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EXMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA Nº VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE,


CEARÁ

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE CONSUMO (CARTÃO DE CRÉDITO)


CUMULADA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER, CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO E
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

NOME DO REQUERENTE, QUALIFICAÇÃO DO REQUERENTE,


vem por intermédio da Defensoria Pública do Estado do Ceará, representado(a) pelo
Defensor Público que vem, à presença de Vossa Excelência, através da Defensoria Pública
Estadual, pelo Defensor Público e estagiária que esta subscreve, com especial fundamento
no Código Brasileiro de Proteção e Defesa do Consumidor, demais cânones aplicáveis à
espécie e no mais atual entendimento jurisprudencial e doutrinário acerca da matéria, propor
a presente AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE CONSUMO C/C OBRIGAÇÃO DE
FAZER, CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO E ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face do
NOME DO RÉU, QUALIFICAÇÃO DO RÉU, pelas razões de fato e de direito adiante
expostas.

INICIALMENTE

Requer os benefícios da justiça gratuita, em razão de estar sendo


assistido(a) pela Defensoria Pública, por ser pobre na forma da lei, conforme dispositivos
insertos na Lei Federal 1.060/50, acrescida das alterações estabelecidas na Lei Federal
7.115/83, bem como em atendimento ao preceito constitucional, na esfera federal, da Lei
Complementar Federal nº 80/94, reformada pela Lei Complementar Federal nº 132/2009 e,

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estadual, por meio da Lei Complementar Estadual nº. 06/97, tudo por apego á égide
semântica prevista no artigo 5°, LXXIV da Carta da República de 1988.

SINOPSE FÁTICA

DESCRIÇÃO DOS FATOS

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A pretensão autoral está em absoluta conformidade com o


entendimento atual do Superior Tribunal de Justiça, notadamente em face dos enunciados
de súmulas 379, 380, 381 e 382, haja vista que se trata de contrato bancário de consumo, o
qual é tutelado por norma de ordem pública prevista artigo 1º do CDC.

Ao contrário da orientação ao dever de solidariedade positivado no


microssistema consumerista, a postura do fornecedor, em regra, tem sido a de que só
avençam se houver solução de continuidade no pagamento ou se o consumidor aceitar
parcelamento de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) parcelas, em uma lógica inversa e desleal,
estimuladora do superendividamento do consumidor e capaz de provocar o lucro excessivo
ou o aumento arbitrário do lucro do fornecedor pelo não pagamento ou pelo pagamento
parcial das faturas.

Tais práticas afrontam a ordem jurídica posta desde a Constituição


Federal, quando trata do abuso do poder econômico sob a ótica dos princípios gerais da
atividade econômica, dentre os quais o de defesa do consumidor (artigo 170, V e artigo173,
§ 4º).

Assim, o que se questiona é justamente o cumprimento das regras

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do contrato de consumo em relação às informações prévias, claras e adequadas acerca das


consequências e modos do contrato, destacando as cláusulas limitadoras (artigos 46 usque
54 do CDC), bem como a inconstitucionalidade da capitalização dos juros, assuntos não
tratados nas súmulas supratranscritas.

O simples cumprimento do contrato pela parte demandante não


obsta o pedido de repetição do indébito, notadamente diante do fato de que tal pretensão
somente surge quando houver pagamento indevido (in casu, acima do devido), de sorte que
o cumprimento das cláusulas contratuais pelo devedor é pressuposto para o ingresso da
demanda.

É forçoso aclarar que os princípios que regem a relação contratual,


principalmente a boa fé objetiva, faz incidir a intitulada "teoria dos deveres laterais do
contrato", segundo a qual a idoneidade negocial deve ser perenizada antes, durante e após
a formação e cumprimento do contrato, viabilizando, assim, a possibilidade de discussão
dos termos do negócio jurídico após o seu integral cumprimento, respeitado, obviamente, o
prazo prescricional.

Insta explanar que o CDC, em seu artigo 6º, V, incutiu, em nosso


ordenamento, a denominada "Teoria da Base do Negócio Jurídico", segundo a qual se exige
a constante manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, de modo a se
efetivar uma adequação axiológica das cláusulas contratuais, hábil a possibilitar a satisfação
dos interesses de ambas as partes, obstando, assim, a ocorrência de vantagens excessivas
de uma sobre a outra parte.

Portanto, diferentemente do que ocorre com a cláusula rebus sic


stantibus, o reconhecimento da onerosidade excessiva, apta a autorizar a reavaliação das
cláusulas contratuais em contratos de consumo, independe da ocorrência de fato
imprevisível, bastando restar configurada a onerosidade excessiva em face do consumidor.

A razão para tal afirmação reside na constatação de que nos


contratos de adesão, principalmente naqueles cujo objeto cinge-se à concessão de créditos
ou empréstimos, as cláusulas que fixam a incidência de juros e multas não são discutidas

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entre os contraentes, de modo que apenas uma das partes, no caso, a instituição financeira,
detém os privilégios para fixar todos os encargos pertinentes.

Com efeito, a modificação das cláusulas iníquas, abusivas ou


excessivamente onerosas ao consumidor, decorre do pressuposto de que obrigações nulas
não podem ser convalidadas.

Ocorre que, em obséquio da especial proteção outorgada


constitucionalmente ao consumidor, o próprio Superior Tribunal de Justiça, em análise a
questões voltadas a empréstimos bancários, verificou que inúmeras instituições financeiras
estabeleciam taxas de juros elevadíssimas, completamente desproporcionais.

Em razão disso, passou-se a autorizar a revisão contratual, de modo


a estabelecer que a taxa de juros, para ser perenizada judicialmente, deveria retratar o
patamar médio praticado no mercado, senão vejamos in literis:

AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - RECURSO


ESPECIAL - AÇÃO REVISIONAL - CONTRATO DE CARTÃO DE
CRÉDITO - ADMINISTRADORA - INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - TAXA
DE JUROS REMUNERATÓRIOS NÃO PACTUADA - LIMITAÇÃO À
TAXA MÉDIA DE MERCADO PARA OPERAÇÕES DA ESPÉCIE - 1- É
assente o entendimento desta Corte no sentido de que "as empresas
administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por
isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as
limitações da Lei de Usura" (Súmula 283/STJ). 2- A Segunda Seção
desta Corte firmou o entendimento de que o fato de as taxas de juros
excederem o limite de 12% ao ano, por si, não implica abusividade;
Impondo-se sua redução, tão-somente, quando comprovado que
discrepantes em relação à taxa de mercado após vencida a obrigação.
3- Não tendo como se aferir a taxa de juros acordada, sendo pela
própria falta de pactuação, como no caso dos autos, ou pela não
juntada do contrato, devem os juros remuneratórios ser fixados à taxa
média do mercado em operações da espécie. 4- Agravo Regimental
improvido. (STJ - AgRg-AI 1.316.972 - (2010/0104225-7) - 3ª T. - Rel.
Min. Sidnei Beneti - DJe 27.09.2012 - p. 1647)

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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO


