NATAL-RN
2017
ARTHUR MEDEIROS CÂMARA
NATAL-RN
2017
ARTHUR MEDEIROS CÂMARA
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________
Profª. Drª. Thais Souza Passos
__________________________________________________________
Profª. Drª. Renata Alexandra Moreira das Neves
_____________________________________________________________
Profª. Drª. Nély Holland
Este trabalho teve como objetivo apresentar as características gerais, propriedades químicas,
aplicações e toxicologia dos corantes alimentícios da classe azo permitidos no Brasil. Para isso,
executou-se uma busca por informações nos bancos de dados Science Direct, Jstor, Scielo, Pub
Med, Springer e Wiley Online Library quanto ao histórico, à estrutura molecular, síntese, e
toxicologia dessa classe de aditivos, bem como sobre cada um dos compostos em uso no país.
A literatura discorre sobre os atributos tecnológicos dessas substâncias, como facilidade nos
processos de produção e resistência à degradação, o que incitou a adesão generalizada pela
indústria de alimentos a partir do século XX. Ainda, evidencia-se a aplicação desses compostos
em diversos produtos. Entretanto, estudos toxicológicos apontam efeitos negativos do consumo
e exposição crônica ou aguda, tais como genotoxicidade, interações com moléculas sanguíneas,
mudanças comportamentais, prejuízo na divisão celular, distúrbios hormonais, entre outros. Os
dados da literatura mostram que, a toxicidade é majoritariamente determinada pelas aminas
aromáticas, compostos oriundos da degradação (azorredução) dos corantes desse grupo.
Pondera-se que, para algumas dessas substâncias, há poucos estudos atuais, como também
faltam normas precisas quanto à aplicação em indústrias alimentícias no Brasil. Então, conclui-
se que a adoção de corantes artificiais, como os compostos azo, é importante para o
processamento de alimentos, mas pode trazer risco à saúde. Sendo relevante considerar a
necessidade de mais estudos toxicológicos para melhorar a regulamentação desses aditivos. E,
também, apoio à utilização de pigmentos naturais, por seus valores biológicos e ausência de
malefícios à saúde.
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 6
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 8
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 8
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................. 8
3. MÉTODOS ........................................................................................................................ 9
4. REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 10
4.1 HISTÓRICO DOS CORANTES AZO ............................................................................. 10
4.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CORANTES AZO ............................................... 11
4.3 CORANTES AZO............................................................................................................. 20
4.3.1 Amaranto .................................................................................................................. 20
4.3.2 Amarelo crepúsculo ................................................................................................. 22
4.3.3 Azorrubina ............................................................................................................... 25
4.3.4 Ponceau 4R ............................................................................................................... 26
4.3.5 Vermelho 40.............................................................................................................. 28
4.3.6 Tartrazina ................................................................................................................. 31
4.3.7 Marrom HT .............................................................................................................. 34
4.3.8 Negro brilhante BN .................................................................................................. 36
4.3.9 Vermelho 2G e Litol Rubina BK ............................................................................ 37
5. ANÁLISE CRÍTICA ....................................................................................................... 41
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 44
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 45
APÊNDICES ........................................................................................................................... 54
6
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
• Discorrer sobre aspectos gerais dos corantes azo tais como a síntese,
estrutura e características químicas, importância para a indústria e
aspectos toxicológicos comuns à classe;
• Identificar os corantes azo em uso no Brasil, bem como suas
denominações alternativas, valores de Ingestão Diária Adequada (IDA)
e códigos de registro em um banco de dados internacional (INS);
• Elaborar uma análise crítica sobre o emprego dos corantes azo no Brasil
considerando principalmente os aspectos econômicos e toxicológicos.
9
3. MÉTODOS
4. REVISÃO DA LITERATURA
4.1 HISTÓRICO DOS CORANTES AZO
de diversos corantes azo, o que explica a grande variedade de corantes descobertos, que perdura
até hoje (AL-RUBAIE; MHESSN, 2012).
Por volta de 1884, cerca de 9 mil corantes azo já eram produzidos e patenteados
para uso, e ao início do século seguinte, alguns deles já eram usados em alimentos, estando
presentes em vários itens tais como vinhos, ketchup, mostardas e geleias (TRAVIS, 2007;
DOWNHAM; COLLINS, 2000).
Considerando a facilidade de produção, o baixo custo, a excelência na coloração
dos alimentos, a neutralidade de sabor e a necessidade de pouca quantidade combinada com a
boa solubilidade, o uso dos corantes azo determinou uma boa vantagem econômica e o interesse
por eles cresceu bastante no século XX. Da mesma forma, a necessidade de regulamentação
aumentou, uma vez que a quantidade desses aditivos em uso chegava a 700, causando
preocupação sobre os efeitos toxicológicos (DOWNHAM; COLLINS, 2000).
