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IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: 10 a 12 de novembro de 2010

EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS UFS – Itabaiana/SE, Brasil

O PRECONCEITO E A DISCRIMINAÇÃO RACIAL

Andréa Tavares de Jesus (UFS)1


Edson Nunes de Souza(UFS)2
Fábio Ferreira Santos (UFS)3

RESUMO:

O presente trabalho, tem o objetivo de analisar a situação atual da população dos negros em
três diferentes países , Brasil, África do Sul e EUA.Esta analise tem como parâmetro,
identificar de que maneira se perpetuam as relações discriminatórias seja em relação ao
emprego , ao sistema educacional ou até a posição do negro dentro da política.Além disso,
mostrar que a pesar de existir leis que punem os infratores de preconceito e discriminação
racial, percebe-se que , no nosso dia a dia utilizamos termos pejorativos quando nos
referirmos a indivíduos de pele negra como “seu negrinho”.
A busca por incluir além do Brasil, a África do Sul é que a pesar de ser um continente de
maioria negra vivenciou e vivencia o “apartheid” de forma a discriminar a posição política,
social e econômica dos negros na sociedade e ao mesmo tempo ainda continua perpetuando
relações escravocratas como é o caso de Serra Leoa. Já em relação aos E.U.A, é demonstrar
as praticas de segregação racial que ele realiza seja através de bairros negros e isolados ,
seja na utilização de transportes públicos que há uma separação de pessoas dentro do veiculo,
ou ainda dentro das escolas .E vai muito além, quando nos direcionamos para a discriminação
em relação a migração de pessoas de países pobres para os países ricos .

Palavras-Chaves: Preconceito; Discriminação racial.

II- A DISCRIMINAÇÃO RACIAL NO BRASIL:

1
-Graduada no curso de licenciatura em Geografia pela Universidade federal de Sergipe campus professor Alberto carvalho
em Agosto de 2010.Participou do projeto Movimentos sociais , políticas publicas e de Reforma Agrária e desenvolvimento
Rural no Estado de Sergipe sob orientação do doutor Marco Antonio Mitidiero Junior assim como do projeto Geografia e
literatura que tem como pano de fundo a historia de Jeca-Tatu sob orientação da doutora Ana Rocha e projeto fazendo
projetos de pesquisa sob orientação da professora Josefa Lisboa.Fui monitora junto ao Laboratório de Ensino nas disciplinas
HPG e Metodologia de Ensino em Geografia.E-mail:andreatdj@yahoo.com.br
2
-Graduando do curso de Serviço social pela Universidade Federal de Sergipe.e-mail;edsondeda@itnet.com.br
3
- Graduado no curso de licenciatura em Geografia pela Universidade federal de Sergipe campus professor Alberto carvalho
em Agosto de 2010.Participou do projeto Movimentos sociais , políticas publicas e de Reforma Agrária e desenvolvimento
Rural no Estado de Sergipe sob orientação do doutor Marco Antonio Mitidiero Junior assim como do projeto Geografia e
literatura que tem como pano de fundo a historia de Jeca-Tatu sob orientação da doutora Ana Rocha e projeto fazendo
projetos de pesquisa sob orientação da professora Josefa Lisboa.E-mail:fabinhoufs@gmail.com

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Alguns afirmam que o Brasil é o melhor exemplo mundial de democracia racial.

Porém, há aqueles que denunciam tal idéia como um mito, o chamado mito das três raças, que

acaba camuflando as grandes desigualdades sociais e econômicas. Enfim, pode-se acreditar

que o Brasil seja realmente uma democracia racial ou melhor porque falarmos de branco ou

negro se a população brasileira é fruto da miscigenação?

