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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

CORANTES AZO: CARACTERÍSTICAS GERAIS,


APLICAÇÕES E TOXICIDADE

ARTHUR MEDEIROS CÂMARA

NATAL-RN
2017
ARTHUR MEDEIROS CÂMARA

CORANTES AZO: CARACTERÍSTICAS GERAIS,


APLICAÇÕES E TOXICIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Nutrição da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito final
para obtenção do grau de Nutricionista.

Orientadora: Profª. Drª. Thais Souza Passos


Co-orientadora: Profa. Drª. Renata Alexandra Moreira das Neves

NATAL-RN
2017
ARTHUR MEDEIROS CÂMARA

CORANTES AZO: CARACTERÍSTICAS GERAIS,


APLICAÇÕES E TOXICIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da


Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de
Nutricionista.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________
Profª. Drª. Thais Souza Passos

__________________________________________________________
Profª. Drª. Renata Alexandra Moreira das Neves

_____________________________________________________________
Profª. Drª. Nély Holland

Natal, 14 de novembro de 2017.


RESUMO

CÂMARA, Arthur M. Corantes azo: características gerais, aplicações e toxicidade. 2016.


60 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Nutrição) – Curso de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,
2017.

Este trabalho teve como objetivo apresentar as características gerais, propriedades químicas,
aplicações e toxicologia dos corantes alimentícios da classe azo permitidos no Brasil. Para isso,
executou-se uma busca por informações nos bancos de dados Science Direct, Jstor, Scielo, Pub
Med, Springer e Wiley Online Library quanto ao histórico, à estrutura molecular, síntese, e
toxicologia dessa classe de aditivos, bem como sobre cada um dos compostos em uso no país.
A literatura discorre sobre os atributos tecnológicos dessas substâncias, como facilidade nos
processos de produção e resistência à degradação, o que incitou a adesão generalizada pela
indústria de alimentos a partir do século XX. Ainda, evidencia-se a aplicação desses compostos
em diversos produtos. Entretanto, estudos toxicológicos apontam efeitos negativos do consumo
e exposição crônica ou aguda, tais como genotoxicidade, interações com moléculas sanguíneas,
mudanças comportamentais, prejuízo na divisão celular, distúrbios hormonais, entre outros. Os
dados da literatura mostram que, a toxicidade é majoritariamente determinada pelas aminas
aromáticas, compostos oriundos da degradação (azorredução) dos corantes desse grupo.
Pondera-se que, para algumas dessas substâncias, há poucos estudos atuais, como também
faltam normas precisas quanto à aplicação em indústrias alimentícias no Brasil. Então, conclui-
se que a adoção de corantes artificiais, como os compostos azo, é importante para o
processamento de alimentos, mas pode trazer risco à saúde. Sendo relevante considerar a
necessidade de mais estudos toxicológicos para melhorar a regulamentação desses aditivos. E,
também, apoio à utilização de pigmentos naturais, por seus valores biológicos e ausência de
malefícios à saúde.

Descritores: Corantes sintéticos. Propriedades químicas. Toxicologia. Tecnologia de alimentos.


Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 6
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 8
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 8
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................. 8
3. MÉTODOS ........................................................................................................................ 9
4. REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 10
4.1 HISTÓRICO DOS CORANTES AZO ............................................................................. 10
4.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CORANTES AZO ............................................... 11
4.3 CORANTES AZO............................................................................................................. 20
4.3.1 Amaranto .................................................................................................................. 20
4.3.2 Amarelo crepúsculo ................................................................................................. 22
4.3.3 Azorrubina ............................................................................................................... 25
4.3.4 Ponceau 4R ............................................................................................................... 26
4.3.5 Vermelho 40.............................................................................................................. 28
4.3.6 Tartrazina ................................................................................................................. 31
4.3.7 Marrom HT .............................................................................................................. 34
4.3.8 Negro brilhante BN .................................................................................................. 36
4.3.9 Vermelho 2G e Litol Rubina BK ............................................................................ 37
5. ANÁLISE CRÍTICA ....................................................................................................... 41
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 44
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 45
APÊNDICES ........................................................................................................................... 54
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1. INTRODUÇÃO

Aditivos alimentícios são substâncias utilizadas para conservar e aumentar a vida


útil dos produtos, conferir ou alterar o sabor, regular a acidez, emulsificar óleos, prevenir a
agregação e adesão a superfícies, garantir, melhorar ou corrigir a aparência, cor e o aspecto
após o processamento e/ou tempo de estocagem, entre outros usos (RAJAN; SIMON; BOSSO,
2013; TOMASKA; BROOKE-TAYLOR, 2014; KHODARAHMI; ASHRAFI-KOOSHK;
KHALEDIAN, 2015).
A aplicação dessas substâncias é considerada bastante remota, uma vez que há
evidências do emprego de compostos, como sal e vinagre ou ervas aromáticas para conservar
ou garantir sabor a carnes e vegetais, ou aprimorar a cor e a aparência destes por meio de
diversos pigmentos desde 5000 anos atrás (TOMASKA; BROOKE-TAYLOR, 2014).
Dentre os aditivos utilizados para melhorar a aparência do alimento, distinguem-
se os corantes, que tornam o produto mais atrativo, influenciando o poder de escolha do
consumidor, sendo um fator importante para o mercado (ABDULLAH et al., 2008; ROVINA
et al., 2016).
A preferência humana por cores está relacionada a fatores educacionais e
culturais, permanecendo atrelada à memória afetiva em relação a objetos que as pessoas gostam
(ou desgostam), como também a fatores genéticos, que determinaram a adaptação para a
escolha de alimentos no processo evolucionário da espécie (LEE et al., 2013).
A cor é um aspecto físico da matéria e se caracteriza pela absorção e reflexão de
ondas eletromagnéticas que, quando no espectro visível (400-700 nm), são possíveis de serem
visualizadas (LEAL, 2011). A determinação da coloração de um corante depende da sua
estrutura química, na qual a distribuição eletrônica entre os grupos funcionais e cadeia de
átomos determina a emissão de uma determinada faixa de cor proveniente da reflexão da
radiação visível (luz) (MARTÍNEZ SUÁREZ, 2017; LEAL, 2011; BAFANA; DEVI;
CHAKRABARTI, 2011).
Considera-se que há três partes funcionais na molécula do corante para a
determinação da cor: o cromóforo, o qual é um grupo de átomos com uma ou mais ligações
insaturadas, sendo o principal responsável por determinar a cor da substância, pois absorve a
luz em um determinado comprimento de onda; o auxocromo, ou grupos funcionais da molécula,
que são substituintes doadores ou aceptores de elétrons e determinam a solubilidade da
substância e intensificam a ação do cromóforo e consequentemente a coloração do produto; e o
cromógeno, a própria estrutura colorante, geralmente caracterizada por anéis aromáticos onde
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o cromógeno e o cromóforo estarão presentes (PINAZO BELTRAN, 2015; MARTÍNEZ


SUÁREZ, 2017; LEAL, 2011).
Na primeira metade do século XX, o uso de corantes artificiais para manipular a
coloração de alimentos comercializados teve um grande crescimento em virtude de mudanças
econômicas e pela descoberta de métodos de fabricação de corantes sintéticos de forma eficaz
e barata. Antes dessa época o emprego por pigmentos naturais prevalecia, porém com aplicação
e variação de cores limitadas (BAFANA; DEVI; CHAKRABARTI, 2011).
Dentre os corantes sintéticos utilizados em alimentos, destaca-se a classe azo, o
maior grupo de aditivos dessa categoria, representando 70% dos pigmentos produzidos no
mundo. São classificados e conhecidos pela presença de uma dupla ligação entre nitrogênios
no meio da molécula (-N=N-) (GARCIA-SEGURA et al., 2013).
O aproveitamento tão positivo e intenso dos corantes azo, iniciado no século
passado na produção de alimentos tem também trazido a preocupação com as implicações
dessas substâncias sobre a saúde humana e o meio-ambiente. Os estudos toxicológicos que
foram iniciados apontaram diversos efeitos negativos ao consumo e contato com essas
substâncias. Tal fato é uma decorrência das propriedades químicas e de produtos de
metabolização (DOWNHAM; COLLINS, 2000).
Dessa forma, observou-se a necessidade do estabelecimento de legislações
regulamentadoras para a aplicação (CHUNG, 2016). Isso se tornou mais relevante ao se
considerar que esses compostos não possuem valor nutricional, não acarretam benefícios à
saúde e não preservam os alimentos (DWIVEDI; KUMAR, 2015).
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão
responsável por regulamentar o uso dos corantes alimentícios, estabelecendo normas e
fiscalizando a aplicação e os efeitos toxicológicos, buscando adequar-se às mudanças
tecnológicas e econômicas no país com o intuito final de garantir o controle sanitário dos
alimentos.
Diante disso, considerando a importância do conhecimento sobre os corantes
sintéticos em virtude do impacto sobre a indústria de alimentos, a saúde humana e o meio-
ambiente, o presente trabalho visa efetuar um levantamento bibliográfico sobre os corantes
alimentícios da classe azo permitidos no Brasil, enfatizando as propriedades químicas,
aplicações e aspectos toxicológicos.
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2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL

Apresentar as características gerais, propriedades químicas, aplicações e


toxicidade dos corantes alimentícios azo, com ênfase nas substâncias permitidas no Brasil.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Discorrer sobre aspectos gerais dos corantes azo tais como a síntese,
estrutura e características químicas, importância para a indústria e
aspectos toxicológicos comuns à classe;
• Identificar os corantes azo em uso no Brasil, bem como suas
denominações alternativas, valores de Ingestão Diária Adequada (IDA)
e códigos de registro em um banco de dados internacional (INS);
• Elaborar uma análise crítica sobre o emprego dos corantes azo no Brasil
considerando principalmente os aspectos econômicos e toxicológicos.
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3. MÉTODOS

Efetuou-se um levantamento bibliográfico em bancos de dados on line


considerando publicações no intervalo entre os anos de 1980 e 2017. Os descritores utilizados
(em português, inglês e espanhol) foram: corantes azo, corantes sintéticos, aditivos alimentares,
história corantes, toxicidade corantes, toxicologia corantes, síntese corantes azo, estrutura
química corantes azo, diazotação. Além disso, foram utilizados os nomes de cada corante azo
permitido no Brasil de acordo com a legislação vigente, como também outras designações,
atreladas adicionalmente aos termos toxicidade e toxicologia.
As bases de pesquisa eletrônicas acessadas foram: Science Direct, Jstor, Scielo,
Pub Med, Springer e Wiley Online Library. Outrossim, foi verificado o banco de dados
eletrônico da ANVISA, da Entidade Europeia em Segurança Alimentar (EFSA) e da Junta da
FAO/OMS de Experts em Aditivos Alimentares (JECFA).
Os critérios para a seleção de publicações foram: estudos publicados em
periódicos nacionais ou internacionais, nos idiomas de inglês, espanhol ou português, das mais
diversas metodologias (estudos experimentais, observacionais, revisões de literatura etc.).
Capítulos de livros que se apresentaram como resultado da busca nos portais supracitados
também foram utilizados, assim como outros livros disponíveis em meio eletrônico que
tratavam sobre o tema de corantes alimentícios.
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4. REVISÃO DA LITERATURA
4.1 HISTÓRICO DOS CORANTES AZO