Assim, o processo de síntese de corantes azo ocorre até os dias atuais por meio
do método simples de aplicação da reação de diazotação, descoberta por Peter Griess em 1858,
utilizando-se das mais diversas aminas aromáticas derivadas do alcatrão. O uso de outras
substâncias foi eventualmente incorporado para garantir diferentes propriedades e aprimorar a
estabilidade da molécula através de reações de acoplamento para a formação da substância azo
final (GEGORY, 1990; TRAVIS, 2007; LEAL, 2011; SHANKARLING; DESHMUCH;
JOGLEKAR, 2017). Uma linha do tempo do histórico dos corantes azo pode ser visualizada no
Apêndice I.
Figura 1: Diazotação (a) de uma amina aromática e acoplamento (b) com outros compostos
aromáticos para a formação de corantes azo.
idade foi realizado em uma comunidade no Reino Unido com o intuito de observar o impacto
do consumo de corantes artificiais de alimentos sobre o comportamento de crianças à luz da
opinião parental e docente (MCCANN et al., 2007). Tendo ficado conhecido como o estudo de
Southampton, local onde foi executado, o experimento utilizou bebidas feitas com misturas de
vários corantes, majoritariamente da classe azo, e comparou os efeitos com um placebo, em um
procedimento duplo-cego. Concluiu-se que, para a opinião dos pais e professores, as crianças
que consumiram os corantes apresentaram-se mais hiperativas e menos atentas. Apesar de não
ter sido classificado como de forte evidência para uma análise individual de cada corante, o
estudo mostrou a necessidade de atenção para o efeito do consumo dessas substâncias no
desenvolvimento de crianças (KÖNIG, 2015).
Sabe-se, entretanto, que a toxicidade dos corantes azo não é determinada, de
forma geral, pelo próprio pigmento, mas por aminas aromáticas, que são produtos de sua
degradação. Essas moléculas são oriundas da redução do grupamento azo, processo também
chamado especificamente de azorredução, mediante a ação de enzimas denominadas
azorredutases. Esses catalisadores são produzidos pelo fígado em mamíferos e por diversos
microrganismos, inclusive bactérias da flora intestinal (BAFANA; DEVI; CHAKRABARTI,
2010).
A azorredução e consequente liberação de aminas aromáticas nos seres humanos
e outros mamíferos ocorre predominantemente no intestino pela atuação das bactérias, uma vez
que somente uma pequena taxa dos corantes é absorvida e chega aos tecidos hepáticos (RAFII;
HALL; CERNIGLIA, 1997; PUVANESWARI; MUTHUKRISHNAN; GUNASEKARAN,
2006). As aminas aromáticas são, por sua vez, facilmente absorvidas no intestino, podendo
ocasionar vários efeitos adversos ao organismo, uma vez que são bastante conhecidas pela
toxicidade aguda e crônica e por seu potencial genotóxico, mutagênico e carcinogênico
(TSUDA et al., 2001; BAFANA; DEVI; CHAKRABARTI, 2010).
Atualmente, a ANVISA, como exposto pelo Informe Técnico n. 68, de 3 de
setembro de 2015 (BRASIL, 2015a), permite o uso de dez corantes azo em alimentos, sendo
eles: amaranto, amarelo crepúsculo, azorrubina, ponceau 4R, vermelho 40, tartrazina, vermelho
2G, marrom HT, litol rubina BK e negro brilhante BN. Suas estruturas químicas podem ser
visualizadas nas Figuras 2 e 3.
No banco de dados da instituição, é possível ter acesso a um compêndio de
informações que regulamentam o uso de aditivos, como a quantidade segura de ingestão,
denominada de IDA (Ingestão Diária Aceitável), e valores máximos permitidos por categoria
16
de alimentos (BRASIL, 2015). Nesse apanhado, estão presentes todos os corantes azo, exceto
o vermelho 2G e a litol rubina BK.
Os corantes estão registrados no Sistema de Numeração Internacional de
Aditivos Alimentares (INS) do Codex Alimentarius, que é uma coleção de normas, guias e
recomendações para a produção e manejo de alimentos visando à boa qualidade sanitária,
administrada pela Organização Mundial de Saúde. Esse valor facilita a identificação desses
aditivos, que possuem várias denominações. O Quadro 1 mostra uma lista com os corantes
permitidos no Brasil, seus nomes alternativos, códigos INS e valores de IDA (quando
estabelecidos no país).
