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VULNERABILIDADE E POBREZA DAS CHEFES DE FAMÍLIAS RURAIS:

UMA ANÁLISE PARA O BRASIL E REGIÕES

VULNERABILITY AND POVERTY OF HEADS OF RURAL FAMILIES:


AN ANALYSIS FOR BRAZIL AND REGIONS

Grupo de Pesquisa 9: Extensão Rural e Políticas Sociais para o Campo

Resumo
Este artigo tem por objetivo analisar a pobreza feminina nas áreas rurais no Brasil e suas
regiões no ano de 2014. Para tal, foram utilizados dados da PNAD referente ao ano de 2014,
com os quais fora calculado o Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF) dos domicílios.
Como resultado, observou-se que os níveis de desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste
foram relativamente piores quando comparados aos níveis observados para o Brasil e das
demais regiões. A região Norte apresentou os índices calculados das dimensões ausência de
vulnerabilidade, desenvolvimento infantil, condições habitacionais e consumo de bens
duráveis abaixo do observado para o Brasil e demais regiões. Ao passo que a região Nordeste
mostrou pior desempenho em comparação ao Brasil e regiões nos indicadores referentes às
dimensões acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho e disponibilidade de recursos. Os
resultados do cálculo do IDF para as zonas rurais indicam que os domicílios chefiados por
mulheres se mostraram muito mais vulneráveis daqueles que possuem homens como chefe de
família.
Palavras-chave: pobreza; pobreza feminina; gênero; vulnerabilidade; Índice de
Desenvolvimento da Família.

Abstract
This paper aims to analyze female poverty in rural areas in Brazil and regions in 2014. For
this purpose, we used the PNAD 2014 in order to calculate the Family Development Index
(IDF) for households. As a result, it was observed that the development levels of the North
and Northeast regions were relatively worse when compared to the levels observed for Brazil
and other regions. The North region presented the dimensions of absence of vulnerability,
child development, household conditions and consumption of durable goods below that
observed for Brazil and other regions. While the Northeast region showed worse performance
compared to Brazil and regions for the dimensions access to knowledge, access to work and
availability of resources. The results of the IDF for rural areas indicate that households
headed by women have proved to be much more vulnerable than those with men as head of
household.
Key words: poverty; woman poverty; gender; vulnerability; Family Development Index

1. Introdução

A pobreza é um tema amplo, multidimensional e objeto de estudo de diferentes áreas do


conhecimento. Por se tratar de um fenômeno social complexo, a pobreza não se restringe
necessariamente aos níveis de renda e falta de determinados bens materiais. Ela também pode
ser analisada através da negação de oportunidades socialmente aceitáveis (CODES, 2008;
HELFAND et al. 2011). A intensificação dos debates e as críticas quanto ao caráter
unidimensional da pobreza, deu-se a partir dos trabalhos publicados pelo economista indiano
Amartya Sen (1983,1984). De acordo com a abordagem de Sen, a pobreza deve ser
compreendida como privação de capacitações e de ausência de oportunidades que limitam as

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pessoas de exercerem sua condição de cidadão. Em outras palavras, Sen se refere às privações
dos direitos sociais básicos, que vão desde ter acesso à boa alimentação, saúde e educação, até
a abordagem de questões mais complexas, como ser feliz, possuir respeito próprio e ter vida
social (SEN, 1983;1984). A abordagem da pobreza através de diferentes dimensões abriu
espaço para novas discussões, dentre elas, a análise de gênero. Apesar das mulheres terem
uma expectativa de vida mais elevada e viverem mais, a maioria dos trabalhos que utiliza essa
análise não considera as diferenças de gênero.
O avanço da industrialização e da urbanização, em conjunto com a redução da taxa de
fecundidade, aumentaram as possibilidades das mulheres se inserirem no mercado de
trabalho. Ademais, o movimento feminista nacional foi importantíssimo para fomentar o
debate no que se refere às singularidades do cotidiano da mulher, em especial sobre as causas
de sua invisibilidade em várias esferas da vida: econômica, social e política. Esses debates
avançaram até chegar na discussão sobre o poder de barganha intrafamiliar, cuja importância
é fundamental para as mulheres aumentarem o seu bem-estar através, por exemplo, da
alocação de seu tempo. A inclusão de novas variáveis fez com que o viés unidimensional
passasse a ser visto de forma multidimensional, seja por meio do acesso à renda familiar, seja
através do padrão de consumo ou seja ainda pelo tipo de inserção dos membros da família no
mercado de trabalho – apenas para citar alguns aspectos. Dessa forma, passou-se a perceber,
mesmo que de maneira discreta, que a hierarquia de gênero pode contribuir para que homens
e mulheres cooperem entre si ou sejam rivais.
O mercado de trabalho é uma das esferas em que se pode quantificar claramente as
desigualdades sofridas pelas mulheres, basta observar a diferença salarial delas para cargos
semelhantes aos dos homens. Além disso, ainda hoje há uma predominância das mulheres se
ocuparem com as atividades domésticas nos núcleos familiares, o que as empurra quase que
compulsoriamente para uma dupla jornada de trabalho. O mercado de trabalho, por sua vez,
segue padrões favoráveis à estrutura da “família tradicional”, em que o homem é o provedor.
Isso fica claro quando encontramos jornadas de trabalho de 8 horas diárias e/ou com horários
pré-estabelecidos de entrada e saída. Por exemplo, se o casal tem filhos em idade escolar, um
dos pais precisará entrar mais tarde ou sair mais cedo para levar e buscar os filhos no colégio.
Onde não há flexibilidade, há uma chance maior da mulher ter que abrir mão da sua escolha
em função da família. Em outras palavras, existe forte tendência de segregação ocupacional
em favor dos homens, visto que os ganhos das ocupações exercidas principalmente por
mulheres são inferiores em relação as ocupações exercidas por eles, além de apresentarem
maior rotatividade (KON, 2002; MELO, 2005).
Melo (2005) chama a atenção para o fato de que a pobreza é um fenômeno que atinge de
forma diferenciada os sexos. É para as mulheres que as carências são mais agudas. Deste
modo, abordar a pobreza pela ótica de gênero enriquece a análise de tal fenômeno, pois
permite entendê-lo como um processo. No entanto, esta abordagem não está livre de
controvérsias, visto que as principais análises sobre pobreza estão relacionadas a uma situação
média do indivíduo no núcleo familiar, a qual pressupõe que os recursos sejam distribuídos e
desfrutados por todos os seus membros de forma igualitária.
No Brasil, a pobreza é um problema que decorre, em grande parte, da desigualdade de renda,
cuja origem é histórica, e agravou-se pelo modelo de desenvolvimento econômico e pelas
diferenças regionais consequente dele. Destaque para as áreas rurais e para a região Nordeste,
locais onde ainda permanecem os grandes bolsões de pobreza do Brasil (Rocha, 2011).
Segundo Rocha (2013), em 2011, a população pobre no Nordeste representava 26% do total
de residentes. Quintela, Alves e Silva (2013) apontam que entre 2000 e 2010, a intensidade da
pobreza aumentou; no entanto, reduziu a sua incidência, ou seja, reduziu o percentual de
pessoas pobres, mas os que permaneceram, se tornaram mais pobres. E, se a presença da

