RESUMO:
O presente trabalho, tem o objetivo de analisar a situação atual da população dos negros em
três diferentes países , Brasil, África do Sul e EUA.Esta analise tem como parâmetro,
identificar de que maneira se perpetuam as relações discriminatórias seja em relação ao
emprego , ao sistema educacional ou até a posição do negro dentro da política.Além disso,
mostrar que a pesar de existir leis que punem os infratores de preconceito e discriminação
racial, percebe-se que , no nosso dia a dia utilizamos termos pejorativos quando nos
referirmos a indivíduos de pele negra como “seu negrinho”.
A busca por incluir além do Brasil, a África do Sul é que a pesar de ser um continente de
maioria negra vivenciou e vivencia o “apartheid” de forma a discriminar a posição política,
social e econômica dos negros na sociedade e ao mesmo tempo ainda continua perpetuando
relações escravocratas como é o caso de Serra Leoa. Já em relação aos E.U.A, é demonstrar
as praticas de segregação racial que ele realiza seja através de bairros negros e isolados ,
seja na utilização de transportes públicos que há uma separação de pessoas dentro do veiculo,
ou ainda dentro das escolas .E vai muito além, quando nos direcionamos para a discriminação
em relação a migração de pessoas de países pobres para os países ricos .
1
-Graduada no curso de licenciatura em Geografia pela Universidade federal de Sergipe campus professor Alberto carvalho
em Agosto de 2010.Participou do projeto Movimentos sociais , políticas publicas e de Reforma Agrária e desenvolvimento
Rural no Estado de Sergipe sob orientação do doutor Marco Antonio Mitidiero Junior assim como do projeto Geografia e
literatura que tem como pano de fundo a historia de Jeca-Tatu sob orientação da doutora Ana Rocha e projeto fazendo
projetos de pesquisa sob orientação da professora Josefa Lisboa.Fui monitora junto ao Laboratório de Ensino nas disciplinas
HPG e Metodologia de Ensino em Geografia.E-mail:andreatdj@yahoo.com.br
2
-Graduando do curso de Serviço social pela Universidade Federal de Sergipe.e-mail;edsondeda@itnet.com.br
3
- Graduado no curso de licenciatura em Geografia pela Universidade federal de Sergipe campus professor Alberto carvalho
em Agosto de 2010.Participou do projeto Movimentos sociais , políticas publicas e de Reforma Agrária e desenvolvimento
Rural no Estado de Sergipe sob orientação do doutor Marco Antonio Mitidiero Junior assim como do projeto Geografia e
literatura que tem como pano de fundo a historia de Jeca-Tatu sob orientação da doutora Ana Rocha e projeto fazendo
projetos de pesquisa sob orientação da professora Josefa Lisboa.E-mail:fabinhoufs@gmail.com
Porém, há aqueles que denunciam tal idéia como um mito, o chamado mito das três raças, que
que o Brasil seja realmente uma democracia racial ou melhor porque falarmos de branco ou
(2000)” é bastante ilustrativo quando mostra que: “A idéia da igualdade racial cai por terra
entre pardos e negros , cerca de 20%.-a media nacional é de 13,8%.Quanto a renda , 15% das
famílias brancas têm rendimentos acima de cinco salários mínimos mensais , contra apenas
3% de pardos e negros .A media de ganho salarial é de R$ 845,60 para um branco ,R$ 409,21
parte do cotidiano. Ele se expressa nas piadas que inferiorizam o negro, em campanhas
massa.
Além deste texto, o economista Marcelo Paixão fala que “O Brasil branco recebe,
portanto, uma renda 2.86 superior ao Brasil negro. É um exercício para pensar como a
GOMES , p.171,2006)
È preciso perceber que este tipo de desigualdade social foi construída e reforçada ao
longo do processo histórico, político e social do país. Neste caso, existe um enorme abismo
racial quando nos referirmos às condições de vida, emprego, escolaridade entre os brancos e
negros. Isto comprova que existe uma grande desigualdade racial em nosso país que se soma a
exclusão social.
do regime escravocrata que imperou no Brasil durante mais de três séculos. A substituição
dos indígenas pelo africano foi muito rendosa. O africano era tratado como mercadoria, um
objeto de interesse das pessoas que os capturavam e os vendiam e também daqueles que o
utilizava como mão - de- obra nas minas , plantações de cana e café. Então, os negros
encontraram dificuldades para manter sua identidade e estrutura social devido a violência que
sofriam pelos “senhores “.As mulheres negras além de serem objetos de uso sexual nos
casarões , eram elas que amamentavam os filhos dos brancos e tomavam conta das atividades
para que seus filhos não tornassem escravos. Sem contar que o processo de Industrialização
obrigou que os escravos fossem libertos a fim de possuírem pessoas que pudessem consumir
seus produtos, mas uma vez permaneceu na miséria, abandonados e excluídos de emprego,
moradia...