17
Figura 2: Estrutura química de corantes Azo permitidos no Brasil: (a) Tartrazina; (b) Amarelo Crepúsculo; (c) Azorrubina; (d)
Amaranto; (e) Ponceau 4R; (f) Vermelho Allura; (g) Negro Brilhante BN; (h) Marrom HT.
Figura 3: Estrutura química de corantes Azo permitidos no Brasil: (a) Vermelho 2G e (b)
Litol Rubina BK.
4.3.3 Azorrubina
proteínas do soro sanguíneo. Estas também foram avaliadas por Masone e Chanforan (2015)
em um estudo computacional, o qual sugeriu que a albumina sérica possui unidades ligantes
com corantes artificiais, incluindo a carmoisina, o que pode influenciar na concentração
sanguínea e atividade fisiológica. Esse fato foi apontado como bastante relevante, uma vez que
a proteína atua na determinação da pressão osmótica do sangue, bem como no transporte de
drogas, esteroides e outros hormônios.
Esse caso também foi estudado por Basu e Kumar (2014), que verificaram, por
meio de métodos microcalorimétricos, que a carmoisina tem afinidade pela albumina sérica e
forma ligações estáveis com a proteína, alterando sua conformação molecular.
Em um trabalho posterior, Basu e Kumar (2015) estudaram a capacidade de
ligação da azorrubina com moléculas de hemoglobina, utilizando métodos espectrofotométricos
e calorimétricos. Foi relatado que o corante altera a estrutura da molécula da hemoglobina, pois
interage intimamente com ela, formando ligações com o envolvimento de forças hidrofóbicas
ocasionadas pela compensação térmica entre as substâncias. Tal processo pode influenciar a
atividade da proteína presente nos eritrócitos, alterando a capacidade de transporte de
substâncias, especialmente o oxigênio, pois a conformação tetramérica é um dos principais
fatores relacionados ao seu papel fisiológico.
Segundo Amchova, Kotolova e Ruda-Kucerova (2015) poucos estudos foram
capazes de detectar potencial genotóxico relevante para a azorrubina, o que determina que os
órgãos reguladores desconsiderem esse possível efeito negativo.
4.3.4 Ponceau 4R
4.3.5 Vermelho 40
Por meio da realização desse trabalho, foi refutado o resultado apresentado pelas
publicações de Tsuda et al. (2001) e Shimada et al. (2010), sendo apontadas falhas na
metodologia ou no número de animais analisados. Resultado similar foi observado por Honma
(2015), que não notou evidências de genotoxicidade em camundongos, pelo ensaio cometa com
tecidos similares aos utilizados nos trabalhos supracitados, em nenhum valor para as doses
usadas de Vermelho 40, que variaram entre 250 a 2000 mg/kg de peso corporal.
Tanaka (1994) buscou avaliar os efeitos do corante Vermelho Allura em
camundongos com relação a parâmetros reprodutivos e neurocomportamentais e não encontrou
nenhuma alteração relevante. Peso, número e relação entre sexos da cria, bem como
desenvolvimento durante o período de lactação não apresentaram mudanças significativas com
o consumo do corante. Aspectos neurocomportamentais, como adaptação à superfície,
habilidade de nadar, orientação olfatória, entre outros, também não mostraram alterações.
Segundo Feketea e Tsabouri (2017), não se tem sido reportado nenhum caso de
reação alérgica mediada por Vermelho 40 em crianças. Entretanto, um estudo efetuado com
neutrófilos humanos notou que o aditivo aumenta a produção de mediadores inflamatórios
através dessas células (LEO et al., 2017). Foi discutido que o corante pode ter uma influência
significativa nos processos de inflamação no organismo, que pode estar relacionada a respostas
alérgicas e doenças como asma e artrite reumatoide.
O corante vermelho 40 também tem sido relatado como possível influenciador
nos níveis de hiperatividade em crianças. Arnold, Lofthouse e Hurt (2012) sumarizam dados
disponíveis na literatura para defender que deve haver cuidado com o consumo de alguns
corantes, incluindo o vermelho allura, por crianças. Apesar de não serem os principais
causadores, essas substâncias podem ter efeitos sobre o cérebro mesmo sem cruzar a barreira
hematoencefálica, contribuindo para TDAH e outras doenças.
Ademais, o efeito inibitório da enzima humana anidrase carbônica II pelo
vermelho 40 foi relatado por um grupo de pesquisadores iranianos (KHODARAHMI;
ASHRAFI-KOOSHK; KHALEDIAN, 2015; ESMAEILI et al., 2016). Em um estudo, foi
utilizado o corante na forma molecular completa e foi mostrado que a atividade da enzima
diminuía na presença do composto, de forma proporcional à sua concentração
(KHODARAHMI; ASHRAFI-KOOSHK; KHALEDIAN, 2015). Os autores defendem que a
estrutura química do aditivo é similar aos compostos alvos da enzima, interagindo com o sítio
de ligação e impedindo a atividade metabólica da molécula.