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mulher na família já é importante por ela estar mais propensa a alocar os recursos
intrafamiliares favoráveis à educação e à saúde (Doss, 2013), numa situação de pobreza ou
pobreza extrema essa decisão é mais importante ainda. Suas contribuições extrapolam o
espaço doméstico, para influenciar também o desenvolvimento das comunidades locais
(Pereira, 2015; Quijano, 2015). A participação da mulher na esfera familiar e na comunidade
ainda tem pouca visibilidade e valorização. No entanto, são fundamentais para as atividades
de produção e reprodução. Se formos pensar em particular no meio rural, também existe uma
relação muito próxima da mulher com a própria existência da agricultura familiar. No campo
prevalece uma estrutura social com traços fortemente patriarcais, o que contribui para
produzir profundas marcas no comportamento das comunidades rurais e nas relações
intrafamiliares.
Os estudos empíricos sobre a pobreza nas áreas rurais trouxeram novas contribuições nas
últimas décadas, sendo que, em termos de mensuração, houve uma tendência às análises
multidimensionais, em detrimento das unidimensionais, que priorizavam a renda per capita
das famílias. As metodologias para a abordagem multidimensional é a que tem sido utilizada
para a definição de políticas públicas em todas as esferas governamentais. As áreas rurais,
além de serem as mais pobres – e talvez até por consequência disso – são as que possuem o
preocupante fenômeno da masculinização e do envelhecimento da população, com
implicações graves nas esferas econômica e social.
A presente pesquisa busca analisar a pobreza nas famílias com residência nas áreas rurais,
cuja a pessoa de referência é a mulher. Para mensura-la, foi adotado o Índice de
Desenvolvimento da Família, proposto por Barros et al. (2003), o qual se trata de uma medida
multidimensional que permite classificar as famílias por área censitária – rural e urbana – e
macrorregiões do Brasil. Foram utilizados os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD) para o ano de 2014.
Além desta introdução, o presente artigo divide-se em mais três seções. Na segunda seção
discute-se os aspectos conceituais e a literatura econômica empírica sobre a pobreza numa
perspectiva de gênero. Na seção 3 apresenta-se a metodologia para o cálculo do Índice de
Desenvolvimento das Famílias (IDF) para, na seção 4, discutir os resultados da pesquisa. As
considerações finais sumarizam este estudo.

2. Aspectos conceituais e as evidências empíricas sobre a pobreza numa perspectiva de


gênero

2.1. Do caráter unidimensional ao multidimensional da pobreza


A partir da visão da pobreza como insuficiência de renda emergem definições relevantes para
a sua operacionalização. Para alguns pesquisadores, a pobreza se classifica em: pobreza
absoluta, relativa e subjetiva. Na pobreza absoluta, considera-se pobre o indivíduo que possui
menos que o mínimo objetivamente definido, o que remete à abordagem tradicional da
subsistência. A pobreza relativa define como pobre o indivíduo que possui menos que os
outros na sociedade e faz referência ao padrão de vida, ao contexto social e ao padrão de
consumo médio predominante na sociedade. Já a pobreza subjetiva caracteriza o pobre como
aquele que sente que não possui o suficiente para continuar a viver, o que remete assim ao
fator de exclusão social (KAGEYAMA & HOFFMANN, 2006).
Os estudos sobre pobreza ainda estabelecem essencialmente duas vertentes: uma que
relaciona a renda indispensável capaz de satisfazer exclusivamente as necessidades de caráter
nutricional, denominada de linha de indigência ou de pobreza extrema, e outra que abrange

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um conjunto mais amplo de necessidades individuais, como saúde, educação, habitação,
transporte, entre outros. Essa segunda linha, é denominada de linha de pobreza.
Entre os critérios utilizados para definição dessas linhas de pobreza, são considerados o
rendimento pessoal em dólar, o rendimento per capita domiciliar tendo por base o salário
mínimo, o consumo de calorias essenciais à subsistência ou a cesta básica convertida em
renda. Apesar disso, embora as linhas de pobreza e indigência possam se constituir o ponto de
vista mais estimado na preleção e nos métodos de quantificação da pobreza pelos
pesquisadores do tema, ainda é possível se observar fragilidades e restrições
(ALBUQUERQUE, 2011).
Duas outras linhas teóricas dos estudos da pobreza podem ser acrescentadas, a das
necessidades básicas e das capacidades. A abordagem das necessidades humanas básicas vai
além de questões relativas à alimentação e incorpora uma maior gama dessas necessidades
humanas, como educação, saneamento e habitação. Essa abordagem é capaz de captar outros
aspectos da vida cotidiana dos indivíduos, que não apenas as questões nutricionais e, do ponto
de vista econômico, é extremamente benéfica, uma vez que eleva a produtividade do
indivíduo. Esses aspectos introduzem o caráter multidimensional nas pesquisas relacionadas à
pobreza (LOPES, MACEDO & MACHADO, 2003; DUCLOS & ARAAR, 2006).
Proposta inicialmente por Sen (1983, 1984), a teoria das capacitações expõe que a pobreza
está associada às privações de necessidades básicas sofridas pelos indivíduos, na inexistência
de oportunidades para se realizar alguns níveis mínimos de funcionamentos. Esses
funcionamentos, por sua vez, vão desde questões fundamentais de como estar bem nutrido,
possuir uma boa saúde até questões mais complexas como ser feliz, possuir respeito próprio e
participar da vida social.
Nesse sentido, as capacitações consistem na liberdade de um indivíduo para realizar
combinações alternativas de funcionamentos. A pobreza, nessa visão, é constituída por
diferentes dimensões, que agrega os elementos que se referem ao enfoque das necessidades
básicas, como também destaca a capacidade dos indivíduos no que concerne as escolhas em
relação ao bem-estar e os meios de atingi-los. Além disso, essa abordagem contribui para o
entendimento da pobreza ao mostrar qual qualidade de vida as pessoas escolhem para si,
sendo que essa qualidade não se resume a dotação de renda que esses indivíduos possuem,
mas sim de outras condições de vida.
De forma genérica, são entendidos como pobres as pessoas desprovidas de capacidades,
elementos básicos para se agir em sociedade, além de chances para atingir graus consideráveis
de concretizações e conquistas. Esta abordagem torna real o reconhecimento da inserção de
variáveis importantes – escassez de capacitações – para a determinação de pobreza, além da
renda.
Assim, a pobreza está relacionada à privação de liberdade das pessoas escolherem para si uma
vida melhor e mais satisfatória que lhes rendam um maior bem-estar. Por exemplo, que elas
possam decidir o que comer a fim de poderem prover suas carências nutritivas, o que vestir,
ou onde morar, garantindo-lhes exercer inteiramente suas liberdades sociais e políticas e de
serviços públicos (SEN, 1983;1984).

2.2. Pobreza numa perspectiva de gênero


A desigualdade não é um fenômeno homogêneo. Ela se manifesta em vários aspectos, e é
classificada em sete tipos de desigualdades de gênero, pois se faz presente em sete aspectos da
vida social, a saber: a) na mortalidade; b) na natalidade; c) nos desenvolvimentos básicos
derivados das oportunidades de se escolarizar ou cultivar seus talentos para participar em
funções valiosas ou gratificantes na comunidade; d) nas oportunidades de educação e

