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PARASSUBORDINAÇÃO: ORIGENS, ELEMENTOS, ESPÉCIES E TUTELA

Renata Orsi Bulgueroni

1. INTRODUÇÃO. 2. A CRISE DA SUBORDINAÇÃO JURÍDICA E O SURGIMENTO DA PARASSUBORDINAÇÃO. 3.


O ESMIUÇAR DO INSTITUTO: IDENTIFICAÇÃO DE EUS ELEMENTOS E ESPÉCIES. 4. A TUTELA JURÍDICA DOS
TRABALHADORES PARASSUBORDINADOS. 5. A REFORMA BIAGI E A “MORALIZAÇÃO” DA UTILIZAÇÃO DAS

CO.CO.CO.. 6. A PERMANÊNCIA DA “VELHA PARASSUNORDINAÇÃO” EM FACE DO LAVORO A PROGETTO. 7.


CONCLUSÕES.

1. INTRODUÇÃO

A análise do ordenamento jurídico de Estados outros que não o Brasil mostra-se


sobremaneira árdua – especialmente quando dela emergem conceitos totalmente
desconhecidos do direito pátrio. A noção de parassubordinação, elaborada pelo direito
italiano, é exemplo vivo de tal dificuldade: em um modelo como o brasileiro, cujo direito
laboral é tradicionalmente marcado pela dicotomia “subordinação-autonomia”, parece
inconcebível se pensar em uma classe de trabalhadores que presta serviços de maneira
autônoma, mas se insere no âmbito de organização empresarial do tomador, sujeitando-se ao
poder diretivo deste no curso da execução do contrato.
Contudo, a realidade demonstra que tais trabalhadores vêm ganhando cada vez
mais espaço no mercado laboral. E, enquanto o legislador brasileiro empreende tentativas
inócuas de enquadrar esses prestadores nas categorias clássicas do direito do trabalho, na
Itália reconheceu-se efetivamente a existência desse tipo de relação laboral em que se
imiscuem elementos da subordinação e da autonomia – a qual restou conhecida como
parasubordinazione. E mais: o legislador italiano, ciente do crescimento de tal classe no
mercado de trabalho, procura, cada vez mais, aperfeiçoar o instituto, adequando-o às
constantes modificações verificadas no setor produtivo.
É da construção da noção de parassubordinação, destarte, que se tratará no
presente estudo. Para tanto, inicialmente será imprescindível a aferição das origens do
instituto, e da caracterização desses trabalhadores que, conquanto autônomos, prestam
serviços sob a direção alheia. Concluída tal premissa, passar-se-á à análise dos elementos
essenciais do trabalho parassubordinado, bem como das principais espécies de trabalhadores
que nele podem ser incluídas.
Posteriormente, efetuar-se-á estudo acerca da tutela conferida na Itália ao trabalho
parassubordinado. Assim, primeiramente, mister se fará a apreciação do tratamento legal do
instituto para que, em seguida, se proceda à análise dos entendimentos doutrinários e
jurisprudenciais a respeito do tema. Neste ponto, procurar-se-á, na medida do possível, indicar
os principais direitos de cunho trabalhista que são aplicados, pelos tribunais italianos, a tais
prestadores de serviços.
Por fim, será esmiuçada a atuação do legislador italiano que visa a manter o
instituto da parassubordinação em constante evolução, de maneira a adequá-lo às alterações
verificadas no mercado de trabalho. Sua mais recente atuação nesse sentido refere-se à
instituição, no ordenamento, da fattispecie do contrato de trabalho a projeto – a qual será
explicitada com vagar no último capítulo deste estudo.
Com o presente trabalho, pretende-se contribuir com as pesquisas do jurista
brasileiro que se embrenha na análise das relações de parassubordinação. O pressuposto
essencial para o alcance de tal objetivo, entretanto, consiste no abandono momentâneo das
concepções arraigadas do direito do trabalho pátrio, para a análise de uma realidade que, em
muitos aspectos, se distancia completamente do modelo brasileiro. É sob tal ponto de vista,
assim, que se estudará o instituto da parassubordinação.

2. A CRISE DA SUBORDINAÇÃO JURÍDICA E O SURGIMENTO DA PARASSUBORDINAÇÃO

2.1. Os trabalhadores autônomos-dependentes

Como se sabe, a noção de subordinação jurídica sempre representou um dos


pilares do direito do trabalho; com efeito, nos períodos em que o mercado de trabalho
mostrou-se profundamente influenciado pelas formas de produção taylorista e fordista, fez-se
necessária a instituição de um sistema normativo cujo principal escopo seria a obtenção da
igualdade substancial entre a classe social do proletariado, alheia à distribuição do capital, e
os empregadores, então vistos como detentores do poder econômico. Daí a estruturação do
direito do trabalho da maneira como este é conhecido atualmente: um sistema de fortes
características interventivas e protetoras, que objetiva conferir, ao trabalhador que presta
serviços sob o comando de outrem, superioridade jurídica em relação ao natural poderio
econômico do empregador.
2
Contudo, diante das modificações que marcaram o processo produtivo a partir da
denominada “Terceira Revolução Industrial”, consolidou-se o entendimento de que o critério
da subordinação jurídica mostrava-se em desacordo com a nova configuração das relações
laborais. Nesse sentido, estudiosos do direito do trabalho de todo o mundo reconheceram que
a rígida legislação então vigente era inapta a tutelar as novas formas de trabalho que surgiam
no contexto da automatização, descentralização produtiva e internacionalização da economia.
A esse respeito, bem salienta Luisa Galantino:

“(...) l’appiattimento della struttura gerarchica dell’impresa:


gli sviluppi tecnologici ed informatici non si limitano a rendere
possibile un incremento di prestazioni lavorative elastiche nel
tempo e nello spazio, ma impongono la flessibilità come
requisito funzionale della stessa organizzazione di lavoro, la
quale diventa sempre meno gerarchizzata”. 1

A partir da segunda metade do século XX, então, surgem discussões acerca da


necessária revisão do conceito de subordinação como elemento caracterizador do contrato de
trabalho. Fala-se na “crise da subordinação jurídica” a qual, segundo Arion Sayão Romita,
não representa uma crise propriamente dita, mas “a necessidade de adaptação da legislação
do trabalho às novas realidades trazidas pelas inovações tecnológicas e pela globalização da
economia”. 2
No entender de Luiz de Pinho Pedreira Silva, o critério da subordinação começa a
ser questionado quando se percebe que ele abarca trabalhadores de condições sociais muito
diferentes – o que leva o direito laboral a tutelar pessoas que, conquanto subordinadas, não
necessitam de proteção e a ignorar outras que, embora autônomas, encontram-se em posição
de debilidade em relação ao tomador de seus serviços.3
É por tal razão, destarte, que inúmeros doutrinadores ressaltam a impossibilidade
de se pensar a subordinação jurídica como um conceito único, atrelado às funções
originariamente desempenhadas pelo direito laboral em relação à tutela do empregado
clássico; ao contrário, é mister que se reconheça a existência de várias “subordinações”, aptas

1
GALANTINO, Luisa. Diritto del lavoro. 14 ed.. Torino: G. Giappichelli, 2006, p. 17.
2
ROMITA, Arion Sayão. A crise do critério da subordinação jurídica – necessidade de proteção a trabalhadores
autônomos e parassubordinados. Revista de Direito do Trabalho, São Paulo, ano 31, n. 117, jan./mar. 2005, p.
42.
3
SILVA, Luiz de Pinho Pedreira. Um novo critério de aplicação do direito do trabalho: a parassubordinação.
Revista de Direito do Trabalho, São Paulo, ano 27, n. 103, jul/set. 2001, pp. 174-175.