Um outro estudo avaliou, adicionalmente ao corante, os metabólitos oriundos da
quebra do grupamento azo, ou seja, aminas aromáticas (ESMAEILI et al., 2016). Foi observado
31
que esses compostos possuíram afinidade pelo sítio ativo da enzima de forma ainda maior que
o próprio corante, determinando a redução da atividade da molécula de forma mais eficaz. Foi
discutido, também, que esse potencial de inibição de enzimas é um novo tópico da toxicidade
de corantes e que deve ser mais explorado, uma vez que esse processo pode ocasionar diversos
efeitos metabólicos, a exemplo da enzima utilizada, a anidrase carbônica II, que é responsável
pela conversão de CO2 em HCO3-, e sua inibição causa diminuição do pH e dilatação vascular,
que podem resultar em doenças como a osteoporose e a acidose renal tubular (KHODARAHMI;
ASHRAFI-KOOSHK; KHALEDIAN, 2015; ESMAEILI et al., 2016).
4.3.6 Tartrazina
influência de substâncias como a tartrazina e verificaram que alguns pacientes são sensíveis a
essa substância, que esteve relacionada à broncoconstrição e consequentemente diminuição do
volume respiratório. Foi concluído que há uma necessidade de indicação nos rótulos dos
alimentos da presença do corante como alerta, para que indivíduos sensíveis possam estar
cientes de possíveis efeitos negativos, o que já ocorre nos Estados Unidos, de acordo com
determinação da FAO.
Outros estudos apontam para uma possível relação entre o consumo de tartrazina
e vários outros tipos de reações adversas, especialmente em pacientes com sensibilidade ao
ácido acetilsalicílico (AAS). Matsuo et al. (2013) analisaram o efeito da tartrazina sobre a
liberação de histamina, hormônio responsável por diversos sintomas de alergia, em basófilos
de indivíduos que possuíam condições crônicas relacionadas à alergia, como a urticária, e
mostraram um resultado positivo similar ao observado pelo efeito do AAS. Os autores
defendem que o consumo de aditivos alimentares como a tartrazina pode, então, piorar os
sintomas de algumas doenças alérgicas.
Contudo, para Stevenson e White (2016), a hipótese de que a tartrazina traz
efeitos negativos para pacientes sensíveis ao AAS deve ser descartada, pois os dados presentes
na literatura científica no decorrer do tempo, após a indicação desse possível efeito na década
de 50, têm sido insuficientes para corroborar com essa ideia. Além disso, de acordo Turner e
Kemp (2010), o efeito do corante no aparecimento e intensificação de doenças alérgicas é
duvidoso, já que foram realizados poucos estudos com um bom nível de evidência que suportem
essa proposição.
Sasaki et al. (2002) utilizaram camundongos em um ensaio cometa para avaliar
o dano ao DNA de diversos órgãos causado pelo consumo de aditivos alimentares, e verificaram
que de todos os aditivos alimentares estudados, os corantes foram os que mostraram maior
poder genotóxico, estando a tartrazina presente nesse grupo. Foi mostrado que tal corante
amarelo causou dano ao DNA do cólon até mesmo em doses baixas (10 mg/kg de peso corporal),
valor próximo à IDA (7,5 mg/kg). Entretanto, os autores afirmaram que a sensibilidade ao poder
tóxico dessas substâncias pode variar entre os animais.
Um estudo de revisão e análise bibliográfica realizado por Elhkin et al. (2006),
porém, questionou a metodologia usada pela equipe japonesa supracitada, afirmando a falta de
detalhes, o que impossibilita fazer conclusões sobre o potencial toxicológico da tartrazina. Esse
trabalho elencou dados de vários outros estudos, efetuados in vivo ou in vitro, e defendeu que
a tartrazina não possui poder mutagênico, discutindo que, para muitos dos estudos que
apontaram resultados positivos para a genotoxicidade da tartrazina, alguns pontos foram
34
ignorados, como por exemplo investigações mais precisas com os metabólitos do corante. O
mesmo estudo defende que, dentre muitos trabalhos avaliados, não foi verificado nenhum dado
que confirme a carcinogenicidade da tartrazina. Segundo os autores, investigações em animais,
incluindo as efetuadas durante algumas gerações, não observaram surgimento de câncer
relacionado ao consumo do corante, em níveis de até 9735 mg/kg de peso corporal.