Para entendermos que tipo de “democracia” é essa, no texto “O retrato do Brasil

(2000)” é bastante ilustrativo quando mostra que: “A idéia da igualdade racial cai por terra

na pesquisa do IBGE. Em relação a escolaridade, renda e oportunidades de trabalho, os

brancos levam nítida vantagem em relação as pessoas de cor parda e negra

independentemente da região brasileira. O nível de analfabetismo entre brancos é de 8,4% e

entre pardos e negros , cerca de 20%.-a media nacional é de 13,8%.Quanto a renda , 15% das

famílias brancas têm rendimentos acima de cinco salários mínimos mensais , contra apenas

3% de pardos e negros .A media de ganho salarial é de R$ 845,60 para um branco ,R$ 409,21

para um negro e R$ 394,11 para um pardo.

O preconceito racial- como também outros tipos de preconceito-infelizmente, fazem

parte do cotidiano. Ele se expressa nas piadas que inferiorizam o negro, em campanhas

publicitárias que o excluem, nos estereótipos veiculados pelos meios de comunicação de

massa.

Além deste texto, o economista Marcelo Paixão fala que “O Brasil branco recebe,

portanto, uma renda 2.86 superior ao Brasil negro. É um exercício para pensar como a

desigualdade e pobreza no Brasil tem um evidente componente racial.”(apud MUNANGA e

GOMES , p.171,2006)

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È preciso perceber que este tipo de desigualdade social foi construída e reforçada ao

longo do processo histórico, político e social do país. Neste caso, existe um enorme abismo

racial quando nos referirmos às condições de vida, emprego, escolaridade entre os brancos e

negros. Isto comprova que existe uma grande desigualdade racial em nosso país que se soma a

exclusão social.

Não há como dissociar as origens e o desenvolvimento das culturas afro-brasileiras

do regime escravocrata que imperou no Brasil durante mais de três séculos. A substituição

dos indígenas pelo africano foi muito rendosa. O africano era tratado como mercadoria, um

objeto de interesse das pessoas que os capturavam e os vendiam e também daqueles que o

utilizava como mão - de- obra nas minas , plantações de cana e café. Então, os negros

encontraram dificuldades para manter sua identidade e estrutura social devido a violência que

sofriam pelos “senhores “.As mulheres negras além de serem objetos de uso sexual nos

casarões , eram elas que amamentavam os filhos dos brancos e tomavam conta das atividades

domésticas .Devido essa condição , muitas escravas ao engravidarem preferiam suicidar-se

para que seus filhos não tornassem escravos. Sem contar que o processo de Industrialização

obrigou que os escravos fossem libertos a fim de possuírem pessoas que pudessem consumir

seus produtos, mas uma vez permaneceu na miséria, abandonados e excluídos de emprego,

moradia...

A única forma de se libertar de tal condição foi à formação de quilombos. Isso é

verificado em ANJOS (2000) quando diz que “È importante não perder de vista as varias

formas de resistência criada pelos povos negros e configuradas na forma de lutas urbanas e

rurais, nas quais vamos destacar os quilombos que foram espalhados pelo território brasileiro

e onde os negros escravizados se agrupavam e se rebelavam contra o sistema escravista.”

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Já hoje, esses que vivem em quilombos se baseiam na constituição de 1988 para

reconhecerem o direito à posse de terras. Os quilombos segundo a constituição têm que se

reconhecerem enquanto negros para as verbas publicas possam vir, só que o interessante é

que, porque só hoje tem que se ter uma identidade?O sistema de cotas é um direito para os

negros ou acaba “excluindo” de forma mascarada a partir da discussão das políticas

afirmativas?E porque os descendentes dos quilombolas não são tratados como cidadãos, ou

seja, porque o negro /índio ainda enfrentam conflito para poder ter direito ao reconhecimento

de suas terras?Isso pode ser explicada por KRAJEWSKI et al:

A existência de recursos minerais nessas áreas, a execução de projetos de


aproveitamento hidroelétrico de rios e a demora na tramitação de
documentos /grilagem dificultam o reconhecimento da posse de terras, além
de gerar conflitos. A historia da exclusão de descendentes de escravos e dos
povos indígenas da posse da terra ocorreu paralelamente a da concentração
fundiária no Brasil.(2005, p.339)