Os primeiros corantes azo foram produzidos na Europa a partir de um interesse


em compostos para substituir a busca por extratos naturais. Até meados do século XIX, os
corantes eram obtidos de plantas e produtos animais e possuíam uso limitado devido à pouca
variação de cores (BAFANA; DEVI; CHAKRABARTI, 2011).
No ano de 1856, um cientista de Londres chamado Willian Henry Perkin
descobriu como sintetizar um pigmento roxo, posteriormente denominado de Malva, enquanto
trabalhava com compostos derivados do alcatrão chamados anilinas, que são aminas em que o
hidrogênio foi substituído pelo grupo arila (MORRIS; TRAVIS, 1992; TRAVIS, 2007). Esse
fato chamou a atenção e incitou a curiosidade de vários pesquisadores da área da química
orgânica na síntese de corantes. Perkin notou que a substância era capaz de tingir materiais,
especialmente a seda, e resistir à degradação pela luz e pela lavagem do produto, e, em 1870,
estabeleceu a primeira fábrica de corantes sintéticos (BAFANA; DEVI; CHAKRABARTI,
2011).
Esses acontecimentos determinaram a maior exploração do alcatrão para a
fabricação de anilinas, que também eram obtidas por meio da manipulação do corante natural
índigo, extraído das folhas de plantas do gênero Indigofera. O uso dessas aminas para a
produção de corantes após a descoberta de Perkin determinou um impacto econômico na
Europa, especialmente na Alemanha, à qual a indústria de pigmentos contribuiu para um grande
crescimento econômico. Nesse contexto, os estudos com anilinas e com possíveis outras formas
de se obter corantes orgânicos se mantiveram em alta (TRAVIS, 2007).
Em 1858, um cientista chamado Peter Griess, que trabalhava na mesma
instituição de pesquisa de Perkin, elucidou o processo de produção de íons que contém o grupo
dizaônio (−N2+), que posteriormente se acoplam ao anel aromático para formar uma dupla
ligação entre nitrogênios na cadeia orgânica, procedimento chamado de reação diazo ou de
diazotação. Com isso, Carl Alexander Martius, um pesquisador alemão, descobriu como
sintetizar, em 1864, os primeiros corantes azo a partir do uso de anilina e outras aminas
aromáticas (BAFANA; DEVI; CHAKRABARTI, 2011; TRAVIS, 2007).
Devido ao conhecimento de vários compostos fenólicos e aminas aromáticas na
época, utilizados nas reações orgânicas, e à possibilidade de acoplamento de duas ou mais
moléculas para a criação de cadeias maiores, a diazotação foi usada largamente para a criação
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de diversos corantes azo, o que explica a grande variedade de corantes descobertos, que perdura
até hoje (AL-RUBAIE; MHESSN, 2012).
Por volta de 1884, cerca de 9 mil corantes azo já eram produzidos e patenteados
para uso, e ao início do século seguinte, alguns deles já eram usados em alimentos, estando
presentes em vários itens tais como vinhos, ketchup, mostardas e geleias (TRAVIS, 2007;
DOWNHAM; COLLINS, 2000).
Considerando a facilidade de produção, o baixo custo, a excelência na coloração
dos alimentos, a neutralidade de sabor e a necessidade de pouca quantidade combinada com a
boa solubilidade, o uso dos corantes azo determinou uma boa vantagem econômica e o interesse
por eles cresceu bastante no século XX. Da mesma forma, a necessidade de regulamentação
aumentou, uma vez que a quantidade desses aditivos em uso chegava a 700, causando
preocupação sobre os efeitos toxicológicos (DOWNHAM; COLLINS, 2000).
Assim, o processo de síntese de corantes azo ocorre até os dias atuais por meio
do método simples de aplicação da reação de diazotação, descoberta por Peter Griess em 1858,
utilizando-se das mais diversas aminas aromáticas derivadas do alcatrão. O uso de outras
substâncias foi eventualmente incorporado para garantir diferentes propriedades e aprimorar a
estabilidade da molécula através de reações de acoplamento para a formação da substância azo
final (GEGORY, 1990; TRAVIS, 2007; LEAL, 2011; SHANKARLING; DESHMUCH;
JOGLEKAR, 2017). Uma linha do tempo do histórico dos corantes azo pode ser visualizada no
Apêndice I.

4.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CORANTES AZO

São substâncias orgânicas caracterizadas pela presença da ligação dupla entre


dois átomos de nitrogênio (-N=N-), arranjo ao qual se dá o nome de grupamento azo
(cromóforo), que se apresenta ligado a anéis aromáticos, na presença de estruturas funcionais
(auxocromos), como o grupamento amino (NH2) ou sulfônico (SO3H) (GAO et al., 2016).
O nome “azo” originou-se de azote, termo francês para nitrogênio, que se
derivou do grego a (não) e zoe (viver). A estrutura molecular básica de uma substância azo é
R-N=N-R’, sendo reconhecida pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAQ)
como derivados do diazeno (também chamado de diimida ou diimina), que possui a fórmula
molecular NH2 ou HN=NH, em que os hidrogênios são substituídos por cadeias de
hidrocarbonetos (CHUNG, 2016).
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Na estrutura molecular, podem estar presentes grupamentos arila, que se


caracterizam pelo anel benzênico, formando compostos aromáticos, ou por radicais alquila,
formando cadeias orgânicas não aromáticas fechadas ou abertas. Substâncias azo usadas como
corantes são geralmente derivadas de aminas aromáticas, apresentando anéis benzênicos em
sua estrutura ligados por um ou mais grupamento azo. Esse número é o que determina sua
classificação como monoazo, diazo ou triazo, quando há uma, duas ou três ligações azo na
molécula, respectivamente (CHUNG, 2016; FATIMA et al., 2017).
A síntese de corantes azo ocorre por processos simples de diazotação e
acoplamento por meio de uma variedade de métodos e diferentes catalisadores que vêm sendo
reportados na literatura (SHANKARLING; DESHMUCH; JOGLEKAR, 2017). Um exemplo
típico do processo de diazotação é a reação que ocorre usando uma amina aromática, ácido
clorídrico e nitrito de sódio (KÖNIG, 2015; SHANKARLING; DESHMUCH; JOGLEKAR,
2017). O processo de acoplamento é o segundo passo para a criação de corantes azo e ocorre
por reação entre diversos tipos de cadeia aromáticas (TRAVIS, 2007; KÖNIG, 2015;
SHANKARLING; DESHMUCH; JOGLEKAR, 2017). Essas duas etapas são exemplificadas
na Figura 1.

Figura 1: Diazotação (a) de uma amina aromática e acoplamento (b) com outros compostos
aromáticos para a formação de corantes azo.

Adaptado de Shankarling, Deshmukh e Joglekar (2017).


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Os corantes azo são atualmente o principal grupo de pigmentos sintéticos no


mundo, já que são os mais produzidos e diversificados, possuindo amplo uso na fabricação de
vários tipos de itens, tanto na indústria têxtil como no processamento de papéis, medicamentos,
cosméticos, fotografias, alimentos e suplementos, entre outros (CHUNG, 2016; SINGH;
SINGH; SINGH, 2015). Estima-se que a produção mundial de corantes azo esteja em cerca de
um milhão de toneladas por ano, havendo mais de 2000 tipos diferentes desses pigmentos em
uso, o que determina que mais da metade de todos os corantes no mundo seja dessa classe
química (CHUNG, 2016; ELBANNA et al., 2017).
O sucesso da aplicação dessas substâncias tem sido atribuído à sua estrutura
molecular, visto que a presença de cadeias orgânicas aromáticas e uma variedade de outros
átomos que são usados na síntese atuam como estabilizadores de dupla ligação entre nitrogênios.
Isso contribui para a durabilidade e versatilidade da molécula, possibilitando uma pigmentação
duradoura e estável, resistência ao oxigênio e variações de temperatura e pH (especialmente
quando usados em alimentos), além de assegurar uma distribuição eletrônica que garante a
absorção da luz no espectro visível, fator-chave para a manipulação de corantes
(SNEHALATHA et al., 2008; BAFANA; DEVI; CHAKRABARTI, 2011; SINGH; SINGH;
SINGH, 2015).
Essas características tão positivas determinaram um grande interesse e uso
difundido desse grupo de corantes pelo mundo, que, entretanto, são fatores que têm sido vistos
como causadores de problemas ambientais. Durante os processos de tingimento, parte dessas
substâncias é perdida e dispensada em água de descarte, podendo ocasionar o seu acúmulo em
corpos de água naturais. Esse fato é potencializado pela sua resistência à degradação pela luz e
por microrganismos, determinando efeitos tóxicos para a fauna e flora, além de impedir a
penetração e difusão da luz e a solubilidade de gases no meio aquático (FATIMA et al., 2017;
CHUNG, 2016).
Junto a isso, os corantes azo também vêm sendo estudados por seus possíveis
efeitos tóxicos à saúde humana e de seres vivos em geral. Alguns efeitos negativos relacionados
ao contato com corantes azo já foram relatados até mesmo em trabalhadores de indústria têxtil
ou outras atividades, nas quais há o uso de corantes azo, sugerindo o potencial tóxico até mesmo
quando não há o consumo direto. Tumores na bexiga, fígado e rins, surgimento de asma, eczema,
dermatite de contato, irritação dos olhos, aberrações cromossomais são alguns exemplos de
problemas relatados em trabalhadores com corantes, podendo haver ainda muitos outros casos
que não foram reportados (CHUNG, 2016).
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No início do século XX, os corantes azo começaram a ser utilizados como


aditivo alimentar. A partir daí, os seus efeitos tóxicos têm causado preocupação e
consequentemente a necessidade de constante regulamentação. Em geral, além de outros fatores
pontuais, essas substâncias foram relacionadas a efeitos genotóxicos no organismo
(YAMJALA; NAINAR; RAMISETTI, 2016). Esse termo é usado para descrever o papel de
uma entidade química em causar dano ao DNA da célula, que, se não for reparado, pode ser
repassado durante o processo de divisão celular, o que caracteriza a mutagenicidade. Quando
envolvem os chamados oncogenes ou genes supressores de tumor, as mutações podem dar
origem à carcinogênese, ou seja, a formação de cânceres (CHAPPELL; RAGER, 2017). Com
isso, a mutagenicidade e a carcinogenicidade também têm sido relacionadas à exposição e
consumo dos corantes azo (YAMJALA; NAINAR; RAMISETTI, 2016).
Ademais da genotoxicidade, mutagenicidade e carcinogenicidade, os corantes
azo são conhecidos por determinarem efeitos letais para organismos aquáticos e animais em
geral e ocasionarem várias implicações negativas da sua exposição crônica pelo consumo e
contato direto (PUVANESWARI; MUTHUKRISHNAN; GUNASEKKAREN, 2006). Estudos
mostraram diversos efeitos à exposição prolongada no organismo, como a capacidade de ligar-
se e inativar a albumina sérica humana, causando mudanças conformacionais e precipitação, ou
de ocasionar bloqueios na absorção e prejuízo ao crescimento da membrana e
consequentemente da célula, como relatado em modelos bacterianos (BAFANA; DEVI;
CHAKRABARTI, 2010).
Outro fator negativo causado pelo consumo de corantes azo é o
desencadeamento de processos alérgicos. Tais reações são geradas pelo sistema imunológico
de forma anormal como resposta ao contato com alguma substância externa, ocasionando a
liberação de citocinas e, especialmente, serotonina e histamina por células desse sistema,
especialmente mastócitos e basófilos, o que determina o aparecimento de sintomas como
irritação da pele, do trato gastrintestinal, do sistema respiratório e outros órgãos e até mesmo
da anafilaxia, que é uma reação generalizada do corpo (SHARMA; BANSIL; UYGUNGIL,
2015) . Os corantes azo são tidos como uma das principais substâncias relacionadas ao aumento
de casos de alergia a partir do século XX, quando o uso de aditivos químicos para melhorar e
manter a qualidade do alimento teve um crescimento considerável (ZWIERZCHOWSKI et al.,
2011).
Essa classe também tem sido apontada como causadora de efeitos negativos
sobre o sistema nervoso e consequentemente sobre o comportamento, especialmente em
crianças (KÖNIG, 2015). Um estudo elaborado com grupos de crianças de 3 e de 8 a 9 anos de
15

idade foi realizado em uma comunidade no Reino Unido com o intuito de observar o impacto
do consumo de corantes artificiais de alimentos sobre o comportamento de crianças à luz da
opinião parental e docente (MCCANN et al., 2007). Tendo ficado conhecido como o estudo de
Southampton, local onde foi executado, o experimento utilizou bebidas feitas com misturas de
vários corantes, majoritariamente da classe azo, e comparou os efeitos com um placebo, em um
procedimento duplo-cego. Concluiu-se que, para a opinião dos pais e professores, as crianças
que consumiram os corantes apresentaram-se mais hiperativas e menos atentas. Apesar de não
ter sido classificado como de forte evidência para uma análise individual de cada corante, o
estudo mostrou a necessidade de atenção para o efeito do consumo dessas substâncias no
desenvolvimento de crianças (KÖNIG, 2015).
Sabe-se, entretanto, que a toxicidade dos corantes azo não é determinada, de
forma geral, pelo próprio pigmento, mas por aminas aromáticas, que são produtos de sua
degradação. Essas moléculas são oriundas da redução do grupamento azo, processo também
chamado especificamente de azorredução, mediante a ação de enzimas denominadas
azorredutases. Esses catalisadores são produzidos pelo fígado em mamíferos e por diversos
microrganismos, inclusive bactérias da flora intestinal (BAFANA; DEVI; CHAKRABARTI,
2010).
A azorredução e consequente liberação de aminas aromáticas nos seres humanos
e outros mamíferos ocorre predominantemente no intestino pela atuação das bactérias, uma vez
que somente uma pequena taxa dos corantes é absorvida e chega aos tecidos hepáticos (RAFII;
HALL; CERNIGLIA, 1997; PUVANESWARI; MUTHUKRISHNAN; GUNASEKARAN,
2006). As aminas aromáticas são, por sua vez, facilmente absorvidas no intestino, podendo
ocasionar vários efeitos adversos ao organismo, uma vez que são bastante conhecidas pela
toxicidade aguda e crônica e por seu potencial genotóxico, mutagênico e carcinogênico
(TSUDA et al., 2001; BAFANA; DEVI; CHAKRABARTI, 2010).
Atualmente, a ANVISA, como exposto pelo Informe Técnico n. 68, de 3 de
setembro de 2015 (BRASIL, 2015a), permite o uso de dez corantes azo em alimentos, sendo
eles: amaranto, amarelo crepúsculo, azorrubina, ponceau 4R, vermelho 40, tartrazina, vermelho
2G, marrom HT, litol rubina BK e negro brilhante BN. Suas estruturas químicas podem ser
visualizadas nas Figuras 2 e 3.
No banco de dados da instituição, é possível ter acesso a um compêndio de
informações que regulamentam o uso de aditivos, como a quantidade segura de ingestão,
denominada de IDA (Ingestão Diária Aceitável), e valores máximos permitidos por categoria
16

de alimentos (BRASIL, 2015). Nesse apanhado, estão presentes todos os corantes azo, exceto
o vermelho 2G e a litol rubina BK.
Os corantes estão registrados no Sistema de Numeração Internacional de
Aditivos Alimentares (INS) do Codex Alimentarius, que é uma coleção de normas, guias e
recomendações para a produção e manejo de alimentos visando à boa qualidade sanitária,
administrada pela Organização Mundial de Saúde. Esse valor facilita a identificação desses
aditivos, que possuem várias denominações. O Quadro 1 mostra uma lista com os corantes
permitidos no Brasil, seus nomes alternativos, códigos INS e valores de IDA (quando
estabelecidos no país).
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Figura 2: Estrutura química de corantes Azo permitidos no Brasil: (a) Tartrazina; (b) Amarelo Crepúsculo; (c) Azorrubina; (d)
Amaranto; (e) Ponceau 4R; (f) Vermelho Allura; (g) Negro Brilhante BN; (h) Marrom HT.