Da mesma forma, Bastaki et al. (2017a) defendem que a tartrazina não possui
poder genotóxico. Esse grupo desenvolveu um estudo in vivo com camundongos, no qual a
metodologia seguiu diretrizes estabelecidas pela FAO dos Estados Unidos e pela Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD). Isso garantiu, segundo os autores,
força de evidência científica ao seu trabalho, ao contrário do que ocorreu com muitos outros
estudos anteriores.
Bastaki et al. (2017a) realizaram análises similares àquelas do estudo de Sasaki
et al. (2002) de modo que puderam negar seus achados, mostrando que o ensaio cometa
realizado com tecidos do estômago, cólon e fígado, com doses de até 2000 mg/kg de peso
corporal de tartrazina não propuseram genotoxicidade. Segundo eles, Sasaki et al. não
estabeleceram uma metodologia apropriada, pois o número de animais avaliados foi pequeno;
somente os núcleos das células foram analisados, e não a estrutura inteira e apenas 50
núcleos/órgão/animal foram avaliados. Além disso, são citados outros trabalhos similares que
também negam o possível dano ao DNA causado pelo corante. Os autores afirmam que
buscaram atentar às possíveis falhas de estudos anteriores para que os dados fossem mais
confiáveis.
4.3.7 Marrom HT
e foi notado que o Negro Brilhante BN apresenta atividade genotóxica semelhante, ocasionando
a manifestação de diferentes graus de danos ao DNA (MACIOSZEK; KONONOWICZ, 2004).
De acordo com a Autoridade Europeia sobre Segurança Alimentar (EFSA, 2015),
o nível de Ingestão Diária Aceitável (IDA) do Negro Brilhante BN está em 5 mg/kg de peso
corporal. Os últimos estudos efetuados para estabelecer esse valor datam de 1983 através de
publicação do Comitê Científico de Alimentos da Europa (SCF). Esse relatório, por sua vez,
discute sobre estudos com o Negro Brilhante BN que avaliaram a toxicidade aguda, o
metabolismo, a toxicidade a curto termo em ratos e porcos, a mutagenicidade in vitro e a
teratogenicidade e efeitos em multigerações, não havendo detecção de efeitos negativos na
função reprodutiva ou genotoxicidade (SCF, 1983). Da mesma forma, estudos realizados a
longo prazo não apontaram efeitos adversos no uso da substância em concentrações de até 500
mg/kg de peso corporal (SCF, 1983).
A EFSA (2015) avaliou também a ingestão do corante pela população europeia
em diferentes faixas etárias considerando a aplicação de questionários de consumo alimentar
em vários países, mostrando que, em média, a ingestão do aditivo esteve abaixo da IDA, exceto
para crianças em idade pré-escolar e escolar. Para esta faixa etária, os valores mais elevados
estiveram relacionados ao consumo de refrigerantes.
Como qualquer outro corante azo, não se pode descartar a formação de aminas
aromáticas provenientes da redução do composto. No entanto, alguns estudos podem estar
ignorando a toxicidade do corante já que essas reações podem não ocorrer em experimentos in
vitro, subestimando, então, por exemplo, o potencial mutagênico da substância (PRIVAL;
MITCHELL, 1982; KÖNIG, 2015).
Foi discutido sobre achados que mostraram que o corante possui baixíssima
absorção pelo organismo de animais, sendo majoritariamente eliminado pelas fezes e não pela
urina. Como mostrado na publicação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OECD, 1994), estudos histopatológicos com ratos relataram majoritariamente
danos aos rins, com um tratamento de 300 mg/kg de peso ou superior em animais machos,
havendo aumento significativo do peso do órgão após uso de doses de 1000 mg/kg de peso. A
essa concentração, também foi detectada a diminuição do peso do timo.
Ainda de acordo com o relatório da EFSA, até a data da sua publicação em 2010,
os últimos estudos efetuados com a finalidade de determinar um valor diário aceitável de
ingestão datam de 1987. Tal trabalho, publicado pelo Comitê da Junta da Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e Organização Mundial de Saúde sobre
Aditivos Alimentares (JECFA, 1987), elencou estudos com ratos e camundongos com
diferentes concentrações do corante, buscando determinar a toxicidade aguda e crônica com
avaliações que duraram até 24 meses e não foram capazes de mostrar genotoxicidade, alterações
embrionárias, hematológicas, de bioquímica clínica ou mudanças na fase de gestação ou
lactação.
Segundo dados mostrados nessa publicação, um possível dano aos rins de
camundongos, bem como o aparecimento de tumores, tais quais adenomas alveolares, não
puderam ser associados ao consumo do corante, determinando ao estudo pouca evidência
toxicológica (IRDC, 1981a apud JECFA, 1987). Da mesma forma, o aparecimento de nefrite
crônica, hiperplasia reticular, atrofia dos túbulos testiculares ou incidência de tumores nos
grupos tratados com o corante não puderam ser atribuídos à toxicidade da substância, uma vez
que muitos desses problemas são esperados durante o processo de senescência dos animais, e
uma diferença significativa de sua incidência nos grupos sob tratamento não foi possível de ser
reportada (IRDC, 1981 apud JECFA, 1987). Assim, devido às limitações nos estudos, não foi
possível estabelecer um nível de Ingestão Diária Aceitável para a Litolrubina BK (JECFA,
1987).
