pena azul presa na parte de
trás do chapéu verde, e teria suspeitado que o homem era um bruxo, como qualquer outro
cachorrinho sensível faria; mas ele nunca viu a pena afinal.
Quando o homem agachou e pegou a bola – ele estava pensando em transformá-la em uma
laranja, ou até mesmo num osso ou num pedaço de carne para Rover – Rover rosnou e disse:

– Ponha isso no chão! – Sem ao menos um “por favor”.

É claro que o bruxo, sendo um bruxo, entendeu perfeitamente o que Rover disse e respondeu de
volta:

– Fique quieto, seu tolo! – Sem ao menos um “por favor”.

Então ele colocou a bola no bolso, só para irritar o cachorro, e foi embora. Eu lamento dizer que
Rover imediatamente mordeu suas calças no traseiro e arrancou um bom pedaço. Talvez tenha
arrancado até um pedaço do bruxo. De qualquer forma o velho homem se virou muito zangado e
gritou:

– Idiota! Vire um brinquedo!

Depois disso as coisas mais estranhas aconteceram. Rover era apenas um cachorrinho, para
começar, mas, de repente, ele se sentiu muito menor. A grama parecia crescer monstruosamente alta
a curvar-se acima de sua cabeça; e a uma longa, longa distancia através da grama, como se fosse um
sol nascendo através das árvores de uma floresta, ele pôde ver a enorme bola amarela, onde o bruxo
a havia jogado de volta. Ele ouviu o portão se fechar, assim que o velho homem saiu, mas não
conseguiu vê-lo. Ele tentou latir, mas só um pequenino barulho saiu, baixo demais para pessoas
comuns ouvirem; e eu não suponho que mesmo um cachorro teria notado.
Tão pequeno ele ficou que eu tenho certeza, que se um gato viesse, ele pensaria que Rover
era um rato, e o teria comido. Tinker teria. Tinker era o grande gato preto que vivia na mesma casa
que Rover.
Só de pensar em Tinker, Rover começou a se sentir tremendamente assustado; mas o gato
foi logo esquecido. O jardim onde ele estava de repente desapareceu e Rover se sentiu sendo
levado, ele não sabia para onde. Quando a agitação acabou, ele descobriu que estava no escuro,
deitado sobre um monte de coisas sólidas; e lá ele ficou, numa caixa abafada e muito
desconfortável, por um longo tempo. Ele não tinha nada pra beber ou comer; mas o pior de tudo foi
descobrir que ele não podia se mexer. Primeiro ele pensou que era porque estava muito apertado na
caixa, porém mais tarde ele descobriu que durante o dia ele podia se mexer só um pouco, com um
grande esforço e somente quando ninguém estava olhando. Só depois da meia noite ele podia andar
e balançar sua cauda, um pouco rígida nesse caso. Ele havia se tornado um brinquedo. E porque ele
não disse “por favor” ao bruxo, agora o dia todo ele tinha que ficar sentado na posição de pedir, ele
estava paralisado assim.
Depois do que pareceu ser muito tempo, a noite veio e ele tentou mais uma vez latir alto o
bastante para fazer as pessoas ouvirem. Então ele tentou morder as outras coisas na caixa com ele,
animaizinhos de brinquedo bobos, feitos realmente apenas de madeira ou chumbo, não eram
cachorros de verdade encantados como Rover. Mas isso não era bom; ele não podia latir ou morder.
De repente alguém veio e tirou a tampa da caixa e deixou a luz entrar.

– Seria melhor nós colocarmos alguns desses animais na janela esta manhã, Harry. – Disse uma voz
e uma mão entrou na caixa.

– De onde veio este aqui? – Disse a voz assim que a mão segurou Rover. – Eu não lembro de ter
visto este aqui antes, não é produto da caixa de trinta centavos, tenho certeza. Você já viu algo de
aparência tão real? Olhe para esse pelo e esses olhos!

– Marque sessenta centavos. – Disse Harry. – E o coloque na frente da janela.

Lá, na frente da janela, no sol quente o pobre e pequeno Rover teve que ficar a manhã
inteira, e toda a tarde, até perto da hora do chá; e o tempo todo ele teve que ficar na mesma posição,
fingindo pedir algo, embora lá no fundo ele estivesse realmente muito zangado.

