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Mises Brasil - Dez motivos por que os governos sempre

fracassam
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Dez motivos por que os governos sempre fracassam

Por causa da própria natureza do estado, nem mesmo os ínclitos conseguiriam ser bem-
sucedidos

Sempre que um governo decepciona ou mesmo estraga a economia, ou sempre que


políticos e burocratas fracassam em cumprir o que prometeram — o que é uma
constante —, os defensores do estado prontamente se apresentam com a mesma
explicação de sempre: o problema será resolvido quando os eleitores votarem nas
pessoas certas para gerir o governo.

A lógica é imutável: os políticos vigentes não estão se esforçando o bastante, e precisam


ser mudados. Ou então os atuais políticos "são ruins e mal intencionados", e por isso
também têm de ser trocados.

Embora seja verdade que há uma enormidade de pessoas incompetentes e mal


intencionadas no governo (em qualquer governo), não é correto colocar toda a culpa
exclusivamente nas pessoas envolvidas. Com frequência, o fracasso estatal é uma
realidade irreversível, a qual já está enraizada na própria instituição do governo.

Em outras palavras, políticos e burocratas não são bem-sucedidos em cumprir suas boas
intenções simplesmente porque eles não têm como ser bem-sucedidos. É impossível. A
própria natureza do governo, a maneira como a máquina estatal funciona, é
naturalmente enviesada contra as genuínas boas intenções, impossibilitando o sucesso.

Eis aqui as dez razões.

I. Conhecimento
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Todas as políticas estatais sofrem da pretensão do conhecimento.

Para conseguirem efetuar uma intervenção bem-sucedida no mercado, políticos


necessariamente terão de saber mais do que é humanamente possível. O conhecimento
que existe no mercado não é algo centralizado, sistêmico, organizado e geral, mas sim
disperso, heterogêneo, específico e individual. Um punhado de políticos simplesmente
não tem como saber mais do que milhões de empreendedores, investidores e
consumidores interagindo diariamente no mercado, efetuando compras e vendas.

É impossível um punhado de políticos vislumbrarem uma falha nesta interação e, em


seguida, identificarem exatamente o que deve ser feito e como deve ser feito. Não
apenas não há os instrumentos para isso (o que classifica uma interação como sendo
uma "falha de mercado"?), como também, e pior ainda, não há um sistema de incentivos
que possibilite isso (o que o político pode fazer para levar a uma situação melhor, e que
não possa ser voluntariamente feito por empreendedores, investidores e
consumidores?).

Mas piora.

Diferentemente de uma economia de mercado, na qual há vários participantes


submetidos a um contínuo processo de tentativa e erro, a percepção e a subsequente
correção de erros praticados pelo estado sempre será limitada, pois o governo é um
monopólio, e monopólios não permitem uma fácil identificação de erros.
Adicionalmente, para o político, admitir um erro quase sempre é pior para sua
reputação do que insistir no erro — mesmo que isso vá contra seu próprio julgamento.

II. Assimetrias de informação

Embora também haja assimetrias de informação no mercado — por exemplo, entre a


seguradora e o segurado, ou entre o vendedor e o comprador de um carro usado —, a
assimetria de informação é mais profunda no setor público do que na economia privada.

No mercado, vários mecanismos que permitem mitigar ao máximo as informações


assimétricas surgem espontaneamente, pois tal atividade é lucrativa para
empreendedores. O mesmo não ocorre para o governo.

Ao passo que há, por exemplo, várias seguradoras e várias revendedoras de carros, há
apenas um governo. Os políticos que representam o estado não têm a pele em jogo, isto
é, eles não pagam pelos erros. Consequentemente, eles não têm por que despender
muitos esforços para investigar e evitar assimetrias de informação. Ao contrário:
políticos são tipicamente ansiosos para fornecer fundos não para aqueles que mais
precisam deles, mas sim para aqueles que são mais relevantes dentro do jogo do poder
político.

III. Deslocando o setor privado

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Intervenções estatais não apenas não eliminam aquilo que parecem ser deficiências de
mercado, como também criam essas próprias deficiências ao deslocarem o setor privado
da área. Fenômeno tecnicamente conhecido como crowding-out, ele ocorre quando o
aumento do envolvimento do governo em um setor da economia afeta sobremaneira o
resto do mercado, tanto no lado da oferta quanto da demanda.

Se, por exemplo, não houvesse uma dominância estatal nas áreas de saúde e assistência
social, hospitais de entidades religiosas e instituições de caridade preencheriam a
lacuna, como de fato ocorria antes de o governo usurpar estas atividades. (Eis o melhor e
mais sucinto artigo ilustrando este fenômeno).