Prival e Mitchell (1982) realizaram um estudo com corantes azo de diferentes
estruturas químicas, às quais se assemelha o corante litolrubina BK, e mostraram que uma
amina aromática sulfonada e o ácido 4-amino-3-hidróxi-2-naftóico são formados a partir da
azorredução desses compostos pela ação de enzimas bacterianas também presentes na flora
intestinal. Para a EFSA (2010), no entanto, tais substância são consideradas com pouco ou
nenhum poder genotóxico, apesar de que, como discutido anteriormente, é possível que haja
alterações nas moléculas de ácidos nucleicos causadas pela presença de aminas aromáticas na
40
5. ANÁLISE CRÍTICA
Os corantes sintéticos são bastante utilizados pela indústria de alimentos por sua
capacidade de controlar as cores dos produtos após o processamento e durante o tempo de
estocagem, fornecendo-lhes uma identidade visual, que tem um papel importante sobre a
escolha do consumidor (POTERA, 2010). Também garantem a possiblidade de maior
variabilidade de produtos através da associação de sabores às diferentes colorações, permitindo
uma maior competitividade das empresas desse ramo.
No entanto, não se pode ignorar os perigos à saúde humana e ao meio-ambiente
que têm sido observados desde o início da exploração exacerbada de corantes sintéticos para
uso em alimentos.
Ainda que haja uma busca pelo controle do uso dos corantes azo pelo mundo,
esse extenso e versátil grupo de substâncias utilizadas largamente na indústria de alimentos e
os seus produtos de degradação ainda têm trazido preocupação no decorrer do tempo
(PUVANESWARI; MUTHUKRISHNAN; GUNASEKARAN, 2006).
Como apresentado na revisão, para todos os corantes azo permitidos pela
legislação brasileira, foram relatados vários efeitos toxicológicos em estudos experimentais
relacionados ao consumo, tais como genotoxicidade, mutagenicidade, carcinogenicidade,
desencadeamento de processos alérgicos e de alterações comportamentais como o TDAH,
ligação com enzimas e proteínas sanguíneas com consequente inativação funcional, alterações
no sistema imunológico, citotoxicidade e perturbação nos processos de divisão celular, entre
outros. Alguns estudos não conseguiram verificar um determinado efeito nocivo, mas outros
trabalhos com o mesmo corante detectaram outras evidências de toxicidade.
Para certos corantes como o marrom HT, o negro brilhante BN, o vermelho 2G
e a litol rubina BK, o número de trabalhos atuais abordando estudos toxicológicos é escasso.
Esses aditivos tiveram o uso proibido nos EUA, o que possivelmente pode justificar a redução
desses tipos de ensaios no país. Dessa forma, a segurança no emprego desses compostos se
torna ainda mais duvidosa, o que causa preocupação, já que, no Brasil, a ANVISA permite o
uso destes nos alimentos. Fica evidente a necessidade de investimentos em pesquisas na área
da toxicologia de aditivos químicos em alimentos.
As aminas aromáticas, produtos comuns da degradação de compostos azo
possuem um grau relevante de toxicidade, o que já é um consenso na literatura
(PUVANESWARI; MUTHUKRISHNAN; GUNASEKARAN, 2006; BAFANA; DEVI;
42
CHAKRABARTI, 2010; LEO et al., 2017). Esse ponto não pode ser ignorado quando se trata
a respeito da toxicidade dessa classe de corantes.
Apesar de alguns autores defenderem que aminas aromáticas sulfonadas,
oriundas de corantes azo que possuem o grupamento sulfônico na estrutura, tais como amaranto,
vermelho 40, ponceau 4R, vermelho 2G e litol rubina BK, não tenham efeito genotóxico,
existem trabalhos que atestaram danos ao DNA relacionados ao consumo desses aditivos.
Excetuam-se os compostos vermelho 2G e da litol rubina BK por haver poucos estudos
publicados. Assim, não se pode descartar esse possível efeito tóxico.
