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ECONOMIA POLÍTICA

AULA 2

Prof. Felipe Calabrez


O TEMA DO LIBERALISMO E SUAS VERTENTES NO SÉCULO XIX

CONVERSA INICIAL

Dando sequência à investigação sobre as origens da Economia Política,


discutiremos nesta aula como se construíram os alicerces centrais do
pensamento econômico clássico. Veremos quais são os pressupostos sobre os
quais se desenvolveram as análises dos fisiocratas e dos liberais ingleses.
Após esta conversa sobre o “modo de fazer ciência” que nascia, vamos
entender quais as preocupações centrais que animaram os autores a fazer suas
análises do capitalismo. Movidos pela preocupação em explicar a origem do
produto líquido, do excedente econômico, desenvolveram-se categorias
explicativas: Para os fisiocratas, o excedente é visto como produto físico, oriundo
da terra. Com os economistas ingleses começa-se a desenvolver uma teoria do
valor. O valor contido nas mercadorias é explicado pelo trabalho. Veremos
detalhadamente o desenvolvimento dessas categorias, isto é, como elas tomam
forma em cada um dos autores. Com um pouco mais de detalhe, veremos
também como, a partir dela, se teorizou sobre a distribuição do produto social
entre as diferentes classes.
Ao final veremos que, em resposta crítica à teoria do valor-trabalho que
vinha sendo desenvolvida, surgiu a teoria do valor utilidade. As consequências
analíticas dessa virada serão exploradas na parte final da aula.

TEMA 1 – OS FISIOCRATAS

O pensamento fisiocrata surge na França do século XVIII como reação


crítica às políticas mercantilistas de então. Naquele momento a estrutura
econômica francesa era predominantemente agrícola. Nas cidades, as
atividades manufatureiras ainda eram predominantemente artesanais.
Sob forte influência do racionalismo iluminista, era preciso “explicar” o
mundo que se transformava na Europa. O modo de organização da sociedade e
sua forma de produzir e distribuir bens não podiam mais ser considerados
simples resultado da ordem divina. Na explicação do mundo, a ordem divina foi
então substituída pela “ordem natural”, cujos fundamentos poderiam ser
racionalmente apreendidos.

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O que havia então era uma ordem produzida pela natureza e que
ordenava o funcionamento da sociedade. Caberia à ciência desvendar os
mecanismos desse funcionamento ordenador e organizá-lo em um sistema
explicativo inteligível e coerente. Esse seria o papel da Economia Política para
os fisiocratas.
Os fisiocratas localizam na esfera da produção a geração do excedente
da economia. E o único setor capaz de gerar esse excedente é a agricultura. Sua
causa fundamental é a fertilidade do solo. Por isso se diz que para os fisiocratas
a riqueza vem da terra.
Temos, portanto, a noção de excedente como produto da natureza.
É a partir dessa teoria do excedente que François Quesnay constrói o
Tableau Économique, que se constitui na primeira análise do equilíbrio global do
sistema econômico. No Tableau, Quesnay procura construir uma representação
do processo econômico real, demonstrando a interdependência entre os setores
econômicos por meio da descrição do processo de circulação da riqueza entre
as classes (produtiva e improdutiva).
Para os fisiocratas não deveria haver qualquer intervenção “externa” ao
livre desenvolvimento do sistema econômico, que funciona de acordo com as
leis naturais. Dessa maneira, enquanto a “intervenção” do Estado é fundamental
aos mercantilistas, para os fisiocratas ela é indesejável, pois só produziria
distorções e desvios em relação ao natural funcionamento do sistema
econômico.