Adaptado de König (2015).


18

Figura 3: Estrutura química de corantes Azo permitidos no Brasil: (a) Vermelho 2G e (b)
Litol Rubina BK.

Adaptado de EFSA (2007) e König (2015).


19

Quadro 1: Corantes Azo com uso permitido em alimentos no Brasil.


Nome Outras denominações Código INS IDA (mg/kg
de peso
corpóreo)
Amaranto Vermelho FD&C No. 2, C.I. 123 0-0,5
Vermelho para Alimentos 9,
Vermelho Naftol S,
Vermelho Ácido 27,
Vermelho Azo, Bordeaux S,
Vermelho Rápido, E123.
Amarelo Crepúsculo Amarelo Alaranjado S, 110 0-4
Amarelo Alimentar 5,
Amarelo FD&C 6, Amarelo
Sunset, E110.
Azorrubina Vermelho Ácido 14, 122 0-4
Carmoisina, Vermelho
Alimentar 3, E122.
Ponceau 4R Vermelho Ponceau 4R, 124 0-4
Vermelho 2, New Coccine,
Vermelho Alimentar 7 e
Vermelho Alimentar 102,
E124.
Vermelho 40 Vermelho Allura AC, 129 0-7
Vermelho Alimentar 17,
E129.
Tartrazina Amarelo alimentar 4, 102 0-7,5
Amarelo FD&C No. 5, E102.
Marrom HT Marrom Chocolate HT, 155 0-1,5
Marrom alimentício 3, E155.
Negro Brilhante BN Negro Brilhante PN, Negro 151 0-1
Brilhante A, Negro PN,
Negro Naftol, Negro BN,
Negro Alimentar 1, Marrom
Alimentar 1, E151.
Litol Rubina BK Litolrubina, Pigmento 180 *
Rubina, Pigmento Vermelho
57, Carmina 6B, Vermelho
FD&C No. 7, Carmina
Brilhante 6B, Rubina
Permanente L6B, E180.
Vermelho 2G Vermelho Ácido 1, 128 *
Azogeranina, Vermelho
Alimentar 10, E128.
Adaptado de Brasil (2015).
* Não determinado pela ANVISA
20

4.3 OS CORANTES AZO


4.3.1 Amaranto

O amaranto é um corante de cor vermelho magenta que possui tonalidades que


variam entre o vermelho escuro, o roxo e o marrom. É usado na indústria de alimentos por
apresentar boa estabilidade ao calor, luz e acidez, apesar de não resistir à presença de ácido
ascórbico e dióxido de enxofre (DOWHAM; COLLINS, 2000; MPOUTOUKAS et al., 2010).
É utilizado em bebidas, sorvetes, misturas para bolo, sopas, cereais, molhos para
saladas, gomas de mascar, chocolate, café e geleias (MPOUNTOUKAS et al., 2010). O nome
foi determinado a partir do grão do amaranto, uma planta de cor vermelha distinta, de grãos
comestíveis. Sua estrutura química consiste em um monoazo sulfonado, com o nome IUPAC
2-hidróxi-1-(4-sulfonato-1-naftilazo) naftaleno-3,6-dissulfonato trissódio. Uma listagem de
colorações e aplicações dos corantes azo, como também das nomenclaturas e propriedades
químicas podem ser visualizadas em Apêndices II e III, respectivamente.
Atualmente, a substância tem uso proibido em quatro países: Áustria, Estados
Unidos, Noruega e Rússia. Nos EUA, a Food and Drug Administration (FDA), que é o órgão
que regulamenta o uso de aditivos alimentares nesse país, determinou a proibição da utilização
da substância em 1976 devido à suspeita de carcinogenicidade e de toxicidade para embriões
em formação. Por esse motivo, para os países onde o emprego do amaranto ainda é permitido,
a IDA foi reduzida para 0,5 mg/kg de peso corporal (SARIKAYA; SELVI; ERKOÇ, 2012).
Um quadro que resume a regulamentação do uso dos corantes azo no mundo pode ser visto em
Apêndice IV.
A toxicologia do amaranto, entretanto, é bem discutida pela comunidade
científica e os dados presentes na literatura são considerados, para alguns autores, inconclusivos,
especialmente a respeito da genotoxicidade e carcinogenicidade da substância, uma vez que
muitos estudos foram realizados entre a década de 70 e 90 utilizando-se de diversos organismos,
desde bactérias e fungos a mamíferos, e os resultados, de forma geral, são divergentes (TSUDA
et al., 2001; MPOUNTOUKAS et al., 2010; SARIKAYA, SELVI, & ERKOÇ, 2012).
Em um estudo realizado com células sanguíneas humanas, Mpountoukas et al.
(2010) avaliaram o efeito genotóxico do amaranto por meio de métodos que investigaram a
interação e ligação do corante com as moléculas de DNA e o prejuízo à divisão celular. Os
autores concluíram que o corante apresentou efeito genotóxico para todas as concentrações
usadas, que variaram de 0,02 a 8 mM, e que o corante atua de forma negativa sobre os processos
funcionais da célula, perturbando a divisão celular. Foi discutido que os dois anéis aromáticos
21

simétricos presentes na estrutura da substância provavelmente atuam como agentes


intercalantes na dupla fita da molécula de DNA, o que ocasiona ruptura e consequentemente a
genotoxicidade elevada.
Um experimento que avaliou e também obteve resultados positivos para a
genotoxicidade do amaranto foi realizado por Sarıkaya, Selvi e Erkoç (2012) com células da
mosca-das-frutas (Drosophila melanogaster). Em diferentes concentrações do corante, entre 1
a 50 mg/mL, foi verificado o dano ao DNA, sendo que somente para a concentração mais baixa
obteve-se dados inconclusivos para a genotoxicidade. Para as demais quantidades, o corante foi
tido como genotóxico, e os autores concluíram que esse potencial efeito negativo não pode ser
descartado e o uso da substância deve ser reavaliado.
Ademais, alguns trabalhos executaram a técnica do ensaio cometa para verificar
a genotoxicidade do amaranto, os quais obtiveram resultados positivos (TSUDA et al., 2001;
SASAKI et al., 2002; SHIMADA et al., 2010). Nesse procedimento, células individuais são
analisadas após o tratamento com a substância que se pretende avaliar e são submetidas ao
processo de eletroforese, que, por meio da passagem de corrente por um gel onde as células são
imergidas, determinam a migração e a consequente detecção de fragmentos de DNA oriundos
do dano à molécula. Essas frações de ácidos nucleicos geralmente apresentam-se com uma
forma similar à cauda de um cometa, o que explica o nome do procedimento (DA SILVA, 2007).
Utilizando-se desse método, um trabalho foi capaz de apontar danos ao DNA de
células do cólon de ratos quando os animais consumiam o corante dissolvido em água destilada
em uma dose mínima de 10 mg/kg de peso corporal (TSUDA et al., 2001). Os autores também
investigaram o efeito desse corante e de outros compostos azo em ratas gestantes, mas não
identificaram teratogenicidade, uma vez que o DNA dos embriões não foi alterado
quimicamente pela presença dos corantes.
Outro estudo verificou que o amaranto é genotóxico para células do cólon de
camundongos, três horas após a administração por alimentação forçada do corante dissolvido a
10 mg/ kg de peso corporal do animal, utilizando um ensaio cometa (SHIMADA et al., 2010).
Trabalho similar foi realizado anteriormente por Sasaki et al. (2002), que puderam verificar
dano ao DNA não somente do cólon, mas também do estômago e bexiga desses animais.
Além de efeitos sobre o DNA, os efeitos hematológicos do amaranto também
foram avaliados por alguns estudos. Hashem et al. (2010) mostraram alterações nas células de
defesa de ratos cujo sistema imunológico havia sido sensibilizado com a injeção de eritrócitos
de ovelhas. Havendo administrado o amaranto oralmente a uma concentração de 47 mg/mg de
peso corporal, dissolvido em água, foi observado que a porcentagem de neutrófilos e monócitos
22

diminuíram significativamente. Os autores concluíram que a resposta imunológica dos animais


se alterou em presença do corante no organismo.
Zhang e Ma (2013), por sua vez, mostraram que o amaranto é capaz de se ligar
à molécula de albumina sérica humana, alterando sua conformação e sua afinidade para a
ligação com outras moléculas. O trabalho sugeriu que tal efeito é de relevante importância para
a toxicidade da substância.
Parâmetros comportamentais e neurológicos foram avaliados por alguns autores
com ratos cujas mães foram administradas com o corante durante a gestação. Doguc et al.
(2013) usaram a substância em uma concentração igual à IDA (0,5 mg/kg de peso corporal) e
não observaram alterações na memória espacial e no comportamento geral das crias. Ceyhan et
al. (2013), por sua vez, notaram que a expressão de receptores do hipocampo dos animais era
significativamente diferente quando as mães eram tratadas com 0,5 mg/kg de peso corporal do
corante, presente em uma mistura com outros pigmentos sintéticos, uma semana antes e durante
o acasalamento e gestação.
É importante ressaltar que algumas aminas aromáticas produtos da azorredução
de alguns compostos azo são instáveis e, portanto, são mais difíceis de detectar em estudos de
toxicidade, pois podem reagir com outras moléculas, tornando-se difícil de serem manejadas
(CHUNG, 1983; TSUDA et al., 2001). Isso acontece com o amaranto, pois seus metabólicos
derivados, tais como o sal de R-amino são instáveis, possivelmente por possuir um grupo
hidroxila adjacente a um grupo amino livre (CHUNG, 1983; TSUDA et al., 2001).
Um quadro que resume as evidências de toxicidade de todos os corantes azo
permitidos no Brasil pode ser consultado em Apêndice V. Em Apêndice VI, está disponível um
apanhado de estudos que defendem a segurança dessas substâncias.

4.3.2 Amarelo crepúsculo

O corante amarelo crepúsculo é utilizado em alimentos para garantir cores que


variam do laranja ao vermelho. Possui boa estabilidade quando exposto à luz e variações de
temperatura e pH (DOWNHAM; COLLINS, 2000). A estrutura química consiste em um
monoazo sulfonado, de nome 2-hidróxi-(4-sulfonatofenilazo) naftaleno-6-sulfonato. A
presença dos dois grupos sulfonados garante ao corante uma boa solubilidade em água
(ROVINA et al., 2016).
O pigmento possui uma extensa gama de aplicações, como na preparação de
doces e balas, queijos, geleias, sopas industrializadas, marmeladas, sorvetes, refrigerantes e
23

bebidas energéticas, camarões industrializados, sobremesas congeladas e suplementos


alimentares, o que garante que o seja terceiro corante mais usado no mundo. Em conjunto com
os corantes vermelho 40 e tatrazina, consiste em 90% dos corantes presentes em alimentos
(KOBYLEWSKI; JACOBSON, 2010; GÓMEZ et al., 2016).
Atualmente, somente alguns países da Europa, como a Finlândia e a Noruega,
proíbem o uso desse pigmento, devido à suspeita de potencial carcinogênico (YE et al., 2013).
Apesar do extenso uso pelo mundo, alguns estudos têm evidenciado implicações
toxicológicas relacionados ao consumo do corante por animais. Yadav et al. (2012) verificaram
o efeito em esplenócitos, que são células do sistema imunológico presentes no baço, em ratos
que consumiram o corante pela água, em diferentes concentrações, e avaliaram o efeito
citotóxico e a perturbação nos processos de proliferação e expressão de moléculas de defesa.
Foi observado que houve alterações em todos os parâmetros analisados para uma concentração
mínima de 250 µg/ml, valor que pode ser alcançado no consumo diário de alimentos com a
substância. Segundo os autores, esses dados podem ser ainda mais importantes quando levado
em conta que já tem sido reportada a apresentação de sintomas alérgicos em crianças que
consomem corantes artificiais, como o amarelo crepúsculo. Além disso, a substância pode
causar maior vulnerabilidade a patógenos nessa faixa etária.
De forma similar, Hashem et al. (2010) verificaram que o corante amarelo
crepúsculo, quando administrado oralmente em ratos, causa um impacto negativo sobre o seu
sistema imunológico, uma vez que foi observada diminuição significativa no peso do timo e na
contagem de linfócitos e monócitos dos animais tratados com o corante a 315 mg/kg de peso
corporal. Foi concluído que a substância possivelmente tem um efeito negativo sobre a
imunidade celular, mediada por células como os linfócitos, apesar de não alterar a imunidade
humoral, garantida por moléculas na corrente sanguínea, tais como os anticorpos.
Ademais, foi identificada contaminação do amarelo crepúsculo com substâncias
cancerígenas, como a benzidina 4-aminobifenil. A FAO busca regular a presença desse
composto em alimentos industrializados nos EUA, incluindo aqueles que possuem o amarelo
crepúsculo em sua com posição, estabelecendo uma quantidade máxima permitida, porém já
houve relatos da detecção de valores bastante elevados (KOBYLEWSKI; JACOBSON, 2010).
Arnold, Lofthouse e Hurt (2012) evidenciaram a necessidade de atenção para
alguns corantes artificiais, dentre eles o amarelo crepúsculo, sobre uma possível correlação
entre o consumo e a presença de comportamentos que caracterizam Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças, tanto de idade pré-escolar como na faixa de 8
a 9 anos. Por meio de uma revisão bibliográfica, os autores mostraram que o consumo de
24