REVISIONAL - CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO - TAXA DE
JUROS REMUNERATÓRIOS - LIMITAÇÃO À TAXA MÉDIA DE
MERCADO PARA OPERAÇÕES DA ESPÉCIE OU ASSEMELHADAS
- 1- O reconhecimento da abusividade da taxa de juros nos contratos
de cartão de crédito pode ser verificada mediante o cotejo entra a taxa
contratada e a média das taxas de mercado para as mesmas
operações ou assemelhadas. 2- A verificação da abusividade ou não,
no caso concreto, encontra óbice no enunciado 7/STJ , não se
podendo extrair do acórdão o quanto a taxa de juros contratada
superou a média de mercado para símile operação. 3- As instâncias
ordinárias registraram não se poder extrair dos autos a data da
contratação ou a pactuação expressa da capitalização mensal de
juros, tema que não se sujeita à verificação desta Corte na esteira dos
enunciados nº 5 e 7/STJ . 4- AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
(STJ - AgRg-REsp 1.235.612 - (2011/0027728-6) - 3ª T. - Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino - DJe 19.08.2013 - p. 1174)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL - CONTRATO DE CARTÃO


DE CRÉDITO - CAPITALIZAÇÃO DE JUROS - POSSIBILIDADE DE
COBRANÇA VINCULADA A COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS DA
MP 1.963-17/2000 - EXPRESSA PACTUAÇÃO NÃO CONSTATADA -
ILEGALIDADE NA COBRANÇA - COMISSÃO DE PERMANÊNCIA -
CUMULATIVIDADE COM OUTROS ENCARGOS REFERENTES À
MORA - IMPOSSIBILIDADE - DUPLA PENALIZAÇÃO DO ATRASO
NO PAGAMENTO - PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA E DESTA CORTE - APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E
DESPROVIDA - 1- A Capitalização de juros é admitida a partir da
publicação da Medida Provisória de nº 1.963-17/2000, desde que
comprovada a contratação após o dia 31 de março de 2000 e a
expressa pactuação no instrumento particular. 2- Não constatada a
expressa pactuação da cobrança de juros capitalizados no contrato
tem-se essa como inexistente, tornando a cobrança indevida. 3- A
comissão de permanência tem natureza tríplice, sendo tal encargo
referente à remuneração pelo capital mutuado, sua atualização e
penalidade pelo atraso no pagamento. 4- A cobrança de outros
encargos decorrentes da mora do particular cumulada com a

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comissão de permanência findaria por penalizar em duplicidade o


mesmo evento, sendo tal prática rechaçada pela jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, nos moldes das súmulas 30 e 296 da
referida Corte. 5- Apelação Cível conhecida e desprovida. 6- Sentença
mantida. (TJCE - AC 0086783-77.2005.8.06.0001 - Relª Maria Iraneide
Moura Silva - DJe 12.07.2013 - p. 32)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL - CONTRATO DE CARTÃO


DE CRÉDITO - CAPITALIZAÇÃO DE JUROS NÃO PACTUADA -
ILEGALIDADE - LIMITAÇÃO DOS JUROS REMUNERATÓRIOS -
IMPOSSIBILIDADE - COMISSÃO DE PERMANÊNCIA CUMULADA
COM OUTROS ENCARGOS REMUNERATÓRIOS E MORATÓRIOS -
IMPOSSIBILIDADE - SÚMULAS 296 E 472 DO STJ - MULTA
MORATÓRIA - LIMITE LEGAL - RECURSO APELATÓRIO
CONHECIDO EM PARTE E PARCIALMENTE PROVIDO - 1- A
capitalização mensal de juros, apesar de firmado o contrato empós a
edição da Medida Provisória nº 2.170-36/2001, não é possível, visto
inexistir pactuação expressa no instrumento respectivo. 2- A limitação
de juros remuneratórios de 12% ao ano, prevista na Lei de Usura, não
é aplicável aos contratos bancários, salvo aqueles regidos por leis
especiais, a exemplo das cédulas de crédito rural, industrial e
comercial. 3- É admitida a cobrança da comissão de permanência no
período da inadimplência nos contratos bancários, à taxa de mercado,
desde que pactuada e cobrada de forma exclusiva, ou seja, não
cumulada com outros encargos moratórios, remuneratórios ou
correção monetária. 4- Recurso apelatório conhecido em parte e
parcialmente provido. (TJCE - AC 0046232-84.2007.8.06.0001 - Rel.
Francisco Gladyson Pontes - DJe 15.04.2013 - p. 48)

Por outro lado, com relação à impossibilidade de capitalização dos


juros em face da inconstitucionalidade da Medida Provisória 2171/2001, ao lado da ausência
das informações prévias e das cláusulas abusivas - o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar
voto da Ministra Cármen Lúcia Antunes, em 05 de novembro de 2008, no Recurso
Extraordinário 582760, reconheceu que sem estar expressamente contratada, não pode
haver cobrança de capitalização de juros seja de até um ano (como prevê a prefalada
medida provisória), seja em período superior.

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Nesse sentido, inclusive, o pronunciamento da Ministra Cármen


Lúcia Antunes do Supremo Tribunal Federal, no trecho abaixo extraído da decisão exarada:

“(...) E é nessa perspectiva que a conclusão que se me impõe é a de


que não é a mera instituição legal de capitalização mensal, semestral,
anual ou qualquer outra que importa juridicamente para o respeito aos
direitos constitucionais e legais do consumidor, mas a clareza (diria
mesmo a transparência) do contrato firmado, ou seja, o respeito ao
direito à informação de que é titular o consumidor que lhe permite
saber o que efetivamente pagará de juros e determinará, assim, o
respeito a seu direito.” (trecho do voto da Ministra Cármen Lúcia
Antunes Rocha, do Supremo Tribunal Federal, nos autos do Recurso
Extraordinário 582.760 / RS em 05 de novembro de 2008 - sem
destaque no original)

Por último, em face da RECL. 1897/AC, já tem decidido,


recentemente, o STF sobre a inadmissibilidade de capitalização mensal, como se vê
adiante:

CONTRATO BANCÁRIO. JUROS. CAPITALIZAÇÃO EM PERÍODO


INFERIOR A UM ANO. INADMISSIBILIDADE. ART. 5º DA MP 2.087-
29/2001, EDITADA COMO MP 2.140-34. INCONSTITUCIONALIDADE
RECONHECIDA INCIDENTALMENTE. Controle difuso de
constitucionalidade, exercido em ação civil pública. Não usurpação de
competência do Supremo. Reclamação julgada improcedente. Agravo
improvido. Inteligência do art. 102, inc. I, “a”, da CF. Não usurpa
competência do Supremo Tribunal Federal, decisão que, em ação civil
pública de natureza condenatória, declara incidentalmente a
inconstitucionalidade de norma jurídica. RECURSO. Agravo
regimental. Reclamação. Inconsistente. Inexistência de razões novas.
Rejeição. É de rejeitar agravo regimental que não apresenta razões
novas capazes de ditar reforma da decisão agravada.

(STF - Rcl 1897 AgR / AC - ACRE - AG.REG. NA RECLAMAÇÃO –


Relator(a): Min. CEZAR PELUSO (PRESIDENTE) - Julgamento:
18/08/2010 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno - DJe-020 DIVULG 31-
01-2011 PUBLIC 01-02-2011).