– Eu vou fugir da primeira pessoa que me comprar. – Ele disse aos outros brinquedos.

– Nós não. É mais confortável ficar parado sem pensar em nada. Quanto mais você descansa, mais
você vive. Então cale a boca! Não conseguimos dormir enquanto você fala, e os tempos são difíceis
em alguns lugares longe daqui!

Eles não disseram mais nada, então o pobre Rover não tinha ninguém para conversar, ele
ficou extremamente infeliz e lamentou muito ter mordido o traseiro do bruxo.

Eu não saberia dizer se foi o bruxo ou não que enviou a mãe para levar o cachorrinho
embora da loja. De qualquer modo, justo quando Rover estava se sentindo mais triste, ela entrou na
loja com uma sacola de compras. Ela tinha visto Rover através da janela, e pensou que seria um
ótimo cachorrinho para seu filho. Ela tinha três filhos, e um era particularmente fã de cachorrinhos,
especialmente de cachorrinhos preto e brancos. Então ela comprou Rover, e ele foi embrulhado em
papel e posto na sacola de compras dela, sobre as coisas que ela havia comprado para o chá.
Rover logo conseguiu colocar a cabeça para fora do papel. Ele sentiu cheiro de bolo. Mas
descobriu que não conseguia alcançá-lo; e ali dentro, sobre os papeis da sacola ele resmungou um
resmungo de um pequeno brinquedo. Apenas os camarões o ouviram, e eles perguntaram qual era o
problema. Ele contou tudo, e esperava que eles sentissem muito por ele, mas então eles disseram:

– Como você gostaria de ser cozido? Você já foi cozido?

– Não! Eu nunca fui cozido, que eu me lembre. – Disse Rover. – Embora, tenham me dado banho
algumas vezes, e isso não é particularmente legal. Mas eu suponho que ser cozido não é tão ruim
quanto ser enfeitiçado.

– Então você certamente nunca foi cozido.- Eles responderam. – Você não sabe nada sobre isso. É a
pior coisa que poderia acontecer a qualquer um, nós estamos vermelhos só de pensar nessa ideia.

Rover não gostou dos camarões, então ele disse:


– Não importa, eles logo comerão vocês e eu irei sentar e assistir!

Depois disso os camarões não tinham mais nada a dizer a ele, e Rover ficou lá deitado
imaginando que tipo de pessoas o haviam comprado.
Ele logo descobriu. Ele foi levado para uma casa, e a sacola foi colocada sobre a mesa, e
tudo dentro dela foi retirado. Os camarões foram levados para a despensa, mas Rover foi dado
direto ao garotinho para o qual ele havia sido comprado, que o levou para o seu quarto e falou com
ele.
Rover teria gostado do garotinho, se não estivesse zangado demais para escutar o que o
menino estava dizendo para ele. O garotinho latiu para ele na melhor linguagem de cachorro que
conseguia fazer (ele era muito bom nisso), mas Rover nunca tentou responder. O tempo todo ele
estava pensando que tinha dito que fugiria da primeira pessoa que o comprasse e estava imaginado
como poderia fazer isso; o tempo todo ele tinha que ficar paralisado na posição de pedir, enquanto o
garotinho o afagava e o empurrava pelo chão e sobre a mesa.