É importante evidenciar que, conforme discutido por Ashida et al. (2000), os
estudos toxicológicos são geralmente feitos com um único corante, ignorando efeitos sinérgicos,
aditivos ou antagônicos. Isso se torna relevante quando se considera que na dieta comum de um
indivíduo na sociedade contemporânea há diversos alimentos industrializados, nos quais
diferentes tipos de aditivos podem estar presentes e, juntos, ocasionarem efeitos negativos ao
organismo. Os órgãos reguladores, que buscam determinar um valor máximo de consumo
seguro para essas substâncias (IDA), levam em conta estudos com compostos individuais e
podem estar ignorando possíveis consequências de combinações, que, de certa forma, julgando
pela variedade desses pigmentos, não tem limite.
Outra limitação de investigações com corantes advém do fato de que muitos
experimentos são realizados com linhagens de células e por isso são tidos como incompletos,
já que esses conjuntos celulares podem não possuir as mesmas características e funções de
tecidos e órgãos in vivo (ASHIDA et al., 2000).
Além disso, um fator importante em relação à segurança do uso dos corantes
artificiais são as possíveis falhas nas legislações. Os corantes vermelho 2G e litol rubina BK
atualmente são permitidos no Brasil. Entretanto, a ANVISA não estabelece valores de IDA e
de quantidade máxima permitida por categoria de alimentos. Esse fato pode estar pondo em
risco a saúde da população, uma vez que dá respaldo às indústrias de alimentos para usar esses
aditivos indefinidamente e impossibilita ao órgão efetuar uma fiscalização precisa.
Levando em conta que poucos estudos foram realizados com essas duas
substâncias, não há a certeza de até onde pode chegar o seu potencial tóxico. É possível, então,
que a qualidade sanitária dos alimentos esteja comprometida, o que vai de encontro com as
propostas da ANVISA. Além de prejudicar os consumidores, favorece economicamente
companhias do setor alimentício de forma indevida.
Outrossim, a aquisição de corantes artificiais pela população tem aumentado
devido ao fácil acesso e baixo custo para a fabricação de produtos para consumo domiciliar e
43
artesanais. Isso determina uma atenção ainda maior para os efeitos tóxicos da ingestão desses
compostos, uma vez que não é possível que haja um controle das quantidades utilizadas como
acontece na indústria de alimentos.
A população, de uma forma geral, não tem conhecimento sobre formas de uso e
toxicologia dos corantes. Os possíveis riscos à saúde que essas substâncias podem causar
provavelmente têm sido ignorados pelas pessoas devido ao uso frequente desses aditivos pela
indústria de alimentos, que ocorre desde o início do século passado. Ademais, não é um hábito
rotineiro dos profissionais de saúde discutir sobre esse assunto, talvez pela falta de incentivo
advinda da estruturação política e financeira do país, uma vez que o setor industrial movimenta
boa parte da sua economia. Entretanto, essa discussão vem aumentando principalmente após a
publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira em 2014, que trouxe à tona o debate
sobre os possíveis riscos relacionados ao consumo de alimentos processados e ultraprocessados
(BRASIL, 2014).
O interesse em pigmentos de origem natural tem aumentado no mundo e algumas
empresas do ramo de alimentos já se comprometeram em utilizá-los nos seus produtos,
substituindo os corantes sintéticos (BATADA; JACOBSON, 2016). A Nestlé iniciou essa
empreitada no ano de 2005 (OPLATOWSKA-STACHOWIAK; ELLIOTT, 2015). Apesar das
limitações quanto à aplicação, alguns desses compostos, como as antocianinas e o β-caroteno,
possuem papéis biológicos importantes, tais como o fortalecimento do sistema imunológico e
o retardo do avanço de doenças degenerativas (VALDUGA et al., 2009; MAPARI et al., 2009).
Dessa forma, o retorno da valorização de corantes naturais pela indústria de
alimentos se torna factível e relevante. A insuficiência de matéria prima para a obtenção desses
pigmentos já pode ser amenizada com o uso de métodos biotecnológicos para sintetizá-los a
partir do uso de fungos e de microrganismos como bactérias (VALDUGA et al., 2009;
MAPARI et al., 2009).
Com isso, fica clara a necessidade de uma reanálise da permissividade do uso de
corantes azo no Brasil, e alguns deles poderiam ter uma redução dos valores de IDA ou até
mesmo serem proibidos seguindo a tendência de muitos países.
44
6. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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APÊNDICE II: Resumo das colorações e aplicações dos corantes azo permitidos no Brasil.
