Resumo
Este artigo tem por objetivo analisar a pobreza feminina nas áreas rurais no Brasil e suas
regiões no ano de 2014. Para tal, foram utilizados dados da PNAD referente ao ano de 2014,
com os quais fora calculado o Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF) dos domicílios.
Como resultado, observou-se que os níveis de desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste
foram relativamente piores quando comparados aos níveis observados para o Brasil e das
demais regiões. A região Norte apresentou os índices calculados das dimensões ausência de
vulnerabilidade, desenvolvimento infantil, condições habitacionais e consumo de bens
duráveis abaixo do observado para o Brasil e demais regiões. Ao passo que a região Nordeste
mostrou pior desempenho em comparação ao Brasil e regiões nos indicadores referentes às
dimensões acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho e disponibilidade de recursos. Os
resultados do cálculo do IDF para as zonas rurais indicam que os domicílios chefiados por
mulheres se mostraram muito mais vulneráveis daqueles que possuem homens como chefe de
família.
Palavras-chave: pobreza; pobreza feminina; gênero; vulnerabilidade; Índice de
Desenvolvimento da Família.
Abstract
This paper aims to analyze female poverty in rural areas in Brazil and regions in 2014. For
this purpose, we used the PNAD 2014 in order to calculate the Family Development Index
(IDF) for households. As a result, it was observed that the development levels of the North
and Northeast regions were relatively worse when compared to the levels observed for Brazil
and other regions. The North region presented the dimensions of absence of vulnerability,
child development, household conditions and consumption of durable goods below that
observed for Brazil and other regions. While the Northeast region showed worse performance
compared to Brazil and regions for the dimensions access to knowledge, access to work and
availability of resources. The results of the IDF for rural areas indicate that households
headed by women have proved to be much more vulnerable than those with men as head of
household.
Key words: poverty; woman poverty; gender; vulnerability; Family Development Index
1. Introdução
3. Metodologia
3.1. Composição do Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF) para o Brasil e regiões
Gagaty (1998) e Chant (2006) destacam as informações desagregadas por sexo sobre pobreza
monetária em muitos países e também ressaltam a importância de examinar a feminização da
pobreza além da perspectiva exclusivamente relacionada à renda e ao consumo. Rajaram
(2009) destaca que mensurou a pobreza das famílias chefiadas por mulheres e homens por
vários índices, ou seja, dimensões, tais como condições de residência, riqueza e padrão de
vida, porque podem informar mais sobre as condições crônicas de vida das pessoas do que
uma mensuração somente baseada nos gastos e no consumo.
Conforme Barros, Carvalho e Franco (2003), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
apresenta uma variedade de limitações. Dentre as quais se destaca a limitação do IDH em
relação à seleção de indicadores que o compõe e o seu peso, visto que os pesos são
balanceados e não há uma clara racionalidade para as escolhas realizadas. A escolha correta
dos indicadores e pesos deve representar uma boa aproximação das preferências sociais. Outra
limitação apontada ao IDH se refere ao tratamento bastante simplificado que se dá ao
desenvolvimento humano, em razão de incluir apenas três dimensões e quatro indicadores.
A questão da desagregação, que se refere à unidade mínima de análise para a qual se pode
obter um indicador sintético, também é apontada como fator limitante do IDH. Segundo os
autores, isso ocorre porque para o cálculo do IDH primeiro se agregam espacialmente as
informações sobre as famílias de uma determinada área. De forma complementar, a agregação
do IDH também é alvo de crítica porque o índice de um determinado país não pode ser obtido
pela média ponderada dos IDHs dos respectivos estados que o compõe.
Nesse contexto, o Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF) proposto por Barros,
Carvalho e Franco (2003) nada acrescenta em termos de superação das dificuldades
relacionadas à seleção de indicadores e pesos. Entretanto, avança no sentido de ampliar o
Desenvolvimento
Ausência de
Infantil
Vulnerabilidade
Disponibilidade
Trabalho
de Recursos Condições
Conhecimento Habitacionais
Consumo de
bens duráveis
De acordo com os dados da PNAD 2014, o Brasil possui 119.001 mil domicílios, dos quais
118.737, ou seja, 99,78% eram do tipo particular permanente, 191 (0,16%) são particulares
improvisados e 73 (0,06%) são do tipo coletivo. Na região Norte dos 16.807 domicílios,
99,57% (16.734) era do tipo particular permanente, no Nordeste, 33.031 (99,82%), na região
Sul, 19.756 (99,85%), já a região Sudeste, 36.515 (99,78%) e, finalmente, a região Centro-
Oeste tinha um total de 12.701 (99,82%) domicílios do tipo particular permanente.
A Tabela 2 mostra o número de chefes de família urbano e rural para o Brasil e regiões. Como
é possível perceber, a nível nacional, 40% dos chefes de família eram do sexo feminino em
2014, dos quais 92% estavam localizadas na zona urbana e 8% na zona rural. Na região Norte,
a proporção de mulheres chefes de família se mostrou inferior à brasileira com 38% do total,
*
A expansão da amostra se deu através da variável “peso da família”.
No quesito desenvolvimento infantil, tanto os domicílios rurais do Brasil como de suas regiões
apresentaram um péssimo resultado, principalmente os domicílios das regiões Norte e
Nordeste, os quais ficaram muito mais próximos de zero. As condições habitacionais
apresentadas para o Brasil e suas regiões foram satisfatórias, especialmente dos domicílios
rurais das regiões Sul e Sudeste, simultaneamente. Já com relação ao consumo de bens
duráveis, observou-se que os domicílios rurais localizados no Brasil, nas regiões Norte e
Nordeste, tivessem eles chefes de família pessoas do sexo feminino ou masculino,
apresentaram resultados sofríveis, do entanto o resultado dessa dimensão dos domicílios
localizados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste foram relativamente bons, especialmente
na região Sul.
Referências
ALBUQUERQUE, M. R. Pobreza sob o enfoque dimensional no Paraná: 1995 e 2009. 2011. 68
fls. Dissertação (Mestrado em Economia) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2011.
Disponível em: <http://www.pce.uem.br>. Acesso em fev. 2016.
BARROS, R. P. de; CARVALHO, M. de; FRANCO, S. Pobreza multidimensional do Brasil. In:
Texto para Discussão. Rio de Janeiro: IPEA, nº 1227, out. 2006.
_______________. Pobreza multidimensional do Brasil. In: Texto para Discussão. Rio de
Janeiro: IPEA, nº 986, out. 2003.
BRAVO, R. Pobreza por razones de género: Precisando conceptos. Género y pobreza. Nuevas
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