produtos com corantes artificiais quando comparado ao de alimentos placebos esteve


relacionado com relatos de hiperatividade e déficit de atenção tanto por determinação médica
quanto por opinião parental.
O estudo ainda discute que corantes como o amarelo crepúsculo podem alterar
o funcionamento do sistema nervoso sem mesmo atravessar a barreira hematoencefálica, uma
vez que influenciam a concentração de nutrientes como o zinco, que é essencial para o
funcionamento neural. Esse processo, que pode estar relacionado à presença de hiperatividade
ou déficit de atenção ou outro prejuízo comportamental, pode ser determinado pela reação de
quelação entre os corantes e o zinco, ocasionando excreção excessiva desse mineral (WARD,
1997).
Outro importante efeito negativo causado pelo consumo do corante amarelo
crepúsculo é sua possível ação como xenoestrógeno, que são substâncias que agem no
organismo mimetizando a ação de hormônios estrógenos, como examinado por Axon et al.
(2012). Nesse estudo, feito com linhagens de células do câncer de mama, foi avaliada a
capacidade de reconhecimento e ativação de receptores de estrógenos, que se localizam nos
núcleos das células, e consequente ativação dos genes relacionados ao hormônio. Os autores
sugerem que algumas doenças podem estar relacionadas com esse processo, como, por exemplo,
a cirrose biliar primária, uma doença autoimune do fígado.
A genotoxicidade do amarelo crepúsculo tem sido discutida na literatura, uma
vez que sua azorredução determina a formação de aminas aromáticas sulfonadas, que foram
classificadas como de baixo potencial para causar dano ao DNA. Esse fato é considerado até
mesmo por alguns órgãos reguladores do uso de aditivos alimentares, como a Autoridade
Europeia em Segurança Alimentar (EFSA) (KÖNIG, 2015; AMCHOVA; KOTOLOVA;
RUDA-KUCEROVA, 2015).
Entretanto, Dwivedi e Kumar (2015) mostraram que o corante possui efeito
genotóxico e citotóxico realizando a verificação do índice de mitose em células de raízes de
Brassica campestris L. Os autores mostraram que o amarelo crepúsculo teve efeito negativo
sobre o processo de divisão celular para todas as concentrações utilizadas (1, 3 e 5%), sendo
que para a maior delas, houve um alto índice de morte celular. Com isso, foi sugerido que a
toxicidade do corante precisa ser reavaliada com a finalidade de avaliar os efeitos danosos do
composto à saúde e meio-ambiente.
Além disso, um estudo realizado com culturas de linfócitos humanos confirmou
esse possível potencial citotóxico e genotóxico (KUS; EROGLU, 2015 apud AMCHOVA;
KOTOLOVA; RUDA-KUCEROVA, 2015). O trabalho mostrou que o corante alterou a
25

frequência de mitoses e a formação de micronúcleos de forma dependente da dose nessas


células, além de ter mostrado a habilidade de se ligar e inativar a albumina sérica.

4.3.3 Azorrubina

A azorrubina, ou carmoisina, é o sal dissódio-4-hidróxi-3-[(4-sulfo-1-


naftalenil)azo]-1-naftaleno sulfonato. Possui boa resistência à acidez, luz e calor
(DOWNHAM; COLLINS, 2000), sendo usada para conferir coloração vermelho-amarronzada
a vários alimentos, como produtos de padaria, bebidas, doces, geleias, gelatinas, frutas e
vegetais em conserva, iogurtes, pudins instantâneos, entre outros (AMIN; HAMEID II;
ELSTTAR, 2010; BASU; KUMAR, 2014). Tem papel fundamental na indústria para a
manutenção da cor de bebidas como sucos de romã ou de uva, uma vez que as substâncias
naturais que dão coloração a esses produtos, as antocianinas, são degradadas no processamento
(GHASEMPOUR et al., 2016).
Atualmente, é permitida no Brasil e outros países da América do Sul, como
também na Europa, mas foi proibida nos Estados Unidos por falta de estudos que comprovem
a segurança para a aplicação (KIM et al., 2016).
Os efeitos tóxicos da azorrubina vêm sendo estudados não somente por ser um
corante azo, mas também por alguns outros efeitos negativos, como, por exemplo, prejuízo ao
funcionamento renal e hepático (AMIN; HAMEID II; ELSTTAR, 2010) e ligação com
consequente perda de função da albumina sérica (MASONE; CHANFORAN, 2015).
Amin, Hameid II e Elsttar (2010) estudaram os efeitos da azorrubina em ratos
jovens, como um modelo para crianças, e mostraram efeitos negativos tanto para altas como
baixas doses, o que pode ser observado de forma geral pela diminuição do peso corporal e
agravo no desenvolvimento do animal, fato que os autores defendem como indicador geral de
toxicidade.
Ademais, o estudo mostra que doses altas ou baixas do corante amarronzado têm
efeito sobre a atividade hepática, uma vez que houve alteração nos níveis de fosfatase alcalina
e alanina amino transferase séricos, que são indicadores bioquímicos do funcionamento do
órgão. Ainda é discutida uma provável deposição do aditivo ou seus metabólitos nas células
hepáticas e vasos portais, ocasionando dano celular e liberação das enzimas no sangue (AMIN;
HAMEID II; ELSTTAR, 2010).
Ainda no mesmo estudo, foi apontado que a azorrubina possui efeitos deletérios
sobre o colesterol sérico total e altera a quantidade de biomarcadores de estresse oxidativo e de
26

proteínas do soro sanguíneo. Estas também foram avaliadas por Masone e Chanforan (2015)
em um estudo computacional, o qual sugeriu que a albumina sérica possui unidades ligantes
com corantes artificiais, incluindo a carmoisina, o que pode influenciar na concentração
sanguínea e atividade fisiológica. Esse fato foi apontado como bastante relevante, uma vez que
a proteína atua na determinação da pressão osmótica do sangue, bem como no transporte de
drogas, esteroides e outros hormônios.
Esse caso também foi estudado por Basu e Kumar (2014), que verificaram, por
meio de métodos microcalorimétricos, que a carmoisina tem afinidade pela albumina sérica e
forma ligações estáveis com a proteína, alterando sua conformação molecular.
Em um trabalho posterior, Basu e Kumar (2015) estudaram a capacidade de
ligação da azorrubina com moléculas de hemoglobina, utilizando métodos espectrofotométricos
e calorimétricos. Foi relatado que o corante altera a estrutura da molécula da hemoglobina, pois
interage intimamente com ela, formando ligações com o envolvimento de forças hidrofóbicas
ocasionadas pela compensação térmica entre as substâncias. Tal processo pode influenciar a
atividade da proteína presente nos eritrócitos, alterando a capacidade de transporte de
substâncias, especialmente o oxigênio, pois a conformação tetramérica é um dos principais
fatores relacionados ao seu papel fisiológico.
Segundo Amchova, Kotolova e Ruda-Kucerova (2015) poucos estudos foram
capazes de detectar potencial genotóxico relevante para a azorrubina, o que determina que os
órgãos reguladores desconsiderem esse possível efeito negativo.

4.3.4 Ponceau 4R

O corante Ponceau 4R é utilizado em alimentos, cosméticos e medicamentos


para conferir a cor vermelha (TANAKA, 2006). Seu nome IUPAC é sal trissódio de (1-(4-sulfo-
1-naftilazo)-2-naftol-6,8-disulfonato. Sua estrutura química se trata de duas frações de
naftaleno mono e bissulfonados, unidos por uma ligação azo. É instável à presença de ácido
ascórbico e dióxido de enxofre, mas é considerado como resistente à acidez, calor e pH
(DOWNHAM; COLLINS, 2000).
A substância é utilizada no preparo de vários alimentos, como refrigerantes,
iogurtes, produtos de padaria, mostarda, coberturas e misturas para bolo, vinhos e sorvetes,
principalmente devido ao seu baixo valor comercial, boa estabilidade, solubilidade e eficiência
em coloração (KÖNIG, 2015; ZHANG et al., 2017).
27

Alguns países, porém, tais como os Estados Unidos, Canadá, Dinamarca e


Noruega, restringem o uso devido à falta de determinação de valores seguros para consumo
(XIE et al., 2012).
Tsuda et al. (2001) evidenciaram que o corante Ponceau 4R, juntamente com
alguns outros corantes azo, são solúveis em água devido à presença de radicais sulfonados com
carga elétrica elevada, fato que determina absorção insignificante do corante ingerido. Sendo
assim, a maior preocupação está associada à azorredução.
Um estudo com ratos machos e fêmeas grávidas para avaliar danos
histopatológicos e genéticos, por meio de ensaio cometa, administrando Ponceau 4R por
alimentação forçada, em concentrações de até 2000 mg/kg de peso corporal, aos animais e seus
embriões. Notaram que, após 3h do consumo, o corante Ponceau 4R causou danos ao DNA do
cólon em uma concentração mínima de 10 mg/kg de peso corporal, e à bexiga e estômago à
concentração de 100 mg/kg de peso corporal. Foi defendido que outros estudos que não
detectaram genotoxicidade para o corante utilizaram métodos pouco precisos, quando
comparados ao ensaio cometa (TSUDA et al., 2001).
Em seu estudo com ratos machos e fêmeas, incluindo em etapas reprodutivas e
de crescimento, Tanaka (2006) avaliou a influência do Ponceau 4R em funções
neurocomportamentais e reprodutivas do animal. Apesar de não ter sido relatada a influência
do consumo do corante no peso ao nascer, na sobrevivência da cria e na fase de lactação, o
autor observou que algumas características neurocoportamentais foram alteradas, como o
reflexo de adaptação à superfície em ratos machos em fase de lactação e o aprendizado espacial
pelo teste de labirinto-T. Esse procedimento consiste em uma avaliação com um enigma simples,
no qual o animal deve achar a saída. Entre as ratas fêmeas, porém, não houve diferença
comportamental significativa pelo consumo do corante, e isso se deve provavelmente ao ciclo
reprodutivo, no qual a presença dos hormônios sexuais também pode alterar negativamente seus
atributos neurocomportamentais (TANAKA, 2006).
Alguns estudos avaliaram a correlação entre o consumo de corantes artificiais,
incluindo o Ponceau 4R, e alterações comportamentais em crianças, especialmente no
desenvolvimento de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Alguns
estudos, como o de Arnold, Lofthouse e Hurt (2012) e o de Stevens et al. (2011) discutiram a
respeito de vários experimentos realizados desde a década de 80 que têm sido capazes de atestar
a predisposição de crianças a comportamentos hiperativos pela ingestão de corantes sintéticos,
até mesmo quando o indivíduo nunca havia apresentado quadro de TDAH antes dos
experimentos propostos.
28

O estudo de Southampton, realizado por McCann et al. (2007), foi considerado


um marco para os trabalhos toxicológicos sobre os efeitos dos corantes no comportamento de
crianças. No experimento, foi avaliada a influência do consumo de bebidas com uma mistura
de corantes artificiais, incluindo o Ponceau 4R, e o aparecimento de sintomas de TDAH,
mostrando diferença significativa em relação ao consumo de bebidas com função de placebo.
Ademais, como alguns aditivos alimentícios, incluindo corantes artificiais estão
relacionados a alterações imunológicas e reações alérgicas, especialmente os da classe azo, um
estudo foi realizado com o Ponceau 4R para avaliar tais efeitos, e foi mostrado que por si só a
substância ocasionou poucos casos de alergia, que estiveram relacionados a pessoas com
sensibilidade a esse tipo de reação imunológica (FEKETEA; TSABOURI, 2017).
Alguns estudos realizados na década de 80 avaliaram a toxicidade aguda e
crônica do corante Ponceau 4R em ratos, não tendo sido possível mostrar efeitos negativos do
seu consumo em animais. Alterações de pelagem, dermatológicas ou morfológicas em órgãos
e tecidos, como a dilatação do intestino grosso, não puderam ser atribuídas à atividade da
substância no organismo. Nenhuma outra mudança que necessitasse de algum tratamento foi
observada (BRANTOM; STEVENSON; INGRAM, 1987; BRANTOM; STEVENSON;
WRIGHT, 1988).
De acordo com König (2015), alguns efeitos adversos que se caracterizam como
sensibilização ao consumo do corante, como asma, urticária, angioedema e outras respostas do
sistema vascular não puderam ser confirmadas por nenhum estudo com boa evidência, o que
determinou que essas reações fossem consideradas incomuns.