TEMA 2 – UMA NOVA TEORIA E FILOSOFIA SOCIAL

O que os fisiocratas de certa forma inauguram e a escola clássica


consolida é uma determinada resposta teórica sobre o funcionamento social, isto
é, sob quais bases se assenta a organização e a reprodução harmônica da
sociedade. Como afirma o fisiocrata Mercier de La Rivière, a ordem social
assenta naturalmente na própria ordem física, uma ordem natural.
A ordem natural, portanto, seria regida por leis naturais, que existem
independente da vontade dos homens e às quais eles devem se submeter se
quiserem usufruir dos benefícios da vida em sociedade. Essas leis são tidas
como naturais, como o são as leis da física, e estabelecem os mecanismos de
funcionamento da sociedade, entendida aqui como sistema econômico. Assim,
os mecanismos de produção, distribuição e consumo seriam regidos por essas
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leis naturais e o conhecimento dessas leis e desses mecanismos é precisamente
o objeto da ciência que se buscava construir: A Economia Política.
O pensamento dos fisiocratas enquadra-se, portanto, no princípio do
pensamento liberal. O governo não deve intervir no estabelecimento da ordem
natural. Adeptos do laissez-faire, os fisiocratas não atribuem ao Estado tarefas
que vão além da garantia da propriedade e dos contratos.

TEMA 3 – O LIBERALISMO ECONÔMICO

O Liberalismo emergiu do Iluminismo, tendo Adam Smith como o


pensador que melhor sistematizou seus postulados econômicos. Surgiu como
reação ao mercantilismo e postula que o mercado deve funcionar livre da
interferência política. Assim, apesar de suas inúmeras vertentes, o liberalismo
econômico preserva como eixo central a ideia de que o mercado é a forma mais
eficiente para a formação de preços e para a organização da produção e da
troca, alocando da maneira mais eficiente os fatores de produção e organizando
as relações econômicas internas e internacionais.
Veremos como a propensão natural à troca é o elemento produtor da
divisão do trabalho, e a competição entre produtores e consumidores no
mercado, onde todos são movidos pelo autointeresse, seria a maneira mais
eficiente de organizar as próprias relações sociais e o caminho para o bem-estar
social ou para a “riqueza das nações”. É precisamente aí que reside aquilo que
ficou conhecido como a mão invisível, essa força ordenadora do
desenvolvimento das iniciativas individuais e que não deveria ser interrompida
por forças externas, como aquela que o Estado exercia em favor do
estabelecimento de monopólios.

TEMA 4 – A ORIGEM DA RIQUEZA PARA ADAM SMITH E DAVI RICARDO

Nesta seção entraremos em mais detalhes no desenvolvimento interno


das teorias clássicas. Buscaremos demonstrar como se desenvolveram as
análises sobre a origem da riqueza, que era a preocupação central desses
autores. O que eles construíram foi uma teoria do valor. Mais especificamente,
uma teoria do valor-trabalho.
Adam Smith dá o pontapé inicial na explicação da origem do excedente
econômico: Veremos em que consiste esse conceito e como ele é explicado.

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Aqui veremos um avanço em relação aos fisiocratas: É na produção industrial, e
não na agricultura, que reside o segredo da produção da riqueza e do excedente.
Para Smith, todo excedente econômico vem do trabalho. Consequentemente, o
trabalho é a medida real do valor de troca de todas as mercadorias.
David Ricardo avança nessa explicação definindo o valor como o tempo
de trabalho incorporado à mercadoria, isto é, o valor não vem apenas do trabalho
que é diretamente empregado em sua produção, mas também do trabalho que
foi aplicado na produção dos utensílios, ferramentas e edifícios que colaboraram
em sua fabricação.
A teoria do valor-trabalho de Ricardo levou-o a teorizar sobre a origem do
lucro e sobre a dinâmica da distribuição da renda na sociedade. Sua teoria
sugeria haver uma oposição entre a grandeza do salário e do lucro, mas esta
oposição era, de certa forma, ofuscada pela sua visão do capitalismo como um
sistema de harmonia social. Quem viria desenvolver a teoria do valor-trabalho
de Ricardo em direção a uma visão totalmente negativa do capitalismo seria Karl
Marx – que veremos em breve.