verificado em ANJOS (2000) quando diz que “È importante não perder de vista as varias
formas de resistência criada pelos povos negros e configuradas na forma de lutas urbanas e
rurais, nas quais vamos destacar os quilombos que foram espalhados pelo território brasileiro
reconhecerem enquanto negros para as verbas publicas possam vir, só que o interessante é
que, porque só hoje tem que se ter uma identidade?O sistema de cotas é um direito para os
afirmativas?E porque os descendentes dos quilombolas não são tratados como cidadãos, ou
seja, porque o negro /índio ainda enfrentam conflito para poder ter direito ao reconhecimento
Percebemos que todo esse preconceito e termo como “raça” foram criadas social-
política e culturalmente dentro de cada processo histórico. Isso porque aprendemos ver negros
e brancos como diferentes porque fomos educados e socializados a ponto destas diferenças
serem absorvidas nas nossas relações. E porque uma pessoa só por ter uma pigmentação da
pele mais escura tem que ser inferior?Isso é respondido por MUNANGA e
GOMES:“Vivemos em um país com uma estrutura racista que precisa ser superada e porque o
histórico da escravidão ainda afeta negativamente a vida, a trajetória e inserção social dos
È por isso que dizemos que as diferenças mais do que dados da natureza, são
construções sociais, culturais e políticas. Aprendemos desde crianças a olhar
expansão marítima que extinguiram povos em prol de uma “raça superior” alguns estudiosos
preferem chamar etnia. Isto porque não conota o sentido biológico atribuído a raça. Neste
sentido, tira a idéia de que existe uma raça superior e inferior. Durante muitos anos o termo
se sentirem superiores e inferiores. Um bom exemplo disto foi às teorias raciais que serviram
para justificar a escravidão no século XIX, exclusão dos negros e discriminação racial. O
praticas discriminatórias fomentadas pelo Estado de forma indireta. Isso pode ser sentido a
partir da segregação dos negros em bairros, escolas, empregos. Este tipo de pratica é vista nos
preconceituosas, logo vem a resposta que não. Só que infelizmente, faz parte do nosso
cotidiano. Ele, o preconceito, se expressa nas piadas que inferiorizam o negro. Como em
certos ditos populares: ”é preto, mas tem alma de branco; refrões musicais como o teu cabelo
não nega, mulata, porque tu és mulata na cor... revelam até que ponto a sociedade brasileira
Blues nos E .U.A , sempre refletiu a condição social do povo negro assim como o candomblé
é uma religião que sofreu e sofre discriminação .Se bem que uma forma de continuar as
preconceito. A pesar da constituição não “admitir” que o cidadão não pode ser excluído por
sexo, raça, cor, religião, algumas pessoas negras praticam crenças religiosas sofrem o
processo de discriminação. Então é preciso que exista uma legislação que proteja os direitos
humanos, punindo no ato da discriminação e crime para o racismo, mas, além disso, é preciso
Infelizmente, nem todos sabem que existe uma legislação penal. Essa legislação vem
III- Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
Art 4º
SECULO XVIII
povo , língua vieram alguns estudiosos franceses como Antonil e Gobineau a fim de observar
como estava formado o povo brasileiro.Então , no século XVIII , Antonil percebeu que a
sociedade brasileira estava dividida entre senhores e escravos disse:”O Brasil é um inferno
Nesta fala de Antonil, percebemos que o problema maior que se observou foi à
mistura ou miscigenação das raças. Segundo este, a miscigenação é um certificado que havia
Mas isso não se restringiu a Antonil. Gobineau fez uma previsão de que o Brasil
levaria menos de 200 anos para se acabar como povo. O problema não era na existência de
raças diferentes, desde que essas raças não se misturassem. Nesta teoria racista, as pessoas
diferentes são vistas e classificadas como pertencendo a espécies diferentes. Dai surgiu à
palavra mulato que quer dizer aquele que é incapaz de reproduzir enquanto tal, pois é
legitimidade vemos AGASSIZ opinando: Qualquer um que duvida dos males dessa mistura
de raças, e se inclina, por mal-entendida filantropia, a botar abaixo todas as barreiras que as
raças mais geral,aqui do que em qualquer outro pais do mundo e que vai apagando
Essa associação da miscigenação brasileira foi feita sobre a forma de como o povo
dos E. U.A estavam classificados apenas entre brancos e negros. Isso porque nos E. U.A a
legislação obriga a descobrir a arvore genealógica do individuo até a oitava posição, ou seja,
aquilo que a lei chama de “sangue negro” nas veias de pessoas de cor branca. Nos E. U.A o
cidadão ou é branco ou negro não existe intermediário mesmo que ela tenha a aparência
externa branca. Desse modo, o preconceito brasileiro é mais camuflado que o norte –
americano que é direto e formal. Isto é percebido nos E.U. A através de segregação de certas
apenas a minoria branca exercia direitos políticos ,econômicos e sociais excluindo a maioria
negra .