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formação para o trabalho; e) no emprego, promoção laboral e tipos de ocupação; f) na
propriedade de terras e moradias, o que reduz a voz das mulheres e suas possibilidades de se
interessar no comércio, economia e atividades sociais; e, por fim, g) na divisão do trabalho,
expressada nas relações no interior dos lares com as cargas de trabalhos domésticos e de
cuidado infantil, e na sociedade, refletidas no emprego e reconhecimento (SEN, 2001).
Para Sen (2001), em sua obra Desigualdade Reexaminada, existem disparidades sistemáticas
nas liberdades que os homens e mulheres desfrutam nas diferentes sociedades. Tais diferenças
não se resumem exclusivamente a diferenças na renda ou recursos, apesar das diferenças nos
níveis salariais e de remuneração constituírem uma parte importante no que diz respeito às
desigualdades relativas ao sexo. Existem, portanto, muitas outras esferas de benefícios
diferenciais, como na divisão do trabalho intrafamiliar, na assistência ou educação recebida e
nas liberdades que se permitem a diferentes membros desfrutar.
A relação entre gênero e pobreza é um tema complexo e controverso que ultimamente vem
sendo debatido com mais frequência na academia. Embora muito tenha sido realizada no
sentido de formulação de políticas baseada na ideia de feminização da pobreza, a natureza
precisa da relação entre gênero e pobreza necessita ser melhor compreendida e
operacionalizada na formulação de políticas públicas. A dificuldade se origina das diferentes
formas e formatos que as desigualdades de gênero e pobreza tomam, a partir do contexto
econômico, social e ideológico (CAGATAY,1998). Somente o aspecto da renda não atende as
necessidades de bem-estar das mulheres que são as pessoas de referência da família. No caso
das famílias monoparentais, dentre vários aspectos, destaca-se, por exemplo, a possibilidade
de escapar da violência doméstica (HEINZT, 2006).
A partir dos anos de 1970, alguns trabalhos começaram a analisar a pobreza sob o ponto de
vista de gênero. Esses estudos, em grande parte, identificaram um aumento na proporção de
mulheres pobres, e denominaram tal processo como “feminização da pobreza”. Esse conceito
aparece primeiramente no estudo de Pearce (1978), no qual ela associou que o processo de
empobrecimento feminino estaria relacionado com o aumento do número de famílias
chefiadas por mulheres. Neste caso, além de serem as únicas provedoras de renda nessas
famílias, elas ainda sofriam desvantagens especialmente no que se referia ao mercado de
trabalho. A origem da “feminização da pobreza” veio, portanto, da ideia que, em
determinadas circunstâncias, as mulheres poderiam ser mais pobres do que os homens
simplesmente por serem mulheres. Esta ideia tornou-se popular tanto na definição para
análises de estratégias de pobreza como para a redução da própria pobreza, tornando-as
explicitamente alvo da formulação de políticas, por exemplo, nas áreas de programas de
microcrédito e atividades de geração de renda (CAGATAY, 1998).
Desse modo, o fenômeno da feminização da pobreza está atribuído ao aumento do número de
famílias pobres chefiadas por mulher. Pearce (1978) reconhece que, evidentemente, existem
mulheres pobres, porque essas vivem em domicílios chefiados por homens que são pobres, de
tal modo sua análise centrou-se nas mulheres “que são pobres porque são mulheres” (Pearce,
1978, p.28). Ou seja, investiga quais são as consequências econômicas de se ser mulher, sem
contar com o apoio de um cônjuge, e que acabam por conduzir a uma situação de pobreza.
Para Pearce (1978), a feminização da pobreza deve ser estudada sob os aspectos das fontes de
renda e do resultado das políticas públicas de redução da pobreza. As fontes de renda são
categorizadas pela autora em: i) salarial; ii) transferência privada, como pensão alimentícia; e
iii) transferência pública, que nesse caso pode ser de dois tipos: aquela recebida em caso de
licença ou aposentadoria, para as que têm direito a seguridade social; e aquela recebida pelas
mulheres em situação de pobreza, que são beneficiadas por programas de combate à pobreza
que pertencem as políticas públicas do Estado. O estudo da feminização da pobreza via

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políticas públicas visa verificar se tais políticas de fato auxiliam na superação de extrema
pobreza das mulheres chefes de família ou acabam perpetuando tal condição.
Conforme Melo (2005), a diferença entre o hiato do rendimento entre os sexos se eleva
significativamente quando se faz a distinção entre domicílios chefiados por mulheres contra
os chefiados por homens. Essa diferença decorre não pela produtividade apresentada, mas
pela concentração da atividade feminina em segmentos menos organizados da economia, com
maior recorrência de contratos informais e menor presença sindical.
Para Costa et al. (2005), a feminização da pobreza refere-se a mudança no perfil da pobreza, a
qual está associada ao aumento da pobreza no universo feminino ao longo do tempo. Não
obstante, quando se faz uma análise em um ponto específico do tempo para identificar a
existência de uma disposição maior de domicílios com chefes de famílias mulheres ou
homens serem mais pobres, nesse caso denomina-se representação feminina na pobreza.
Todavia, independentemente do tipo de análise que é feita, se é ao longo do tempo ou em um
período específico, o mais importante é examinar o fenômeno e a identificação de suas
causas. Assim, como destacado por Shadpour (2013), ao minimizar a pobreza feminina,
diretamente se reduz a condição de pobreza das crianças, tendo em vista que boa parte das
famílias monoparentais é chefiada por mulheres, as quais, na média, possuem patrimônios
inferiores às chefiadas pelos homens.
Os resultados encontrados em Shadpour (2013) sugerem que as crianças mais pobres têm
maior probabilidade de apresentar problemas na fala e audição; elas apresentam também uma
motivação menor para aprender, com atraso no desenvolvimento cognitivo, menor
participação em atividades extracurriculares, aspirações de carreira inferiores, menor
frequência universitária, um risco maior de analfabetismo, e taxas de abandono escolar mais
elevadas. Além disto, o autor ainda infere a existência de evidências que mostram mulheres
permanecendo em relacionamentos abusivos exatamente para evitar que elas, ao lado de seus
filhos, fiquem imersas em uma situação de pobreza. Neste sentido, se o foco se direciona para
tentar minimizar o problema de inserção feminina na pobreza, rompe-se, de alguma maneira,
com o próprio círculo vicioso subsequente da pobreza.
De acordo com Godoy (2004), especialmente a partir de 1980 se aprofundam as análises sobre
a relação entre gênero e pobreza. A maioria dos trabalhos, sobretudo os aplicados nos países
em desenvolvimento, demonstraram um aumento do número de mulheres pobres
proporcionalmente ao número observado para os homens. Deste modo, reconheceu-se que o
gênero é um fator que determina a pobreza e contribui para o aumento da vulnerabilidade
feminina, bem como a idade, a etnia, a localização geográfica, dentre outros. Além das
diferenças que se tem no mercado de trabalho, outros fatores começaram a ser apresentados
como determinantes nesta vulnerabilidade.
Bravo (1998) atribuiu o acesso limitado que é dado para a mulher no que se refere ao acesso
aos recursos sociais e econômicos (como o capital produtivo, a educação, o treinamento, etc.),
juntamente com a restrição que se faz quanto à sua participação na tomada das principais
decisões nas esferas política, econômica e social, como determinantes dessa desigualdade de
oportunidades.
Os momentos nos quais as mulheres encontram menores oportunidades de geração de renda
são durante a gravidez, no período em que seus filhos são pequenos e na velhice. Nestas fases,
a situação pode ser atenuada caso aconteça uma separação ou viuvez, o que pode impulsioná-
las a tentar uma atividade remunerada mesmo que em condições precárias e com baixos
salários. Na verdade, ao tornarem-se chefes de família a situação se agrava, considerando a
condição de exclusiva mantenedora do lar. Ser mãe solteira também acentua sua
vulnerabilidade à pobreza. Em todos os casos, quando conseguem transpor as barreiras do

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mercado de trabalho, boa parte das mulheres encontra tão somente atividades informais e com
baixa remuneração (GELINSKI & PEREIRA, 2005).
Conforme o Bridge (2001), não há um consenso, tampouco clareza, acerca do significado da
feminização da pobreza ou se essa pode ser empiricamente observada. A feminização da
pobreza tem sido associada em primeiro lugar a percepção da proporção de famílias chefiadas
por mulheres (FCMs), em segundo lugar ao aumento da participação feminina em atividades
informais do setor urbano de baixo retorno. Tal conceito tem sido usado para dar significado
a três coisas distintas. A primeira é que as mulheres possuem uma maior incidência de
pobreza do que os homens; a segunda que a pobreza feminina é mais severa do que a dos
homens; e a terceira que há uma tendência para maior pobreza entre as mulheres,
particularmente associada com o aumento das taxas de FCMs.
O domicílio é um local-chave da discriminação de gênero e de subordinação e, deste modo,
um alvo importante para analisar as questões de gênero e pobreza. As pesquisas domiciliares
sobre a pobreza partem do pressuposto de que os recursos domésticos são igualmente
compartilhados entre os seus membros. No entanto, de acordo com Waratten (1995) a
conceituação sobre a pobreza muitas vezes negligencia as diferenças existentes entre homens
e mulheres em termos de acesso à renda, recursos e serviços. Conforme esse autor, tais
diferenças podem ocorrer dentro dos agregados familiares entre homens e mulheres ou entre
os indivíduos, isto é, entre homens solteiros e mulheres solteiras, ou entre famílias chefiadas
por mulheres em uma desvantagem em relação as famílias chefiadas por homens. Há também
diferenças com base no gênero no que diz respeito as vulnerabilidades como doença e
violência.