4.3.5 Vermelho 40

O corante Vermelho 40, também conhecido como Vermelho Allura, é um


corante azo cujo uso ocorre em vários países, a exemplo dos Estados Unidos, Japão, Europa e
Brasil, com aplicações em alimentos e bebidas, como refrigerantes, gelatinas, produtos lácteos,
pudins, condimentos, xaropes, doces, cereais cosméticos e suplementos alimentícios
(POURREZA; LARKI, 2011; WU et al., 2015; BASTAKI et al., 2017). É resistente ao calor,
luz e pH, sendo especialmente usado em bebidas, uma vez que é considerado o corante
vermelho mais resistente ao ácido ascórbico, substância que pode desestabilizar compostos
presentes no alimento (DOWNHAM; COLLINS, 2000; PRADO; GODOY, 2003).
Possui uma coloração que tende ao vermelho escuro e ao marrom (ABDULLAH
et al., 2008). Seu nome IUPAC é sal dissódio de 6-hidróxi-5-[(2-metóxi-5-metil-4-sulfofenil)
29

azo]-2-napftaleno sulfonato. A presença de dois grupos sulfonados o torna bastante solúvel em


água. Tal fato é responsável pela pouca absorção no trato gastrointestinal (TSUDA et al., 2001).
O uso do vermelho allura foi iniciado na década de 80 com o intuito de substituir
o amaranto para dar coloração avermelhada a alimentos nos Estados Unidos, uma vez que este
aditivo havia sido banido desse país (ESMAEILI et al., 2016).
O corante tem grande afinidade por proteínas de diversas fontes, como
amendoim, arroz, alho, proteínas microbiais e derivados da albumina sérica bovina, e forma
ligações que resistem a grandes variações de temperatura, apesar de essa interação não alterar
a digestibilidade do macronutriente (ABDULLAH et al., 2008).
A toxicologia do corante Vermelho 40 é bastante discutida na literatura, e muitos
testes in vitro foram realizados para avaliar sua genotoxicidade, porém não foram observados
efeitos negativos (BASTAKI et al., 2017). Entretanto, Tsuda et al. (2001) utilizaram
camundongos em um ensaio cometa para avaliar o dano ao DNA causado pelo corante, e
aferiram que o epitélio do cólon é a parte mais afetada. Os autores defendem que esse tipo de
estudo é o mais adequado para avaliar a toxicidade da substância, uma vez que o processo de
ativação de compostos azo é complexo, não sendo capaz de ser avaliado por estudos in vitro.
Já o ensaio cometa in vivo possui a vantagem de verificar absorção, distribuição, metabolismo
e excreção, sendo mais apropriado para o caso (TSUDA et al., 2001).
Em 2010, Shimada et al. analisou a toxicologia do vermelho 40 em um estudo
que utilizou ratos e camundongos para comparar o metabolismo da substância. O trabalho
confirmou os resultados anteriores, mostrando que o dano ao DNA do epitélio do cólon
acontece após 3 horas de ingestão do corante e pode ser detectado em até 24 horas depois em
camundongos, porém isso não ocorre em ratos. Os autores relataram que as diferenças no
metabolismo do corante entre as duas espécies de roedores podem ser responsáveis pela
ausência de genotoxicidade em ratos, uma vez que os dois animais apresentam diferenças nas
enzimas disponíveis no trato gastrintestinal como também na flora bacteriana ali presente.
Bastaki et al. (2017), por sua vez, defenderam que não há evidências suficientes
para suportar o efeito genotóxico do corante Vermelho 40, baseando-se em dados disponíveis
na literatura, como também no resultado do seu trabalho com camundongos. Os autores
buscaram avaliar o dano ao DNA de forma equivalente ao que foi efetuado por Tsuda et al.
(2001) e Shimada et al. (2010) e mostraram que em nenhum tecido avaliado usando ensaio
cometa mostrou atividade genotóxica do corante quando administrado em doses de até 2000
mg/kg de peso corporal.
30

Por meio da realização desse trabalho, foi refutado o resultado apresentado pelas
publicações de Tsuda et al. (2001) e Shimada et al. (2010), sendo apontadas falhas na
metodologia ou no número de animais analisados. Resultado similar foi observado por Honma
(2015), que não notou evidências de genotoxicidade em camundongos, pelo ensaio cometa com
tecidos similares aos utilizados nos trabalhos supracitados, em nenhum valor para as doses
usadas de Vermelho 40, que variaram entre 250 a 2000 mg/kg de peso corporal.
Tanaka (1994) buscou avaliar os efeitos do corante Vermelho Allura em
camundongos com relação a parâmetros reprodutivos e neurocomportamentais e não encontrou
nenhuma alteração relevante. Peso, número e relação entre sexos da cria, bem como
desenvolvimento durante o período de lactação não apresentaram mudanças significativas com
o consumo do corante. Aspectos neurocomportamentais, como adaptação à superfície,
habilidade de nadar, orientação olfatória, entre outros, também não mostraram alterações.
Segundo Feketea e Tsabouri (2017), não se tem sido reportado nenhum caso de
reação alérgica mediada por Vermelho 40 em crianças. Entretanto, um estudo efetuado com
neutrófilos humanos notou que o aditivo aumenta a produção de mediadores inflamatórios
através dessas células (LEO et al., 2017). Foi discutido que o corante pode ter uma influência
significativa nos processos de inflamação no organismo, que pode estar relacionada a respostas
alérgicas e doenças como asma e artrite reumatoide.
O corante vermelho 40 também tem sido relatado como possível influenciador
nos níveis de hiperatividade em crianças. Arnold, Lofthouse e Hurt (2012) sumarizam dados
disponíveis na literatura para defender que deve haver cuidado com o consumo de alguns
corantes, incluindo o vermelho allura, por crianças. Apesar de não serem os principais
causadores, essas substâncias podem ter efeitos sobre o cérebro mesmo sem cruzar a barreira
hematoencefálica, contribuindo para TDAH e outras doenças.
Ademais, o efeito inibitório da enzima humana anidrase carbônica II pelo
vermelho 40 foi relatado por um grupo de pesquisadores iranianos (KHODARAHMI;
ASHRAFI-KOOSHK; KHALEDIAN, 2015; ESMAEILI et al., 2016). Em um estudo, foi
utilizado o corante na forma molecular completa e foi mostrado que a atividade da enzima
diminuía na presença do composto, de forma proporcional à sua concentração
(KHODARAHMI; ASHRAFI-KOOSHK; KHALEDIAN, 2015). Os autores defendem que a
estrutura química do aditivo é similar aos compostos alvos da enzima, interagindo com o sítio
de ligação e impedindo a atividade metabólica da molécula.
Um outro estudo avaliou, adicionalmente ao corante, os metabólitos oriundos da
quebra do grupamento azo, ou seja, aminas aromáticas (ESMAEILI et al., 2016). Foi observado
31

que esses compostos possuíram afinidade pelo sítio ativo da enzima de forma ainda maior que
o próprio corante, determinando a redução da atividade da molécula de forma mais eficaz. Foi
discutido, também, que esse potencial de inibição de enzimas é um novo tópico da toxicidade
de corantes e que deve ser mais explorado, uma vez que esse processo pode ocasionar diversos
efeitos metabólicos, a exemplo da enzima utilizada, a anidrase carbônica II, que é responsável
pela conversão de CO2 em HCO3-, e sua inibição causa diminuição do pH e dilatação vascular,
que podem resultar em doenças como a osteoporose e a acidose renal tubular (KHODARAHMI;
ASHRAFI-KOOSHK; KHALEDIAN, 2015; ESMAEILI et al., 2016).

4.3.6 Tartrazina

A Tartrazina, substância de nome químico sal trissódio de 4,5-dihidro-5-oxo-1-


(4-sulfofenil)-4-[4-sulfofenil-azo]-1H-pirazol-3-carboxilato, é outro corante azoico utilizado
para conferir a cor amarela a suplementos alimentares e vários tipos de bebidas e alimentos,
tais como sorvetes, bolos, balas e confeitos, salgadinhos de batata, refrigerantes, bebidas
alcóolicas, chicletes, gelatina, entre outros (BASTAKI et al., 2017a; AL-SHABIB et al., 2017).
Possui uma ligação azo e dois grupos sulfônicos, além do grupamento funcional
ácido carboxílico, o que garante sua boa solubilidade em água (AL-SHABIB et al., 2017). É
considerada estável à luz, variações de pH, oxigênio e possui baixos custos de produção (JIANG
et al., 2014).
O corante vem sendo largamente estudado devido à possível toxicidade, pois há
relatos de correlação com reações alérgicas, hiperatividade em crianças, genotoxicidade, tumor
da tireoide, TDAH e urticária (AL-SHABIB et al., 2017).
Um experimento realizado com ratos albinos machos, usados como modelo para
crianças, avaliou a relação do consumo de tartrazina com alterações em marcadores
bioquímicos do fígado e do rim, como também em biomarcadores do estresse oxidativo. Com
isso, observou-se que os níveis de transaminases (ALT e AST), bem como de fosfatase alcalina,
que são parâmetros de avaliação da função hepática, mostraram alterações tanto com pequenas
como com altas doses do corante (15 a 500 mg/kg de peso corporal). Foi discutido também
sobre a influência do corante nos níveis de imunoglobulinas, sugerindo modificações
imunológicas, que podem estar relacionadas à defesa do organismo contra os efeitos tóxicos do
corante. Adicionalmente, foi documentada a elevação de ureia e creatinina séricas, em doses
altas ou baixas de ingestão da substância (AMIN; HAMEID II; ELSTTAR, 2010).
32

Amin, Hameid II e Eslsttar (2010) também observaram interferência do


consumo de tartrazina na concentração de marcadores de estresse oxidativo, como glutationa,
a catalase, o malondialdeído, e a superóxido dismutase hepáticos, sendo que para este último
as alterações apareceram mesmo com doses baixas do corante (15 mg/kg de peso corporal).
Para o restante dos parâmetros, houve influência apenas em doses altas (500 mg/kg de peso
corporal). Os autores sugeriram que tal situação pode ser causada pela reação de aminas
aromáticas provenientes da atuação de azorredutases presentes na microflora intestinal, e esses
compostos nitrogenados podem interagir com nitritos e nitratos presentes no estômago ou nos
alimentos, gerando espécies reativas de oxigênio, que aumentam o estresse oxidativo.
Al-Shabib et al. (2017) mostraram que a tartrazina pode ter um papel de
ocasionar agregação amorfa de proteínas quando estão em forma catiônica. Em ensaios in vitro,
os autores tomaram como referência para a análise a mioglobina, que é uma proteína muscular
que contém o grupamento heme e apresenta na maior parte da estrutura a conformação em alfa-
hélice. Os resultados mostraram que, em pH ácido (2,0), a molécula possui carga positiva, sendo
alvo de interação com a tartrazina, o que ocasiona a agregação amorfa. Essa propriedade,
segundo os autores, está relacionada ao aspecto toxicológico, pois proteínas com resíduos de
aminoácidos que se comportem positivamente podem formar agregados amorfos, que são
conhecidos como causadores de várias doenças e irregularidades metabólicas.
A tartrazina também tem sido relacionada a alterações comportamentais tais
como àquelas relacionadas a déficit de atenção e hiperatividade. Bateman et al. (2004), que
utilizaram misturas de corantes na presença de benzoato de sódio em um estudo experimental
duplo-cego com uso de placebo em crianças em idade pré-escolar. Foi mostrado que os corantes
artificiais possuem uma influência relevante no comportamento hiperativo de crianças com
cerca de 3 anos de idade, na opinião dos pais, independentemente do perfil comportamental
inicial do indivíduo antes do teste. É discutido, então, que seria um grande benefício para a
saúde pública a remoção de corantes artificiais da dieta de crianças.
Os estudos de Southampton (MACCANN et al., 2007) também utilizaram a
tartrazina e chamaram a atenção para os efeitos negativos no desencadeamento de TDAH em
crianças, especialmente porque para esse corante já houve relatos anteriores na literatura.
O corante também foi reportado como causador de sintomas similares a reações
alérgicas, tendo sido observadas alterações respiratórias e dermatológicas. Corder e Buckley III
(1994) relataram que rinite, sibilo e rubor são causados em reação ao consumo de tartrazina, de
modo que se torna difícil distingui-la de outras respostas alérgicas. Esses autores realizaram um
estudo clínico em que foram feitos testes de eficiência respiratória com o intuito de observar a
33