grandes latifúndios e escravizaram membros de diversas etnias. Estes colonos tinham ideais
calvinistas as quais justificavam a dominação dos brancos sobre a população negra local,de
Este tipo de política negava a maioria negra do direito de voto e participação política
em geral. Baseado nisso, criou-se áreas especificas para abrigar negros, verdadeiros bolsões
de mão – de –obra barata, completamente segregados, e que aumentaram ainda mais o fosso
Sul numa encruzilhada. Isso porque a população negra se aglomerou nas periferias das
metrópoles brancas. Essas periferias negras não possuíam infra-estrutura de água , esgoto
,educação e saúde ,agravando a pobreza da população negra .Com isso tornou-se uma
A pesar de ter ocorrido vários conflitos, a África do sul ainda possui resquícios deste
Como sabemos o escravismo agora passa a receber uma nova face. Ele é sentido a
mulheres nas carvoarias... Mas o que queremos mostrar é que dentro do sistema capitalista,
este tipo de relação se perpetua e pior do que isso, de uma forma mais perversa. Um ponto
que pode ser comparado ao período da escravidão: é quando o negro acaba capturando seu
próprio povo a fim de vendê-lo para os “colonizadores”. Este tipo de relação ainda é vista
continente africano é rico em recursos minerais e neste caso Serra Leoa é riquíssima na
produção de diamantes .Para extrair este tipo de minério , ocorre um tipo de FARC, composta
por negros,que capturam povos negros em aldeias a fim de trabalharem de forma escrava nas
minas .Além disso, as aldeias são destruídas , as mulheres e crianças quando não são
estrupadas são assassinadas ou ainda no caso das crianças são seqüestradas para que se
tornem guerrilheiras .
nenhum tipo de equipamento e se tentar esconder alguma pedra de diamante são assassinados
Para explicarmos toda essa relação basta colocarmos essa guerra civil dentro do
EUA .Para isso , os E.U.A acabam incentivando a criação de FARCS contra o governo
africano e que de certa forma criam suas próprias leis .Em detrimento , o exercito financia o
escoamento de armas para acentuar as guerras civis e este mesmo exercito enfrenta as FARCS
ao lado do governo. Tudo isso é uma estratégia geopolítica dos E.U.A a fim de manipular
/explorar os recursos minerais através do trabalho escravo assim como “afrouxar” a soberania
nacional da África onde através das fronteiras ocorrem o escoamento de diamantes de forma
clandestina .Uma boa opção para visualizarmos tudo isso é através do filme :Diamante de
Sangue.
segregacionista da sociedade norte-americana. Durante anos, a área central foi segregada por
raça, classe. O que contribuiu para que surgissem inúmeras políticas governamentais como
um local oportuno para os debates político além de abrir um leque de opções de objeto de
estudo para a sociologia urbana. É interessante, desmistificar que os guetos do centro das
cidades podem ser formados por negros ou ainda pelos latinos , onde estes últimos servem
como mão – de- obra nos países desenvolvidos daí estes países possuírem uma política
migratória xenófoba que “temem” o avanço dos “pobres” dentro do seu pais .Um exemplo de
região norte americana discriminatória , com grandes desigualdades, miséria humana e crise
durante e após a segunda guerra mundial , levaram a migração maciça de trabalhadores negros
mudança das pessoas de classe media para áreas mais nobres , fora das regiões centrais das
Percebe-se pela fala acima que a localização dos projetos habitacionais do governo
Quando nós falamos de “raça” logo ligamos o conceito ao negro. Mas não
devemos esquecer que o índio também abarca esta situação. Ao longo da historia existiram
diversos mecanismos que reforçaram o estilo de vida do outro de modo negativo. Se nos
reportarmos ao caso do índio brasileiro vamos perceber vários estereótipos que identifica a
importância fundamental na formação de uma imagem do índio,pois são lidos e mais ainda
,estudados por milhões de estudantes pré- universitários .Através deles circula um ‘saber”
verdade”,ou seja, quem sabe seu conteúdo passa nas provas .Isso pode ser analisado em
ROCHA (p.16,1993) :”Os estudantes são testados, via de regra, em face do seu conteúdo o
que faz com que as informações neles contidas acabam se fixando no fundo da memória de
todos nós “
Os índios são tratados como incapazes de trabalhar nos engenhos de açúcar por
serem preguiçosos. Então, será que um povo que recuse a trabalhar como escravo, numa
lavoura que não é sua para a riqueza do colonizador é ser preguiçoso ?O índio para o livro
didático é uma forma vazia que empresta sentido ao mundo dos brancos e aparece com três
papeis diferentes .