Percebemos que todo esse preconceito e termo como “raça” foram criadas social-

política e culturalmente dentro de cada processo histórico. Isso porque aprendemos ver negros

e brancos como diferentes porque fomos educados e socializados a ponto destas diferenças

serem absorvidas nas nossas relações. E porque uma pessoa só por ter uma pigmentação da

pele mais escura tem que ser inferior?Isso é respondido por MUNANGA e

GOMES:“Vivemos em um país com uma estrutura racista que precisa ser superada e porque o

histórico da escravidão ainda afeta negativamente a vida, a trajetória e inserção social dos

descendentes de africanos em nosso país.” (p.176, 2006).

Ainda para esses autores:

È por isso que dizemos que as diferenças mais do que dados da natureza, são
construções sociais, culturais e políticas. Aprendemos desde crianças a olhar

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a diversidade humana - ou seja-as nossas semelhanças e dessemelhanças-a


partir das particularidades diferentes formas do corpo , cores de pele ,
cabelo, olhos...nem sempre percebemos que aprendemos a ver as diferenças
e as semelhanças de forma hierarquizada.(ibid,p.178,2006)

Enquanto o termo “raça” atrai um conceito negativo, visto a expansão do nazismo,

expansão marítima que extinguiram povos em prol de uma “raça superior” alguns estudiosos

preferem chamar etnia. Isto porque não conota o sentido biológico atribuído a raça. Neste

sentido, tira a idéia de que existe uma raça superior e inferior. Durante muitos anos o termo

“raça” foi utilizado como sinônimo de dominação de povos em detrimento de outros.

O racismo, então, é um comportamento que provoca a ação de determinadas pessoas

se sentirem superiores e inferiores. Um bom exemplo disto foi às teorias raciais que serviram

para justificar a escravidão no século XIX, exclusão dos negros e discriminação racial. O

racismo é propagado de duas formas: o racismo individual e o institucional. O individual é

quando o individuo comete atos de agressões, violência, assassinato, já o institucional são

praticas discriminatórias fomentadas pelo Estado de forma indireta. Isso pode ser sentido a

partir da segregação dos negros em bairros, escolas, empregos. Este tipo de pratica é vista nos

livros didáticos, meios de comunicação, novelas, propagandas.

Quando se entrevista pessoas nas ruas brasileiras indagando se elas são

preconceituosas, logo vem a resposta que não. Só que infelizmente, faz parte do nosso

cotidiano. Ele, o preconceito, se expressa nas piadas que inferiorizam o negro. Como em

certos ditos populares: ”é preto, mas tem alma de branco; refrões musicais como o teu cabelo

não nega, mulata, porque tu és mulata na cor... revelam até que ponto a sociedade brasileira

está impregnada de um racismo disfarçado. A musica negra como o samba no Brasil ou o

Blues nos E .U.A , sempre refletiu a condição social do povo negro assim como o candomblé

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é uma religião que sofreu e sofre discriminação .Se bem que uma forma de continuar as

crenças, foi associá-la com as divindades da Igreja católica .

Discriminar pode ser considerado uma pratica do racismo e efetivação do

preconceito. A pesar da constituição não “admitir” que o cidadão não pode ser excluído por

sexo, raça, cor, religião, algumas pessoas negras praticam crenças religiosas sofrem o

processo de discriminação. Então é preciso que exista uma legislação que proteja os direitos

humanos, punindo no ato da discriminação e crime para o racismo, mas, além disso, é preciso

que haja uma re-educação da nossa sociedade.

