fracassam
mises.org.br/Article.aspx
Por causa da própria natureza do estado, nem mesmo os ínclitos conseguiriam ser bem-
sucedidos
Em outras palavras, políticos e burocratas não são bem-sucedidos em cumprir suas boas
intenções simplesmente porque eles não têm como ser bem-sucedidos. É impossível. A
própria natureza do governo, a maneira como a máquina estatal funciona, é
naturalmente enviesada contra as genuínas boas intenções, impossibilitando o sucesso.
I. Conhecimento
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Todas as políticas estatais sofrem da pretensão do conhecimento.
Mas piora.
Ao passo que há, por exemplo, várias seguradoras e várias revendedoras de carros, há
apenas um governo. Os políticos que representam o estado não têm a pele em jogo, isto
é, eles não pagam pelos erros. Consequentemente, eles não têm por que despender
muitos esforços para investigar e evitar assimetrias de informação. Ao contrário:
políticos são tipicamente ansiosos para fornecer fundos não para aqueles que mais
precisam deles, mas sim para aqueles que são mais relevantes dentro do jogo do poder
político.
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Intervenções estatais não apenas não eliminam aquilo que parecem ser deficiências de
mercado, como também criam essas próprias deficiências ao deslocarem o setor privado
da área. Fenômeno tecnicamente conhecido como crowding-out, ele ocorre quando o
aumento do envolvimento do governo em um setor da economia afeta sobremaneira o
resto do mercado, tanto no lado da oferta quanto da demanda.
Se, por exemplo, não houvesse uma dominância estatal nas áreas de saúde e assistência
social, hospitais de entidades religiosas e instituições de caridade preencheriam a
lacuna, como de fato ocorria antes de o governo usurpar estas atividades. (Eis o melhor e
mais sucinto artigo ilustrando este fenômeno).
O deslocamento do setor privado por meio de políticas estatais é algo que ocorre
continuamente porque os políticos sabem que irão conseguir votos ao oferecerem
serviços públicos adicionais — mesmo com a inevitável consequência de que a
administração pública não irá melhorar, mas sim deteriorar o setor.
O processo governamental está preocupado com o poder, e sua antena captura apenas
aqueles sinais que são relevantes para o jogo do poder. Somente quando um assunto
estiver suficientemente politizado ele terá a atenção do governo. Ato contínuo, soluções
serão estudadas. Após o assunto receber atenção e ser diagnosticado, outra demora
ocorrerá até que as autoridades encontrem um consenso em relação a como abordar o
problema político. E então haverá nova demora até que os meios políticos adequados
encontrem o necessário apoio da opinião pública.
a) Governo decide que deve facilitar a aquisição de caminhões. Ato contínuo, direciona
maciços subsídios para o setor, facilitando a aquisição de caminhões por caminhoneiros.
Número de caminhões em circulação aumenta e, consequentemente, preço do frete cai.
Tempos depois, o preço do diesel dispara. Caminhoneiros ficam insatisfeitos e
protestam. O governo então decreta subsídios e preços mínimos de frete para ajudar
caminhoneiros. Os subsídios pioram as contas do governo (o que em nada ajuda o
câmbio) e a tabela do frete faz com que caminhoneiros enfrentem novas dificuldades.
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b) Governo resolve fazer populismo fácil e diz que as contas de luz estão altas (sendo
que não estão), decretando intervenção no setor, com controle de preços, subsídios e
revisão de contratos. Como consequência, investimentos desabam, distribuidoras ficam
insolventes, oferta escasseia, preço sobe e o Tesouro tem de arcar com tudo. Após um
tempo, a medida se torna insustentável para as contas públicas e os preços são
reajustados para níveis mais realistas, disparando até 80% de uma só vez.
Não é surpresa nenhuma que os resultados das intervenções estatais, o que inclui a
política monetária, não apenas passem longe dos objetivos originais, como ainda geram
o resultado oposto do intencionado.
V. A criação de privilégios
A intervenção estatal cria o fenômeno do rent seeking — ou "busca pela renda" —, que
nada mais é do que a atividade de conquistar privilégios e benefícios não pelo mercado,
mas pela influência política. Neste arranjo, produtores concorrem entre si para ganhar
favores de políticos, e não para oferecer a clientes produtos e serviços melhores ou mais
baratos. O grosso do lucro advém de privilégios garantidos junto ao governo e não da
oferta de bens e serviços aos consumidores.
