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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS-

FACULDADE DE LETRAS- ESTUDOS TEMÁTICOS DE


LITERATURA BRASILEIRA: O POETA CRÍTICO

PROFESSOR: SÉRGIO ALCIDES


ALUNO: TALES MOREIRA DE CARVALHO

EXERCÍCIO: proposta 2

O presente texto possui como objetivo comparar o sujeito poético de


As flores do mal ao de Remate de males, de Charles Baudelaire e Mário de
Andrade, respectivamente. Para tanto, serão utilizados dois poemas de cada
livro. A saber, “SPLEEN LXXVI” e “SED NON SATIATA”, de Baudelaire
serão comparados á “PELA NOITE DE BARULHOS ESPAÇADOS...” e
“III” do ciclo “POEMAS DA NEGRA”, de Mario de Andrade. Ainda,
adotarei a tradução de Ivan Junqueira de Les Fleurs du Mal.
A prática de leitura e interpretação que adoto aqui é a de puxar os
significantes, fazendo associações com base no texto. Compreendo o eu
poético como uma instância discursiva que se erige no discurso, e se
mantém nele através da alteridade, com os signos com os quais se relaciona,
bem como interlocutores/sujeitos outros, que não deixam de ser signos, já
que existem somente enquanto discurso, empreenderei a comparação.
Não será possível analisar os poemas em sua totalidade.
Primeiramente porque o poema não se esgota; e em seguida por causa do
tamanho, tendo em mente que uma leitura desses poemas que pretendesse
englobar todos os versos, tornar-se-ia uma monografia. Dessa forma,
pretendo escolher as partes que julgar principais no poema.
O sujeito de “SPLEEN LXXVI” se materializa tentado a falar de si
sob o sentimento da melancolia. O primeiro verso do poema “Eu tenho mais
recordações do que há em mil anos” aparentemente poderia se referir a uma
suposta nostalgia. Tem-se a sensação de que o “eu” discorrerá sobre essas
recordações, posto que acumulou a memória de “mil anos”. Porém na
estrofe seguinte isso é desconstruído. Até a primeira apóstrofe o poema vai
num crescendo; enumerando “Versos, cartas de amor, romances, escrituras”
o “eu lírico” aumenta a proporção dos objetos em
tamanho/valor/importância a fim de afirmar que seu coração possui mais
segredos do que essas coisas listadas. Uma “escritura” pode ter mais
valor/importância que um “romance”. Ainda mais na época em que foi
escrito, no século XIX, em que geralmente a propriedade possuía muito
mais valor do que palavras no papel. “Versos” também podem ser menores,
em tamanho, que “cartas de amor”, pois nessas cartas o “eu” geralmente
pretende se declarar/teatralizar diante do seu objeto amado; por isso esse
verso iria a um crescendo. O coração desse “eu” também adquire
proporções gigantescas: “É uma pirâmide, um fantástico porão”,
culminando no maior cemitério do mundo, porque “jazigo não há que mais
mortos possua”.
Na apóstrofe, ele se vê odiado pela lua. “- Eu sou um cemitério
odiado pela lua”. Então, o “eu” se encontra totalmente sob o signo da
melancolia. O “arrastar-se dos trôpegos dias” seria uma dor para esse
sujeito, posto que adquire “as proporções da própria eternidade”.
A segunda apóstrofe é ambígua; pode se referir tanto ao “eu”, quanto
a um suposto interlocutor: “- Doravante hás de ser, ó pobre e humano
escombro!”. Até o fim do poema o sujeito se dirige a esse tu, designando
seu destino lastimável, cuja única alegria seria cantar “apenas os raios do sol
a se pôr”.
O sujeito de “Pela noite de barulhos espaçados...” se assemelha ao de
“SPLEEN LXXVI” por estar falando sob o signo da melancolia. No entanto,
além de melancólico, o ser está angustiado, e nota-se que essa angústia
culmina no desespero total.
Na primeira estrofe nota-se uma aparente melancolia: “Eu me
aproximo de mim mesmo/No espanto ignaro com que a gente se chega pra
morte”. Contudo, isso é desconstruído a partir da estrofe seguinte. O “eu”
sente uma dor “tão violentamente física”; tudo lhe “choca, fere”.
Resumindo, encontra-se sob uma forte angústia.
Na terceira estrofe o sujeito declara que “A aparência é de calma”,
mas que por trás dessa calma aparente, em que vivem as nações, aproxima-
se o caos: “Eu sei que teremos um tempo de horror mais fecundo/Que as
rapsódias da força e do dinheiro!”.
Desse momento em diante o ser já está em completo desespero;
prevê o futuro, que será de horrores, resultando na sentença: “E os homens
morrerão violentamente/Antes que chegue o tempo da velhice”. É como se
fosse uma anunciação do fim dos tempos. Assim, no poema anterior o
sujeito, apesar de estar condenado ao tédio e a ser ignorado pelo mundo,
encontra um alento, ainda que breve, de cantar “apenas os raios do sol a se
pôr”. Já nesse poema, não há saída, nem salvação, pois “os homens
morrerão violentamente/Antes que chegue o tempo da velhice”.
Parece um tópico ocidental escrever poemas endereçados a uma
mulher negra, visto que tanto Baudelaire quanto Mário de Andrade
escreveram. O sujeito de “SED NON SATIATA” crê que a mulher à qual se
dirige é uma “Feiticeira sombria, criança de hora impura”. O “eu”, nesse
caso, não realiza o ato carnal porque não pode, apesar de considera-la
megera sensual, “arder” em seu “leito infernal”. Nota-se que ainda que
sensual, ela é “megera”.
A relação em “III” do ciclo “POEMAS DA NEGRA” é oposta à
apresentada anteriormente, já que em “III” a “escureza” é suave. Além de a
dama não ser uma “Feiticeira sombria”, há realização carnal, pois ela se
“dissolve” no sujeito lírico. Sobretudo ela “ensina/A volta ao bem. Dessa
maneira, a negra faz o “eu” voltar ao bem. Subentende-se que ele estava no
“mal”; e que ela teve essa capacidade “redentora”.Por isso a relação
proposta de antinomia entre esses poemas.

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