0 penilaian0% menganggap dokumen ini bermanfaat (0 suara)
79 tayangan3 halaman
O documento analisa a comparação entre os sujeitos poéticos de dois poemas de Charles Baudelaire e dois de Mário de Andrade. No primeiro poema de cada autor, o sujeito está sob o signo da melancolia, enquanto no segundo há uma relação oposta com a figura feminina retratada.
O documento analisa a comparação entre os sujeitos poéticos de dois poemas de Charles Baudelaire e dois de Mário de Andrade. No primeiro poema de cada autor, o sujeito está sob o signo da melancolia, enquanto no segundo há uma relação oposta com a figura feminina retratada.
O documento analisa a comparação entre os sujeitos poéticos de dois poemas de Charles Baudelaire e dois de Mário de Andrade. No primeiro poema de cada autor, o sujeito está sob o signo da melancolia, enquanto no segundo há uma relação oposta com a figura feminina retratada.
O presente texto possui como objetivo comparar o sujeito poético de
As flores do mal ao de Remate de males, de Charles Baudelaire e Mário de Andrade, respectivamente. Para tanto, serão utilizados dois poemas de cada livro. A saber, “SPLEEN LXXVI” e “SED NON SATIATA”, de Baudelaire serão comparados á “PELA NOITE DE BARULHOS ESPAÇADOS...” e “III” do ciclo “POEMAS DA NEGRA”, de Mario de Andrade. Ainda, adotarei a tradução de Ivan Junqueira de Les Fleurs du Mal. A prática de leitura e interpretação que adoto aqui é a de puxar os significantes, fazendo associações com base no texto. Compreendo o eu poético como uma instância discursiva que se erige no discurso, e se mantém nele através da alteridade, com os signos com os quais se relaciona, bem como interlocutores/sujeitos outros, que não deixam de ser signos, já que existem somente enquanto discurso, empreenderei a comparação. Não será possível analisar os poemas em sua totalidade. Primeiramente porque o poema não se esgota; e em seguida por causa do tamanho, tendo em mente que uma leitura desses poemas que pretendesse englobar todos os versos, tornar-se-ia uma monografia. Dessa forma, pretendo escolher as partes que julgar principais no poema. O sujeito de “SPLEEN LXXVI” se materializa tentado a falar de si sob o sentimento da melancolia. O primeiro verso do poema “Eu tenho mais recordações do que há em mil anos” aparentemente poderia se referir a uma suposta nostalgia. Tem-se a sensação de que o “eu” discorrerá sobre essas recordações, posto que acumulou a memória de “mil anos”. Porém na estrofe seguinte isso é desconstruído. Até a primeira apóstrofe o poema vai num crescendo; enumerando “Versos, cartas de amor, romances, escrituras” o “eu lírico” aumenta a proporção dos objetos em tamanho/valor/importância a fim de afirmar que seu coração possui mais segredos do que essas coisas listadas. Uma “escritura” pode ter mais valor/importância que um “romance”. Ainda mais na época em que foi escrito, no século XIX, em que geralmente a propriedade possuía muito mais valor do que palavras no papel. “Versos” também podem ser menores, em tamanho, que “cartas de amor”, pois nessas cartas o “eu” geralmente pretende se declarar/teatralizar diante do seu objeto amado; por isso esse verso iria a um crescendo. O coração desse “eu” também adquire proporções gigantescas: “É uma pirâmide, um fantástico porão”, culminando no maior cemitério do mundo, porque “jazigo não há que mais mortos possua”. Na apóstrofe, ele se vê odiado pela lua. “- Eu sou um cemitério odiado pela lua”. Então, o “eu” se encontra totalmente sob o signo da melancolia. O “arrastar-se dos trôpegos dias” seria uma dor para esse sujeito, posto que adquire “as proporções da própria eternidade”. A segunda apóstrofe é ambígua; pode se referir tanto ao “eu”, quanto a um suposto interlocutor: “- Doravante hás de ser, ó pobre e humano escombro!”. Até o fim do poema o sujeito se dirige a esse tu, designando seu destino lastimável, cuja única alegria seria cantar “apenas os raios do sol a se pôr”. O sujeito de “Pela noite de barulhos espaçados...” se assemelha ao de “SPLEEN LXXVI” por estar falando sob o signo da melancolia. No entanto, além de melancólico, o ser está angustiado, e nota-se que essa angústia culmina no desespero total. Na primeira estrofe nota-se uma aparente melancolia: “Eu me aproximo de mim mesmo/No espanto ignaro com que a gente se chega pra morte”. Contudo, isso é desconstruído a partir da estrofe seguinte. O “eu” sente uma dor “tão violentamente física”; tudo lhe “choca, fere”. Resumindo, encontra-se sob uma forte angústia. Na terceira estrofe o sujeito declara que “A aparência é de calma”, mas que por trás dessa calma aparente, em que vivem as nações, aproxima- se o caos: “Eu sei que teremos um tempo de horror mais fecundo/Que as rapsódias da força e do dinheiro!”. Desse momento em diante o ser já está em completo desespero; prevê o futuro, que será de horrores, resultando na sentença: “E os homens morrerão violentamente/Antes que chegue o tempo da velhice”. É como se fosse uma anunciação do fim dos tempos. Assim, no poema anterior o sujeito, apesar de estar condenado ao tédio e a ser ignorado pelo mundo, encontra um alento, ainda que breve, de cantar “apenas os raios do sol a se pôr”. Já nesse poema, não há saída, nem salvação, pois “os homens morrerão violentamente/Antes que chegue o tempo da velhice”. Parece um tópico ocidental escrever poemas endereçados a uma mulher negra, visto que tanto Baudelaire quanto Mário de Andrade escreveram. O sujeito de “SED NON SATIATA” crê que a mulher à qual se dirige é uma “Feiticeira sombria, criança de hora impura”. O “eu”, nesse caso, não realiza o ato carnal porque não pode, apesar de considera-la megera sensual, “arder” em seu “leito infernal”. Nota-se que ainda que sensual, ela é “megera”. A relação em “III” do ciclo “POEMAS DA NEGRA” é oposta à apresentada anteriormente, já que em “III” a “escureza” é suave. Além de a dama não ser uma “Feiticeira sombria”, há realização carnal, pois ela se “dissolve” no sujeito lírico. Sobretudo ela “ensina/A volta ao bem. Dessa maneira, a negra faz o “eu” voltar ao bem. Subentende-se que ele estava no “mal”; e que ela teve essa capacidade “redentora”.Por isso a relação proposta de antinomia entre esses poemas.