3. Metodologia
3.1. Composição do Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF) para o Brasil e regiões
Gagaty (1998) e Chant (2006) destacam as informações desagregadas por sexo sobre pobreza
monetária em muitos países e também ressaltam a importância de examinar a feminização da
pobreza além da perspectiva exclusivamente relacionada à renda e ao consumo. Rajaram
(2009) destaca que mensurou a pobreza das famílias chefiadas por mulheres e homens por
vários índices, ou seja, dimensões, tais como condições de residência, riqueza e padrão de
vida, porque podem informar mais sobre as condições crônicas de vida das pessoas do que
uma mensuração somente baseada nos gastos e no consumo.
Conforme Barros, Carvalho e Franco (2003), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
apresenta uma variedade de limitações. Dentre as quais se destaca a limitação do IDH em
relação à seleção de indicadores que o compõe e o seu peso, visto que os pesos são
balanceados e não há uma clara racionalidade para as escolhas realizadas. A escolha correta
dos indicadores e pesos deve representar uma boa aproximação das preferências sociais. Outra
limitação apontada ao IDH se refere ao tratamento bastante simplificado que se dá ao
desenvolvimento humano, em razão de incluir apenas três dimensões e quatro indicadores.
A questão da desagregação, que se refere à unidade mínima de análise para a qual se pode
obter um indicador sintético, também é apontada como fator limitante do IDH. Segundo os
autores, isso ocorre porque para o cálculo do IDH primeiro se agregam espacialmente as
informações sobre as famílias de uma determinada área. De forma complementar, a agregação
do IDH também é alvo de crítica porque o índice de um determinado país não pode ser obtido
pela média ponderada dos IDHs dos respectivos estados que o compõe.
Nesse contexto, o Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF) proposto por Barros,
Carvalho e Franco (2003) nada acrescenta em termos de superação das dificuldades
relacionadas à seleção de indicadores e pesos. Entretanto, avança no sentido de ampliar o

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escopo do IDH ao se dobrar o número de dimensões e aumentar de 4 para 48 o número de
indicadores. O IDF melhora a questão da desagregação ao agrupar primeiramente as
informações temáticas acerca das famílias e gerar um índice de desenvolvimento sintético
para cada uma delas. Assim, é possível se ter a família como unidade de análise e agregar,
posteriormente, informações tanto de natureza espacial e geográfica, como também de grupos
sociais e demográficos. Outra vantagem é que o IDF de um país pode ser obtido por meio da
média ponderada dos IDFs dos estados que o compõe.
Vale lembrar que a insuficiência de renda é condição necessária, contudo, a fomentação do
índice cria condições necessárias para que outras dimensões sejam incentivadas através da
multidimensionalidade como método de cálculo para a identificação dos domicílios rurais
classificados como pobreza.
A feminização da pobreza está fortemente relacionada com a mudança no perfil da pobreza.
Logo, da base de dados da PNAD, selecionou-se aqueles domicílios cujo chefe da família era
a mulher, para o cálculo do Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF), comparando tais
valores com os domicílios chefiados pelos homens. Este contingente foi analisado em âmbito
nacional e das regiões brasileiras, discriminando-as por localização (zona urbana/rural).
Independentemente de se considerarmos famílias ou indivíduos, outro grande problema em
sustentar a ideia de feminização da pobreza como uma tendência é a falta de dados de painel
desagregados por sexo que permitam comparações longitudinais (Johnsson-Latham, 2004b,
p.18; Klasen, 2004; Chant 2006).
O procedimento metodológico adotado consistiu na construção do Índice de Desenvolvimento
da Família (IDF) adaptado de Barros, Carvalho e Franco (2003), dividido em sete dimensões
de pobreza, tomando como base as informações da PNAD 2014 e sintetizadas no indicador
multidimensional, a saber: ausência de vulnerabilidade domiciliar, acesso ao conhecimento,
acesso ao trabalho, disponibilidade de recursos, desenvolvimento infantil, condições
habitacionais e consumo de bens duráveis. Cada uma das sete dimensões representa, em parte,
o acesso aos meios necessários para que as famílias sejam capazes de satisfazer as suas
necessidades e, outra parte, a consecução de fins, ou seja, a efetiva satisfação de tais
necessidades.
A análise é voltada à unidade familiar e às sete dimensões se estendem em componentes que,
ao seu turno, demandam diferentes indicadores para representá-los. Os componentes que
definem as sete dimensões de análise, bem como os indicadores que os representam são
descritos no Quadro 1.
Figura 1. Dimensões do IDF

Desenvolvimento
Ausência de
Infantil
Vulnerabilidade
Disponibilidade
Trabalho
de Recursos Condições
Conhecimento Habitacionais

Consumo de
bens duráveis

Fonte: Elaboração própria com base em Barros, Carvalho e Franco (2003).

Neste trabalho serão consideradas crianças, os indivíduos dentro do recorte etário de 0 a 9


anos; criança e adolescente, de 0 a 17 anos; criança, adolescente e jovem, de 0 a 24 anos, e

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idosos os indivíduos com idade de 60 anos ou mais. Considerou-se ainda adultos, os
indivíduos com idade entre 25 e 59 anos. Com relação à alfabetização, foi levado em conta
que o adulto analfabeto era aquele que não sabia ler e escrever e o adulto analfabeto
funcional, aquele com menos de 4 anos de estudo. Para a dimensão de acesso ao trabalho
foram considerados membros em idade ativa, as pessoas com 10 anos ou mais de idade. A
linha de pobreza utilizada foi de R$ 362,00 e correspondeu a ½ salário mínimo do ano de
2014. Já a linha de extrema pobreza foi de R$ 181,00, correspondendo a ¼ salário mínimo do
mesmo ano analisado.

Quadro 1. Definição dos componentes e variáveis do Indicador Multidimensional de Pobreza


Componentes Variáveis
Dimensão 1: Ausência de Vulnerabilidade
V1. Nenhuma mulher teve filho nascido vivo no último ano
CV1. Fecundidade
V2. Nenhuma mulher teve filho nascido vivo nos últimos dois anos
V3. Ausência de criança
CV2. Atenção e cuidados especiais com crianças,
V4. Ausência de criança ou adolescente
adolescentes e jovens
V5. Ausência de criança, adolescente ou jovem
CV3. Atenção e cuidados especiais com idosos V6. Ausência de idoso
V7. Presença de cônjuge
CV4. Dependência econômica
V8. Mais da metade dos membros encontra-se em idade ativa
V9. Não existe criança no domicílio cuja mãe tenha morrido
CV5. Presença da mãe
V10. Não existe criança no domicílio que não viva com a mãe
Dimensão 2: Acesso ao Conhecimento
E1. Ausência de adulto analfabeto
CE1. Analfabetismo
E2. Ausência de adulto analfabeto funcional
E3. Presença de pelo menos um adulto com fundamental completo
CE2. Escolaridade E4. Presença de pelo menos de um adulto com ensino médio completo
E5. Presença de pelo menos um adulto com alguma educação superior
E6. Presença de pelo menos um trabalhador com qualificação média ou
CE3. Qualificação profissional
alta
Dimensão 3: Acesso ao Trabalho
T1. Mais da metade dos membros em idade ativa encontra-se ocupada
CT1. Disponibilidade de trabalho T2. Presença de pelo menos um trabalhador há mais de seis meses no
trabalho atual
T3. Presença de pelo menos um ocupado no setor formal
CT2. Qualidade do posto de trabalho
T4. Presença de pelo menos um ocupado em atividade não agrícola
T5. Presença de pelo menos um ocupado com rendimento superior a 1
salário mínimo
CT3. Remuneração
T6. Presença de pelo menos um ocupado com rendimento superior a 2
salários mínimos
Dimensão 4: Disponibilidade de Recursos
CR1. Extrema pobreza R1. Renda familiar per capita superior à linha da extrema pobreza
CR2. Pobreza R2. Renda familiar per capita superior à linha de pobreza
CR3. Capacidade de geração de renda R3. Maior parte da renda familiar não advém de transferências
Dimensão 5: Desenvolvimento Infantil
D1. Ausência de criança com menos de 14 anos trabalhando
CD1. Trabalho precoce
D2. Ausência de criança com menos de 16 anos trabalhando
D3. Ausência de criança até 6 anos fora da escola
CD2. Acesso à escola D4. Ausência de criança de 7-14 anos fora da escola
D5. Ausência de criança de 7-17 fora da escola
D6. Ausência de criança de até 14 anos com mais de 2 anos de atraso
CD3. Progresso escolar D7. Ausência de adolescente de 10 a 14 anos analfabeto
D8. Ausência de jovem de 15 a 17 anos analfabeto
Dimensão 6: Condições Habitacionais
H1. Domicílio próprio
CH1. Propriedade
H2. Domicílio próprio ou cedido
CH2. Déficit habitacional H3. Densidade de até dois moradores por dormitório
CH3. Abrigabilidade H4. Material de construção permanente
CH4. Acesso a abastecimento de água H5. Acesso adequado à água
CH5. Acesso à energia elétrica H6. Acesso à eletricidade
H7. Esgotamento sanitário adequado
CH6. Acesso a saneamento H8. Presença de banheiro no domicílio ou na propriedade
H9. Uso do banheiro ou sanitário é destinado exclusivamente ao domicílio
CH7. Acesso à coleta de lixo H10. Lixo é coletado