influência de substâncias como a tartrazina e verificaram que alguns pacientes são sensíveis a
essa substância, que esteve relacionada à broncoconstrição e consequentemente diminuição do
volume respiratório. Foi concluído que há uma necessidade de indicação nos rótulos dos
alimentos da presença do corante como alerta, para que indivíduos sensíveis possam estar
cientes de possíveis efeitos negativos, o que já ocorre nos Estados Unidos, de acordo com
determinação da FAO.
Outros estudos apontam para uma possível relação entre o consumo de tartrazina
e vários outros tipos de reações adversas, especialmente em pacientes com sensibilidade ao
ácido acetilsalicílico (AAS). Matsuo et al. (2013) analisaram o efeito da tartrazina sobre a
liberação de histamina, hormônio responsável por diversos sintomas de alergia, em basófilos
de indivíduos que possuíam condições crônicas relacionadas à alergia, como a urticária, e
mostraram um resultado positivo similar ao observado pelo efeito do AAS. Os autores
defendem que o consumo de aditivos alimentares como a tartrazina pode, então, piorar os
sintomas de algumas doenças alérgicas.
Contudo, para Stevenson e White (2016), a hipótese de que a tartrazina traz
efeitos negativos para pacientes sensíveis ao AAS deve ser descartada, pois os dados presentes
na literatura científica no decorrer do tempo, após a indicação desse possível efeito na década
de 50, têm sido insuficientes para corroborar com essa ideia. Além disso, de acordo Turner e
Kemp (2010), o efeito do corante no aparecimento e intensificação de doenças alérgicas é
duvidoso, já que foram realizados poucos estudos com um bom nível de evidência que suportem
essa proposição.
Sasaki et al. (2002) utilizaram camundongos em um ensaio cometa para avaliar
o dano ao DNA de diversos órgãos causado pelo consumo de aditivos alimentares, e verificaram
que de todos os aditivos alimentares estudados, os corantes foram os que mostraram maior
poder genotóxico, estando a tartrazina presente nesse grupo. Foi mostrado que tal corante
amarelo causou dano ao DNA do cólon até mesmo em doses baixas (10 mg/kg de peso corporal),
valor próximo à IDA (7,5 mg/kg). Entretanto, os autores afirmaram que a sensibilidade ao poder
tóxico dessas substâncias pode variar entre os animais.
Um estudo de revisão e análise bibliográfica realizado por Elhkin et al. (2006),
porém, questionou a metodologia usada pela equipe japonesa supracitada, afirmando a falta de
detalhes, o que impossibilita fazer conclusões sobre o potencial toxicológico da tartrazina. Esse
trabalho elencou dados de vários outros estudos, efetuados in vivo ou in vitro, e defendeu que
a tartrazina não possui poder mutagênico, discutindo que, para muitos dos estudos que
apontaram resultados positivos para a genotoxicidade da tartrazina, alguns pontos foram
34

ignorados, como por exemplo investigações mais precisas com os metabólitos do corante. O
mesmo estudo defende que, dentre muitos trabalhos avaliados, não foi verificado nenhum dado
que confirme a carcinogenicidade da tartrazina. Segundo os autores, investigações em animais,
incluindo as efetuadas durante algumas gerações, não observaram surgimento de câncer
relacionado ao consumo do corante, em níveis de até 9735 mg/kg de peso corporal.
Da mesma forma, Bastaki et al. (2017a) defendem que a tartrazina não possui
poder genotóxico. Esse grupo desenvolveu um estudo in vivo com camundongos, no qual a
metodologia seguiu diretrizes estabelecidas pela FAO dos Estados Unidos e pela Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD). Isso garantiu, segundo os autores,
força de evidência científica ao seu trabalho, ao contrário do que ocorreu com muitos outros
estudos anteriores.
Bastaki et al. (2017a) realizaram análises similares àquelas do estudo de Sasaki
et al. (2002) de modo que puderam negar seus achados, mostrando que o ensaio cometa
realizado com tecidos do estômago, cólon e fígado, com doses de até 2000 mg/kg de peso
corporal de tartrazina não propuseram genotoxicidade. Segundo eles, Sasaki et al. não
estabeleceram uma metodologia apropriada, pois o número de animais avaliados foi pequeno;
somente os núcleos das células foram analisados, e não a estrutura inteira e apenas 50
núcleos/órgão/animal foram avaliados. Além disso, são citados outros trabalhos similares que
também negam o possível dano ao DNA causado pelo corante. Os autores afirmam que
buscaram atentar às possíveis falhas de estudos anteriores para que os dados fossem mais
confiáveis.

4.3.7 Marrom HT

O corante Marrom HT caracteriza-se por um composto diazo com dois grupos


sulfônicos, tendo seu nome IUPAC como 4,4’-(2,4-dihidróxi-5-hidroximetil-1,3-fenileno
diazo) di-(naftaleno-1-sulfonato). É estável à luz, calor e acidez. Possui mais de dez
denominações adicionais, sendo as mais comuns o Marrom Chocolate HT, já que possui
coloração similar a esse alimento (DOWNHAM, COLLINS, 2000; HONG et al., 2012).
O corante, que é usado para adicionar vários tons de marrom aos alimentos, tem
uso proibido nos Estados Unidos, não tendo sido aprovado pela Organização Mundial de Saúde
(HONG et al., 2012). Em outros países, o corante é usado para dar cor a bebidas não alcoólicas,
frutas e vegetais em conserva, biscoitos, bolos, queijos, iogurtes, geleias, patês de carne ou
35

peixe, produtos de padaria, decorações e coberturas, molhos, suplementos alimentícios, sopas,


produtos lácteos, entre outros (HONG et al., 2012; KHATUN et al., 2017).
König (2015) relatou que a toxicidade do corante Marrom HT não foi observada
em estudos com ratos na concentração de até 715 mg/kg de peso corporal, apesar de ter sido
notada a mudança da coloração dos órgãos internos dos animais. Estudos realizados a longo
prazo, utilizando a concentração de 143 mg/kg de peso corporal não mostraram efeitos
carcinogênicos. Segundo o autor, tais trabalhos foram levados em conta para a determinação da
IDA, que atualmente tem o valor de 1,5 mg/kg de peso corporal.
Entretanto, para Amchova, Kotolova e Ruda-Kucerova (2015), apesar de o
consumo do corante ser considerado seguro nos níveis atuais de IDA, há uma carência de
estudos que avaliem o potencial tóxico do corante.
Um estudo foi realizado com ratos e avaliou o efeito da administração do
Marrom HT na concentração de 50 ou 200 mg/kg de peso corporal por 4 semanas na produção
dos neurotransmissores norepinefrina, dopamina e ácido gama-aminobutírico, bem como na
função e histopatologia dos rins e fígado. Foi notada uma diminuição significativa da produção
ou recaptação dos neurotransmissores ocasionada pela redução da produção de ATP pelos
neurônios para o grupo que consumiu o corante na maior concentração. Segundo o autor, isso
pode ocasionar a susceptibilidade do cérebro ao estresse oxidativo. Tal efeito não foi observado
quando o aditivo foi administrado juntamente com azeite de oliva, cujos benefícios fisiológicos,
tais como a capacidade antioxidante, podem ter compensado os efeitos negativos do Marrom
HT. Em relação à análise do fígado e rins, o consumo do corante, mesmo em coadministração
com o azeite, alterou significativamente (p<0,05) os níveis dos marcadores bioquímicos da
função dos órgãos (ALT e AST). Os dados histopatológicos mostraram alterações pequenas a
moderadas relacionadas ao consumo do corante por si só (BAWAZIR, 2012).
Khatun et al. (2017) em um experimento com ratas avaliaram a função ovariana
e parâmetros hematológicos em grupos de animais que receberam diferentes concentrações de
Marrom HT (100, 200 ou 400 mg/kg de peso corporal) por 30 dias. Foi relatada uma redução
significativa nos ciclos reprodutivos dos animais no período analisado para as duas maiores
concentrações (p<0,05). Esses fatores foram ocasionados por uma menor produção dos
hormônios reprodutivos que foi observada de maneira dependente da quantidade utilizada. Foi
relatada a diminuição da taxa sanguínea de LH, FSH e estradiol para as três concentrações do
corante (p<0,05). Enzimas antioxidantes também foram analisadas e apresentaram redução para
as três concentrações (p<0,05), exceto para a glutationa s-transferase na menor proporção usada
da substância.
36

4.3.8 Negro brilhante BN

O negro brilhante BN é um corante diazo de nome químico 4-acetamido-5-


hidróxi-6-[7-sulfonato-4-(4-sulfonatofenilazo)-1-naftilazo]naftaleno-1,7-disulfonato e que
apresenta boa estabilidade à luz. Entretanto, é vulnerável ao calor e compostos redutores ou
oxidantes presentes nos alimentos (DOHNHAM; COLLINS, 2000; KÖNIG, 2015).
É usado na fabricação de gelatinas, molhos marrons, misturas para bolos
(MACIOSZEK; KONONOWICZ, 2004), como também em snacks fabricados com cereais,
farinhas, batatas e outros compostos ricos em amido, conferindo-lhes cores escuras, que podem
ir do violeta ao azul marinho, dependendo da mistura com outros corantes (DOWNHAM;
COLLINS, 2000; PASIAS; ASIMAKOPOULOS; THOMAIDIS, 2015).
Nos Estados Unidos, Austrália e na Europa Ocidental, o uso do corante foi
banido devido à incidência de casos de reações alérgicas ocasionadas pelo seu consumo
(MACIOSZEK; KONONOWICZ, 2004).
O aditivo possui pouca absorção pelo trato gastrintestinal do organismo após sua
ingestão, podendo ser detectado nas fezes em sua forma original ou convertido em aminas
aromáticas, produtos da azorredução enzimática que pode ocorrer no intestino (KÖNIG, 2015).
Por meio de um ensaio cometa com linfócitos humanos, Macioszek e
Kononowicz (2004) observaram que o corante Negro Brilhante BN pode causar danos ao DNA
em uma proporção até mesmo maior que um mutagênico conhecido, o Diepoxibutano,
dependendo da concentração de uso. Os autores avaliaram especificamente a formação de
células binucleadas, o índice de divisão nuclear e o número de micronúcleos ocasionados pela
presença do corante, revelando genotoxicidade dependente da concentração do aditivo
alimentar.
No mesmo trabalho, foi avaliada a genotoxicidade do corante em células do
meristema de raízes de Vicia faba, uma planta da família das leguminosas. De forma similar,
foram observadas alterações genéticas nas células do vegetal, de modo mais intenso à medida
que se aumentava a concentração do corante. As células da estrutura da planta, que possuem
grande potencial mitótico, mostraram-se com menores índices de divisão celular, que se
restabelecia após um período de 26h de exposição ao corante, quando apresentavam, porém,
quebras cromossomais na anáfase e telófase. Uma substância conhecidamente mutagênica para
esse tipo de célula, a hidrazida do ácido maleico, também foi utilizada com fins de comparação,
37

e foi notado que o Negro Brilhante BN apresenta atividade genotóxica semelhante, ocasionando
a manifestação de diferentes graus de danos ao DNA (MACIOSZEK; KONONOWICZ, 2004).
De acordo com a Autoridade Europeia sobre Segurança Alimentar (EFSA, 2015),
o nível de Ingestão Diária Aceitável (IDA) do Negro Brilhante BN está em 5 mg/kg de peso
corporal. Os últimos estudos efetuados para estabelecer esse valor datam de 1983 através de
publicação do Comitê Científico de Alimentos da Europa (SCF). Esse relatório, por sua vez,
discute sobre estudos com o Negro Brilhante BN que avaliaram a toxicidade aguda, o
metabolismo, a toxicidade a curto termo em ratos e porcos, a mutagenicidade in vitro e a
teratogenicidade e efeitos em multigerações, não havendo detecção de efeitos negativos na
função reprodutiva ou genotoxicidade (SCF, 1983). Da mesma forma, estudos realizados a
longo prazo não apontaram efeitos adversos no uso da substância em concentrações de até 500
mg/kg de peso corporal (SCF, 1983).
A EFSA (2015) avaliou também a ingestão do corante pela população europeia
em diferentes faixas etárias considerando a aplicação de questionários de consumo alimentar
em vários países, mostrando que, em média, a ingestão do aditivo esteve abaixo da IDA, exceto
para crianças em idade pré-escolar e escolar. Para esta faixa etária, os valores mais elevados
estiveram relacionados ao consumo de refrigerantes.
Como qualquer outro corante azo, não se pode descartar a formação de aminas
aromáticas provenientes da redução do composto. No entanto, alguns estudos podem estar
ignorando a toxicidade do corante já que essas reações podem não ocorrer em experimentos in
vitro, subestimando, então, por exemplo, o potencial mutagênico da substância (PRIVAL;
MITCHELL, 1982; KÖNIG, 2015).