3
a propiciar uma maior coerência das tutelas jurídicas com as exigências do mercado de
trabalho. 4
Os Estados europeus foram pioneiros na rediscussão do critério da subordinação; é
entre eles, dessa maneira, que primeiramente se reconhece a existência de trabalhadores que
se situam em uma zona cinzenta entre a subordinação e a autonomia, i.e., prestadores que, a
despeito de ostentarem características típicas do trabalho autônomo, vêem seu modus
operandi limitado por uma relação de dependência com o tomador de seus serviços. A partir
do reconhecimento de tal classe de trabalhadores, difunde-se por toda a Europa a noção de
“trabalho autônomo de segunda geração”, representada por prestadores de serviços que
passam a ser conhecidos pela doutrina como “trabalhadores autônomos-dependentes”. 5 6
Referida forma de prestação de serviços ostenta características que ora a
aproximam do trabalho autônomo clássico, ora do trabalho subordinado. Nesse sentido,
podem ser apontados como elementos essenciais do trabalho autônomo de segunda geração:
a) a pessoalidade da prestação; b) a longa duração das relações contratuais; c) a destinação da
prestação em favor de um único tomador (e a importância, para o trabalhador, dos
rendimentos recebidos desse comitente, ainda que mantenha relações com outros) e d) a
inexistência de vínculo direto entre o prestador e o mercado, o qual resta destinado
exclusivamente ao tomador.
Está-se diante, ademais, de trabalhadores que dispõem de um bem diferenciado em
relação aos empregados clássicos, qual seja, a especialização profissional. Infere-se, pois, que
tais prestadores não vendem sua força de trabalho, e sim seu know-how, seu conhecimento
especializado em dada matéria que se mostra necessária para o crescimento da empresa.
Colacione-se o magistério de Otávio Pinto e SILVA acerca do tema:

“Trata-se de trabalhadores que não dispõem de instrumentos


de produção tradicionais mas que possuem uma ‘nova
riqueza’: um patrimônio de conhecimento, de know-how, de

4
Nesse sentido, cf., por todos, ZOPPOLI, Lorenzo. La subordinazione tra persistenti diseguaglianze e
tendenze neo-autoritarie. Disponível em http://www.unicz.it/LAVORO/ZOPPOLI_04042003.pdf. Acesso em
10 maio 2008.
5
A aparente contradição que a expressão representa para o direito laboral brasileiro é enfrentada com
naturalidade pelos doutrinadores europeus, o que corrobora a afirmação de que estes foram pioneiros a
reconhecer a tenuidade da linha divisória entre a subordinação e a autonomia.
6
Denominações específicas a tais trabalhadores consagram-se nos diferentes países da Europa, como “pessoas
semelhantes ao trabalhador subordinado” (arbeitnemeränliche Person), na Alemanha; contrats de dépendance à
sujétion imparfaite, na França; dependent self-employed workers, no Reino Unido; “contratos de livre trabalho”
(Freie Ddienstverträge) ou “contratos para o trabalho” (Werkvertrag), na Áustria; trabajo autonomo
dependiente, na Espanha e – objeto do presente estudo – lavoro parasubordinato, na Itália.

4
especialização profissional, que os torna capazes de fornecer
um resultado, um serviço, um programa, sem a necessidade da
rigorosa direção que tipifica o trabalho subordinado. Esses
trabalhadores necessitam coordenar-se de modo estável e
continuado com as empresas para desenvolver suas atividades
pessoais”. 7

Observa-se, portanto, que, concomitantemente ao surgimento de espécies atípicas


de trabalho subordinado – como, e.g., o trabalho a tempo parcial, a aprendizagem e,
especificamente na Itália, o lavoro ripartito, o lavoro a chiamata e o contratto di inserimento
–, assiste-se à difusão de novas formas de trabalho autônomo, as quais colocam em xeque a
tradicional distinção entre subordinação e autonomia e, conseqüentemente, acarretam um
redimensionamento do próprio direito laboral.

2.2. As origens da parassubordinação

É nesse contexto de releitura da dicotomia “autonomia-subordinação”, destarte,


que é construída, na Itália, a noção de parassubordinação – em clara manifestação da
fattispecie do trabalho autônomo de segunda geração.
O instituto contempla dois grandes objetivos que, à primeira vista, aparentam ser
distintos; porém, em uma segunda leitura, mostram-se totalmente conexos. Assim, de um
lado, visa-se a atender às demandas das empresas pela flexibilização das formas de trabalho,
mediante a instituição de relações contratuais laborais que lhes permitam adequarem-se às
modificações ocorridas no mercado. De outra parte, busca-se conferir a adequada tutela
jurídica a essa classe de trabalhadores formada por pessoas que, conquanto autônomas,
apresentam típicas características do trabalho subordinado.
Muito se questiona em doutrina acerca do momento em que teria ocorrido a
positivação do instituto da parassubordinação pelo legislador italiano. Nesse sentido, importa
salientar que data de 1959 a primeira menção ao trabalho parassubordinado na legislação
italiana – a qual foi operada pela Lei nº 741, de 14 de julho desse ano, que dispôs que ao
governo competiria estabelecer normas jurídicas com força de lei aptas a garantir a tutela
mínima “das relações de colaboração que se concretizem em prestações de obra
continuativa e coordenada”. 8
7
SILVA, Otávio Pinto e. Subordinação, Autonomia e Parassubordinação nas Relações de Trabalho. São
Paulo: LTr, 2004, p. 115.
8
Veja-se a redação de referida lei:

5
Com referido diploma legal, pois, insere-se no ordenamento italiano o embrião da
expressão “colaboração continuativa e coordenada” (co.co.co.) – a qual, posteriormente, com
o desenvolvimento do conceito da parassubordinação, sempre acompanhará o instituto como
sua espécie mais característica.
Todavia, a despeito da previsão constante da Lei nº 741/1959, a doutrina é pacífica
ao afirmar que o instituto da parassubordinação somente é realmente consagrado pelo
ordenamento jurídico da Itália em 1973, com a reforma do Codice di Procedura Civile
operada pela Lei nº 533, de 11/08/1973. Com referida alteração, o art. 409 desse diploma
passa a dispor que:

“Art. 409 (Controversie individuali di lavoro)


Si osservano le disposizioni del presente capo nelle
controversie relative a:
(...)
3) rapporti di agenzia, di rappresentanza commerciale ed altri
rapporti di collaborazione che si concretino in una prestazione
di opera continuativa e coordinata, prevalentemente personale,
anche se non a carattere subordinato;
(...)”.