O deslocamento do setor privado por meio de políticas estatais é algo que ocorre
continuamente porque os políticos sabem que irão conseguir votos ao oferecerem
serviços públicos adicionais — mesmo com a inevitável consequência de que a
administração pública não irá melhorar, mas sim deteriorar o setor.

IV. Diferença entre diagnóstico e efeito das medidas

Há um enorme intervalo de tempo entre o diagnóstico do problema e os efeitos da


intervenção estatal.

O processo governamental está preocupado com o poder, e sua antena captura apenas
aqueles sinais que são relevantes para o jogo do poder. Somente quando um assunto
estiver suficientemente politizado ele terá a atenção do governo. Ato contínuo, soluções
serão estudadas. Após o assunto receber atenção e ser diagnosticado, outra demora
ocorrerá até que as autoridades encontrem um consenso em relação a como abordar o
problema político. E então haverá nova demora até que os meios políticos adequados
encontrem o necessário apoio da opinião pública.

Após as medidas serem finalmente implantadas, um novo intervalo de tempo ocorrerá


até que elas apresentem seus efeitos (os quais, como discutido nos itens e I e II, não irão
funcionar como previsto).

O intervalo de tempo entre a articulação de um problema e o efeito das medidas


adotadas é tão longo, que a natureza do problema original e seu contexto já serão
fundamentalmente diferentes.

Dois exemplos recentes de políticas intervencionistas desastradas.

a) Governo decide que deve facilitar a aquisição de caminhões. Ato contínuo, direciona
maciços subsídios para o setor, facilitando a aquisição de caminhões por caminhoneiros.
Número de caminhões em circulação aumenta e, consequentemente, preço do frete cai.
Tempos depois, o preço do diesel dispara. Caminhoneiros ficam insatisfeitos e
protestam. O governo então decreta subsídios e preços mínimos de frete para ajudar
caminhoneiros. Os subsídios pioram as contas do governo (o que em nada ajuda o
câmbio) e a tabela do frete faz com que caminhoneiros enfrentem novas dificuldades.

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b) Governo resolve fazer populismo fácil e diz que as contas de luz estão altas (sendo
que não estão), decretando intervenção no setor, com controle de preços, subsídios e
revisão de contratos. Como consequência, investimentos desabam, distribuidoras ficam
insolventes, oferta escasseia, preço sobe e o Tesouro tem de arcar com tudo. Após um
tempo, a medida se torna insustentável para as contas públicas e os preços são
reajustados para níveis mais realistas, disparando até 80% de uma só vez.

Não é surpresa nenhuma que os resultados das intervenções estatais, o que inclui a
política monetária, não apenas passem longe dos objetivos originais, como ainda geram
o resultado oposto do intencionado.

V. A criação de privilégios

A intervenção estatal cria o fenômeno do rent seeking — ou "busca pela renda" —, que
nada mais é do que a atividade de conquistar privilégios e benefícios não pelo mercado,
mas pela influência política. Neste arranjo, produtores concorrem entre si para ganhar
favores de políticos, e não para oferecer a clientes produtos e serviços melhores ou mais
baratos. O grosso do lucro advém de privilégios garantidos junto ao governo e não da
oferta de bens e serviços aos consumidores.

Crédito subsidiado, patrocínios estatais, tarifas de importação que criam reservas de


mercado, agências reguladoras que cartelizam o mercado e dificultam a entrada de
novos concorrentes, regulamentações profissionais que aumentam a barreira de
entrada de novos concorrentes, pensões, e contratos superfaturados — tudo isso são
exemplos de privilégios que criam o rent seeking.

Em uma democracia, há uma constante pressão para se acrescentar novos privilégios


aos já existentes com o intuito de ganhar apoio eleitoral e votos. Essa criação de novos
privilégios, obviamente, expande o número de pessoas que irão se organizar para se
beneficiar destes privilégios. Ao longo do tempo, a distinção entre corrupção e conduta
decente e legal vai desaparecendo.

Quanto mais o governo cede no campo dos privilégios e incentiva o rent seeking, mais o
país se torna vítima do corporativismo, do clientelismo, da corrupção e da má alocação
de recursos.

VI. As trocas de favores

A teoria da Escolha Pública rotulou este fenômeno de logrolling ("rolamento de troncos").


No Brasil, ele ficou popularizado como tomá-lá-dá-cá.

Tal fenômeno nada mais é do que as trocas de favores entre facções políticas com o
intuito de que os projetos defendidos por uma facção sejam aprovados em troca do
apoio desta facção aos projetos da outra facção.

Esta conduta, obviamente, gera uma contínua expansão da atividade estatal.

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Por meio desta troca de favores, um grupo de deputados apóia legislações criadas por
outro grupo de deputados em troca de terem o apoio político deste outro grupo para
seus próprios projetos. Este comportamento gera o fenômeno da "inflação legislativa", a
avalanche de leis inúteis, contraditores e deletérias, as quais só fazem emperrar a
produtividade e a criação de riqueza do país.