COLORAÇÃO
NOME APLICAÇÕES
CONFERIDA
Vermelho Bebidas, sorvetes, misturas para bolo, sopas, cereais, molhos para saladas, gomas de
Amaranto
magenta/roxo/marrom mascar, chocolate, café e geleias
Laranja/vermelho Doces e balas, queijos, geleias, sopas industrializadas, marmeladas, sorvetes,
Amarelo crepúsculo refrigerantes e bebidas energéticas, camarões industrializados, sobremesas congeladas e
suplementos alimentares
Vermelho/marrom Produtos de padaria, bebidas, doces, geleias, gelatinas, frutas e vegetais em conserva,
Azorrubina
iogurtes, pudins instantâneos, entre outros
Vermelho Refrigerantes, iogurtes, produtos de padaria, mostarda, coberturas e misturas para bolo,
Ponceau 4R
vinhos e sorvetes
Vermelho escuro/marrom Refrigerantes, gelatinas, produtos lácteos, pudins, condimentos, xaropes, doces, cereais
Vermelho 40
cosméticos e suplementos alimentícios
Amarelo Sorvetes, bolos, balas e confeitos, salgadinhos de batata, refrigerantes, bebidas alcóolicas,
Tartrazina
chicletes, gelatina, entre outros
Marrom chocolate Bebidas não alcoólicas, frutas e vegetais em conserva, biscoitos, bolos, queijos, iogurtes,
Marrom HT geleias, patês de carne ou peixe, produtos de padaria, decorações e coberturas, molhos,
suplementos alimentícios, sopas, produtos lácteos, entre outros
Violeta/azul marinho/cores Gelatinas, molhos marrons, misturas para bolos, snacks fabricados com cereais, farinhas,
Negro Brilhante BN
escuras batatas e outros compostos ricos em amido
Vermelho 2G Vermelho/Rosa Compostos cárneos, como hambúrgueres e salsichas
Litol Rubina BK Vermelho/laranja Cascas de queijos
56
APÊNDICE III: Resumo das nomenclaturas e propriedades químicas dos corantes azo permitidos no Brasil.
Sal trissódio de 4,5-dihidro-5-oxo-1-(4-sulfofenil)-4-[4-sulfofenil- Bastante solúvel em água; estável à luz, variações de pH,
Tartrazina azo]-1H-pirazol-3-carboxilato oxigênio.
APÊNDICE IV: Resumo da regulamentação de uso dos corantes azo permitidos no Brasil pelo mundo.
NOME OBSERVAÇÕES SOBRE O USO
Iniciado na década de 80 com o intuito de substituir o amaranto para dar coloração avermelhada a
Vermelho 40 alimentos nos Estados Unidos.
Nos EUA, precisa ser indicado nos rótulos devido a possíveis casos de alergia.
Tartrazina
Proibido na Europa, EUA, Japão. Proibição na Europa em 2007 trouxe prejuízo por haver produtos
Vermelho 2G em estoque.
Proibido nos EUA, Austrália e Japão. Muito usada na Europa para cascas de queijos, sem
Litol Rubina BK estabelecimento de IDA.
58
APÊNDICE VI: Resumo de trabalhos que defendem a segurança dos corantes azo permitidos no Brasil.
NOME DADOS REFERÊNCIAS
Amarelo As aminas aromáticas sulfonadas, produtos da metabolização, não são genotóxicas. König (2015); Amchova,
crepúsculo Kotolova; Ruda-Kucerova (2015)
Genotoxicidade inconclusiva. Amchova, Kotolova e Ruda-
Azorrubina
Kucerova (2015).
Ocasiona poucos casos de alergia e outras sensibilizações; não causa de efeitos negativos em Feketea e Tsabouri (2017);
ratos por exposição aguda e crônica. Brantom, Stevenson e Wright
Ponceau 4R
(1988) Brantom, Stevenson e
Ingram (1987); König (2015)
Nenhum tecido avaliado por ensaio cometa mostrou atividade genotóxica do consumo em Bastaki et al. (2017); Honma
Vermelho 40 ratos; não acarreta sensibilizações ou alergia. (2015); Feketea e Tsabouri
(2017).
Não há evidências suficientes que o corante ocasione alergias, nem mesmo para pacientes Stevenson e White (2016); Turner
sensíveis ao AAS; estudos que avaliaram a genotoxicidade têm a metodologia questionável; e Kemp (2010); Elhkin et al.
Tartrazina
nenhum estudo confirmou carcinogenicidade; genotoxicidade em camundongos não foi (2006); Bastaki et al. (2017a)
confirmada em camundongos, de acordo com diretrizes de pesquisa internacionais.
Marrom HT Não há evidências de toxicidade em ratos para até mesmo concentrações altas. König (2015)
Negro Não há evidências de toxicidade em ratos e porcos para exposição a curto e longo prazo. EFSA (2015)
Brilhante BN
Não há evidências de toxicidade em ratos; não há absorção no organismo; não há ingestão EFSA (2010); JECFA (1987)
Litol Rubina
considerável da substância por somente estar presente em cascas de queijos; aminas
BK
aromáticas sulfonadas não são genotóxicas.