Infelizmente, nem todos sabem que existe uma legislação penal. Essa legislação vem

sendo aperfeiçoada na medida em que recebem denuncias processos na justiça e pessoas

condenadas. Segundo MUNANGA e GOMES existem estes artigos:

 Código penal art.140, parágrafo 3º-injuria discriminatória;


 Lei 7.716/89-crime de racismo
 Lei 7.347/85-ação civil publica
 Lei 9.455/97-lei contra tortura
 Lei 10.639/03-obrigatoriedade da inclusão da historia da África e cultura afro -
brasileira no currículo escolar;
 Arts 927 a 954- danos morais (pp.185-186)

Ainda sobre as leis, CASTELLAR e MAESTRO falam sobre a constituição da

Republica Federativa do Brasil:

Art.3º constituem objetivos fundamentais :


I- Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II- Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

III- Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.

Art 4º

VIII - Repudio ao terrorismo e ao racismo. (p.27, 2001)

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III-O PROCESSO DE MISCIGENAÇÃO BRASILEIRA DURANTE O

SECULO XVIII

Quando o Brasil começou a ser pensada enquanto unidade territorial de um mesmo

povo , língua vieram alguns estudiosos franceses como Antonil e Gobineau a fim de observar

como estava formado o povo brasileiro.Então , no século XVIII , Antonil percebeu que a

sociedade brasileira estava dividida entre senhores e escravos disse:”O Brasil é um inferno

para os negros , um purgatório para os brancos e um paraíso para os mulatos”.

Nesta fala de Antonil, percebemos que o problema maior que se observou foi à

mistura ou miscigenação das raças. Segundo este, a miscigenação é um certificado que havia

um fim enquanto povo.

Mas isso não se restringiu a Antonil. Gobineau fez uma previsão de que o Brasil

levaria menos de 200 anos para se acabar como povo. O problema não era na existência de

raças diferentes, desde que essas raças não se misturassem. Nesta teoria racista, as pessoas

diferentes são vistas e classificadas como pertencendo a espécies diferentes. Dai surgiu à

palavra mulato que quer dizer aquele que é incapaz de reproduzir enquanto tal, pois é

resultado de cruzamento de tipos genéticos diferenciados. Neste contexto, e para da

legitimidade vemos AGASSIZ opinando: Qualquer um que duvida dos males dessa mistura

de raças, e se inclina, por mal-entendida filantropia, a botar abaixo todas as barreiras que as

separam, venha ao Brasil. Não poderá negar a deteriorização decorrente do amalgama de

raças mais geral,aqui do que em qualquer outro pais do mundo e que vai apagando

rapidamente as melhores qualidades do branco , negro e do índio.

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Essa associação da miscigenação brasileira foi feita sobre a forma de como o povo

dos E. U.A estavam classificados apenas entre brancos e negros. Isso porque nos E. U.A a

legislação obriga a descobrir a arvore genealógica do individuo até a oitava posição, ou seja,

aquilo que a lei chama de “sangue negro” nas veias de pessoas de cor branca. Nos E. U.A o

cidadão ou é branco ou negro não existe intermediário mesmo que ela tenha a aparência

externa branca. Desse modo, o preconceito brasileiro é mais camuflado que o norte –

americano que é direto e formal. Isto é percebido nos E.U. A através de segregação de certas

áreas urbanas, escolas, restaurantes...

IV-O CASO DA AFRICA DO SUL: A exclusão social dos negros

Por mais incrível que pareça, o continente africano vive/vivenciou o

preconceito/exclusão através da apartheid-regime político que vigorou de 1948-1990, onde

apenas a minoria branca exercia direitos políticos ,econômicos e sociais excluindo a maioria

negra .

Este movimento foi gerado quando os colonos europeus “colonizaram” e formaram

grandes latifúndios e escravizaram membros de diversas etnias. Estes colonos tinham ideais

calvinistas as quais justificavam a dominação dos brancos sobre a população negra local,de

certa forma foi responsável pela gênese do apartheid .

Este tipo de política negava a maioria negra do direito de voto e participação política

em geral. Baseado nisso, criou-se áreas especificas para abrigar negros, verdadeiros bolsões

de mão – de –obra barata, completamente segregados, e que aumentaram ainda mais o fosso

entre brancos e negros.