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CH8. Acesso à internet H11. Acesso à internet
Dimensão 7: Consumo de bens duráveis
CC1. Acesso a fogão C1. O domicílio possui fogão
CC2. Acesso à geladeira C2. O domicílio possui geladeira
CC3. Acesso à máquina de lavar C3. O domicílio possui máquina de lavar
CC4. Acesso a microcomputador C4. O domicílio possui microcomputador
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PNAD (2014).

3.2. Construção do Indicador Sintético Multidimensional


Como proposto em Barros, Carvalho e Franco (2003), utilizou-se o indicador sintético S
derivado de uma série de indicadores básicos. Os pesos dados às dimensões e aos seus
componentes correspondentes são simétricos, devido à dificuldade em saber as preferências e
os gostos da população que se analisa. Uma vez que para as variáveis de um mesmo
componente, para as variáveis pertencentes a uma mesma dimensão e até mesmo para essas
últimas são atribuídos pesos iguais, se são alteradas tanto a quantidade de componentes como
o número de variáveis por componentes, o peso aplicado para as variáveis de componentes
distintos não obedece à regra de que será sempre o mesmo.
O grau de pobreza para cada domicílio se situa entre 0 e 1. A variabilidade igual a 0 do grau
de pobreza representa aqueles domicílios absolutamente pobres, ao passo que a variabilidade
do grau de pobreza igual a 1 representa os domicílios sem qualquer traço de pobreza.
O indicador sintético global multidimensional de pobreza, S , pode ser representado de acordo
com a seguinte especificação:
1 7  1 mk  1 
S   K 1   
njk

j 1 
B  
7  mk i 1 jki

  n jk 
em que B jki diz respeito ao i-ésimo indicador básico do j-ésimo componente da k-ésima
dimensão, mk o número de componentes da k-ésima dimensão, n jk a quantidade de
indicadores do j-ésimo componente da k-ésima dimensão. Isto é, o indicador sintético de
cada componente, S jk , corresponde à média aritmética dos indicadores utilizados para a
representação deste componente. Do mesmo modo, o indicador sintético de cada dimensão,
S k , é a média aritmética dos indicadores sintético dos seus componentes. E, finalmente o
indicador sintético global, S , é a média aritmética dos indicadores sintéticos das sete
dimensões que o compõem.

4. Análise da pobreza feminina no meio rural no Brasil e regiões


Os dados utilizados no presente estudo foram extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No
total, foram utilizadas 11.894 observações que, expandidas, representaram 6.876.955 de
domicílios brasileiros no ano de 2014.
Tendo como referência o mês de setembro, a PNAD investiga anualmente, exceto em anos
nos quais são realizados os censos demográficos, de maneira permanente uma diversidade de
características gerais com relação a população, educação, trabalho, rendimento e habitação,
em que a população de interesse consiste nos domicílios brasileiros e nas pessoas que neles
residem. Adicionalmente, em períodos variáveis e dependendo de necessidades de informação
para o país, a pesquisa aborda outros temas como as propriedades sobre migração,
fecundidade, nupcialidade, saúde, segurança alimentar, dentre outras temáticas. Essa pesquisa
possui abrangência nacional com desagregação geográfica, a saber: Brasil, Grandes Regiões,
Unidades da Federação e Regiões Metropolitanas que incluem alguns dos municípios das

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capitais. Sendo assim, as unidades geográficas de menores proporções como os municípios,
distritos e os setores não são representados pela PNAD.
A natureza dos dados fornecidos pela PNAD possui algumas restrições que precisam ser
levados em consideração no momento da análise dos resultados. Hoffmann (1988) aponta
algumas delas: a) as informações acerca do consumo das famílias e do autoconsumo das
famílias que sobrevivem da agricultura não estão presentes na pesquisa; b) a subdeclaração
dos rendimentos mais altos leva a uma subestimação da renda nacional e do grau de
desigualdade da distribuição da renda pessoal; c) alguns aspectos relacionados à metodologia
de coleta de dados através de questionários podem contribuir para subestimar a renda total
declarada pelos indivíduos entrevistados; e d) não é levado em consideração por parte da
pesquisa a parcela da população sem moradia fixa. Mesmo com essas limitações, a PNAD em
seus 47 anos de realização, se configurou em um importante instrumento de formulação,
validação e avaliação de políticas orientadas para o desenvolvimento socioeconômico e a
melhoria da condição de vida no Brasil.
A Tabela 1 apresenta a amostra e a amostra expandida da PNAD 2014 que foram utilizadas
para a construção do Índice de Desenvolvimento das Famílias (IDF) dos domicílios do Brasil
e suas regiões.

Tabela 1. Amostra e amostra expandida da PNAD 2014


Situação Censitária Rural
BRASIL Mulher Homem
Amostra 3.849 12.267
Amostra Expandida* 2.280792 7.132.434
NORTE
Amostra 712 2.762
Amostra Expandida* 238.037 938.087
NORDESTE
Amostra 1914 4.748
Amostra Expandida* 1.257.240 3.130.724
SUL
Amostra 529 1.753
Amostra Expandida* 322.233 1.123.192
SUDESTE
Amostra 494 1.916
Amostra Expandida* 381.177 1.462.648
CENTRO-OESTE
Amostra 200 1.048
Amostra Expandida* 82.105 443.086
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PNAD (2014).

De acordo com os dados da PNAD 2014, o Brasil possui 119.001 mil domicílios, dos quais
118.737, ou seja, 99,78% eram do tipo particular permanente, 191 (0,16%) são particulares
improvisados e 73 (0,06%) são do tipo coletivo. Na região Norte dos 16.807 domicílios,
99,57% (16.734) era do tipo particular permanente, no Nordeste, 33.031 (99,82%), na região
Sul, 19.756 (99,85%), já a região Sudeste, 36.515 (99,78%) e, finalmente, a região Centro-
Oeste tinha um total de 12.701 (99,82%) domicílios do tipo particular permanente.
A Tabela 2 mostra o número de chefes de família urbano e rural para o Brasil e regiões. Como
é possível perceber, a nível nacional, 40% dos chefes de família eram do sexo feminino em
2014, dos quais 92% estavam localizadas na zona urbana e 8% na zona rural. Na região Norte,
a proporção de mulheres chefes de família se mostrou inferior à brasileira com 38% do total,

*
A expansão da amostra se deu através da variável “peso da família”.