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Importante salientar que, quando o CDC determina que a informação


seja prévia e adequada, está justamente dizendo que as informações precisam ser dadas
em conformidade com a compreensão do consumidor, sem utilização de termos técnicos
incompreensíveis ao leigo, com clareza, esclarecendo os “prós e contras” do negócio, a
orientação e verificação da capacidade de endividamento do consumidor, de modo que a
sua liberdade de escolha possa ser realmente exercida.

Ocorre que a prática deste mercado de financiamento, com raras


exceções, tem se caracterizado por atitudes diametralmente opostas às regras de direito do
consumidor. Cabe, então, ao sistema de justiça fazê-lo ser respeitado.

Sabe-se, entrementes, que, a partir da MP 2170-36/00, passou-se a


admitir a contratação de capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano nos
contratos bancários em geral. Com a edição da Lei Federal 10.931/04, essa possibilidade foi
também adotada para a modalidade de Cédula de Crédito Bancário.

Por outro lado, impõe-se à atuação judicial a necessidade de,


primeiramente, delimitar qual seja a conduta esperada em cada situação concreta, para
posteriormente confrontá-la àquela efetivamente praticada. No caso sub judice, necessário
se faz cotejar o contrato em lide sob a batuta da cláusula geral de boa-fé objetiva, adotada
no âmbito contratual e aplicável tanto às relações contratuais em geral, como às relações de
consumo. Nesse diapasão, sobressaem os deveres anexos entre os quais se ressalta o
dever de informação.

No mercado de consumo, a informação ao consumidor (publicidade)


é antecede a contratação e prestada no exato momento da contratação. E é precisamente
esse dever de informação, prestado formalmente no ato da contratação, que circunda a
hipótese do caso em contenda.

O direito à informação, segundo a boa doutrina, decorre


especialmente do princípio da transparência, consectário, por sua vez, da adoção da boa-fé
objetiva e do dever anexo de prestar as informações necessárias à formação,
desenvolvimento e conclusão do negócio jurídico entabulado entre as partes.

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Assim, a interpretação sistemática dos artigos 4º, 6º, 31, 46 e 54 do


CDC leva-se à conclusão de que, para se desincumbir de seus deveres mútuos de
informação, os contratantes devem prestar todos os esclarecimentos, de forma
correta, clara, precisa e ostensiva, a respeito dos elementos essenciais ao início da relação
contratual.

Neste sentido é o Código Consumerista:

Art. 54 - Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido


aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o
consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo.

(...)

§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos


claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte
não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão
pelo consumidor. (Redação da LEI Nº 11.785/22.09.2008)

Art. 46 - Os contratos que regulam as relações de consumo não


obrigarão os consumidores, se não Ihes for dada a oportunidade de
tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de
seu sentido e alcance.

No magistério de Sérgio Cavalieri Filho:

”A nova concepção contratual está essencialmente estruturada sobre


os princípios da equidade e boa-fé. A afronta a estes princípios rompe
o desejado e justo equilíbrio econômico da relação jurídica de
consumo, fazendo ruir o Direito e passa a representar uma vantagem
excessiva para o fornecedor e um ônus não razoável para o
consumidor.

O sistema protetivo do consumidor está estruturado sobre os

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princípios da equidade, da boa-fé e da função social do contrato, dos


quais decorrem os que vedam a lesão e o enriquecimento indevido,
tudo como corolário do resgate da dignidade da pessoa humana.
(Programa de Direito do Consumidor, 3. edição, Atlas, 2011, págs. 102
e 103)”.

E ainda acrescenta e emérito magistrado:

“ A nova concepção dos contratos repudia, de modo veemente e


absoluto, a lesão, o prejuízo não razoável. A primazia não é mais da
vontade, mas, sim, da justiça contratual. (ob. cit. pág. 117)”.

Só há autonomia da vontade quando o consumidor é bem informado


e pode manifestar a sua decisão de maneira refletida. Além de informar ao consumidor e de
esclarecê-lo, tem o fornecedor especialista o dever de aconselhá-lo e de orientá-lo. Assim,
por falta de informação adequada, o fornecedor pode responder.

E a falta de oportunidade de compreensão do que estava


contratando, consoante já dissertado, levou o demandante a sofrer graves prejuízos,
redundando em dizer que as cláusulas aqui atacadas são abusivas e nulas de pleno jure. A
propósito, vejamos as seguintes regras do CDC:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas:

(...)

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

XI - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou


contratualmente estabelecido;

Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

(...)

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que


coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

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Com efeito, o cumprimento desse dever, até mesmo em


consequência da objetividade da boa-fé, não toma em consideração a intenção do agente
em ludibriar, omitir ou lesionar a parte contrária; o que se busca efetivamente é proteção
dos contratantes.

Em matéria de contratos bancários, os juros remuneratórios são


essenciais e preponderantes na decisão de contratar. São justamente essas taxas de juros
que viabilizam a saudável concorrência e que levam o consumidor a optar por uma ou outra
instituição financeira.

Entrementes, embora a sua irrefutável importância, percebe-se que a


maioria da população brasileira ainda não compreende a fórmula do cálculo dos juros
bancários contratados. Observa-se que não há qualquer esclarecimento prévio, tampouco
se concretizou o ideal de educação do consumidor, previsto no art. 4º, IV, do CDC.

Nesse contexto, a capitalização de juros está longe de ser um


instituto conhecido, compreendido e facilmente identificado pelo consumidor. A realidade
cotidiana é a de que os contratos bancários, muito embora estejam cada vez mais
difundidos na nossa sociedade, ainda são incompreensíveis à maioria dos consumidores,
que são levados a contratar e aos poucos vão aprendendo pelas regras da experiência.

Obtém-se, dessas premissas, o padrão de comportamento a ser


esperado do homem médio, que aceita a contratação do financiamento a partir do confronto
entre taxas nominais ofertadas no mercado. De considerar, ainda, como medida da atitude
objetivamente esperada de cada contratante, o padrão de conhecimento e comportamento
das pessoas na nossa sociedade. Tudo porque se vive numa sociedade de profundas
disparidades sociais, com relativamente baixo grau de instrução.

Doutra banda, atribui-se à instituição financeira – detentora de


elevado conhecimento a respeito dos valores envolvidos, dos métodos de cálculo e ainda do
perfil de seu cliente e dos riscos operacionais envolvidos – o dever de prestar as
informações de forma clara e evidente, no intuito de dar concretude ao equilíbrio entre as
partes das relações de consumo. Desse modo, o CDC impõe expressamente a prestação de

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esclarecimentos detalhados, claros, precisos, corretos e ostensivos, de todas as cláusulas


que compõem os contratos de consumo, sob pena de abusividade.

Assim, deve-se concluir se a constância expressa das taxas de juros


anual e mensal é, por si só, clara o bastante aos olhos do consumidor, a ponto de se antever
a existência da capitalização, uma vez que o consentimento informado do consumidor às
cláusulas contratuais que lhe são impostas é deduzido do entendimento de que a previsão
das referidas taxas permitem ao consumidor conhecer os exatos termos contratados.