4.3.9 Vermelho 2G e Litol Rubina BK

O corante azo chamado Vermelho 2G é o sal dissódio de 8-acetamido-1-hidróxi-


2-fenilazonaftaleno-3,6-ácido dissulfônico, com estrutura química de monoazo sulfonado
(LARSEN, 2008). De coloração rosada, é resistente à luz, calor e acidez (DOHNHAM;
COLLINS, 2000).
O corante é notadamente usado em compostos cárneos, como hambúrgueres e
salsichas, o que determinou uma problemática após sua proibição na Europa, uma vez que
muitos itens estavam em estoque para serem usados posteriormente por unidades de produção
de alimentos (SCOTTER, 2011).
38

A EFSA baniu o uso do vermelho 2G na Europa desde 2007 baseando-se em


estudos com roedores que reportaram a formação de anilina no trato gastrintestinal pela
azorredução bacteriana em uma taxa considerável (OPLATOWSKA-STACHOWIAK;
ELLIOTT, 2015). Tal composto é genotóxico in vivo e carcinogênico em roedores (LARSEN,
2008). Por não haver evidência que suportasse que a formação de tumores não estava
relacionada com o metabolismo do corante, e que processo similar não iria ocorrer em humanos,
o risco a saúde não pôde ser descartado, o que acabou por determinar o veto ao uso do corante
(LARSEN, 2008; PRATT et al., 2013). O vermelho 2G também teve seu uso banido nos
Estados Unidos e Japão (MOTA, 2016).
Estudos anteriores, realizados por Haveland-Smith e Combes (1980), foram
capazes de mostrar a genotoxicidade do corante a partir de experimentos com linhagens
bacterianas, sugerindo que o corante atua como um mutagênico com ação de substituição de
bases no DNA. Porém, o mesmo grupo de investigadores foi posteriormente incapaz de detectar
mutagenicidade em camundongos tratados oralmente com o corante através de análises com
urina e fezes (EDWARDS; COMBES, 1984).
A litolrubina BK, denominada também de litol rubina BK é um corante azo mais
utilizado na forma de sal de cálcio, com nome IUPAC de 3-hidróxi-4-[(4-metill-2-
sulfonatofenil)azo]-2-naftaleno-carboxilato de cálcio (KÖNIG, 2015). Possui colocação que
tende ao vermelho e laranja e é facilmente dissolvida e removida por óleos (DOWNHAM;
COLLINS, 2000).
A substância é usada na Europa para dar coloração à casca de queijos sem que
tenha sido estabelecida uma quantidade máxima permitida, fato decorrente de que essas
coberturas, apesar de comestíveis, não são comumente consumidas, determinando que o uso do
corante não possui um grande impacto sobre a saúde do consumidor (KÖNIG, 2015;
SÁNCHEZ JUAN, 2013). Por este fato, poucos estudos sobre toxicidade foram desenvolvidos
com o corante (KÖNIG, 2015; SÁNCHEZ JUAN, 2013). Seu uso é proibido nos EUA,
Austrália e Japão (MOTA, 2016).
Conforme publicação da Autoridade Europeia sobre Segurança Alimentar
(EFSA, 2010), poucos dados sobre a biologia e a toxicologia do corante Litolrubina BK foram
submetidos para a reavaliação da substância após chamada pública executada pela entidade. Foi
efetuada uma busca em publicações científicas em bancos de dados on line pela organização,
com o intuito de acessar informações recentes sobre o tópico, porém apenas estudos mais
antigos foram identificados.
39

Foi discutido sobre achados que mostraram que o corante possui baixíssima
absorção pelo organismo de animais, sendo majoritariamente eliminado pelas fezes e não pela
urina. Como mostrado na publicação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OECD, 1994), estudos histopatológicos com ratos relataram majoritariamente
danos aos rins, com um tratamento de 300 mg/kg de peso ou superior em animais machos,
havendo aumento significativo do peso do órgão após uso de doses de 1000 mg/kg de peso. A
essa concentração, também foi detectada a diminuição do peso do timo.
Ainda de acordo com o relatório da EFSA, até a data da sua publicação em 2010,
os últimos estudos efetuados com a finalidade de determinar um valor diário aceitável de
ingestão datam de 1987. Tal trabalho, publicado pelo Comitê da Junta da Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e Organização Mundial de Saúde sobre
Aditivos Alimentares (JECFA, 1987), elencou estudos com ratos e camundongos com
diferentes concentrações do corante, buscando determinar a toxicidade aguda e crônica com
avaliações que duraram até 24 meses e não foram capazes de mostrar genotoxicidade, alterações
embrionárias, hematológicas, de bioquímica clínica ou mudanças na fase de gestação ou
lactação.
Segundo dados mostrados nessa publicação, um possível dano aos rins de
camundongos, bem como o aparecimento de tumores, tais quais adenomas alveolares, não
puderam ser associados ao consumo do corante, determinando ao estudo pouca evidência
toxicológica (IRDC, 1981a apud JECFA, 1987). Da mesma forma, o aparecimento de nefrite
crônica, hiperplasia reticular, atrofia dos túbulos testiculares ou incidência de tumores nos
grupos tratados com o corante não puderam ser atribuídos à toxicidade da substância, uma vez
que muitos desses problemas são esperados durante o processo de senescência dos animais, e
uma diferença significativa de sua incidência nos grupos sob tratamento não foi possível de ser
reportada (IRDC, 1981 apud JECFA, 1987). Assim, devido às limitações nos estudos, não foi
possível estabelecer um nível de Ingestão Diária Aceitável para a Litolrubina BK (JECFA,
1987).
Prival e Mitchell (1982) realizaram um estudo com corantes azo de diferentes
estruturas químicas, às quais se assemelha o corante litolrubina BK, e mostraram que uma
amina aromática sulfonada e o ácido 4-amino-3-hidróxi-2-naftóico são formados a partir da
azorredução desses compostos pela ação de enzimas bacterianas também presentes na flora
intestinal. Para a EFSA (2010), no entanto, tais substância são consideradas com pouco ou
nenhum poder genotóxico, apesar de que, como discutido anteriormente, é possível que haja
alterações nas moléculas de ácidos nucleicos causadas pela presença de aminas aromáticas na
40

célula (PUVANESWARI; MUTHUKRISHNAN; GUNASEKARAN, 2006; BAFANA; DEVI;


CHAKRABARTI, 2010).
41

5. ANÁLISE CRÍTICA

Os corantes sintéticos são bastante utilizados pela indústria de alimentos por sua
capacidade de controlar as cores dos produtos após o processamento e durante o tempo de
estocagem, fornecendo-lhes uma identidade visual, que tem um papel importante sobre a
escolha do consumidor (POTERA, 2010). Também garantem a possiblidade de maior
variabilidade de produtos através da associação de sabores às diferentes colorações, permitindo
uma maior competitividade das empresas desse ramo.
No entanto, não se pode ignorar os perigos à saúde humana e ao meio-ambiente
que têm sido observados desde o início da exploração exacerbada de corantes sintéticos para
uso em alimentos.
Ainda que haja uma busca pelo controle do uso dos corantes azo pelo mundo,
esse extenso e versátil grupo de substâncias utilizadas largamente na indústria de alimentos e
os seus produtos de degradação ainda têm trazido preocupação no decorrer do tempo
(PUVANESWARI; MUTHUKRISHNAN; GUNASEKARAN, 2006).
Como apresentado na revisão, para todos os corantes azo permitidos pela
legislação brasileira, foram relatados vários efeitos toxicológicos em estudos experimentais
relacionados ao consumo, tais como genotoxicidade, mutagenicidade, carcinogenicidade,
desencadeamento de processos alérgicos e de alterações comportamentais como o TDAH,
ligação com enzimas e proteínas sanguíneas com consequente inativação funcional, alterações
no sistema imunológico, citotoxicidade e perturbação nos processos de divisão celular, entre
outros. Alguns estudos não conseguiram verificar um determinado efeito nocivo, mas outros
trabalhos com o mesmo corante detectaram outras evidências de toxicidade.
Para certos corantes como o marrom HT, o negro brilhante BN, o vermelho 2G
e a litol rubina BK, o número de trabalhos atuais abordando estudos toxicológicos é escasso.
Esses aditivos tiveram o uso proibido nos EUA, o que possivelmente pode justificar a redução
desses tipos de ensaios no país. Dessa forma, a segurança no emprego desses compostos se
torna ainda mais duvidosa, o que causa preocupação, já que, no Brasil, a ANVISA permite o
uso destes nos alimentos. Fica evidente a necessidade de investimentos em pesquisas na área
da toxicologia de aditivos químicos em alimentos.
As aminas aromáticas, produtos comuns da degradação de compostos azo
possuem um grau relevante de toxicidade, o que já é um consenso na literatura
(PUVANESWARI; MUTHUKRISHNAN; GUNASEKARAN, 2006; BAFANA; DEVI;
42

CHAKRABARTI, 2010; LEO et al., 2017). Esse ponto não pode ser ignorado quando se trata
a respeito da toxicidade dessa classe de corantes.
Apesar de alguns autores defenderem que aminas aromáticas sulfonadas,
oriundas de corantes azo que possuem o grupamento sulfônico na estrutura, tais como amaranto,
vermelho 40, ponceau 4R, vermelho 2G e litol rubina BK, não tenham efeito genotóxico,
existem trabalhos que atestaram danos ao DNA relacionados ao consumo desses aditivos.
Excetuam-se os compostos vermelho 2G e da litol rubina BK por haver poucos estudos
publicados. Assim, não se pode descartar esse possível efeito tóxico.
É importante evidenciar que, conforme discutido por Ashida et al. (2000), os
estudos toxicológicos são geralmente feitos com um único corante, ignorando efeitos sinérgicos,
aditivos ou antagônicos. Isso se torna relevante quando se considera que na dieta comum de um
indivíduo na sociedade contemporânea há diversos alimentos industrializados, nos quais
diferentes tipos de aditivos podem estar presentes e, juntos, ocasionarem efeitos negativos ao
organismo. Os órgãos reguladores, que buscam determinar um valor máximo de consumo
seguro para essas substâncias (IDA), levam em conta estudos com compostos individuais e
podem estar ignorando possíveis consequências de combinações, que, de certa forma, julgando
pela variedade desses pigmentos, não tem limite.
Outra limitação de investigações com corantes advém do fato de que muitos
experimentos são realizados com linhagens de células e por isso são tidos como incompletos,
já que esses conjuntos celulares podem não possuir as mesmas características e funções de
tecidos e órgãos in vivo (ASHIDA et al., 2000).
Além disso, um fator importante em relação à segurança do uso dos corantes
artificiais são as possíveis falhas nas legislações. Os corantes vermelho 2G e litol rubina BK
atualmente são permitidos no Brasil. Entretanto, a ANVISA não estabelece valores de IDA e
de quantidade máxima permitida por categoria de alimentos. Esse fato pode estar pondo em
risco a saúde da população, uma vez que dá respaldo às indústrias de alimentos para usar esses
aditivos indefinidamente e impossibilita ao órgão efetuar uma fiscalização precisa.
Levando em conta que poucos estudos foram realizados com essas duas
substâncias, não há a certeza de até onde pode chegar o seu potencial tóxico. É possível, então,
que a qualidade sanitária dos alimentos esteja comprometida, o que vai de encontro com as
propostas da ANVISA. Além de prejudicar os consumidores, favorece economicamente
companhias do setor alimentício de forma indevida.
Outrossim, a aquisição de corantes artificiais pela população tem aumentado
devido ao fácil acesso e baixo custo para a fabricação de produtos para consumo domiciliar e
43

artesanais. Isso determina uma atenção ainda maior para os efeitos tóxicos da ingestão desses
compostos, uma vez que não é possível que haja um controle das quantidades utilizadas como
acontece na indústria de alimentos.
A população, de uma forma geral, não tem conhecimento sobre formas de uso e
toxicologia dos corantes. Os possíveis riscos à saúde que essas substâncias podem causar
provavelmente têm sido ignorados pelas pessoas devido ao uso frequente desses aditivos pela
indústria de alimentos, que ocorre desde o início do século passado. Ademais, não é um hábito
rotineiro dos profissionais de saúde discutir sobre esse assunto, talvez pela falta de incentivo
advinda da estruturação política e financeira do país, uma vez que o setor industrial movimenta
boa parte da sua economia. Entretanto, essa discussão vem aumentando principalmente após a
publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira em 2014, que trouxe à tona o debate
sobre os possíveis riscos relacionados ao consumo de alimentos processados e ultraprocessados
(BRASIL, 2014).
O interesse em pigmentos de origem natural tem aumentado no mundo e algumas
empresas do ramo de alimentos já se comprometeram em utilizá-los nos seus produtos,
substituindo os corantes sintéticos (BATADA; JACOBSON, 2016). A Nestlé iniciou essa
empreitada no ano de 2005 (OPLATOWSKA-STACHOWIAK; ELLIOTT, 2015). Apesar das
limitações quanto à aplicação, alguns desses compostos, como as antocianinas e o β-caroteno,
possuem papéis biológicos importantes, tais como o fortalecimento do sistema imunológico e
o retardo do avanço de doenças degenerativas (VALDUGA et al., 2009; MAPARI et al., 2009).
Dessa forma, o retorno da valorização de corantes naturais pela indústria de
alimentos se torna factível e relevante. A insuficiência de matéria prima para a obtenção desses
pigmentos já pode ser amenizada com o uso de métodos biotecnológicos para sintetizá-los a
partir do uso de fungos e de microrganismos como bactérias (VALDUGA et al., 2009;
MAPARI et al., 2009).
Com isso, fica clara a necessidade de uma reanálise da permissividade do uso de
corantes azo no Brasil, e alguns deles poderiam ter uma redução dos valores de IDA ou até
mesmo serem proibidos seguindo a tendência de muitos países.
44

6. CONCLUSÕES

Os corantes azo são aditivos químicos com diversas características vantajosas


para a indústria de alimentos, devido à sua eficiência de aplicação para o controle de cor. Isso
determinou uma adesão generalizada ao uso após o seu descobrimento, o que, porém, também
trouxe à tona a preocupação com a toxicidade.
Diversos estudos sugerem uma grande variedade de efeitos fisiológicos
negativos provenientes do consumo dessas substâncias, que vão desde mudanças
comportamentais a alterações mais complexas, como danos ao DNA. Apesar da existência de
órgãos reguladores como a ANVISA, a qualidade sanitária de alimentos coloridos
artificialmente permanece duvidosa, especialmente quando se leva em conta que alguns desses
aditivos não possuem IDA e/ou valores seguros por categoria de alimentos estabelecidos pelo
órgão, tampouco uma quantidade satisfatória de estudos atuais sobre sua segurança.
Assim, fica clara a necessidade de investimento em estudos toxicológicos e de
uma regulamentação mais rigorosa, além de uma reavaliação da permissividade do uso de
algumas dessas substâncias, seguindo o exemplo de outros países. Isso se torna importante
quando se considera a existência de efeitos tóxicos oriundos da combinação de diferentes tipos
de corantes, como também a possibilidade de aquisição direta pelo consumidor final. Uma
possível alternativa ao uso dos corantes artificiais seria o apoio ao investimento em processos
biotecnológicos de fabricação de corantes naturais, conhecidos como menos danosos e com
efeitos biológicos positivos.
45

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54

APÊNDICE I: Linha do tempo do histórico os corantes azo.