Verifica-se que, mediante a modificação do Codice di Procedura Civile, o


legislador consagrou efetivamente o instituto das co.co.co. no ordenamento italiano e,
iniciando um longo percurso de extensão de direitos a essa relação de trabalho, conferiu-lhe a
tutela processual constante do capítulo I do Título IV do C.P.C., referente ao procedimento a
ser adotado na solução das controvérsias individuais de trabalho.
A partir da positivação do instituto, destarte, iniciam-se as discussões em doutrina
acerca de suas características, seus elementos e suas espécies, bem como da tutela jurídica a
lhe ser assegurada9. É o que se passa a analisar no próximo capítulo.

“Art. 1. Il Governo è delegato ad emanare norme giuridiche, aventi forza di legge, al fine di assicurare minimi
inderogabili di trattamento economico e normativo nei confronti di tutti gli appartenenti ad una medesima
categoria. (...)
Art. 2. Le norme di cui all'art. 1 dovranno essere emanate per tutte le categorie per le quali risultino stipulati
accordi economici e contratti collettivi riguardanti una o più categorie per la disciplina dei rapporti di lavoro,
dei rapporti di associazione agraria, di affitto a coltivatore diretto e dei rapporti di collaborazione che si
concretino in prestazione d'opera continuativa e coordinata”. (g.n.)
9
Representa marco desses estudos doutrinários a publicação, em 1979, da clássica obra Il lavoro
parasubordinato, de Francesco Santoro-Passarelli, considerada pela doutrina como o primeiro estudo efetuado
acerca da parassubordinação. Cumpre ressaltar, aliás, que, embora o trabalho parassubordinado tenha sido alvo
de diversas modificações nos últimos anos – consoante se demonstrará a seguir – grande parte das lições

6
3. O ESMIUÇAR DO INSTITUTO: IDENTIFICAÇÃO DE SEUS ELEMENTOS E ESPÉCIES

3.1. Elementos: a parassubordinação como um tertium genus das relações de trabalho

Com a alteração do art. 409 do Codice di Procedura Civile e a conseqüente


positivação do instituto da parassubordinação no ordenamento italiano, coube à doutrina a
tarefa de identificação das características dessa nova modalidade de relação de trabalho.
Referido intento mostrou-se sobremaneira árduo, vez que o que se buscava, em realidade, era
elencar os pontos de aproximação e distanciamento do trabalho parassubordinado em relação
aos conceitos tradicionais de autonomia e subordinação.
Nesse sentido, consoante leciona Otavio Pinto e Silva, os juristas italianos tinham
como objetivo precípuo esclarecer que a parassubordinação vai além do conceito clássico de
trabalho autônomo e que, de outra parte, não se confunde com o trabalho subordinado, apesar
de apresentar várias semelhanças em relação a este10.
No estudo da estrutura das co.co.co., a doutrina deparava-se ora com elementos
que muito as aproximavam da autonomia, ora com características que lhes conferiam um
nítido caráter de relação de trabalho subordinado. Por conta de tal oscilação entre os pólos da
dicotomia clássica que sempre norteou o direito do trabalho, firmou-se na Itália o
entendimento de que a parassubordinação constituiria uma zona cinzenta entre a autonomia e
a subordinação, um verdadeiro tertium genus que teria rompido com a tradicional concepção
polarizada do direito laboral.
Todavia, insta observar que referido posicionamento não resistiu aos estudos mais
aprofundados a respeito do instituto que viriam a ser realizados pela doutrina nos anos
seguintes à reforma do C.P.C.. Com efeito, hoje é praticamente unânime entre os juristas
italianos a concepção de que, a despeito dos evidentes elementos que aproximam a
parassubordinação ao trabalho subordinado, esta se trata, em realidade, de espécie do grande
gênero “trabalho autônomo”. Tal entendimento, como se verá, é de suma importância para a
identificação dos direitos a serem aplicados a essas relações de trabalho.
Veja-se o quanto assevera Luisa Galantino acerca do tema:

“La formulazione legislativa è certamente ridondante, poiché


sul piano giuridico l’unica distinzione di genus è quella fra

propostas por Santoro-Passarelli ainda se mostra de grande valia para o estudo do instituto.
10
SILVA, Otávio Pinto e. Subordinação, Autonomia.... Op. cit., p. 104.

7
lavoro subordinato e lavoro autonomo, in quest’ultimo
comprendendosi anche le species della collaborazione
coordinata e continuativa o di altre ‘forme’ di attività
lavorativa, quali il contrato d’opera o il contratto di agenzia”11

Consagrado, pois, o posicionamento de que a parassubordinação representa


verdadeira espécie de trabalho autônomo, passa-se à análise de seus elementos constitutivos.
A esse respeito, mostra-se de grande valia o estudo efetuado por Otavio Pinto e
Silva, o qual, compilando o entendimento de diversos autores italianos e interpretando a
disciplina legal acerca do tema, aponta como elementos essenciais do trabalho
parassubordinado a continuidade da relação, a natureza preponderantemente pessoal da
prestação e, especialmente, a existência de uma colaboração ou ligação funcional entre a
atividade do prestador de serviços e aquela de seu tomador12.
A continuidade indica o caráter não-esporádico da atividade realizada, i.e., “a
prestação de serviços deve se destinar a atender uma necessidade do tomador que tenha um
determinado prolongamento no tempo, tendo em vista os interesses de ambas as partes” 13.
Corroborando tal definição, afirma Angelo Sodano que, “la continuatività della
collaborazione risulta individuata dalla stabilità, dalla non occasionalità e dalla continuità
della prestazione o dalla ripetizione nel tempo di essa”. 14 15
Por seu turno, a característica da pessoalidade preponderante impede o prestador
de serviços de se fazer substituir em suas atividades, seja na etapa organizativa do negócio,
seja na fase de produção propriamente dita. Ressalte-se que se exige apenas a
preponderância da pessoalidade; assim, nada impede que o prestador valha-se do auxílio de
outras pessoas, cujo trabalho “deve ser apenas complementar, o que significa que a principal
carga de atividades deve ser desenvolvida pelo prestador pessoalmente contratado” 16.
Por fim, a coordenação – tida pela doutrina italiana como a característica
distintiva da parassubordinação em relação às demais formas de trabalho – é marcada pela
intensa inserção da atividade do prestador na organização da empresa. Trata-se, pois, da
11
GALANTINO, Luisa. Diritto del lavoro.... Op. cit., p. 49. No mesmo sentido, cf. SODANO, Ângelo.
Rapporti di parasubordinazione e giusta retribuzione. Lavoro e Previdenza Oggi, Milano, ano 17, n. 6, giugno
1990, p. 1170.
12
SILVA, Otávio Pinto e. Subordinação, Autonomia.... Op. cit., p. 105.
13
SILVA, Otávio Pinto e. Subordinação, Autonomia.... Op. cit., p. 104.
14
SODANO, Ângelo. Rapporti di parasubordinazione.... Op. cit., p. 1171.
15
Importa salientar que, com a criação do instituto do trabalho a projeto, reforça-se a idéia de continuidade
inerente às relações de parassubordinação, já que o decreto-legislativo nº 276/2003 é explícito ao excluir de seu
âmbito de aplicação os contratos cuja duração não ultrapasse trinta dias no curso de um ano com o mesmo
comitente (art. 61, n. 2).
16
SILVA, Otávio Pinto e. Subordinação, Autonomia.... Op. cit., p. 105.