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dos quais 89% se localizavam no meio urbano e 11% no meio rural. Já o percentual de
mulheres chefe de família na região Nordeste (43%) se mostrou acima tanto da média
nacional, como das demais regiões, isto é, o Nordeste concentra maior percentual de mulheres
como chefes de família. Na análise por situação censitária, o Nordeste também apresentou,
em relação ao país e as demais regiões, maior percentual de mulheres chefes de famílias na
zona rural.
Em contraponto, fora a região Sudeste que apresentou a menor proporção de chefes de família
do sexo feminino no meio rural (3,5%). As mulheres que são arrimos de família no Sudeste,
concentram-se, sobretudo, na área urbana (96,5%). Ao passo que a região Sul segue uma
distribuição proporcional em consonância com a distribuição do Brasil, 40% do número de
chefes de família eram do sexo feminino e 60% eram do sexo masculino. Do total (7.903 mil)
de chefes de família mulheres dessa região, 93% se localizava na área urbana e 7% na área
rural. No Centro-Oeste das 4.842 mulheres chefes de família, 96% estavam domiciliadas na
zona urbana e 4% na zona rural.
Também se observa que, em relação ao número de mulheres chefes de família, os homens
nessa situação constituem a maioria tanto nas zonas urbanas como nas zonas rurais. Essa
situação no meio rural corrobora com a tese de que há um processo de masculinização rural,
visto que ao longo do tempo vem ocorrendo uma diminuição da presença feminina no campo.
A Tabela 3 mostra algumas estatísticas para o Brasil e suas regiões sobre o perfil das
mulheres domiciliadas na zona rural que são chefes de família com base nos dados da PNAD
do ano de 2014. Como evidencia Tabela 3, com relação à idade, essas mulheres se
concentram em sua maioria na faixa etária dos 55 anos de idade ou mais. Eram, em sua
maioria, da etnia parda, com exceção da região Sul que concentrara 75,2% do total
declarantes de etnia branca. No que diz respeito ao estado civil dessas mulheres, com exceção
da região Sudeste na qual 35,8% de suas chefes de família eram viúvas, a maior proporção se
referira ao estado civil solteira. No Brasil e em todas as suas regiões, essas mulheres não
viviam em companhia do cônjuge ou companheiro na época da pesquisa, mas já viveram
anteriormente.
Apenas nas regiões Norte e Centro-Oeste essas mulheres não haviam nascido no município no
qual residiam, o que mostra um baixo grau de mobilidade. Com relação aos anos de estudo, a
região Nordeste obteve um destaque negativo: 38% das mulheres chefes de famílias rurais não
possuíam qualquer grau de instrução. No Brasil e demais regiões, a maioria delas possuía
apenas entre 1 e 4 anos de estudo. No entanto, o Nordeste fora a única região com o
percentual abaixo da média nacional: apenas 61% dessas mulheres sabiam ler e escrever.
No que diz respeito ao tempo semanal em horas dispensados a realização de afazeres
domésticos, tanto para o Brasil como para as regiões, a proporção se concentra na faixa de até
39 horas semanais, sendo que as mulheres das regiões Sul e Centro-Oeste são as que dedicam
mais horas semanais ao trabalho doméstico. No tocante às horas trabalhadas por semana em
todos os trabalhos, apenas a região Sudeste contara com maior proporção de suas chefes de
família rurais dedicando até 14 horas de trabalho por semana. O Brasil e as demais regiões
obtiveram maior proporção dessas mulheres na faixa de 15 a 39 horas semanais dedicadas a
todos os trabalhos.
Para o Brasil e regiões Sul e Sudeste, a média do rendimento mensal domiciliar se encontrava
na faixa de até 1 salário mínimo. Já nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o rendimento
mensal domiciliar estava mais distribuído – entre 1 a 2 salários mínimos. No entanto, em
termos absolutos as regiões Norte e Nordeste são amplamente maiores do que as regiões Sul e
Sudeste, as quais são as mais dinâmicas com a maior renda média nacional.

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Tabela 2. Número de chefes de família por situação censitária (2014)
Centro
Brasil Norte Nordeste Sul Sudeste
-Oeste
Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem
47.601 71.821 6427 10.395 14.222 18.954 7.903 12.000 14.207 22.540 4.842 7.932
40% 60% 38% 62% 43% 57% 40% 60% 39% 61% 38% 62%
Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural
43.701 3900 59.547 12.274 5.726 701 7.607 2.788 12.269 1.953 14.231 4.723 7.362 541 10.253 1.747 13.702 505 20.580 1.960 4.642 200 6.876 1.056
92% 8% 83% 17% 89% 11% 73% 27% 86% 14% 75% 25% 93% 7% 85% 15% 96,5% 3,5 91% 9% 96% 4% 87% 13%
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PNAD (2014)

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Tabela 3. Perfil das mulheres chefes de família rural: Brasil e regiões
Região Brasil Norte Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste
Variáveis Total (%) Total (%) Total (%) Total (%) Total (%) Total (%)
Sexo Feminino 3900 100 701 100 1953 100 541 100 505 100 200 100
10 a 17 17 0,43 5 0,71 6 0,31 3 0,55 2 0,4 1 0,5
18-30 482 12,36 111 15,83 251 12,85 57 10,5 37 7,3 26 13,0
Idade 31-45 1060 27,18 196 27,96 539 27,6 137 25,3 130 25,7 58 29,0
46-54 662 16,97 118 16,83 344 17,6 100 18,5 75 14,8 25 12,5
55 /> 1679 43,0 271 38,66 813 41,63 244 45,1 261 51,7 90 45,0
Branca 1178 30,2 115 16,4 388 19,87 407 75,2 200 39,6 68 34,0
Preta 399 10,23 71 10,13 241 12,34 15 2,8 60 11,9 12 6,0
Cor Amarela 14 0,36 6 0,85 1 0,05 1 0,18 3 0,6 3 1,5
Parda 2258 57,89 481 68,62 1312 67,2 116 21,4 235 46,5 114 57,0
Indígena 51 1,31 28 4,0 11 0,56 2 0,37 7 1,4 3 1,5
Casada 320 8,2 62 8,84 180 9,2 24 4,4 33 6,5 21 10,5
Desquitada/
93 2,38 4 0,57 43 2,2 20 3,7 19 3,8 7 3,5
separada
Estado civil
Divorciada 153 3,92 30 4,28 57 2,92 26 4,8 31 6,1 13 6,5
Viúva 1029 26,38 134 19,12 492 25,2 165 30,5 181 35,8 57 28,5
Solteira 1628 41,74 367 52,35 894 45,8 167 30,9 138 27,3 62 31,0
Sim 1561 40,0 315 44,94 750 38,4 241 44,6 167 33,1 88 44,0
Vive em companhia
do cônjuge ou Não, já viveu antes 2084 53,44 350 49,93 1059 54,2 268 49,5 305 60,4 102 51,0
companheiro
Não, nunca viveu 255 6,54 36 5,14 144 7,4 32 5,9 33 6,5 10 5,0
Nasceu no Sim 2241 57,46 295 42,1 1304 66,8 298 55,1 285 56,4 59 29,5
município de
residência Não 1659 42,54 406 57,92 649 33,2 243 44,9 220 43,6 141 70,5
Sem instrução 1188 30,46 188 26,82 743 38,0 83 15,3 132 26,1 42 21,0
1 a 4 anos de estudo 1205 30,89 193 27,53 559 28,6 195 36,0 198 39,2 60 30,0
Anos de Estudo 5 a 8 anos de estudo 769 19,72 154 21,97 344 17,6 137 25,3 83 16,4 51 25,5
Mais de 8 Anos de
723 18,54 164 23,4 297 15,2 125 23,1 91 18,0 46 23,0
Estudo
Não determinado 15 0,38 2 0,28 10 0,51 1 0,18 1 0,2 1 0,5
Sim 2738 70,2 537 76,6 1191 61,0 469 86,7 379 75,0 162 81,0
Sabe ler e escrever
Não 1162 29,8 164 23,4 762 39,0 72 13,3 126 25,0 38 19,0
Recebe aposentadoria ou pensão 2115 54,2 287 40,94 1092 56,0 328 60,6 314 62,2 94 47,0
Até 39 horas 2897 74,28 565 80,6 1391 71,2 429 79,3 362 71,7 150 75,0
Horas dedicadas 40 a 69 horas 681 17,46 85 12,1 372 19,0 73 13,5 112 22,2 39 19,5
por semana aos 70 a 79 horas 67 1,72 15 2,1 38 1,95 11 2,0 0 0 3 1,5
afazeres domésticos 80 a 89 horas 3 0,07 1 0,14 1 0,05 1 0,18 0 0 0 0
90 horas ou mais 10 0,26 0 0 5 0,26 5 0,92 0 0 0 0
Até 14 horas 558 14,3 64 9,1 318 16,3 71 13,1 80 15,8 25 12,5
Horas trabalhadas 15 a 39 horas 831 21,3 168 23,97 458 23,45 96 17,8 79 15,6 30 15,0
por semana em 40 a 44 horas 459 11,77 83 11,84 196 10,0 93 17,2 67 13,3 20 10,0
todos os trabalhos 45 a 48 horas 122 3,13 25 3,57 46 2,35 16 2,96 22 4,4 13 6,5
49 horas ou mais 147 3,77 27 3,85 43 2,2 37 6,8 17 3,4 23 11,5
Até 1 SM 880 59,783 218 27,66 704 30,073 100 43,10 94 49,47 37 38,95
De 1 a 2 SM 463 31,454 299 37,94 896 38,274 94 40,52 79 41,58 44 46,32
Rendimento mensal
familiar De 2 a 3 SM 77 5,231 159 20,18 496 21,188 23 9,91 9 4,74 5 5,26
De 3 a 5 SM 31 2,106 84 10,66 199 8,501 9 3,88 4 2,11 5 5,26
Mais de 5 SM 21 1,427 28 3,55 46 1,965 6 2,59 4 2,11 4 4,21
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PNAD (2014)