Afinal a noite veio, e o garotinho foi para a cama; e Rover foi colocado na cadeira ao lado,
ainda na mesma posição até que estivesse bastante escuro. A escuridão desceu; mas lá fora a lua
surgiu sobre o mar, e deitou seu caminho de prata através das águas, esse é o caminho para o topo
do mundo e além, para aqueles que conseguem andar sobre ele. O pai, a mãe e os três garotinhos
viviam perto do mar, numa casa branca que parecia estar bem no meio do nada.
Quando os três garotinhos adormeceram, Rover esticou suas pernas cansadas e rígidas e deu
um pequeno latido que ninguém ouviu, exceto uma velha aranha rabugenta lá em cima no canto.
Então ele pulou da cadeira para a cama, e da cama ele caiu no carpete; então ele saiu correndo do
quarto, desceu as escadas e correu por toda a casa.
Embora ele estivesse muito satisfeito em ser capaz de se mover novamente, e estando mais
uma vez realmente vivo, podendo pular e correr bem melhor do que a maioria dos brinquedos à
noite, ele descobriu a dificuldade e o perigo sobre isso. Ele estava agora tão pequeno que descer as
escadas era quase como descer de paredes; e subi-las de volta era realmente muito cansativo e
incômodo. E tudo isso foi inútil. Ele descobriu que todas as portas estavam fechadas e trancadas, é
claro; e não havia uma rachadura ou um buraco pelo qual ele pudesse rastejar para fora. Então o
pobre Rover não pôde fugir naquela noite, e pela manhã era um cachorrinho muito cansado sentado
na posição de pedir, na cadeira onde havia sido deixado.

Os dois garotos mais velhos costumavam se levantar e correr pelas areias antes do café da
manhã. Naquela manhã quando eles se levantaram e limparam os olhos, eles viram o sol pulando
para fora do mar, todo vermelho fogo com nuvens sobre sua cabeça, como se tivesse tomado um
banho frio e estivesse se secando com toalhas. Eles estavam logo de pé e vestidos; e desceram o
morro até a costa para uma caminhada – e Rover foi com eles.
Justo quando o garotinho (ao qual Rover pertencia) estava deixando o quarto, ele viu Rover
sentado na cômoda onde ele o havia posto enquanto se vestia.

– Ele está pedindo para sair! – Ele disse, e colocou Rover no seu bolso traseiro.

Mas Rover não estava pedindo para sair, e certamente não num bolso traseiro. Ele queria
descansar e se preparar para a noite novamente; pois ele pensou que dessa vez ele poderia encontrar
o caminho para fora e escapar, e andar para longe e longe, até voltar para sua casa e seu jardim e sua
bola amarela no gramado. Ele tinha a ideia de que uma vez que pudesse voltar ao gramado, tudo
ficaria bem: o feitiço seria quebrado, ou ele acordaria e descobriria que tudo havia sido um sonho.
Então assim que os garotinhos desceram pelo caminho do morro e correram pelas areias, ele tentou
latir e se contorcer, e se mexer dentro do bolso. Ele tentou muito, mas conseguiu se mover muito
pouco, mesmo assim ele estava escondido e ninguém pôde vê-lo. Ainda assim ele fez o que pôde e a
sorte o ajudou. Havia um lenço no bolso, todo amassado e embrulhado, então Rover não estava
muito no fundo e com seus esforços e a correria do seu mestre, logo ele havia conseguido pôr seu
nariz para fora e farejar.
Muito surpreso ele ficou com o que ele cheirou e viu. Ele nunca havia sentido o cheiro ou
visto o mar antes, e a vila do interior na qual ele havia nascido ficava a milhas e milhas do som ou
do cheiro do mar.
De repente, quando ele estava se inclinado para fora, um pássaro enorme, todo branco e
cinza, passou raspando sobre as cabeças dos garotos, fazendo um barulho como se fosse um enorme
gato de asas. Rover ficou tão assustado que caiu do bolso na areia fofa, e ninguém o ouviu. O
pássaro grande voou para longe, e nunca notou seus latidinhos, e os garotinhos foram embora
caminhando pela areia e nunca mais lembraram dele.

No início Rover estava muito satisfeito consigo mesmo.

– Eu fugi! Eu fugi! – Ele latiu um latido de brinquedo, que apenas outros brinquedos poderiam ter
ouvido, não havia ninguém para escutar. Então ele rolou e ficou deitado na areia limpa e seca que
ainda estava fria por ter passado a noite toda sob as estrelas.