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O crescimento econômico dos pais colocou a política segregacionista da África do

Sul numa encruzilhada. Isso porque a população negra se aglomerou nas periferias das

metrópoles brancas. Essas periferias negras não possuíam infra-estrutura de água , esgoto

,educação e saúde ,agravando a pobreza da população negra .Com isso tornou-se uma

situação política explosiva .Isso é exemplificado em KRAJEWSKI et AL:

O episódio conhecido como massacre de Soweto é um retrato daquela época


.Com cerca de um milhão de habitantes ,Soweto era uma periferia negra nos
arredores de Joanesburgo .Por determinação do governo local , as línguas
dos grupos étnicos negros eram proibidas nas escolas ,onde se ensinava o
Africânder.(2005,p.143)

A pesar de ter ocorrido vários conflitos, a África do sul ainda possui resquícios deste

período .Isso porque a desigualdade social ainda persiste.

V-FIM DO ESCRAVISMO E A PERPETUAÇÃO DE RELAÇÕES

ESCRAVOCRATAS: O CASO DE SERRA LEOA

Como sabemos o escravismo agora passa a receber uma nova face. Ele é sentido a

partir da exploração do trabalhador nas monoculturas, através do trabalho infantil e de

mulheres nas carvoarias... Mas o que queremos mostrar é que dentro do sistema capitalista,

este tipo de relação se perpetua e pior do que isso, de uma forma mais perversa. Um ponto

que pode ser comparado ao período da escravidão: é quando o negro acaba capturando seu

próprio povo a fim de vendê-lo para os “colonizadores”. Este tipo de relação ainda é vista

atualmente no continente africano, mas especificamente em Serra Leoa. Como sabemos o

continente africano é rico em recursos minerais e neste caso Serra Leoa é riquíssima na

produção de diamantes .Para extrair este tipo de minério , ocorre um tipo de FARC, composta

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por negros,que capturam povos negros em aldeias a fim de trabalharem de forma escrava nas

minas .Além disso, as aldeias são destruídas , as mulheres e crianças quando não são

estrupadas são assassinadas ou ainda no caso das crianças são seqüestradas para que se

tornem guerrilheiras .

Levando em consideração a pratica escravista, o negro trabalha nas minas sem

nenhum tipo de equipamento e se tentar esconder alguma pedra de diamante são assassinados

ou cortam as suas mãos. Essa é uma forma de “lição” para os demais.

Para explicarmos toda essa relação basta colocarmos essa guerra civil dentro do

mercado globalizado, ou seja , um dos maiores mercados compradores do diamante são os

EUA .Para isso , os E.U.A acabam incentivando a criação de FARCS contra o governo

africano e que de certa forma criam suas próprias leis .Em detrimento , o exercito financia o

escoamento de armas para acentuar as guerras civis e este mesmo exercito enfrenta as FARCS

ao lado do governo. Tudo isso é uma estratégia geopolítica dos E.U.A a fim de manipular

/explorar os recursos minerais através do trabalho escravo assim como “afrouxar” a soberania

nacional da África onde através das fronteiras ocorrem o escoamento de diamantes de forma

clandestina .Uma boa opção para visualizarmos tudo isso é através do filme :Diamante de

Sangue.

VI- A FORMAÇÃO DE GUETOS NAS CIDADES E A EXCLUSÃO SOCIAL

Quando nos remetemos à palavra gueto logo nós associamos ao processo

segregacionista da sociedade norte-americana. Durante anos, a área central foi segregada por

raça, classe. O que contribuiu para que surgissem inúmeras políticas governamentais como

um local oportuno para os debates político além de abrir um leque de opções de objeto de

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estudo para a sociologia urbana. É interessante, desmistificar que os guetos do centro das

cidades podem ser formados por negros ou ainda pelos latinos , onde estes últimos servem

como mão – de- obra nos países desenvolvidos daí estes países possuírem uma política

migratória xenófoba que “temem” o avanço dos “pobres” dentro do seu pais .Um exemplo de

região norte americana discriminatória , com grandes desigualdades, miséria humana e crise

social é o Leste de Los Angeles .