8
ligação funcional entre o trabalho prestado e a atividade desenvolvida diretamente pelo
destinatário da prestação.
Observe-se que, no âmbito da parassubordinação, não se fala propriamente em
“colaboração na empresa”, como ocorre no trabalho subordinado clássico (de acordo com o
disposto no art. 2094 do Codice Civile); ao contrário, consagra-se a concepção de
“colaboração para a empresa”, i.e., situação em que os resultados do trabalho do colaborador
devem se unir àqueles do tomador para que a atividade empresarial possa atingir suas
finalidades. A esse respeito, leciona Luisa Galantino que, na parassubordinação, a
colaboração entre prestador e tomador de serviços deve ser funcional, no sentido de que uma
concorre para a realização da outra; já na subordinação, a colaboração é unicamente de cunho
estrutural17.
Neste ponto, insere-se um último elemento essencial do trabalho
parassubordinado: a necessidade de, entre tomador e prestador de serviços, pactuar-se um
projeto a ser seguido pelo último, já que “o trabalhador não promete a sua atividade pessoal
para o desenvolvimento de qualquer objetivo pretendido pelo tomador, mas sim coloca os
seus serviços à disposição somente daquele específico tipo de atividade, que é necessária
para atingir os fins previstos no programa contratualmente elaborado” 18.
Após a identificação dos elementos caracterizadores do trabalho
parassubordinado, a doutrina italiana viu-se diante de um novo desafio: a averiguação de
quem seriam esses trabalhadores que colaboram, de forma autônoma, na atividade empresarial
mediante uma prestação de obra continuativa e coordenada, prevalentemente pessoal. Em
outras palavras: quem – diante da averiguação dos elementos acima indicados – poderia ser
considerado um verdadeiro prestador de serviços parassubordinado?
Instaurou-se na Itália, assim, a discussão acerca das espécies de trabalhadores
sujeitos às co.co.co..

3.2. Espécies de trabalhadores parassubordinados: a atuação conjunta da doutrina, da


jurisprudência e do legislador

17
GALANTINO, Luisa. Diritto del lavoro.... Op. cit., p. 15. Contudo, ressalta a autora na mesma obra que “(...)
presenta spesso serie difficoltà um’indagine di fato a rilevare se il coordinamento della prestazione del
lavoratore com quella di altri abbia o meno caratere strutturale olthe che funzionale. E tal rilievo ancora uma
volta pone in luce l’esigenza di omogeneizzare la disciplina del lavoro subordinato com quella del lavoro
cosiddetto parasubordinato”.
18
SILVA, Otávio Pinto e. Subordinação, Autonomia.... Op. cit., p. 105..

9
Na identificação das espécies de trabalhadores parassubordinados, imprescindível
se mostrou a atuação conjunta da doutrina e da jurisprudência italiana; todavia, foi o
legislador que desempenhou o papel fundamental em tal tarefa.
Inicialmente, é mister relembrar a alteração operada pela Lei nº 533/1973 ao
Codice di Procedura Civile, para estabelecer a obrigatoriedade de aplicação da disciplina
processual trabalhista às “relações de agência, de representação comercial e outras relações
de colaboração que se concretizem em uma prestação de obra continuativa e coordenada”,
nos termos do art. 409, n. 3 desse diploma. Da redação de tal dispositivo, infere-se, de plano,
que o legislador, no momento da instituição da parassubordinação no ordenamento italiano,
procurou indicar duas espécies de relação de trabalho que, em seu entender, nela se
inseririam: as relações de agência e de representação comercial.
Dessa maneira, é pacífico o entendimento, hoje, de que aos agentes e
representantes comerciais aplica-se a tutela jurídica conferida originalmente ao trabalho
parassubordinado – a qual, saliente-se, será explicitada com mais vagar a seguir.
Grande celeuma, contudo, instaurou-se em relação à expressão “outras relações
de colaboração que se concretizem em uma prestação de obra continuativa e coordenada”,
mencionada por referido artigo. Com efeito, tratando-se de expressão demasiadamente ampla
e abstrata, esta demandou esforços contíguos da doutrina, da jurisprudência e do legislador na
especificação de seu âmbito de abrangência.
Inicialmente, contribuíram para a identificação dos demais trabalhadores
parassubordinados normas de caráter tributário promulgadas na Itália posteriormente à Lei nº
533/73 – como, e.g., a Lei nº 342, de 21 de novembro de 2000 19. Referido diploma contempla,
em seu art. 34, n. 1, letra c-bis, rol exemplificativo de outras atividades que constituem
relações de colaboração coordenada e continuativa, tais como os ofícios de síndicos e
administradores de sociedades e associações, de colaboradores em jornais, revistas,
enciclopédias e similares e de participantes em colégios e comissões.
Entretanto, tais normas de natureza tributária não propiciaram uma delimitação
precisa do âmbito de abrangência da expressão contida no art. 409, n. 3 do C.P.C. – e, como
bem salienta Alessandra Gaspari, nem era esperado que o fizessem, já que as leis fiscais são

19
Citem-se, ainda, os decretos presidenciais nº 597/73 e nº 917/86, que contêm disposições análogas ao previsto
pela Lei nº 342/00 no que concerne ao regime tributário das co.co.co.. Todos esses diplomas estabelecem
sistema diferenciado de tributação às relações de parassubordinação, de maneira geral menos oneroso do que
aquele instituído ao clássico trabalho subordinado.