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A Tabela 4 mostra os resultados sumarizados para o indicador calculado sobre pobreza
feminina nas áreas rurais do Brasil e suas regiões no ano de 2014. Observa-se que o grau de
desenvolvimento dos domicílios (IDF) rurais chefiados por mulheres do Brasil e da região
Norte foi menor quando comparado com os domicílios chefiados por homens. Ao passo que o
grau de desenvolvimento dos domicílios rurais chefiados por mulheres nas regiões Nordeste,
Sul, Sudeste e Centro-Oeste se mostram um pouco melhores em relação aos que tinham o
homem como chefe de família.
Com relação aos índices apresentados pelas dimensões que compõem o IDF (Figura 2), chama
atenção à dimensão ausência de vulnerabilidade, em que os resultados obtidos para o Brasil e
todas as suas regiões foram sofríveis, com mais ênfase negativa as regiões Norte e Nordeste,
muito mais próximo à zero, fossem esses domicílios chefiados por mulheres ou homens. No
quesito do acesso ao conhecimento apenas a região Sul e a região Centro-Oeste, esta última
quando os seus domicílios rurais eram chefiados por homens, apresentaram desempenho
relativamente satisfatório. O Brasil e todas as regiões apresentaram bons resultados de
desenvolvimento na dimensão de acesso ao trabalho, fossem esses domicílios chefiados por
homens ou mulheres, com destaque para as regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste,
respectivamente. Com relação à dimensão de disponibilidade de recursos, obtiveram baixo
desempenho em 2014 os domicílios rurais brasileiros que eram chefiados por mulheres, e os
domicílios das regiões Norte e Nordeste independentemente de quem chefiava.

Figura 2. IDF por dimensão da pobreza rural no Brasil e regiões (2014)

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PNAD (2014).

No quesito desenvolvimento infantil, tanto os domicílios rurais do Brasil como de suas regiões
apresentaram um péssimo resultado, principalmente os domicílios das regiões Norte e
Nordeste, os quais ficaram muito mais próximos de zero. As condições habitacionais
apresentadas para o Brasil e suas regiões foram satisfatórias, especialmente dos domicílios
rurais das regiões Sul e Sudeste, simultaneamente. Já com relação ao consumo de bens
duráveis, observou-se que os domicílios rurais localizados no Brasil, nas regiões Norte e
Nordeste, tivessem eles chefes de família pessoas do sexo feminino ou masculino,
apresentaram resultados sofríveis, do entanto o resultado dessa dimensão dos domicílios
localizados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste foram relativamente bons, especialmente
na região Sul.

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Para o Brasil, nota-se que em 2014 quando um domicílio era chefiado por mulher, apenas as
dimensões relativas à ausência de vulnerabilidade, acesso ao conhecimento e condições
habitacionais se mostravam melhores do que os domicílios rurais brasileiros com chefe de
família masculino. Na região Norte, quando a chefia do domicílio era feminina das sete
dimensões que compõem o IDF apenas as dimensões de acesso ao conhecimento, acesso ao
trabalho e consumo de bens duráveis eram melhores de quando o domicílio era chefiado pelo
homem.
A situação dos domicílios chefiados por mulheres no Nordeste se mostrou um pouco mais
favorável, visto que apenas a dimensão disponibilidade de recursos obteve menor resultado do
índice de pobreza quando comparado ao domicílio nordestino que possuía chefe de família
homem. Já nos domicílios rurais das regiões Sul e Centro-Oeste que tinham a mulher como
arrimo de família, apenas as dimensões de disponibilidade de recursos e consumo de bens
duráveis se mostraram inferiores aos resultados obtidos para os domicílios chefiados por
indivíduos do sexo masculino. Finalmente, na região Sudeste as dimensões relativas à ausência
de vulnerabilidade, acesso ao trabalho e desenvolvimento infantil dos domicílios chefiados por
mulheres se mostraram inferiores aos índices observados para os domicílios desta região que
eram chefiados por homens.