Mas quando os três garotinhos foram para casa, e não notaram Rover, e ele foi deixado
sozinho na praia vazia, ele não estava tão satisfeito. A praia estava deserta exceto pelas gaivotas.
Além das marcas das suas patas na areia, as outras únicas pegadas a serem vistas eram dos pés dos
três meninos. Naquela manhã eles saíram para sua caminhada numa parte abandonada da praia, que
eles raramente visitavam. Realmente, não era sempre que alguém ia até lá. Embora a areia fosse
limpa e amarela, e os seixos brancos, e o mar azul com espuma prateada numa pequena enseada
embaixo de penhascos cinzas, havia um sentimento estranho lá, exceto de manhã bem cedinho
quando o sol acabava de nascer. As pessoas diziam que coisas esquisitas iam lá, as vezes até no
entardecer; e à noite o lugar ficava cheio de tritões e sereias, sem falar nos pequenos gnomos do
mar que montavam seus pequenos cavalos-marinhos, com rédeas de algas verdes em cima dos
penhascos, e descansando na espuma à beira da água.
Agora, a razão para toda essa esquisitice era simples: o mais velho de todos os feiticeiros da
areia vivia naquela enseada, Psamathistas como eram chamados pelo povo do mar na sua língua.
Psamathos Psamathides era o nome desse, ou foi o que ele disse, tamanha a confusão que fez sobre
a pronúncia correta. Mas ele era uma coisa velha e sábia, e todo tipo de gente estranha vinha para
vê-lo; ele era um excelente mago, e muito amável (para as pessoas certas) nos negócios, apesar de
um pouco duro na superfície. O povo-sereia costumava rir de suas piadas por semanas, após uma de
suas festas da meia noite. Mas não era fácil encontrá-lo durante o dia, ele gostava de descansar
enterrado na areia quentinha quando o sol estava brilhando, de modo que não mais do que a ponta
de uma de suas longas orelhas ficava para fora; e mesmo que as duas orelhas estivessem
aparecendo, a maioria das pessoas como você e eu pensaria que são apenas pedaços de gravetos.

É possível que o velho Psamathos soubesse de tudo sobre Rover. Ele certamente conhecia o
velho bruxo que o havia enfeitiçado; magos e bruxos são poucos e distantes entre si, e eles
conhecem um ao outro muito bem, e ficam de olho no que cada um está fazendo também, nem
sempre sendo os melhores amigo na vida pessoal. De qualquer forma, lá estava Rover deitado na
areia macia e começando a se sentir muito solitário e um pouco estranho, e lá estava Psamathos,
embora Rover não o visse, espiando de dentro de um montinho de areia que as sereias fizeram para
ele na noite anterior.
Mas o feiticeiro da areia não disse nada. E Rover não disse nada. E a hora do café da manhã
passou, e o sol ficou alto e quente. Rover olhou para o mar, que soava legal, então ele tomou um
terrível susto. Primeiro ele pensou que havia sido a areia que tinha entrado em seus olhos, mas logo
ele percebeu que não havia engano: o mar estava chegando mais e mais perto, e engolindo cada vez
mais areia, e as ondas estavam ficando maiores e mais espumantes o tempo todo.
A maré estava se aproximando, e Rover estava deitado abaixo da marca da maré alta, mas
ele não sabia nada sobre isso. Ele ficava cada vez mais assustado enquanto observava, e pensava
nas ondas quebrando, chegando até as falésias e levando-o para o mar espumante (muito pior que
qualquer banho numa banheira de espuma), ainda na posição de implorar.
Isso seria realmente o que teria acontecido com ele; mas não aconteceu. Eu ouso dizer que
Psamathos teve algo a ver com isso; de qualquer forma eu imagino que feitiços de bruxos não eram
tão fortes naquela estranha enseada, tão perto da residência de um mago. Certamente quando o mar
tinha chegado muito perto, e Rover estava quase explodindo de medo enquanto tentava rolar um
pouco mais para cima na praia, ele de repente percebeu que podia se mexer.
Seu tamanho não mudou, mas ele não era mais um brinquedo, ele podia se mover
rapidamente e propriamente com todas as suas pernas, e ainda era dia. Ele não precisava mais
implorar, e ele podia correr pela areia, podia latir – não latido de brinquedo, mas forte como o latido
de uma cãozinho fada, igual ao seu tamanho de fada. Ele estava tão encantado e latiu tão alto que se
você estivesse lá o teria ouvido, alto e claro, como o latido de um cão pastor descendo os morros
como o vento. PÁG. 5

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