10
destinadas a regular os fluxos monetários e indicar seu respectivo campo de aplicação, e não a
construir ou esclarecer definições20.
Delegou-se, destarte, à doutrina e à jurisprudência a tarefa de individuação das
relações de trabalho pautadas na parassubordinação.
Em doutrina, merecem relevo os estudos de Angelo Sodano, o qual apresenta, em
suas obras, inúmeros exemplos de prestações que poderiam ser facilmente enquadradas no
conceito previsto pelo art. 409, n. 3 do Codice di Procedura Civile. A esse respeito, poder-se-
ia falar em relações de consultoria entre uma empresa e um profissional liberal, relações entre
uma sociedade de capitais e seu administrador, entre outras21.
A jurisprudência, por seu turno, procura identificar as co.co.co. mediante a
comparação entre os elementos verificados em concreto em dada relação laboral e as
características essenciais do trabalho parassubordinado. Todavia, a atuação dos órgãos
judiciários na especificação dos trabalhadores parassubordinados ainda é bastante criticada
pelos juristas italianos, vez que, segundo eles, esta se mostra estritamente ligada à tradicional
dicotomia entre subordinação e autonomia – razão pela qual são poucos os casos em que se
reconhece a existência de uma autêntica relação de colaboração.
Ainda assim, há determinados trabalhadores que são frequentemente considerados
pelos tribunais como parassubordinados, tais como os profissionais liberais e os sócios que
prestam serviços às respectivas sociedades comerciais.
Tal atuação doutrinária e jurisprudencial se mostra sobremaneira relevante, haja
vista que, identificados os trabalhadores que atuam em coordenação direta com o tomador de
seus serviços, nos termos do art. 409, n. 3 do C.P.C., é preciso especificar quais normas de
direito processual e material são a eles aplicáveis – questão que sempre foi e ainda é motivo
de acirradas discussões na Itália.

4. A TUTELA JURÍDICA DOS TRABALHADORES PARASSUBORDINADOS

Identificados os elementos característicos e as espécies de trabalhadores


parassubordinados, surgiu a questão fulcral que até os dias atuais norteia as discussões
relacionadas à parassubordinação na Itália: qual a tutela jurídica aplicável a tais prestadores de
serviço? Tratando-se de trabalhadores autônomos, aplicar-se-iam as regras previstas pelos
arts. 2.222 e seguintes do Codice Civile? Ou, ao contrário, o elemento “dependência” atrairia
20
GASPARI, Alessandra. La qualificazione di un rapporto di lavoro controverso: le risposte passate e recenti,
dalla dialettica autonomia/subordinazione alla sua metamorfosi in corso. Lavoro e Previdenza Oggi, Milano,
ano 30, n. 3, mar. 2003, p. 47.
21
SODANO, Angelo. Rapporti di parasubordinazione.... Op. cit., p. 1171.

11
tais prestadores ao espectro do trabalho subordinado, incidindo sobre eles o direito material
trabalhista contemplado pelos arts. 2.094 e seguintes do C.C.?
Para a adequada compreensão da questão, é mister, inicialmente, tecer breves
considerações acerca dos métodos de proteção dos trabalhadores denominados “autônomos
dependentes” no âmbito da União Européia.
Nesse sentido, observa-se que a atenção hoje conferida pelos Estados europeus ao
trabalho autônomo dependente evidencia-se especialmente por duas vertentes distintas:
primeiramente, vislumbram-se esforços de tais ordenamentos na prevenção de formas ilegais
de trabalho autônomo dependente, que freqüentemente mascaram verdadeiras relações de
trabalho subordinado; de outra parte, consagra-se nesses países a necessidade de se
estabelecer uma mínima proteção legal a tais trabalhadores, com a extensão, a estes,
sobretudo de tutelas de direito do trabalho e da seguridade social.
A primeira vertente de proteção verificada entre os países europeus representa, em
verdade, uma tendência mundial, haja vista os esforços que os Estados vêm empreendendo
para erradicar formas irreais de trabalho autônomo. Todavia, vê-se que a maior parte dos
Estados procura reprimir a subutilização do trabalho autônomo mediante a atuação direta do
Poder Judiciário, a quem é atribuída a prerrogativa de “desmascarar” as relações de falsos
autônomos, convertendo-as em contratos de trabalho subordinado; é, e.g., o que se verifica no
Brasil. Na Europa, por outro lado, já existem disposições legais que estabelecem presunções
de inautenticidade de contratos de autônomos, na hipótese de se mostrarem ausentes os
requisitos essenciais dessa forma de trabalho – como ocorre, e.g., com o instituto do contratto
a progetto, na Itália, consoante a seguir se demonstrará.
De outra parte, a segunda vertente de proteção, qual seja, a extensão de tutelas aos
trabalhadores autônomos dependentes ainda se encontra adstrita aos limites do continente
europeu. A esse respeito, Adalberto Perulli22, em esclarecedor estudo a respeito do tema,
salienta que a extensão de tutelas aos trabalhadores autônomos dependentes pode ser realizada
segundo duas lógicas distintas: de assimilação ou de extensão seletiva.
Inicialmente, pode-se utilizar a técnica da assimilação, a qual propicia o
alargamento da área coberta pela disciplina do trabalho subordinado. Aplicam-se, destarte,
aos prestadores autônomos dependentes todas as regras típicas do trabalho subordinado
clássico, revelando-se uma forte tendência atrativa das normas tradicionais de direito laboral.
É o que se verifica, segundo o autor, em países como França e Inglaterra.

22
PERULLI, Adalberto. La regolazione del lavoro parasubordinato. In PERULLI, Adalberto (a cura di). Le
riforme del lavoro. (s.l.) Halley Editrice, pp. 137-159.

12
Mais popular, no entanto, é a lógica da extensão seletiva, tendência que busca
estender a aplicação, aos trabalhadores autônomos, de apenas algumas tutelas dispensadas ao
trabalho subordinado clássico – especialmente direitos de natureza fiscal e previdenciária. É o
que se pode observar em países como Alemanha, Espanha e na própria Itália.
O legislador italiano, portanto, pautando-se nessa lógica de extensão seletiva das
tutelas, foi paulatinamente ampliando a gama de direitos característicos do trabalho
subordinado aplicáveis aos prestadores parassubordinados, mediante a promulgação de
diversas leis. De acordo com o entendimento de Luisa Galantino

“(...) il diritto del lavoro esercita da tempo uma sorta de vis


espansiva nei confronti di quelle categorie di lavoratori che,
pur non definibili sotto il profilo giuridico come subordinati, si
trovano in uma situazione socio-economica sostanzialmente
assimilabile a quella di questi ultimi”.23

Inicialmente, consoante já se asseverou, operou-se a extensão, ao trabalho


parassubordinado, das normas processuais sobre controvérsias individuais trabalhistas,
constantes do título IV, capítulo I, do Codice di Procedura Civile, conforme disposto no
caput e n. 3 do art. 409 de referido diploma. Tal alteração mostra-se de todo acertada, vez que
se reconheceu que as cortes laborais, por conta de sua especialização, detêm maiores
conhecimentos para apreciar quaisquer demandas que envolvam prestações de trabalho.
Ademais, o art. 6º da Lei nº 533/73 determinou ser também aplicável aos
parassubordinados a regra do art. 2113 do Codice Civile, a qual dita não serem válidas as
renúncias e transações que tenham por objeto direitos decorrentes das relações de trabalho.
Veja-se o quanto dispõe referido artigo:

“Art. 6º L' articolo 2113 del codice civile é sostituito dal


seguente:
Le rinunzie e le transazioni, che hanno per oggetto diritti del
prestatore di lavoro derivanti da disposizioni inderogabili
della legge e dei contratti o accordi collettivi concernenti i
rapporti di cui all' articolo 409 del codice di procedura civile,
non sono valide”.