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Tabela 4. Indicadores multidimensionais de pobreza rural Brasil e regiões (2014
Brasil Norte Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste
Descrição
Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem
IDF 0,5896 0,5943 0,5495 0,5626 0,5488 0,5319 0,6860 0,6821 0,6528 0,6454 0,6655 0,6650
D1 - Ausência de Vulnerabilidade 0,4896 0,4894 0,4390 0,4593 0,4681 0,4714 0,5234 0,5315 0,4966 0,5031 0,5521 0,5264
CV1. Fecundidade 0,5536 0,5653 0,4715 0,5307 0,5204 0,5116 0,6504 0,6998 0,6089 0,5722 0,6637 0,6540
CV2. Atenção e cuidados especiais com crianças, adolescentes e jovens 0,0116 0,0116 0,0114 0,0067 0,0069 0,0048 0,0115 0,0207 0,0215 0,0129 0,0379 0,0427
CV3. Atenção e cuidados especiais com idosos 0,0186 0,0314 0,0140 0,0523 0,0107 0,0268 0,0239 0,0031 0,0135 0,0393 0,1551 0,0651
CV4. Dependência econômica 0,9989 0,9997 0,9982 0,9997 0,9985 0,9996 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 0,9973 0,9990
CV5. Presença da mãe 0,8205 0,8387 0,6998 0,7072 0,8038 0,8143 0,9309 0,9341 0,8391 0,8912 0,9063 0,8711
D2 – Acesso ao Conhecimento 0,5694 0,5562 0,5635 0,5412 0,5489 0,5310 0,6164 0,6095 0,5903 0,5700 0,6193 0,5839
CE1. Analfabetismo 0,0005 0,0005 0,0000 0,0005 0,0006 0,0004 0,0000 0,0000 0,0010 0,0013 0,0000 0,0000
CE2. Escolaridade 0,7937 0,7707 0,7727 0,7512 0,7637 0,7293 0,8531 0,8513 0,8338 0,7924 0,8955 0,8261
CE3. Qualificação profissional 0,9140 0,8973 0,9178 0,8719 0,8823 0,8632 0,9959 0,9773 0,9363 0,9162 0,9624 0,9255
D3 – Acesso ao Trabalho 0,8627 0,8675 0,8699 0,8512 0,8059 0,7296 0,9694 0,9559 0,9313 0,9368 0,9758 0,9725
CT1. Disponibilidade de trabalho 0,9998 0,9999 1,0000 1,0000 0,9997 0,8104 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000
CT2. Qualidade do posto de trabalho 0,8496 0,8365 0,8119 0,7628 0,8077 0,7844 0,9324 0,9013 0,9163 0,9105 0,9653 0,9453
CT3. Remuneração 0,7388 0,7662 0,7976 0,7908 0,6102 0,5939 0,9759 0,9662 0,8776 0,8998 0,9622 0,9722
D4 – Disponibilidade de Recursos 0,5480 0,6010 0,4678 0,5309 0,4327 0,4404 0,7848 0,8414 0,7420 0,7342 0,7105 0,8177
CR1. Extrema pobreza 0,8083 0,8352 0,7624 0,7871 0,7380 0,7495 0,9268 0,9593 0,9412 0,9124 0,9315 0,9591
CR2. Pobreza 0,5690 0,6116 0,4627 0,5351 0,4700 0,4639 0,8053 0,8475 0,7242 0,7279 0,7352 0,8143
CR3. Capacidade de geração de renda 0,2666 0,3561 0,1782 0,2704 0,0901 0,1078 0,6224 0,7174 0,5605 0,5623 0,4647 0,6797
D5 – Desenvolvimento Infantil 0,4066 0,4101 0,3716 0,3854 0,3903 0,3840 0,4375 0,4236 0,4385 0,4475 0,4871 0,4861
CD1. Trabalho precoce 0,7505 0,7364 0,6794 0,6693 0,7267 0,7056 0,7693 0,7200 0,8252 0,8247 0,9004 0,8396
CD2. Acesso à escola 0,0983 0,1071 0,0767 0,0947 0,0805 0,0725 0,1293 0,1385 0,1271 0,1350 0,1773 0,2046
CD3. Progresso escolar 0,3710 0,3867 0,3589 0,3922 0,3638 0,3739 0,4141 0,4122 0,3631 0,3829 0,3837 0,4141
D6 – Condições Habitacionais 0,6856 0,6576 0,6308 0,6889 0,6732 0,6533 0,7546 0,7306 0,7173 0,6793 0,6636 0,6144
CH1. Propriedade 0,8910 0,8686 0,9239 0,8989 0,9139 0,9009 0,9075 0,9028 0,8030 0,7960 0,7887 0,7337
CH2. Déficit habitacional 0,8285 0,8440 0,7176 0,7278 0,8072 0,8224 0,9192 0,9321 0,8781 0,8775 0,8882 0,9069
CH3. Abrigabilidade 0,9455 0,9481 0,9245 0,9265 0,9212 0,9120 0,9848 0,9905 1,0000 0,9973 0,9729 0,9761
CH4. Acesso a abastecimento de água 0,4801 0,3670 0,3951 0,2768 0,5960 0,5454 0,3948 0,3455 0,3649 0,2442 0,2805 0,1405
CH5. Acesso à energia elétrica 0,9841 0,9766 0,9326 0,9169 0,9869 0,9775 0,9956 0,9971 0,9960 0,9934 0,9894 0,9873
CH6. Acesso a saneamento 0,7560 0,7392 0,7019 0,6932 0,7117 0,6973 0,8603 0,8258 0,8333 0,7862 0,7457 0,7232
CH7. Acesso à coleta de lixo 0,4053 0,3349 0,3229 0,9662 0,2937 0,2330 0,6934 0,5558 0,5847 0,5039 0,3895 0,2542
CH8. Acesso à internet 0,1944 0,1822 0,1279 0,1046 0,1553 0,1379 0,2812 0,2950 0,2785 0,2359 0,2536 0,1931
D7 – Consumo de Bens Duráveis 0,5743 0,5788 0,5039 0,4810 0,5222 0,5140 0,7162 0,7211 0,6535 0,6468 0,6503 0,6540
CC1. Acesso a fogão 0,9854 0,9807 0,9685 0,9645 0,9847 0,9737 0,9875 0,9968 0,9980 0,9908 0,9790 0,9901
CC2. Acesso à geladeira 0,9296 0,9073 0,7953 0,7311 0,9256 0,8973 0,9927 0,9766 0,9682 0,9719 0,9528 0,9582
CC3. Acesso à máquina de lavar 0,2320 0,2589 0,1668 0,1335 0,0839 0,0878 0,6168 0,5915 0,3911 0,3865 0,4415 0,4603
CC4. Acesso a microcomputador 0,1500 0,1682 0,0850 0,0947 0,0946 0,0973 0,2677 0,3193 0,2568 0,2379 0,2279 0,2074
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PNAD (2014)

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5. Considerações finais
O objetivo de todas as regiões é sempre a busca do melhoramento da qualidade de vida, e a redução
dos níveis de desigualdade e pobreza é um dos mecanismos utilizados. Por isso, torna-se
extremamente importante, para a criação e implementação de políticas públicas, o reconhecimento
dos agentes mais vulneráveis da sociedade. Neste trabalho, a desagregação do grau de
desenvolvimento das famílias segundo as sete dimensões selecionadas permite enriquecer o
conhecimento e a magnitude desse fenômeno.
A proporção de domicílios rurais chefiados por mulheres com maior grau de pobreza se eleva,
dependendo da região nas quais estão localizadas (Norte e Nordeste). Os cálculos do IDF para o
Brasil e suas as regiões permitiram afirmar que as maiores diferenças entre os níveis de
desenvolvimento dos domicílios dessas regiões em relação ao país encontram-se na ausência de
vulnerabilidade, desenvolvimento infantil, condições habitacionais e consumo de bens duráveis na
região Norte e no acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho e disponibilidade de recursos na
região Nordeste.
No primeiro aspecto da região Norte – ausência de vulnerabilidade –, seu baixo desempenho esteve
associado a maior proporção de crianças, adolescentes e jovens em seus domicílios. No segundo
aspecto, desenvolvimento infantil, o resultado insatisfatório foi devido ao baixo valor apresentado
pelo componente de acesso à escola, influenciado, sobretudo, pela grande proporção (99,09%) de
crianças de 7 a 17 anos fora da escola. Já com relação aos resultados apresentados pelos
componentes referentes às condições habitacionais, foram a falta de acesso à coleta de lixo e ao
abastecimento de água adequados os principais responsáveis pelo pífio desempenho da dimensão. O
baixo acesso ao microcomputador e à máquina de lavar nos domicílios dessa região foram as
principais causas do baixo desempenho apresentado pela dimensão consumo de bens duráveis.
Na região Nordeste o baixo resultado apresentado na dimensão acesso ao conhecimento, teve como
principal responsável o componente analfabetismo com a presença de adultos analfabetos e
analfabetos funcionais nesses domicílios. Já no que diz respeito ao acesso ao trabalho, foi a
remuneração recebida pelos ocupados desses domicílios o causador principal de seu baixo valor,
principalmente porque em apenas 39,3% desses domicílios havia pelo menos um ocupado com
rendimento superior a dois salários mínimos. Já a dimensão que calcula a disponibilidade de
recursos, teve baixo resultado em razão dos domicílios dessa região serem mais dependentes de
rendas oriundas de transferências.
No que concerne ao cálculo do IDF para as zonas rurais a incidência da pobreza feminina nos
domicílios chefiados por mulheres se mostraram muito mais vulneráveis daqueles chefiados por
homens nas zonas rurais.

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