Dessarte, mesmo para aqueles consumidores dotados de profundo


conhecimento acerca da matéria, a simples visualização das taxas de juros não é suficiente
para compreensão adequada de qual periodicidade de capitalização lhe está sendo ofertada
ou imposta. A periodicidade da capitalização, por sua vez, é dado relevante para a apuração
da taxa de juros real incidente no contrato, bem como para o acompanhamento da evolução
do saldo devedor.

Resulta, daí, que, mesmo a apuração dos valores anuais, calculados


por método simples, demandaria a utilização de meios eletrônicos para a maioria dos
consumidores, dificultando, induvidosamente, a identificação visível da própria divergência
entre a taxa de juros anual e o duodécuplo da taxa mensal.

Chega-se à ilação, desse modo, que a menção numérica às taxas de


juros no contrato em lide, embora permita a compreensão dos termos contratados, não é,
por si só, suficiente ao efetivo cumprimento do dever legal de prestação da adequada e
transparente informação, que deve se encontrar escrita de forma compreensível ao
consumidor. Deve, portanto, ser afastada a capitalização dos juros, haja vista que houve
violação da boa-fé objetiva, inclusive por não ter sido entregue uma via contratual.

Esse é o entendimento mais recente do Tribunal da Cidadania, senão


vejamos:

CIVIL. BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REVISÃO


CONTRATUAL. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. CONTRATAÇÃO
EXPRESSA. NECESSIDADE DE PREVISÃO.

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DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA.

1. A contratação expressa da capitalização de juros deve ser clara,


precisa e ostensiva, não podendo ser deduzida da mera divergência
entre a taxa de juros anual e o duodécuplo da taxa de juros mensal.

2. Reconhecida a abusividade dos encargos exigidos no período de


normalidade contratual, descaracteriza-se a mora.

3. Recurso especial não provido.

(STJ - REsp Nº 1.302.738 – SC - RELATORA : MINISTRA NANCY


ANDRIGHI – T3 – TERCEIRA TURMA - J. 03.05.2012)

A questão, então, é simples e é clara: só se pode falar ou cogitar de


capitalização se ele tiver sido prévia, ostensiva, clara e adequadamente inserida no pacto
com o consumidor, o que não ocorreu no presente caso.

Enfim, para que as cláusulas contratuais tenham eficácia em relação


ao consumidor, delas ele necessariamente deverá ter tomado conhecimento prévio e total
do seu conteúdo. Mera declaração de recebimento das cláusulas gerais é insuficiente.
Assim, as cláusulas gerais não integrantes no contrato, eventualmente aquiescidas e
assinadas pelo consumidor, não lhe são oponíveis.

DA POSSIBILIDADE DO PARCELAMENTO JUDICIAL DO DÉBITO REMANESCENTE

Sobre a questão do parcelamento judicial do débito decorrente de


contrato de consumo, pronuncia-se NOME DO REQUERENTE (citada por Geraldo Farias
da Costa em artigo publicado no livro Direitos do Consumidor Endividado, publicado pela
Revista dos Tribunais):

“No direito brasileiro, em face do CDC parece também ser possível


considerar-se a existência deste dever de renegociação a favor do
consumidor, pois tanto o art. 6º, V menciona o direito do consumidor
de pedir a modificação do contrato em caso de onerosidade

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excessiva, quanto nos arts. 52 e 53 menciona o direito à informação,


ao pagamento antecipado e devolução das quantias pagas. logo,
parece-me possível também no brasil requerer a antecipação desta
modificação e a cooperação do parceiro-fornecedor (dever de
renegociação) para a readaptação do contrato (princípio da boa fé do
art. 4º, iii) e sua manutenção (art. 51, § 2º).

Não se diga que há impossibilidade jurídica do presente pedido por


se considerar o parcelamento liberalidade das partes, haja vista que se trata de um contrato
de consumo em que se deve concretizar os valores constitucionalmente assegurados,
devendo, também, ser pautado pela BOA FÉ e pelo dever de solidariedade, principalmente
em casos como o presente, onde foi concedido um crédito bem maior do que o que poderia
ser dignamente suportado pelo(a) promovente, que goza de presunção legal de
vulnerabilidade (CDC, artigo 4º, I).

Ademais, o código consumerista adotou, no caput do artigo 7º, o


diálogo das fontes como premissa a ser utilizada em favor do consumidor. Nesse sentido, é
de se adotar o artigo 480 do Código Civil, como forma de ressaltar o dever de cooperação
do fornecedor, impondo a alteração do modo de execução da dívida, a fim de evitar a ruína
daquele. Vejamos, a propósito, o que dispõe o artigo em comento:

Art. 48 - Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das


partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou
alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade
excessiva.

De sua parte, o próprio Código Buzaid, em seu artigo 745-A, assim


disciplina:

Art. 745-A - No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do


exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do
valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado,
poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até
6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros
de 1% (um por cento) ao mês. (Redação da LEI Nº 11.382 /06.l2.2006)

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Com efeito, nada impede a adaptação do caso em querela ao artigo


em comento, em analogia, com a modificação da exclusão de custas e honorários, por ser a
autora beneficiária da justiça gratuita, devendo o débito, de acordo com os cálculos anexos,
ou seja, VALOR DO DÉBITO, ser parcelado de acordo com as condições financeiras da
requerente, levando-se em conta o patamar máximo e legal de 30% de sua remuneração
disponível (art. 2º, § 2º, I, da Lei Federal 10.820/03).

Assim, para que a autora possa, mesmo com orçamento apertado,


continuar sua jornada de vida com o mínimo de dignidade, reconhece como inconteste o
saldo devedor apresentado na planilha anexa, com realinho aos ditames legais, devendo o
débito ser dividido em Nº DE PARCELAS parcelas iguais e sucessivas de VALOR DAS
PARCELAS, única forma de tornar o débito pagável, sem que afete diretamente a sua
sobrevivência e de sua família.

Nesse sentido - e por estas razões - é que o direito brasileiro vem


admitindo o parcelamento judicial de débitos de consumo como se pode confirmar pelas
decisões que se seguem:

CONSUMIDOR. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. DÉBITO


DE CONSUMO REGULAR. SOLICITAÇÃO DE PARCELAMENTO DO
DÉBITO. POSSIBILIDADE, NO CASO EM CONCRETO. SENTENÇA
MANTIDA.

- Não há que se falar em litispendência, porquanto não se trata da


mesma causa de pedir constante da demanda anterior (fls. 127/133),
já que a presente lide versa estritamente sobre pedido de
parcelamento do débito apurado entre os meses de outubro de 2006 a
agosto de 2008. Preliminar que resta afastada.

- Hipótese do caso em concreto que recomenda o deferimento do


parcelamento do débito. Excepcionalidade do caso. Situação em que
o parcelamento se mostra a forma através da qual há maior
probabilidade de adimplemento do débito.

Aplicação do princípio da eqüidade. - Ressalvadas as possibilidades


de corte na hipótese de inadimplemento das parcelas referentes ao

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débito em questão. A cessação do fornecimento de energia somente


poderá ocorrer

por débitos novos não abrangidos pelo parcelamento em questão, e


sempre mediante prévio aviso.