23
GALANTINO, Luisa. Diritto del lavoro.... Op. cit., p. 4.

13
Posteriormente, o legislador houve por bem instituir uma tutela tributária
diferenciada para as relações de parassubordinação, criando, por meio da lei nº 342/00 e dos
decretos presidenciais nº 597/73 e nº 917/86, um regime de contribuição menos oneroso a tais
contratos. Porém, é mister ressaltar, neste ponto, que subsistem contrariedades entre a
legislação trabalhista – que considera a parassubordinação como trabalho autônomo – e a
fiscal, que contempla a remuneração derivante de tais atividades como assimilada àquela dos
trabalhadores subordinados24.
Especialmente relevante, por outro lado, mostrou-se a extensão da tutela
previdenciária às relações de co.co.co.. Nesse sentido, inicialmente mencione-se a Lei nº
335/1995, a qual estabeleceu que os colaboradores devem ser inscritos em uma gestão
previdenciária apartada junto ao INPS, que deverá ser financiada à razão de dois terços pelo
tomador de serviços e um terço pelo trabalhador. Em seguida, as Leis nº 449/1997 e nº
144/1999 introduziram, respectivamente, normas relativas à tutela da maternidade –
especialmente no que tange ao auxílio-maternidade – e à cobertura contra acidentes de
trabalho. Também foi assegurada a cobertura previdenciária contra doenças em caso de
internação hospitalar (Lei nº 488/1999, modificada em 12/01/2001) e contra moléstias
profissionais (decreto-legislativo nº 38/2000).
Mesmo com a ampliação das tutelas aplicáveis aos trabalhadores
parassubordinados, operada pelo legislador italiano, discussões remanesceram em doutrina e
em jurisprudência acerca da suficiência de tal extensão. A maior crítica à atuação legislativa,
a esse respeito, referia-se ao fato de que as normas consideradas aplicáveis ao trabalhador
parassubordinado não apresentavam natureza trabalhista propriamente dita, mas, ao contrário,
poderiam ser qualificadas exclusivamente como regras de cunho processual, tributário e
previdenciário.
Destarte, mesmo após a promulgação das leis que objetivaram melhor tutelar o
trabalhador parassubordinado, permaneceram os esforços dos juristas italianos para conferir
uma ampliação da tutela material laboral a tais prestadores de serviços.
Destaca-se, aqui, o importante papel desempenhado pela jurisprudência. Com
efeito, firmou-se na Corte de Cassação italiana entendimento que pugnava pela extensão de
diversas regras de direito material do trabalho às relações de parassubordinação. Assim,
encontram-se inúmeros julgados reconhecendo às co.co.co., e.g., a disciplina da

24
Cf., a esse respeito, GASPARI, Alessandra. Lavoro a progetto.... Op. cit., p. 45 e LEONE, Gabriella. Le
collaborazioni coordinate e continuative a progetto. Rivista Giuridica del Lavoro e della Previdenza Sociale,
Roma, ano 55, n. 1, jan./mar. 2004, pp. 88-89.

14
responsabilidade do tomador de serviços pela segurança do trabalho25, o direito de greve26,
entre outros27.
Observa-se, entretanto, que inexistia homogeneidade na aplicação, pelos tribunais
italianos, de direitos trabalhistas às relações de parassubordinação. Tal situação acabou por
comprometer a segurança de referido instituto, visto que eram freqüentes as decisões
conflitantes dos órgãos judiciários a respeito do tema, com o reconhecimento de tutelas
divergentes para situações análogas.
Nesse contexto de incongruências com relação à tutela dos trabalhadores
parassubordinados, foi aprovado pelo Senado italiano, em fevereiro de 1999, o Projeto de lei
Smuraglia (nº 5651). Referido projeto foi fortemente aclamado pela doutrina, haja vista que
propunha a aplicação, às relações de colaboração continuativa e coordenada, de um patamar
mínimo de direitos trabalhistas, que poderia ser complementado por meio da negociação
coletiva.
Primeiramente, o projeto intentou precisar o conceito de parassubordinação,
elencando expressamente em seu texto as principais características que norteiam tais relações
de trabalho. Estabeleceu, destarte, que o trabalho parassubordinado era caracterizado por uma
colaboração de caráter não ocasional, coordenada com a atividade do tomador, desenvolvida
de modo pessoal, sem vínculo de subordinação, sem o uso de meios organizados e em troca
de remuneração28.
Em seguida, contemplou direitos outros que deveriam ser assegurados aos
parassubordinados, incluindo normas sobre liberdade de opinião, proibição de fixação de
horário de trabalho rígido, duração mínima do contrato, tempo e forma do pagamento, direitos
de informação e formação, preceitos sobre higiene e segurança do trabalho, tutela
previdenciária.
Por fim, assegurou aos colaboradores ampla liberdade sindical, nos termos do art.
14 do Statuto dei Lavoratori, permitindo-lhes a organização de sindicatos representativos de
seus interesses e a filiação a entidades intercategoriais. Dessa forma, buscou-se propiciar a

25
Cf. Cass., Sez. lav., 16/07/2001, nº 9614, apud GASPARI, Alessandra. Lavoro a progetto.... Op. cit., p. 48.
26
Cf. Cass., Sez. lav., 29/06/1978, nº 3278, apud SODANO, Angelo. Rapporti di parasubordinazione.... Op.
cit., p. 1173.
27
Em doutrina, veja-se a posição de Angelo Sodano, para quem o art. 409, nº 3 do CPC realizou uma
equiparação do trabalho coordenado com o subordinado não apenas no campo processual, mas também no
substancial (Rapporti di parasubordinazione.... Op. cit., pp. 1172-1173).
28
Cf., a esse respeito, as lições de SILVA, Otávio Pinto e. Subordinação, Autonomia.... Op. cit., p. 132.

15
ampliação do rol de direitos a eles aplicados, mediante a celebração, pelos próprios atores
sociais interessados, de acordos e convenções coletivas29.
Contudo, referido projeto jamais foi convertido em lei. De fato, enquanto este
tramitava na Câmara italiana, operou-se a denominada “reforma Biagi do mercado de
trabalho”30, a qual pretendia tornar mais flexíveis as relações laborais, por meio da inserção de
novas tipologias contratuais, e, dessa maneira, diminuir as elevadas taxas de desemprego
verificadas na Itália então.
No bojo de tal reforma, foi criada a fattispecie do contrato de trabalho a projeto,
previsto pelos arts. 61 a 69 do decreto-legislativo nº 276, de 10 de setembro de 2003. Referida
alteração representou importante inovação para os estudos da parassubordinação, conforme se
passa a expor.