Quanto mais o governo cede no campo dos privilégios e incentiva o rent seeking, mais o
país se torna vítima do corporativismo, do clientelismo, da corrupção e da má alocação
de recursos.
Tal fenômeno nada mais é do que as trocas de favores entre facções políticas com o
intuito de que os projetos defendidos por uma facção sejam aprovados em troca do
apoio desta facção aos projetos da outra facção.
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Por meio desta troca de favores, um grupo de deputados apóia legislações criadas por
outro grupo de deputados em troca de terem o apoio político deste outro grupo para
seus próprios projetos. Este comportamento gera o fenômeno da "inflação legislativa", a
avalanche de leis inúteis, contraditores e deletérias, as quais só fazem emperrar a
produtividade e a criação de riqueza do país.
O tão venerado "bem comum" não é um conceito bem definido. Termos similares, como
"bens públicos", os quais são definidos como bens não-rivais e não-excludentes, erram o
alvo porque não é o bem que é 'comum' ou 'público', mas sim seu fornecimento, o qual é
considerado mais eficiente quando feito pelo esforço coletivo em vez de pelo individual.
Entretanto, este raciocínio vale para todos os bens . Não faz sentido lógico dizer que o
mercado é melhor para fornecer alimentos, mas pior para fornecer iluminação de ruas.
O próprio mercado é um sistema que fornece bens privados por meio de esforços
cooperativos. A economia de mercado é uma fornecedora coletiva bens, pois ela
combina competição com cooperação. Qualquer um dos chamados "bens públicos", que
são fornecidos pelo governo, também podem ser fornecidos pelo setor privado, e de
maneira mais barata e mais eficiente.
O termo captura regulatória denota uma falha governamental que ocorre quando a
agência reguladora, em vez de perseguir seu objetivo original de promover o "interesse
público", se torna vítima dos grupos de interesse formados exatamente por aqueles
setores que a agência deveria regular.
A captura do corpo regulatório por grupos de interesse significa que a agência, em vez de
fiscalizar e regular, passa a ser usada para defender e promover os interesses especiais
dos setores que eram o alvo da regulação. Para este propósito, os grupos de interesse
irão fazer lobby para a aprovação de regulações extras que irão, de um lado, afetar o
surgimento de concorrentes e, de outro, garantir fiscalizações mais lenientes sobre si
próprios.
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Em seu esforço para garantir que os benefícios das medidas políticas sejam rapidamente
sentidos por sua base eleitoral, o político irá favorecer projetos populistas de curto prazo
em detrimento de projetos sensatos de longo prazo. Os benefícios dos projetos sensatos
de longo prazo (como reforma da previdência e flexibilização das leis trabalhistas) não só
demoram a aparecer, como também seus custos imediatos são mais palpáveis. Já os
projetos de curto prazo (aumento de gastos e aumento da dívida pública) podem trazer
aparentes benefícios imediatos, mas seus custos futuros serão enormes.
No longo prazo, quando os efeitos nocivos se manifestarem, o político não mais estará
lá.
Dado que as medidas que visam ao curto prazo rompem o elo entre o beneficiário
(geração atual) e aquele que arca com os custos (a geração futura), a preferência
temporal por medidas populistas que aparentemente são benéficas no curto prazo (mas
trágicas no longo prazo) se torna irresistível.
X. A ignorância racional
É racional que o indivíduo eleitor, em uma democracia de massa, queira se manter alheio
em relação aos assuntos políticos, pois o valor do voto individual é tão pequeno, que
praticamente não faz diferença no resultado final. O eleitor racional irá votar naqueles
candidatos que prometam os maiores benefícios em troca dos menores esforços.
Não é a solidez do programa o que conta, mas sim o entusiasmo que um candidato
pode criar junto a seus apoiadores (bem como o quanto ele pode caluniar seus
oponentes). Como consequência, as campanhas eleitorais sempre incitam o ódio, a
polarização e o desejo de vingança.
E isso é o oposto do que faz uma economia de mercado — que se baseia na produção,
na cooperação e na satisfação de demandas — prosperar e enriquecer.
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Antony Mueller
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comentários
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