VII. O Bem Comum

O tão venerado "bem comum" não é um conceito bem definido. Termos similares, como
"bens públicos", os quais são definidos como bens não-rivais e não-excludentes, erram o
alvo porque não é o bem que é 'comum' ou 'público', mas sim seu fornecimento, o qual é
considerado mais eficiente quando feito pelo esforço coletivo em vez de pelo individual.

Entretanto, este raciocínio vale para todos os bens . Não faz sentido lógico dizer que o
mercado é melhor para fornecer alimentos, mas pior para fornecer iluminação de ruas.
O próprio mercado é um sistema que fornece bens privados por meio de esforços
cooperativos. A economia de mercado é uma fornecedora coletiva bens, pois ela
combina competição com cooperação. Qualquer um dos chamados "bens públicos", que
são fornecidos pelo governo, também podem ser fornecidos pelo setor privado, e de
maneira mais barata e mais eficiente.

Ao contrário do estado, a cooperação em uma economia de mercado inclui também a


concorrência. Sendo assim, havendo concorrência e cooperação, não só a eficiência
econômica mas também os incentivos para se inovar são muito maiores.

VIII. A captura regulatória

O termo captura regulatória denota uma falha governamental que ocorre quando a
agência reguladora, em vez de perseguir seu objetivo original de promover o "interesse
público", se torna vítima dos grupos de interesse formados exatamente por aqueles
setores que a agência deveria regular.

A captura do corpo regulatório por grupos de interesse significa que a agência, em vez de
fiscalizar e regular, passa a ser usada para defender e promover os interesses especiais
dos setores que eram o alvo da regulação. Para este propósito, os grupos de interesse
irão fazer lobby para a aprovação de regulações extras que irão, de um lado, afetar o
surgimento de concorrentes e, de outro, garantir fiscalizações mais lenientes sobre si
próprios.

Veja aqui e aqui dois artigos ilustrativos sobre isso.

IX. Não há visão de longo prazo

O máximo horizonte temporal político é a próxima eleição.

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Em seu esforço para garantir que os benefícios das medidas políticas sejam rapidamente
sentidos por sua base eleitoral, o político irá favorecer projetos populistas de curto prazo
em detrimento de projetos sensatos de longo prazo. Os benefícios dos projetos sensatos
de longo prazo (como reforma da previdência e flexibilização das leis trabalhistas) não só
demoram a aparecer, como também seus custos imediatos são mais palpáveis. Já os
projetos de curto prazo (aumento de gastos e aumento da dívida pública) podem trazer
aparentes benefícios imediatos, mas seus custos futuros serão enormes.

No longo prazo, quando os efeitos nocivos se manifestarem, o político não mais estará
lá.

Dado que as medidas que visam ao curto prazo rompem o elo entre o beneficiário
(geração atual) e aquele que arca com os custos (a geração futura), a preferência
temporal por medidas populistas que aparentemente são benéficas no curto prazo (mas
trágicas no longo prazo) se torna irresistível.

X. A ignorância racional

É racional que o indivíduo eleitor, em uma democracia de massa, queira se manter alheio
em relação aos assuntos políticos, pois o valor do voto individual é tão pequeno, que
praticamente não faz diferença no resultado final. O eleitor racional irá votar naqueles
candidatos que prometam os maiores benefícios em troca dos menores esforços.

Dado o pequeno peso de um voto individual em uma democracia de massas, o eleitor


racional não irá dedicar muito tempo e esforço para investigar se as promessas são
realistas ou se estão em colisão com seus outros desejos. Ele apenas irá para aquele que
soar mais belo. Consequentemente, as campanhas políticas não têm o objetivo de ser
informativas e educativas, mas sim de desinformarem, serem confusas e causarem
discórdia. O que vale, no fim, é conseguir votos.

Não é a solidez do programa o que conta, mas sim o entusiasmo que um candidato
pode criar junto a seus apoiadores (bem como o quanto ele pode caluniar seus
oponentes). Como consequência, as campanhas eleitorais sempre incitam o ódio, a
polarização e o desejo de vingança.

E isso é o oposto do que faz uma economia de mercado — que se baseia na produção,
na cooperação e na satisfação de demandas — prosperar e enriquecer.

6/9
Antony Mueller

é doutor pela Universidade de Erlangen-Nuremberg, Alemanha


(FAU) e, desde 2008, professor de economia na Universidade
Federal de Sergipe (UFS), onde ele atua também no Centro de
Economia Aplicada. Antony Mueller é fundador do The
Continental Economics Institute (CEI) e mantém em português os
blogs Economia Nova e Sociologia econômica.

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