A formação de amplas áreas de guetos é resultado de processos como a mecanização

da agricultura ocorrida no Sul do país , mobilização de uma força de trabalho industrial ,

durante e após a segunda guerra mundial , levaram a migração maciça de trabalhadores negros

que se concentraram nos vazios deixados pelo processo de suburbanização , ou seja, a

mudança das pessoas de classe media para áreas mais nobres , fora das regiões centrais das

cidades , estimulada pelas políticas habitacionais e de transporte do governo federal. Isso é

observado em CASTELLS (2000.p.164)

O deslocamento maciço decorrente do programa de reurbanização, também


promovido pelo governo federal , para preservar os centros empresariais e
culturais nas principais áreas metropolitanas , aumentou ainda mais a
concentração de negros , e de outras minorias nos bairros mais desprovidos
de recursos .(apud CASTELLAR , 2001, P.162)

Percebe-se pela fala acima que a localização dos projetos habitacionais do governo

contribuiu para a segregação.

VII-O LIVRO DIDATICO E O REFORÇO DE IDEOLOGIAS RACIAIS

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Quando nós falamos de “raça” logo ligamos o conceito ao negro. Mas não

devemos esquecer que o índio também abarca esta situação. Ao longo da historia existiram

diversos mecanismos que reforçaram o estilo de vida do outro de modo negativo. Se nos

reportarmos ao caso do índio brasileiro vamos perceber vários estereótipos que identifica a

pratica preconceituosa ou ate romantizada dos colonizadores .

O pior que os livros didáticos, por exemplo, de historia do Brasil tem

importância fundamental na formação de uma imagem do índio,pois são lidos e mais ainda

,estudados por milhões de estudantes pré- universitários .Através deles circula um ‘saber”

altamente etnocêntrico sobre os índios .

Além “de o livro carregar um valor de autoridade, um lugar do ‘dono da

verdade”,ou seja, quem sabe seu conteúdo passa nas provas .Isso pode ser analisado em

ROCHA (p.16,1993) :”Os estudantes são testados, via de regra, em face do seu conteúdo o

que faz com que as informações neles contidas acabam se fixando no fundo da memória de

todos nós “

Os índios são tratados como incapazes de trabalhar nos engenhos de açúcar por

serem preguiçosos. Então, será que um povo que recuse a trabalhar como escravo, numa

lavoura que não é sua para a riqueza do colonizador é ser preguiçoso ?O índio para o livro

didático é uma forma vazia que empresta sentido ao mundo dos brancos e aparece com três

papeis diferentes .

No primeiro capitulo “o descobrimento” o índio é tratado como selvagem

antropófago. Isto para mostrar que os portugueses eram superiores.

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No segundo “a catequese’ o índio é um inocente que precisa da “proteção” da

religião. Nesta parte, os textos são camuflados de ideologias romantizadas que impede de

vermos a verdadeira função da catequese que foi de explorar, massacrar o povo indígena.

Já depois de ter sofrido todo tipo de preconceito, sofrido violência... Agora o índio é

agraciado no capitulo etnia brasileira, isso porque ele faz parte da formação de um povo

miscigenado(negro, branco,índio).Mas não mostra que esse mesmo povo foi expulso da sua

terra impedido de cultuar seu Deus , suas crenças e ainda por cima foram escravos.

Dessa forma, encontremos várias exemplos no nosso cotidiano. Isso é apreciado

através do bombardeamento de informações pela TV, jornais , revistas , cinema , radio

.Através disso são criados valores de um grupo dominante que se auto promove a modelo de

humanidade .Neste sentido é preciso que se filtre as informações e se forme uma opinião

/posição ou então , estaremos aptos a apenas a reprodução de ideais burgueses.