5. A REFORMA BIAGI E A “MORALIZAÇÃO” DA UTILIZAÇÃO DAS CO.CO.CO.

Consoante acima explicitado, a dificuldade em se conceituar a parassubordinação e


– mais além – de identificar os precisos limites entre esta e a clássica subordinação acabou
por ocasionar a utilização desenfreada do instituto, para mascarar verdadeiras relações de
trabalho subordinado.
Com efeito, a estrutura rígida do trabalho subordinado tradicional, com sua forte
vertente protetiva, mostrava-se insuficiente aos anseios das empresas que desejavam se
adequar às modificações ocorridas no mercado. Assim, a possibilidade de os tomadores de
serviço utilizarem-se de colaboradores juridicamente autônomos, porém em modalidades
contratuais não muito diversas daquelas típicas do trabalho subordinado, tornou sobremaneira
atraente o recurso às co.co.co..
No entender de Luisa Galantino, tal sucesso mostra-se de todo justificável,
especialmente por conta de quatro fatores que fazem com que o trabalho parassubordinado
seja privilegiado em relação ao subordinado clássico: em primeiro lugar, a redução dos ônus
sociais e contributivos ao tomador de serviços, por força de disciplina legal específica; em
segundo, a inaplicabilidade do princípio da suficiência ou proporcionalidade retributiva,
previsto no art. 61 da Constituição italiana; em terceiro, a tutela assistencial carente no que

29
Ademais, o projeto ainda trata da conversão do contrato de trabalho na hipótese de utilização fraudulenta das
co.co.co., regra que se coaduna com a tendência mundial de prevenção de formas ilegais de trabalho autônomo
dependente, acima mencionada.
30
Consubstanciada pela Lei nº 30/2003 e pelo decreto-legislativo nº 276/2003.

16
tange a doenças, acidentes de trabalho e gravidez; por fim, a inexistência de limites quanto às
modalidades de resolução do contrato31.
Embora justificável, contudo, a utilização desmedida das co.co.co. necessitava ser
coibida, já que representava verdadeira forma de supressão de direitos laborais a muitos
trabalhadores que a eles faziam jus. Nesse sentido, intensos eram os esforços dos órgãos
jurisdicionais italianos, os quais, com base em elementos concretos, frequentemente
reconheciam a existência de autênticos contratos de trabalho subordinado em hipóteses
aparentes de parassubordinação.
Entretanto, tais esforços não foram suficientes para erradicar por completo as
formas ilegais de trabalho autônomo: mostrava-se necessário que o legislador instituísse
disciplina normativa mais adequada para a regulamentação dessa espécie de prestação de
serviços, de forma a especificar em que ocasiões uma dada relação de trabalho pode ou não
ser considerada parassubordinada. É nesse contexto, então, que o decreto-legislativo nº
276/2003 institui a fattispecie do lavoro a progetto.
Ao dispor sobre o trabalho a projeto, o legislador instituiu um novo elemento
caracterizador das relações de parassubordinação previstas pelo art. 409, n. 3 do C.P.C.: o
projeto, programa ou fase deste. De acordo com a nova dicção legal, assim, todas as
relações de colaboração continuativa e coordenada deverão, a partir da promulgação do
decreto-legislativo nº 276/2003, apresentar referido elemento em sua configuração; caso
contrário, nos termos do art. 69 do decreto, serão consideradas relações de trabalho
subordinado por tempo indeterminado desde a data de sua constituição.
Pode-se afirmar, pois, que, após a promulgação do decreto, somente são admitidas
pelo ordenamento italiano relações de colaboração intrinsecamente ligadas a um opus
predeterminado na fase de celebração do acordo; não mais se admitem contratos relacionados
à prestação de obras indeterminadas, com conteúdo de fato indefinido32.
Ainda é cedo para se afirmar que referida modificação colheu os frutos almejados,
i.e., logrou êxito em conter a ascensão indiscriminada dos contratos fraudulentos de
parassubordinação. Todavia, a doutrina italiana mostra-se otimista com relação aos novos
rumos que foram impostos às relações de prestação continuativa e coordenada, crendo que o
instituto será, a partir de agora, efetivamente utilizado para a finalidade à qual foi idealizado,
i.e., como autêntica forma de inserção e colaboração do trabalhador na atividade empresarial,
sem prejuízo de sua autodeterminação.

31
GALANTINO, Luisa. Diritto del lavoro.... Op. cit., p. 22.
32
Cf. GALANTINO, Luisa, Diritto del lavoro.... Op. cit., p. 24.

17
6. A PERMANÊNCIA DA “VELHA PARASSUBORDINAÇÃO” EM FACE DO LAVORO A PROGETTO

Com a instituição da disciplina do contrato a projeto pelo decreto-legislativo nº


276/2003, questionamentos surgiram entre os juristas italianos sobre se essa nova espécie de
relação de trabalho teria substituído a “velha parassubordinação”33, então representada pelos
contratos de co.co.co.34. A cogitação não é de todo desarrazoada, já que, conforme se infere
das definições propagadas pela doutrina, o “lavoro a progetto” se mostra orientado pelos
mesmos requisitos das relações de co.co.co., quais sejam, a coordenação, a continuidade e a
pessoalidade – apenas lhe foi acrescida a exigência de fixação de um projeto ou programa a
ser desenvolvido pelo colaborador.
Importante papel para o solucionamento dessa questão foi desempenhado pela
circular nº 1/2004 do Ministério do Trabalho, a qual expressamente consignou em seu texto
que “l'art. 61 non sostituisce e/o modifica l'art. 409, n. 3, c.p.c. bensì individua (...) le
modalità di svolgimento della prestazione di lavoro del collaboratore”. Corroborando tal
afirmação, referida circular dita, a seguir, que “sul piano generale, peraltro, il lavoro a
progetto non tende (...) ad assorbire tutti i modelli contrattuali riconducibili in senso lato
all'area della c.d. parasubordinazione”.
Referida orientação do Ministério do Trabalho italiano pautou-se no próprio texto
do decreto-legislativo nº 276/03, o qual é expresso ao excluir do âmbito de incidência do
trabalho a projeto determinadas espécies de prestação de serviços. Entre essas categorias
“relegadas” pelo diploma, destacam-se: a) as relações de agência e representação comercial
(art. 61, n. 1); b) as prestações ocasionais, entendidas como aquelas de duração não superior a
trinta dias no curso de um ano com o mesmo comitente, salvo na hipótese de a remuneração
anual ser superior a 5 mil euros (art. 61, n. 2); c) as profissões intelectuais às quais é
necessária a inscrição em órgãos profissionais; d) as atividades desempenhadas em favor de
associações e sociedades esportivas; e) os componentes de órgãos de administração e controle
das sociedades e participantes em colégios e comissões; f) os aposentados (art. 61, n. 3); g) os
contratos envolvendo a administração pública (art. 1º, n. 2)35.