religião. Nesta parte, os textos são camuflados de ideologias romantizadas que impede de
vermos a verdadeira função da catequese que foi de explorar, massacrar o povo indígena.
Já depois de ter sofrido todo tipo de preconceito, sofrido violência... Agora o índio é
agraciado no capitulo etnia brasileira, isso porque ele faz parte da formação de um povo
miscigenado(negro, branco,índio).Mas não mostra que esse mesmo povo foi expulso da sua
terra impedido de cultuar seu Deus , suas crenças e ainda por cima foram escravos.
.Através disso são criados valores de um grupo dominante que se auto promove a modelo de
humanidade .Neste sentido é preciso que se filtre as informações e se forme uma opinião
XENOFOBIA
até nas políticas migratórias. Os povos provindos da América latina, por exemplo, não são
bem aceitos pelos países desenvolvidos. Por trás disso, temos o discurso da xenofobia, ou
seja, o medo que os países desenvolvidos possuem dos estrangeiros abarcarem seus empregos.
E.U.A e México .Essas industrias seriam uma forma de conter a migração e ao mesmo tempo
os E.U.A lucrarem com a exploração da mão de -obra mexicana. Até ai tudo bem. Quando
estas indústrias não estão mais surtindo o efeito esperado, no ano de 2006, os E.U.A criaram
um muro que separam os mexicanos dos americanos .E neste local existe uma alta tecnologia
investida como mísseis , radares , policiais que contribuem para a retenção dos imigrantes.
Sendo que algumas pessoas ainda tentam entrar no país de forma clandestina através do rio ou
perceptível que quando ocorre uma catástrofe natural em alguns bairros negros há demora na
“solidariedade” e na assistência.
IX-CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O racismo não é algo atual. Ele vem a mais de três séculos e persiste. “O difícil é
reverter esta situação já que os próprios negros se sentem inferiores e não poderia ser por
menos, já que vivenciaram a todo o momento ‘indivíduos brancos” lhes dizendo que os
brasileira. Outros acreditam nas ações afirmativas entre elas o sistema de cotas que só serve
como um paliativo, mas que foi preciso. No geral, apesar da luta contra o racismo e da
preconceito racial. Só que a cor negra só tem sentido quando o individuo é pobre, preto e
homossexual. Então se Pelé jogador ou Obama o presidente dos E.U. A forem as compras
serão bem atendidos, mas se for um cidadão comum , pobre , mal trajado será logo associado
a u ladrão ...Será fácil revertemos este tipo de visão?Percebemos que o problema não é de cor,
mas de classe.
A população negra brasileira chega ao século XXI sem ter as mesmas oportunidades
que o restante dos brasileiros no tocante a ascensão econômica, exercício de direitos são
mercado de trabalho Isso tem levado a uma maior mobilização de sociedade civil.
brasileira, os negros, pardos são mais atingidos sobre o aspecto da taxa de analfabetismo.
para negros no ensino superior e no serviço publico. A universidade de Brasília foi uma das
primeiras a adotar a medida , reservando 20% de suas matriculas para estudantes afro-
descendentes.
Nos últimos anos cresceu o numero de negros que apresentam queixas contra o
racismo e reivindicam com tratamentos igualitários. No Rio de Janeiro em julho de 2000 foi
criado o disque-racismo pelo Ministério publico e o S.O. S racismo mantido pelo Instituto da
mulher negra. Além de estes setores prestarem apoio jurídico ainda presta o psicológico as
BIBLIOGRAFIAS:
ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Território das comunidades remanescentes de antigos
quilombos no Brasil. Primeira configuração espacial. 2ªed.Brasília, mapas editora e
consultoria, 2000;