- Sentença de procedência que resta mantida, conforme autoriza o art.


46 da Lei nº 9.099/95.

NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. (TJRS - RECURSO


INOMINADO CÍVEL Nº 71002002921 - PRIMEIRA TURMA
RECURSAL - RELATOR: HELENO TREGNAGO SARAIVA – j.
06.11.2009)

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA


ELÉTRICA - PEDIDO DE PARCELAMENTO - NECESSIDADE DE
CONCESSÃO PARA EVITAR INADIMPLEMENTO, TENDO EM VISTA
A CONDIÇÃO ECONÔMICA DA PARTE - Já é entendimento
pacificado desta Turma Recursal de que para fim de permitir o
cumprimento da obrigação, diante da condição econômica da parte, o
parcelamento do débito decorrente de consumo de energia elétrica é
medida que se impõe. No presente caso, viável o fracionamento do
valor de VALOR A SER FRACIONADO em Nº DE PARCELAS
parcelas mensais e sucessivas de VALOR DAS PARCELAS, tendo
em vista que o autor não se nega a pagar o débito, ao contrário,
procurou a ré para que esta aceitasse o valor devido do modo que
conseguisse cumprir com sua obrigação, devido a sua frágil situação
econômica. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. (TJRS -
RIn 71003127636 - 2ª T.R.Cív. - Relª Vivian Cristina Angonese
Spengler - J. 28.03.2012)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - AGRAVO REGIMENTAL -


NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - INOCORRÊNCIA -
ÁGUA - FORNECIMENTO DE ÁGUA - SUSPENSÃO -
PARCELAMENTO DO DÉBITO - (...) 5- Em relação ao parcelamento
estabelecido judicialmente, existe julgado desta Corte no sentido de
que permite-se que o "magistrado interfira na relação contratual para
reequilibrar o sinalagma e formentar a execução, quando houver
onerosidade excessiva e desvantagem exagerada para o consumidor

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(...) O parcelamento permite que a ré receba o que lhe é devido, o que


doutra forma restará obstaculizado, o que não se coaduna com a
essencialidade da contraprestação do fornecimento de água" (AgRg
no REsp 1.064.832/RJ, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma,
DJe 4.9.2008). 6- Agravo regimental parcialmente provido, apenas
para fazer constar a expressão "corte no fornecimento de água", em
vez de "corte no fornecimento de energia elétrica". (STJ - AgRg-AI
1.359.604 - (2010/0190666-3) - 2ª T. - Rel. Min. Mauro Campbell
Marques - DJe 09.05.2011 - p. 581)

ADMINISTRATIVO E DIREITO CONSUMIDOR. FORNECIMENTO DE


ÁGUA. SUSPENSÃO. PARCELAMENTO DO DÉBITO. RECURSO
ESPECIAL. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ARTIGO 535 DO CPC.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 283/STF.

(...)

II - No mais, o fornecimento de água foi determinado, na hipótese,


tendo em vista situação peculiar, qual seja, o parcelamento do débito.
Senão vejamos: "o Código de Defesa do Consumidor permite que o
magistrado interfira na relação contratual para reequilibrar o sinalagma
e fomentar a execução, quando houver onerosidade excessiva e
desvantagem exagerada para o consumidor. Dessa forma, a presente
demanda se enquadra perfeitamente na citada hipótese, vez que
qualquer valor que venha a ser cobrado retroativamente junto com o
consumo atual colocará o consumidor em situação de desequilíbrio
financeiro, impedindo o cumprimento do contrato. Pontue-se, ainda,
que o parcelamento permite que a ré receba o que lhe é devido, o que
doutra forma restará obstaculizado, o que não se coaduna com a
essencialidade da contraprestação do fornecimento de água".

(...)(STJ - AgRg no REsp 1064832 / RJ - Relator(a) Ministro


FRANCISCO FALCÃO - Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA TURMA -
Data do Julgamento 26/08/2008 - Data da Publicação/Fonte DJe
04/09/2008).

De destacar, finalmente, por verdadeiro, que, como advertido por


Boaventura de Sousa Santos, é papel da DEFENSORIA PÚBLICA, enquanto instituição

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incumbida constitucionalmente de propiciar o acesso à justiça, estimular a solidificação de


correntes jurisprudenciais que atendam o princípio da dignidade às pessoas em condições
de vulnerabilidade.

DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

O artigo 273, I do CPC prevê a possibilidade de o juiz, a


requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no
pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Da mesma forma é a prescrição do CDC, ex textus:

Art. 84 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de


fazer ou não fazer, o Juiz concederá a tutela específica da obrigação
ou determinará providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.

§ 1º - A conversão da obrigação em perdas e danos somente será


admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela
específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

§ 2º - A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa


(artigo 287 do Código de Processo Civil).

§ 3º - Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo


justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao Juiz
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o
réu.

§ 4º - O Juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença, impor multa


diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente
ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o
cumprimento do preceito.

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Com efeito, a tutela antecipada é a decisão provisória que satisfaz


total ou parcialmente, imediatamente o direito material deduzido. Exige verossimilhança
baseada em prova segura, inequívoca. A tutela antecipa os efeitos do provimento final.

A prova inequívoca é a prova robusta, consistente, que conduza a


um juízo de probabilidade. É prova com boa dose de credibilidade; não é prova absoluta,
irrefutável. É qualquer meio de prova, em geral documental, capaz de influir, positivamente,
no convencimento do juiz – prova suficiente para o surgimento do verossímil.
Verossimilhança é o juízo que permite chegar a uma verdade provável sobre os fatos:
elevado grau de probabilidade da versão apresentada pelo(a) autor(a).

No que tange ao fundado receio de dano irreparável ou de difícil


reparação, inevitável a comparação com o periculum in mora ou risco de dano iminente do
processo cautelar, refletindo-se, no dizer autorizado de Ovídio Baptista da Silva, na
exposição a perigo do direito provável.

Ao comentar os requisitos para a concessão da tutela antecipada, o


Professor Luiz Guilherme Marinoni assim disserta:

"É possível a concessão da tutela antecipatória não só quando o dano


é apenas temido, mas igualmente quando o dano está sendo ou já foi
produzido.

Nos casos em que o comportamento ilícito se caracteriza como


atividade de natureza continuativa ou como pluralidade de atos
suscetíveis de repetição, como, por exemplo, nas hipóteses de
concorrência desleal ou de difusão notícias lesivas à personalidade
individual, é possível ao juiz dar a tutela para inibir a continuação da
atividade prejudicial ou para impedir a repetição do ato." (in "A
Antecipação da Tutela na Reforma do Processo Civil", Ed. Malheiros,
p. 57).