33
A expressão é extraída de SILVA, Luiz de Pinho Pedreira. Da velha parassubordinação ao novo contrato
de trabalho a projeto. Disponível <http://www.esmat13.com.br/art_normal.php?id.noticia=935>, acesso em
02/10/2007.
34
Cf., por todos, PIZZOFERRATO, Alberto. Il lavoro a progetto tra finalità antielusive ed esegenze di
rimodulazione delle tutele. Il Diritto del Lavoro, Roma, ano 77, n. 6, nov./dic. 2003, p. 631.
35
Mostra-se sobremaneira interessante, neste ponto, o entendimento de Antonio Viscomi, para quem tais
exceções deram-se ora em virtude da qualificação do sujeito, ora por conta da dificuldade objetiva de reconduzir
a um projeto determinadas atividades contidas em co.co.co.. (VISCOMI, Antonio. Lavoro a progetto e

18
Diante de tais exceções legais, destarte, atualmente é pacífico na Itália o
entendimento de que coexistem no ordenamento as figuras do trabalho a projeto e da
colaboração coordenada e continuativa, sendo esta última aplicável às hipóteses
expressamente mencionadas em lei de exclusão da primeira. Dessa forma, pode-se afirmar, de
maneira geral, que o gênero “parassubordinação” é hoje representado por duas espécies
distintas de relações de colaboração: de um lado, as tradicionais co.co.co., disciplinadas pelo
art. 409, n. 3 do Codice di Procedura Civile, e, de outro, os novos contratos de trabalho a
projeto previstos pelo dls. nº 276/2003.
Tratando-se de uma das espécies do trabalho parassubordinado, infere-se que
também o contrato a projeto deve ser interpretado como forma de prestação autônoma de
trabalho, consoante acima já se explicitou36. No que concerne a sua tutela, contudo, este
apresenta peculiaridades em relação às típicas co.co.co., vez que a ele são aplicadas as regras
relativas ao trabalho autônomo clássico (arts. 2.222 e seguintes do Codice Civile), as normas
de direito laboral que foram sendo gradativamente estendidas às co.co.co. (cf. supra, item 3)
e, ainda, determinados direitos que restaram expressamente consagrados pelo decreto nº
276/2003 – os quais serão analisados com mais vagar em outra ocasião desta obra.
Essa diferenciação de tutela entre as duas espécies de parassubordinação leva
Antonio Viscomi a afirmar que, no que concerne à modulação conferida aos colaboradores,
atualmente se pode falar em uma colaboração “forte” e outra “fraca”. Colacione-se a lição de
referido autor:

“Tale precisazione (...) manifesta intera la sua valenza (...)


quanto sulla peculiare artocilazione in due figure della
fattispecie, originariamente unica, di collaborazione
coordinata e continuata di cui all’art. 409, n. 3, cod. proc. civ..
Risulta, infatti, ora affiancata allá collaborazione “forte” –
qualificata dal progetto, segnata da una valenza generale e
caratterizzara dalla imputazione di effetti predefiniti dalla
legge – la diversa figura por cosa dire “debole” della
collaborazione non qualificata dal progetto, avente carattere
residuale e la cui regolamentazione appare ancora rimessa, in
definitiva, allá volontà negoziale delle parti contraenti”. 37

occasionale: osservazioni critiche. In G. GHEZZI (a cura di). Il lavoro tra progresso e mercificazione. Roma:
Ediesse, 2004, p. 319).
36
Cf. supra, item 2.1..
37
VISCOMI, Antonio. Lavoro a progetto e occasionale..., Op. cit., p. 317.

19
Com efeito, observa-se que, com o decreto-legislativo nº 276/2003, houve uma
extensão dos direitos conferidos a essa espécie de trabalhador parassubordinado cujo contrato
é marcado pela existência de um projeto ou programa. Todavia, a doutrina italiana ainda hoje
se manifesta, freqüentemente, pelo necessário engrandecimento das tutelas aplicáveis aos
prestadores continuativos e coordenados – e não apenas do contrato a projeto, mas também
com relação às co.co.co. –, reconhecendo-se a característica essencial de dependência por
esses ostentada.
Diante de tais considerações, pode-se apresentar um quadro das relações de
trabalho hoje existentes na Itália, com a respectiva tutela a elas dispensada. Inicialmente, tem-
se o trabalho subordinado clássico, com tutela processual trabalhista (art. 409 do C.P.C.) e
tutela material também trabalhista (art. 2094 do C.C.). De outra parte, existe o trabalho
autônomo, subdividido em a) autonomia clássico, com tutela processual civil e tutela material
também civil (art. 2222 do C.C.), b) relações de co.co.co, com tutela processual trabalhista
(art. 409 do C.P.C.) e tutela material civil, com a extensão de algumas normas de cunho social
e c) o lavoro a progetto, com tutela processual trabalhista (art. 409 do C.P.C) e tutela material
civil, com a extensão conferida pelas normas de cunho social e pelos dispositivos do dls. nº
276/2003.

7. CONCLUSÕES

No presente estudo, pôde-se observar a evolução legislativa, doutrinária e


jurisprudencial da noção da parassubordinação no direito trabalhista italiano. É cediço que,
ainda hoje, muitas são as dúvidas e discussões a respeito do instituto – especialmente no que
tange à novel disciplina do contrato a projeto, que vem sendo alvo de constantes (e
divergentes) interpretações por parte de juristas e estudiosos do direito. Todavia, não se pode
ignorar o fato de que o legislador italiano vem se valendo de todas as cautelas possíveis para
erradicar as formas ilegais de trabalho autônomo.
Outra preocupação do ordenamento italiano diz com a necessidade de tutela das
relações de trabalho envolvendo as espécies da parassubordinação. Mediante o
reconhecimento de que tais trabalhadores possuem um regime diferenciado, que se encontra
no iter entre a autonomia e a subordinação, é crescente a atuação do legislador e da doutrina
no sentido de conferir direitos a esses prestadores, de maneira a aproximá-los da tutela
conferida ao empregado clássico, sem lhes tolher a marcante característica da autonomia.
20
Pode-se afirmar com segurança que a atuação contígua da doutrina, do legislador e
da jurisprudência na delimitação dos contornos do trabalho parassubordinado ainda tem muito
a evoluir. Com efeito, foi o que se observou com a construção da disciplina do lavoro a
progetto: diante das falhas verificadas nas relações de co.co.co. – apontadas, sobretudo, pela
jurisprudência e pela doutrina trabalhistas –, o legislador intentou estabelecer regime mais
preciso a tal espécie de trabalho. No entanto, como ainda são várias as falhas constatadas no
sistema estabelecido pelo decreto-legislativo nº 276/2003, é cediço que o legislador tende a
aprimorar cada vez mais a disciplina do contrato a projeto, sublinhando com mais firmeza
seus contornos e suas principais características.
Também não se pode ignorar a repercussão da experiência italiana para o direito
do trabalho mundial. Nesse sentido, consoante acima se salientou, já são vários os países –
especialmente europeus – que iniciam uma saga de reconhecimento de formas de trabalho
autônomo de segunda geração, estendendo-lhes direitos típicos do contrato de trabalho
subordinado. A expectativa é, portanto, que tais repercussões ampliem-se cada vez mais,
atingindo ordenamentos como o brasileiro, que ainda hoje se mostra totalmente adstrito à
clássica distinção entre o trabalho autônomo e o subordinado.

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23

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