55

APÊNDICE II: Resumo das colorações e aplicações dos corantes azo permitidos no Brasil.
COLORAÇÃO
NOME APLICAÇÕES
CONFERIDA
Vermelho Bebidas, sorvetes, misturas para bolo, sopas, cereais, molhos para saladas, gomas de
Amaranto
magenta/roxo/marrom mascar, chocolate, café e geleias
Laranja/vermelho Doces e balas, queijos, geleias, sopas industrializadas, marmeladas, sorvetes,
Amarelo crepúsculo refrigerantes e bebidas energéticas, camarões industrializados, sobremesas congeladas e
suplementos alimentares
Vermelho/marrom Produtos de padaria, bebidas, doces, geleias, gelatinas, frutas e vegetais em conserva,
Azorrubina
iogurtes, pudins instantâneos, entre outros
Vermelho Refrigerantes, iogurtes, produtos de padaria, mostarda, coberturas e misturas para bolo,
Ponceau 4R
vinhos e sorvetes
Vermelho escuro/marrom Refrigerantes, gelatinas, produtos lácteos, pudins, condimentos, xaropes, doces, cereais
Vermelho 40
cosméticos e suplementos alimentícios
Amarelo Sorvetes, bolos, balas e confeitos, salgadinhos de batata, refrigerantes, bebidas alcóolicas,
Tartrazina
chicletes, gelatina, entre outros
Marrom chocolate Bebidas não alcoólicas, frutas e vegetais em conserva, biscoitos, bolos, queijos, iogurtes,
Marrom HT geleias, patês de carne ou peixe, produtos de padaria, decorações e coberturas, molhos,
suplementos alimentícios, sopas, produtos lácteos, entre outros
Violeta/azul marinho/cores Gelatinas, molhos marrons, misturas para bolos, snacks fabricados com cereais, farinhas,
Negro Brilhante BN
escuras batatas e outros compostos ricos em amido
Vermelho 2G Vermelho/Rosa Compostos cárneos, como hambúrgueres e salsichas
Litol Rubina BK Vermelho/laranja Cascas de queijos
56

APÊNDICE III: Resumo das nomenclaturas e propriedades químicas dos corantes azo permitidos no Brasil.

NOME NOME IUPAQ PROPRIEDADES

2-hidróxi-1-(4-sulfonato-1-naftilazo) naftaleno-3,6-dissulfonato Boa estabilidade ao calor, luz e acidez; vulnerável a ácido


Amaranto
trissódio ascórbico e dióxido de enxofre.

2-hidróxi-(4-sulfonatofenilazo) naftaleno-6-sulfonato Boa resistência à luz e variações de temperatura e pH; boa


Amarelo crepúsculo
solubilidade em água.

Sal dissódio-4-hidróxi-3-[(4-sulfo-1-naftalenil)azo]-1-naftaleno Boa resistência à acidez, luz e calor .


Azorrubina
sulfonato
Sal trissódio de (1-(4-sulfo-1-naftilazo)-2-naftol-6,8-disulfonato Instável à presença de ácido ascórbico e dióxido de
Ponceau 4R
enxofre, porém resistente outros ácidos e calor.
Sal dissódio de 6-hidróxi-5-[(2-metóxi-5-metil-4-sulfofenil) azo]-2- Bastante solúvel em água; resistente ao calor, luz e pH;
Vermelho 40 napftaleno sulfonato corante vermelho mais resistente ao ácido ascórbico.

Sal trissódio de 4,5-dihidro-5-oxo-1-(4-sulfofenil)-4-[4-sulfofenil- Bastante solúvel em água; estável à luz, variações de pH,
Tartrazina azo]-1H-pirazol-3-carboxilato oxigênio.

4,4’-(2,4-dihidróxi-5-hidroximetil-1,3-fenileno diazo) di-(naftaleno-1- É estável à luz, calor e acidez.


Marrom HT sulfonato)

4-acetamido-5-hidróxi-6-[7-sulfonato-4-(4-sulfonatofenilazo)-1- Boa estabilidade à luz. Vulnerável ao calor e compostos


Negro Brilhante BN naftilazo]naftaleno-1,7-disulfonato com potencial redutor ou oxidativo elevados.

Sal dissódio de 8-acetamido-1-hidróxi-2-fenilazonaftaleno-3,6-ácido Resistente à luz, calor e acidez.


Vermelho 2G dissulfônico

3-hidróxi-4-[(4-metill-2-sulfonatofenil)azo]-2-naftaleno-carboxilato Facilmente dissolvida e removida por óleos.


Litol Rubina BK de cálcio
57

APÊNDICE IV: Resumo da regulamentação de uso dos corantes azo permitidos no Brasil pelo mundo.
NOME OBSERVAÇÕES SOBRE O USO

Amaranto Proibido na Áustria, Estados Unidos, Noruega e Rússia.

Proibido em alguns países da Europa, como a Finlândia e a Noruega.


Amarelo crepúsculo

Azorrubina Permitido na América do Sul e Europa, proibida nos EUA.

Proibido nos Estados Unidos, Canadá, Dinamarca e Noruega.


Ponceau 4R

Iniciado na década de 80 com o intuito de substituir o amaranto para dar coloração avermelhada a
Vermelho 40 alimentos nos Estados Unidos.

Nos EUA, precisa ser indicado nos rótulos devido a possíveis casos de alergia.
Tartrazina

Proibido nos EUA. Reprovado pela OMS.


Marrom HT

Proibido nos Estados Unidos, Austrália e na Europa Ocidental.


Negro Brilhante BN

Proibido na Europa, EUA, Japão. Proibição na Europa em 2007 trouxe prejuízo por haver produtos
Vermelho 2G em estoque.

Proibido nos EUA, Austrália e Japão. Muito usada na Europa para cascas de queijos, sem
Litol Rubina BK estabelecimento de IDA.
58

APÊNDICE V: Resumo da toxicidade dos corantes azo permitidos no Brasil.

NOME TOXICIDADE REFERÊNCIAS


Genotoxicidade, perturbação da divisão celular e capacidade de atuar como agente intercalante do Mpountoukas et al. (2010);
DNA em células humanas; genotoxicidade no cólon, bexiga e estômago de camundongos; Sarikaya, Selvi e Erkoç
genotoxicidade em moscas-das-frutas; alteração das quantidades de monófilos e neutrófilos de (2012); Shimada et al.
ratos; ligação com albumina humana com prejuízo da função; alterações neurológicas em ratos. (2010); Sasaki et al.
Amaranto
(2002); Tsuda et al. (2001);
Zhang e Ma (2013); Doguc
et al. (2013); Ceyhan et al.
(2013).
Efeito citotóxico e perturbação nos processos de proliferação e expressão de moléculas de defesa Yadav et al. (2012);
em esplenócitos e diminuição no peso do timo e na contagem de linfócitos e monócitos de ratos; Hashem et al. (2010);
contaminação com substâncias cancerígenas; TDAH em crianças; atuação como xenoestrógeno; Kobylewski e Jacobson
efeito citotóxico e genotóxico e perturbação da divisão celular em raiz de Brassica campestris L.; (2010); Arnold, Lofthouse
Amarelo
citotoxicidade e perturbação da proliferação de linfócitos humanos. e Hurt (2012); Dwivedi e
crepúsculo
Kumar (2015); Kus e
Eroglu (2015) apud
Amchova, Kotolova e
Ruda-Kucerova, (2015).
Agravo do peso corporal, desenvolvimento, função hepática, colesterol e proteínas sanguíneas e Amin, Abdel Hameid II e
estresse oxidativo em ratos; ligação e prejuízo da função da albumina sérica e hemoglobina Abd Elsttar (2010);
humanas. Masone e Chanforan
Azorrubina
(2015); Basu e Kumar
(2014); Basu e Kumar
(2015);
Genotoxicidade a células dos cólon de ratos; alterações neurocomportamentais e de memória Tsuda et al. (2001); Tanaka
espacial em ratos; TDAH em crianças. (2006); Arnold, Lofthouse
Ponceau 4R e Hurt (2012); Stevens et
al. (2011); Mccann et al.
(2007).
59

NOME TOXICIDADE REFERÊNCIAS


Genotoxicidade a células do cólon de ratos e camundongos; aumento da produção Tsuda et al. (2001); Shimada
mediadores inflamatórios por neutrófilos humanos; TDAH em crianças; prejuízo da et al. (2010); Arnold,
atividade da anidrase carbônica II. Lofthouse e Hurt (2012);
Vermelho 40
Khodarahmi, Ashrafi-kooshk
e Khaledian (2015); Esmaeili
et al. (2016).
Alterações da função renal e hepática, níveis de imunoglobulinas e estresse oxidativo em Amin, Abdel Hameid II e Abd
ratos; agregação amorfa com proteínas em forma catiônica; TDAH em crianças; sintomas Elsttar (2010); Al-Shabib et
semelhantes a reações alérgicas como rinite, sibilo e rubor em humanos; sensibilidade em al. (2017); Bateman et al.
pacientes alérgicos ao AAS; genotoxicidade das células do cólon, bexiga e estômago de (2004); Maccann et al. (2007);
Tartrazina
ratos e camundongos. Corder e Buckley III (1994);
Matsuo et al. (2013); Tsuda et
al. (2001); Shimada et al.
(2010); Sasaki et al. (2002).
Diminuição significativa da produção ou recaptação dos neurotransmissores e alteração da Bawazir (2012); Khatun et al.
Marrom HT função renal e hepática de ratos; alteração da função ovariana e prejuízo da produção de (2017)
hormônios sexuais em ratas.
Negro Brilhante Genotoxicidade, mutagenicidade e prejuízo da divisão de linfócitos humanos e de células Macioszek e Kononowicz
BN do meristema de Vicia faba; (2004)
Formação de anilina (genotóxica e mutagênica) no trato gastrintestinal pela azorredução Oplatowska-Stachowiak e
bacteriana; mutagenicidade com ação de substituição de bases no DNA em linhagens Elliott (2015); Larsen (2008);
Vermelho 2G
bacterianas; Haveland-Smith e Combes
(1980)
Litol Rubina BK Não há resultados conclusivos
60

APÊNDICE VI: Resumo de trabalhos que defendem a segurança dos corantes azo permitidos no Brasil.
NOME DADOS REFERÊNCIAS
Amarelo As aminas aromáticas sulfonadas, produtos da metabolização, não são genotóxicas. König (2015); Amchova,
crepúsculo Kotolova; Ruda-Kucerova (2015)
Genotoxicidade inconclusiva. Amchova, Kotolova e Ruda-
Azorrubina
Kucerova (2015).
Ocasiona poucos casos de alergia e outras sensibilizações; não causa de efeitos negativos em Feketea e Tsabouri (2017);
ratos por exposição aguda e crônica. Brantom, Stevenson e Wright
Ponceau 4R
(1988) Brantom, Stevenson e
Ingram (1987); König (2015)
Nenhum tecido avaliado por ensaio cometa mostrou atividade genotóxica do consumo em Bastaki et al. (2017); Honma
Vermelho 40 ratos; não acarreta sensibilizações ou alergia. (2015); Feketea e Tsabouri
(2017).
Não há evidências suficientes que o corante ocasione alergias, nem mesmo para pacientes Stevenson e White (2016); Turner
sensíveis ao AAS; estudos que avaliaram a genotoxicidade têm a metodologia questionável; e Kemp (2010); Elhkin et al.
Tartrazina
nenhum estudo confirmou carcinogenicidade; genotoxicidade em camundongos não foi (2006); Bastaki et al. (2017a)
confirmada em camundongos, de acordo com diretrizes de pesquisa internacionais.

Marrom HT Não há evidências de toxicidade em ratos para até mesmo concentrações altas. König (2015)

Negro Não há evidências de toxicidade em ratos e porcos para exposição a curto e longo prazo. EFSA (2015)
Brilhante BN
Não há evidências de toxicidade em ratos; não há absorção no organismo; não há ingestão EFSA (2010); JECFA (1987)
Litol Rubina
considerável da substância por somente estar presente em cascas de queijos; aminas
BK
aromáticas sulfonadas não são genotóxicas.

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