A propósito, sobre a tutela antecipatória jurisdicional, leciona o emérito


Professor e Desembargador Cândido Rangel Dinamarco, em seu livro
"Reforma do Processo Civil":

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A lei fala em "antecipar os efeitos da tutela pretendida no pedido


inicial", no pressuposto conceitual de que a tutela seja o próprio
provimento a ser emitido pelo juiz. Antecipar os efeitos da tutela seria
antecipar os efeitos do provimento, ou da sentença que no futuro se
espera. Na realidade, tutela jurisdicional é a proteção em si mesmo e
consiste nos resultados que o processo projeta para fora de si e sobre
a vida dos sujeitos que litigam. Ela coincide com os efeitos dos
provimentos emitidos pelo juiz. Beneficiar-se de efeitos antecipados,
como está na letra do art. 273, é precisamente beneficiar-se da tutela
antecipada. Por isso é que neste estudo se vai falando em
antecipação da tutela, fórmula dotada de mais simplicidade do que a
antecipação dos efeitos da tutela. (ob. cit. p.140) (IN, A Reforma do
Código de Processo Civil, Cândido Rangel Dinamarco, 2ª ed., revista
e ampliada com a nova disciplina do agravo - Malheiros Editores Ltda
-São Paulo-SP-1995 –pp. 145/146).

Os requisitos essenciais para a concessão da tutela antecipada


estão inequivocamente presentes no processo em curso, ou seja, há prova inequívoca,
robusta, idônea, consistente do direito do(a) autor(a), constante dos documentos trazidos à
colação, permitindo-se a esse r. juízo chegar a uma verdade provável sobre os fatos, relativa
certeza quanto a esta veracidade (verossimilhança). Tal requisito encontra-se
inequivocamente assente na espécie, ante a robustez dos argumentos sustentados pelo(a)
demandante, com amparo em legislação específica.

Quanto ao dano irreparável ou de difícil reparação, este se encontra


patente, uma vez que resta cristalino que a demora da prestação jurisdicional trará prejuízos
de difícil reparação à parte requerente, a qual está impedida de atender a outras
necessidades vitais, como a de compra de alimentos.

O periculum in mora, por sua vez, entremostra-se presente na


grande quantidade de beneficiários endividados que buscam essa modalidade de
FINANCIAMENTO, recorrendo diuturnamente ao Judiciário, tendo em vista a violação dos
limites legais dos juros e da mora.

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Ademais, caso não seja concedida a tutela antecipada ora requerida


imediatamente, haverá sério comprometimento da renda da parte autoral, uma vez que a
dívida tende somente a aumentar, redundando em afetação da sua própria dignidade.
Assim, nítido está que o requerente não poderá esperar o julgamento definitivo da lide, sob
pena de sério prejuízo material e moral insuscetíveis de recomposição.

Importante trazer à colação os ensinamentos doutrinários do


eminente jurista Nelson Nery Junior, proferidos em sua magnífica obra Código de Processo
Civil Comentado, onde com maestria preleciona que:

“Ações que admitem a tutela antecipada. Em toda ação de


conhecimento, em tese, é admissível a antecipação de tutela, seja a
ação declaratória, constitutiva (positiva ou negativa), condenatória,
mandamental etc. A providência tem cabimento, quer a ação de
conhecimento seja processada pelo rito comum (ordinário ou sumário)
ou especial, desde que verificados os pressupostos da norma sob
comentário” (...) (ob. cit. ,5ª edição; 2001, p.732)

A parte autora tem contra si uma dívida crescente em velocidade


assustadora e precisa, urgentemente, de uma resposta do Judiciário para a readequação da
divida para preservar a dignidade, como já vem acontecendo em casos símiles, a exemplos
dos seguintes:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO


BANCÁRIO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. LEGALIDADE DA
AVENÇA. MENORES TAXAS DE JUROS. LIMITAÇÃO DO
DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO DO TRABALHADOR.
PERCENTUAL DE 30%. PREVISÃO LEGAL. EQUILÍBRIO ENTRE OS
OBJETIVOS DO CONTRATO E A NATUREZA ALIMENTAR DO
SALÁRIO. 1. Não incidem as Súmulas 05 e 07 do STJ quando os
fatos delineados pelas instâncias ordinárias se revelarem
incontroversos, de modo a permitir, na via especial, uma nova
valoração jurídica, com a correta aplicação do Direito ao caso
concreto. 2. Este Tribunal Superior assentou ser possível o
empréstimo consignado, não configurando tal prática penhora de
salário, mas, ao revés, o desconto em folha de pagamento

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proporciona menores taxas de juros incidentes sobre o mútuo, dada a


diminuição do risco de inadimplência do consumidor, por isso a
cláusula contratual que a prevê não é reputada abusiva, não podendo,
outrossim, ser modificada unilateralmente. 3. Entretanto, conforme
prevêem os arts. 2º, § 2º, I, da Lei 10.820/2003, 45 da Lei 8.112/90 e
8º do Decreto 6.386/2008, a soma dos descontos em folha referentes
ao pagamento de empréstimos, financiamentos e operações de
arrendamento mercantil não poderá exceder a 30% (trinta por cento)
da remuneração disponível do trabalhador. É que deve-se atingir um
equilíbrio (razoabilidade) entre os objetivos do contrato e a natureza
alimentar do salário (dignidade da pessoa humana). Precedentes do
STJ. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg nos
EDcl no REsp 1223838/RS, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA,
julgado em 03/05/2011, DJe 11/05/2011)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. POSSIBILIDADE.
PRESENÇA DOS REQUISITOS EXIGIDOS PELO ART. 273 DO CPC.
BENEFICIÁRIOS DO INSS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.
LIMITAÇÃO DOS DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO.
PREVISÃO LEGAL. EQUILÍBRIO ENTRE OS OBJETIVOS DO
CONTRATO E A NATUREZA ALIMENTAR DO SALÁRIO. DECISÃO
AGRAVADA MANTIDA. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO,
MAS DESPROVIDO. 1. Quanto à concessão de tutela antecipada em
sede de ação civil pública, a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça tem se manifestado pela possibilidade da medida, desde que
se façam presentes os requisitos do artigo 273 da Lei Adjetiva Civil,
quais sejam: a verossimilhança de suas alegações, o fundado receio
de dano irreparável ou de difícil reparação, e de não haver perigo de
irreversibilidade do provimento antecipado. 2. As limitações nos
descontos em folha de pagamento, nos empréstimos consignados,
não apenas decorrem de leis em pleno vigor - que gozam, como se
sabe, de presunção de constitucionalidade, veiculando proibições, a
meu sentir, absolutamente legítimas -, mas também do próprio núcleo
essencial do direito social ao salário, como expressão da dignidade da
pessoa humana, devendo-se, por isso mesmo, possibilitar aos seus

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titulares o acesso ao mínimo existencial. 3. Decisão agravada que se


mantém. 4. Agravo conhecido e desprovido. (TJCE - Agravo de
Instrumento 1831962200980600000 – Rel. Desa. MARIA NAILDE
PINHEIRO NOGUEIRA – 2ª C. Cível – j. 31.10.2011)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA


