figura 2):
Figura 2 - Comanches meeting the Dragons, George Catlin, 1834-1835, óleo sobre tela12
12
- Disponível em:< http://americanart.si.edu/collections/search/artwork/?id=4009> acessado em 25 Fev. 2014.
representavam quarenta e oito povos diferentes. Os jornais do leste, logo mostraram-se
simpáticos àquelas representações. O Commercial Advertiser de Nova York, por exemplo,
estampava em 23 de setembro de 1837, a seguinte notícia:
O Oeste e suas peculiares exoticidades atraiam cada vez mais americanos. Invadia os
sonhos, povoava o imaginário de muitas daquelas pessoas. Inventava-se enquanto uma
narrativa com o qual os americanos poderiam identificar-se. Um produto de sucesso
consumido a preço popular. Um mundo novo que se revelava aos olhos curiosos de plateias
impressionadas.
Como o Congresso Americano não adquiriu a exposição, George Catlin resolveu partir
com suas pinturas para o continente europeu, no ano de 1839. Na Inglaterra, sua exposição
teria imensa popularidade durante os cinco anos que por lá permaneceu. Sua Galeria Índia
tornou-se um verdadeiro show do Oeste Selvagem. Antecipando os espetáculos de Buffalo
Bill, Catlin mostrava índios de verdade, peles de búfalos, arcos, flechas, em um verdadeiro
inventário dos costumes indígenas que a sua idealização romântica de Catlin e de seu público
desejava. Ao mesmo tempo, crescia a hostilidade da população americana pelos povos
indígenas, especialmente por conta dos vários conflitos na fronteira. Catlin fora visto como
indian lover13 em uma época em que o presidente Andrew Jackson (1829-1837) votava a
favor do Indian Removal Act14. O Congresso estava mais preocupado em levantar fundos para
o Departamento de Guerra do que gastar alguma soma para comprar quadros de índios mortos
(BROWN, 1974, p. 81-83).
13
- Amante de índios . Um termo pejorativo muito usado no século XIX para pessoas que defendiam a cultura
indígena voltando-se contra a civilização. Um tema bastante revisitado pelos faroestes dos anos 1950-60, como
por exemplo, Flechas de Fogo (Broken Arrow, 1950), de Delmer Daves e Renegando meu Sangue (Run of the
Arrow, 1957), de Samuel Fuller.
14
- Se por um lado os românticos idealizavam sua imagem enquanto acreditavam testemunhar o crepúsculo de
uma raça, por outro, uma verdadeira guerra de imagens estimularam representações depreciativas as mais
diversas sobre o índio americano. Nesse processo em que a tradição do western ia sendo inventada a partir de
diversos meios de reprodução, o discurso do presidente Andrew Jackson (1829-1837). No segundo ano de
mandato, aprovou a Indian Removal Act lei que definiu sua administração dos assuntos indígenas, autorizando-o
a negociar tratados para
Oeste americano.
Na obra de Catlin, o que ele acredita ser a nobre civilização indígena, é demonstrada a
partir dos hábitos nativos que poderiam ser salvos, hábitos únicos, singulares, mas que
estavam inevitavelmente desaparecendo. Sua pintura, então, seria uma forma de lutar contra o
esquecimento, em uma clara atitude de um metodismo missionário. Catlin buscava salvar
aquela civilização do esquecimento, já que o consenso geral passou a representar os povos
indígenas americanos como seres à beira da extinção. Seu relato é digno de nota, pois mostra
como mesmo na mentalidade daqueles que simpatizavam com a causa indígena, o sentimento
era de que os índios seriam vencidos pela civilização:
Catlin parece ver nos índios um modo de vida romântico que a chegada da civilização
inevitavelmente destruiria. Suas imagens buscavam, pois, enfatizar o triste destino daqueles
povos, especialmente quando estes eram dominados pelo jugo da civilização (figura 3):
Figura 3 - Pigeon's Egg Head (The Light) Going to and Returning from Washington, George Catlin, 1837-
39, óleo sobre tela15
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- Disponível em:< http://americanart.si.edu/collections/search/artwork/?id=4317 > acessado em 21 Abr. 2014.