VIII-CORRENTES MIGRATORIAS, DISCRIMINAÇÃO ETNICA E A

XENOFOBIA

Se fossemos abranger a exclusão, a discriminação poderia dizer que ela atinge

até nas políticas migratórias. Os povos provindos da América latina, por exemplo, não são

bem aceitos pelos países desenvolvidos. Por trás disso, temos o discurso da xenofobia, ou

seja, o medo que os países desenvolvidos possuem dos estrangeiros abarcarem seus empregos.

Os países ricos só querem as riquezas, mão de obra dos países pobres.

Um exemplo deste barramento foi a criação das maquiladoras na divisa entre os

E.U.A e México .Essas industrias seriam uma forma de conter a migração e ao mesmo tempo

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os E.U.A lucrarem com a exploração da mão de -obra mexicana. Até ai tudo bem. Quando

estas indústrias não estão mais surtindo o efeito esperado, no ano de 2006, os E.U.A criaram

um muro que separam os mexicanos dos americanos .E neste local existe uma alta tecnologia

investida como mísseis , radares , policiais que contribuem para a retenção dos imigrantes.

Sendo que algumas pessoas ainda tentam entrar no país de forma clandestina através do rio ou

do deserto.Estas pessoas ou acabam morrendo ou presas.

A realidade dos estrangeiros clandestinos não é boa. Vivendo na miséria, passando

fome e segregados em bairros sem nenhum investimento do governo. A discriminação é tão

perceptível que quando ocorre uma catástrofe natural em alguns bairros negros há demora na

“solidariedade” e na assistência.

Entretanto, a discriminação, ela esta enraizada em vários setores desde o social,

econômico, político, cultural e ambiental.

IX-CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O racismo não é algo atual. Ele vem a mais de três séculos e persiste. “O difícil é

reverter esta situação já que os próprios negros se sentem inferiores e não poderia ser por

menos, já que vivenciaram a todo o momento ‘indivíduos brancos” lhes dizendo que os

negros eram inferiores.

Para podermos reverter isso é preciso se criar uma reeducação da sociedade

brasileira. Outros acreditam nas ações afirmativas entre elas o sistema de cotas que só serve

como um paliativo, mas que foi preciso. No geral, apesar da luta contra o racismo e da

importância dos negros na sociedade e economia brasileira, ainda convivemos com o

preconceito racial. Só que a cor negra só tem sentido quando o individuo é pobre, preto e

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homossexual. Então se Pelé jogador ou Obama o presidente dos E.U. A forem as compras

serão bem atendidos, mas se for um cidadão comum , pobre , mal trajado será logo associado

a u ladrão ...Será fácil revertemos este tipo de visão?Percebemos que o problema não é de cor,

mas de classe.

A população negra brasileira chega ao século XXI sem ter as mesmas oportunidades

que o restante dos brasileiros no tocante a ascensão econômica, exercício de direitos são

restritos e possuem a dificuldade de acesso a educação, saúde, melhores salários e inserção no

mercado de trabalho Isso tem levado a uma maior mobilização de sociedade civil.

A pesar dos avanços alcançados nos níveis de educação e rendimento da população

brasileira, os negros, pardos são mais atingidos sobre o aspecto da taxa de analfabetismo.

Tentando amenizar essas dificuldades, discute-se em todo o país o estabelecimento de cotas

para negros no ensino superior e no serviço publico. A universidade de Brasília foi uma das

primeiras a adotar a medida , reservando 20% de suas matriculas para estudantes afro-

descendentes.

Nos últimos anos cresceu o numero de negros que apresentam queixas contra o

racismo e reivindicam com tratamentos igualitários. No Rio de Janeiro em julho de 2000 foi

criado o disque-racismo pelo Ministério publico e o S.O. S racismo mantido pelo Instituto da

mulher negra. Além de estes setores prestarem apoio jurídico ainda presta o psicológico as

vitimas do preconceito racial.

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quilombos no Brasil. Primeira configuração espacial. 2ªed.Brasília, mapas editora e
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GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
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