COM REVISÃO CONTRATUAL E INDENIZATÓRIA. DESCONTOS
EM CONTA-CORRENTE DESTINADA AO DEPÓSITO DE VERBAS
SALARIAIS. SUPERENDIVIDAMENTO. PARCELAS FIXADAS ACIMA
DA RENDA MENSAL DA CONSUMIDORA. TUTELA ANTECIPADA
DEFERIDA. LIMITAÇÃO DOS DESCONTOS A 30% DO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO DA AGRAVADA. VEDAÇÃO À NEGATIVAÇÃO.
MULTA DIÁRIA. 1. A verossimilhança e a plausibilidade das alegações
autorais restaram demonstradas, sendo que a plausibilidade do direito
decorre da natureza da relação jurídica estabelecida entre as partes,
que é regida pelo Código de Defesa do Consumidor. 2. A
probabilidade do dano está presente, pois não pode a instituição
financeira apropriar-se integralmente dos rendimentos do correntista
para compensação de dívidas, deixando o cliente desprovido de meios
básicos para seu sustento. 3. Não merece reparo a decisão que limita
de 30% os descontos em conta corrente em que a autora recebe
proventos de aposentadoria, viabilizando, de um lado, o sustento da
parte e o pagamento parcial da dívida. (...) 5. A multa aplicada mostra-
se necessária e de valor razoável, haja vista que sua fixação se deu
nos estritos limites do parágrafo 4º do art. 461 do CPC e em
consonância com os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, sendo certo que para o agravante evitar sua incidência
basta cumprir o comando judicial. 6. Recurso a que se nega
seguimento, nos termos do artigo 557, caput, do CPC. (TJRJ - DES.
ELTON LEME - Julgamento: 28/09/2009 - DECIMA SETIMA CAMARA
CIVEL - 2009.002.33873)

É certo que as decisões supratranscritas tratam de descontos em


empréstimos consignados, mas é igualmente certo que a motivação da decisão é a mesma:
proteger a dignidade do consumidor no pagamento da dívida, possibilitando o equilíbrio
contratual.

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Entende o Superior Tribunal de Justiça – STJ que a simples


discussão judicial da dívida não é suficiente para obstaculizar ou remover a negativação do
devedor nos bancos de dados, a qual depende da presença concomitante dos seguintes
requisitos: a) ação proposta pelo devedor contestando a existência integral ou parcial do
débito; b) efetiva demonstração de que a pretensão se funda na aparência do bom direito; e
c) depósito ou prestação de caução idônea do valor referente à parcela incontroversa, para
o caso de a contestação ser apenas de parte do débito. (Resp n. 527.618, Segunda Seção,
Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 22/11/2003; Resp n. 1.061.530, Segunda Seção,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/10/2008).

Ressalte-se que a decisão, ao mesmo tempo em propicia que o


consumidor inicie o resgate da sua dignidade, é reversível: dá oportunidade ao consumidor
de demonstrar a sua boa fé e fazer o pagamento do valor incontroverso sem prejudicar o
direito do credor, haja vista que a antecipação da tutela não significa, em principio, qualquer
quitação da dívida.

Vejamos, a propósito, o que vêm decidindo nossos tribunais pátrios a


respeito da possibilidade da CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA, em casos
semelhantes ao sub judice:

AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - CONTRATO


BANCÁRIO - AGRAVO REGIMENTAL - AÇÃO REVISIONAL DE
CONTRATO BANCÁRIO - TUTELA ANTECIPADA DEFERIDA PARA
DETERMINAR O DEPÓSITO DAS PARCELAS, VEDAR A
EXCLUSÃO DO NOME DO AUTOR NOS CADASTROS DE
INADIMPLENTES E MANTÊ-LO NA POSSE DO BEM QUE
GARANTE A DÍVIDA - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU
PROVIMENTO AO AGRAVO (ART. 544 DO CPC) - INSURGÊNCIA DA
CASA BANCÁRIA - 1- INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ -
Impossibilidade de análise dos requisitos ensejadores da concessão
de tutela antecipada, por consubstanciarem os aspectos fáticos da
demanda. 2- Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg-AG-REsp.
260.619 - (2012/0246834-8) - 4ª T. - Rel. Min. Marco Buzzi - DJe
14.03.2013 - p. 747)

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CONTRATO BANCÁRIO - AÇÃO REVISIONAL - CADASTRO DE


INADIMPLÊNCIA - INSCRIÇÃO OU MANUTENÇÃO - "Agravo
regimental no agravo de instrumento. Reexame de provas.
Inviabilidade. Súmula nº 7/STJ . Contratos bancários. Ação revisional.
Inscrição/manutenção em cadastros de inadimplência. Tutela
antecipada ou medida cautelar. 1. A Segunda Seção do Superior
Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.061.530/RS, Relatora
Ministra Nancy Andrighi, submetido ao regime dos recursos
repetitivos, firmou posicionamento do sentido de que: 'a) A abstenção
da inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes, requerida em
antecipação de tutela e/ou medida cautelar, somente será deferida se,
cumulativamente: I - a ação for fundada em questionamento integral
ou parcial do débito; II - houver demonstração de que a cobrança
indevida se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência
consolidada do STF ou STJ; III - houver depósito da parcela
incontroversa ou for prestada a caução fixada conforme o prudente
arbítrio do juiz'. 2. Agravo regimental não provido." (STJ - AgRg-AI
1.014.697 - (2008/0033417-9) - 3ª T. - Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva - DJe 27.02.2013)

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO


DE EMPRESTIMO - LIMINAR CONCEDIDA - REQUISITOS
AUTORIZADORES - FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA -
OCORRÊNCIA - CONTESTAÇÃO PARCIAL DO DÉBITO COM
FULCRO EM ABUSIVIDADES CONTRATUAIS - DETERMINAÇÃO DE
DEPÓSITO DO VALOR INCONTROVERSO - PRESENTES OS
ELEMENTOS NECESSÁRIOS À CONCESSÃO DA TUTELA
ANTECIPADA NOS TERMOS DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA - AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO -
1- Constata-se a presença dos requisitos necessários à concessão da
medida liminar a partir da análise dos autos, verificando-se o
periculum in mora pela abusividade de cláusulas contratuais
constatadas em juízo probabilístico e o fumus boni iuris, vislumbrado
no receio de ofensa ao direito de crédito do requerente em possível
negativação de seu nome por cobrança indevida. 2- Na esteira da
Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, fazem-se necessários

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três requisitos para deixar de ser enviado nome para cadastro de


proteção ao crédito, quais sejam: a) haja ação proposta pelo devedor
contestando a existência integral ou parcial do débito; B) que haja
efetiva demonstração de que a contestação da cobrança indevida se
funda na aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada no
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; C) que,
sendo a contestação apenas parte do débito, deposite o valor
referente à parte tida por incontroversa, ou preste caução idônea, ao
prudente arbítrio do magistrado. 3- Constata-se o preenchimento de
tais elementos, dada a impugnação parcial do valor do contrato,
fundada na abusividade de cláusulas contratuais aferidas por este
juízo recursal, tendo sido ainda determinado o depósito do valor
incontroverso pelo juízo de primeiro grau. 4- Precedentes do Superior
Tribunal de Justiça e desta Corte Alencarina. 5- Agravo de instrumento
conhecido e desprovido. 6- Decisão mantida. (TJCE - AI 0009148-
13.2011.8.06.0000 - Relª Maria Iraneide Moura Silva - DJe 22.08.2013
- p. 16).

AGRAVO DE INSTRUMENTO - CIVIL E PROCESSO CIVIL -


CONTRATO BANCÁRIO - AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS - DEPÓSITO DO VALOR INCONTROVERSO DAS
PARCELAS - POSSIBILIDADE - IMPEDIMENTO QUANTO À
INCLUSÃO DO NOME DO AGRAVANTE NOS CADASTROS DE
INADIMPLENTES - PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
ESTABELECIDOS PELO STJ - AGRAVO DE INSTRUMENTO
PROVIDO - 1- Cogita-se de Agravo de Instrumento, com pedido de
tutela antecipada, interposto contra decisão que indeferiu,
liminarmente, o pedido de antecipação de tutela requestado, que
visava a nulidade das cláusulas contratuais mediante a consignação
judicial das parcelas conforme valores que entende devidos, bem
como a abstenção das restrições creditícias impostas ao seu nome. 2-
A jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça entende que
o cancelamento ou a abstenção da inscrição do nome do
inadimplente, nos órgãos de proteção ao crédito, somente pode ser
condicionada à existência concomitante de três elementos, dentre eles
o depósito da parte incontroversa ou a prestação de caução idônea à
critério do Magistrado. 3- Desta feita, deve ser condicionado o

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deferimento da liminar requestada ao depósito do valor incontroverso


das parcelas avençadas, já que o depósito do valor entendido por
devido e portanto não contestado, já basta para o deferimento do
pedido em questão, ainda mais se o valor das parcelas contratuais
está sendo discutido em juízo. 4- Além da interposição da ação
revisional, o agravante se utilizou de meio lícito e idôneo para afastar
os efeitos da mora, que no caso, consiste na pretensão de depositar
em juízo os valores incontroversos das parcelas, o que comprova a
existência de verossimilhança. 5- Esta e. Corte tem se afiliado à linha
de pensamento que entende que a discussão do débito já é motivo
suficiente para possibilitar o depósito somente do valor incontroverso,
garantindo ao devedor a purgação da mora, bem como as
consequências fáticas e jurídicas decorrentes deste ato. 6-
Antecipação de tutela deferida. Decisão interlocutória modificada. 7-
Agravo de instrumento provido. (TJCE - AI 0078843-
20.2012.8.06.0000 - Rel. Váldsen da Silva Alves Pereira - DJe
10.04.2013 - p. 125)

Por fim, o novo artigo 285-B do CPC, notadamente seu parágrafo


único, em redação clara, assevera que em obrigações contratais, a exemplo da manejada
nesta petição, os valores que se busca combater devem ser expressamente identificados e
tratados como controversos, enquanto aos valores incontroversos, de igual modo aqui já
apontados, deve ser dado o direito de se haver pagos, de tal forma que não importe mora a
eventual prestação controvertida ulteriormente não declarada nula.

Art. 285-B - Nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes
de empréstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor
deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais,
aquelas que pretende controverter, quantificando o valor
incontroverso.

Parágrafo único - O valor incontroverso deverá continuar sendo pago


no tempo e modo contratados.

Destina-se o presente pleito não só à declaração de nulidade das


cláusulas já bastante demonstradas abusivas, mas também ao pleno adimplemento da

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dívida e sua total extinção, o que só reitera a boa-fé da requerente.

Requer-se, desse modo, que seja, liminarmente, concedida a tutela


cautelar na presente demanda, a fim de determinar a suspensão das cobranças
provenientes do contrato aderido perante o banco promovido, assim como possibilitar a
liquidação do débito de maneira justa e digna.

DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer, se digne Vossa Excelência de:

1) Conceder os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, em face das


razões dissertadas em preliminar;

2) Conceder, inaudita altera pars, os efeitos da antecipação da tutela,


nos termos do art. 273 do CPC c/c artigo 84 do CDC, para o fim de:

2.1) DETERMINAR o imediato depósito judicial do valor


incontroverso da dívida, ou seja, VALOR DA DÍVIDA, em Nº DE PARCELAS parcelas iguais
e sucessivas de VALOR DA PARCELA, exclusive honorários e custas, por ser
beneficiário(a) da justiça gratuita, no banco que Vossa Excelência indicar, requerendo-se, de
logo, expedição de ofício para abertura de conta exclusivamente para este fim, até o final da
avença, única forma de preservar o seu poder de compra das necessidades mensais
mínimas à sobrevivência;

2.2) DETERMINAR, em seguida, a exclusão do nome do(a) autor(a)


de qualquer órgão que represente restrição a seu crédito (tipo SPC, SERASA, SCI e
serviços similares), inclusive protesto de título, em razão do débito ora discutido, até ulterior
deliberação (STJ - AgRg no REsp 932467-RS – j. 08/02/2011);

3) Mandar citar o(a) promovido(a) para, querendo, responder ao


presente, sob as penas do artigo 319 do CPC;

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4) Reconhecer, nos termos do artigo 6º, VIII do CDC, a inversão do


ônus da prova, dada a hipossuficiência do autor e a verossimilhança de suas alegações,
determinando-se que o banco réu apresente aos autos cópia fiel do contrato sub judice;

5) Intimar o douto representante do Ministério Público, para


acompanhar este feito até o final, já que se trata de norma de interesse social conforme
artigo 1º do CDC;

6) Empós os ulteriores termos, julgar a presente ação procedente,


por sentença, para os fins de confirmar todos os pedidos realizados em preliminar -
certamente deferidos - reconhecendo-se, no contrato celebrado entre as partes integrantes
deste feito, a nulidade da capitalização dos juros de financiamento, pois não contratada,
e/ou estabeleçam nessa taxa de juros remuneratórios um percentual abusivo e informado ao
consumidor apenas na fatura mensal, quando a compra já foi efetuada, determinando-se a
revisão da dívida para o valor apresentado na planilha de cálculo anexa, a fim de que seja
adimplida nos moldes dissertados em preliminar (2.1), declarando-se a extinção da dívida ao
final do parcelamento e, por consequencia, a exclusão definitiva do nome da requerente dos
cadastros pejorativos de créditos;

7) RECONHECER a mora do credor, em face de sua cobrança


abusiva, que deu causa à inadimplência do(a) requerente;

8) Ad argumentandum tantum, se não atendidos os pedidos


anteriores, seja declarada nula de pleno jure a cobrança abusiva de juros, e,
consequentemente, determinando o cumprimento do contrato com os juros do mercado à
época da contratação, a ser apurado em liquidação de sentença;

9) Finalmente, condenar o(a) requerido(a) no pagamento das verbas


de sucumbência, na base de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, os quais
deverão ser revertidos à DEFENSORIA PÚBLICA-GERAL DO ESTADO DO CEARÁ .

Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em Direito, a


juntada de novos documentos, oitiva de testemunhas (oportunamente arroladas), perícias,

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bem como quaisquer outras providências que Vossa Excelência julgue necessárias à
perfeita resolução do feito, ficando tudo de logo requerido.

Dá à causa, para efeitos meramente processuais, o valor de VALOR


DA CAUSA.

Nesses termos.
Pede deferimento.
CIDADE, DIA DE MÊS DE ANO.

NOME DO(A) DEFENSOR(A) PÚBLICO(A)


Defensor(a) Público(a)

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