TEMA 5 – A VISÃO UTILITARISTA DO VALOR E REFORMAS SOCIAIS

O utilitarismo foi uma corrente filosófica do século XVIII que exerceu


influência determinante sobre o desenvolvimento da teoria econômica dos
séculos XIX e XX, de matriz neoclássica. Tendo Jeremy Bentham (1748-1832)
como seu principal expoente, o utilitarismo parte da máxima de que toda a
motivação humana, em qualquer tempo e lugar, pode ser reduzida a um único
princípio: maximizar o prazer e minimizar a dor. Essa máxima, derivada de uma
filosofia do indivíduo, tornou-se o paradigma econômico dominante,
representado pela escola neoclássica. Sob essa ótica, toda e qualquer análise
econômica deveria partir do princípio do indivíduo como agente racional
maximizador de prazeres e utilidade. No campo da teoria econômica, o cálculo
do máximo prazer torna-se o cálculo do máximo lucro, e esse cálculo é sempre
o comportamento esperado e justificado como racional.
Tendo o utilitarismo como fundamentação filosófica da ação individual,
essa corrente rejeitou as teorias do valor-trabalho como explicação da formação
do valor de troca e do preço das mercadorias, colocando em seu lugar a teoria
do valor utilidade. Poderíamos diferenciá-la da teoria do valor-trabalho,
esquematicamente, como segue:
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Teoria do valor trabalho → perspectiva da produção

Teoria do valor utilidade → perspectiva do mercado

Nessa parte da aula apresentaremos o debate e as divergências entre as


duas teorias do valor. Em seguida apresentaremos a contribuição de Jean-
Batiste Say e a conhecida lei de Say, também aqui resumida esquematicamente
como segue:

 A noção subjetiva de valor, que elimina a natureza da produção capitalista


e, portanto, a distinção conceitual entre trabalho assalariado e capital, de
seu esquema teórico.
 A máxima de que a “oferta cria sua própria demanda”, de onde se deriva
a noção de equilíbrio, isto é, a impossibilidade teórica de conceber
situações de superprodução ou de insuficiência de demanda.

Ao final, apresentaremos alguns argumentos utilitaristas em defesa de


reformas sociais no capitalismo e também as consequências de seus
pressupostos fundantes, levantando reflexões sobre os debates apresentados.

NA PRÁTICA

O elemento explicativo central de Adam Smith para o aumento da


capacidade de produção e, portanto, o aumento da riqueza é a divisão do
trabalho, isto é, o processo pelo qual a fabricação de uma mercadoria se
subdivide em diversas etapas com cada indivíduo sendo responsável por uma
ínfima etapa do processo. Smith não chegou a ver, mas o que ele trata é
exatamente do princípio da Revolução Industrial. A Revolução Industrial
produziu mudanças profundas nas formas de produzir mercadorias e permitiu
que a Inglaterra inundasse o mundo com suas mercadorias. O modo de
organização da fábrica, junto com o avanço tecnológico, deu um susto no mundo:
Em poucos anos as preocupações sobre a escassez se transformaram em
preocupações com a superprodução. Esse evento histórico é o melhor exemplo
para pensarmos a pertinência das teorias clássicas sobre produção.

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FINALIZANDO

O objetivo desta aula foi o de apresentar as bases fundamentais do


pensamento econômico clássico. Após uma introdução sobre suas bases
filosóficas e morais, buscou-se apresentar as categorias propriamente
econômicas desenvolvidas pelos autores.
Após uma explicação sobre o desenvolvimento da teoria do valor-trabalho
(categoria central para os economistas clássicos), apresentamos a vertente do
utilitarismo e seu desenvolvimento da teoria do valor-utilidade. Essa vertente
opera uma ruptura significativa nos caminhos trilhados pela economia política
clássica, deslocando a preocupação com a esfera da produção para a esfera da
troca no mercado. Essa ruptura traz consigo mudanças determinantes no
desenvolvimento da ciência econômica, o que veremos nas próximas aulas.
Espera-se até aqui, contudo, que os alunos tenham se familiarizado com
os conceitos fundamentais da Economia Política Clássica e consigam situá-la
tanto no contexto histórico como no universo das Ciências Sociais, do qual elas
são parte integrante.

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REFERÊNCIAS

NUNES, A. J. A. Uma introdução à economia política. São Paulo: Quartier


Latin, 2007.

MILL, J. S. Sobre a liberdade e a sujeição das mulheres. São Paulo: Penguin


Classics/Companhia das Letras, 2017.

QUESNAY, F. Quadro econômico dos fisiocratas. Nova Cultural: São Paulo,


1996. (Coleção Os Economistas).

RICARDO, D. Princípios de economia política e tributação. Coleção Os


Pensadores. Abril S.A. Cultural: São Paulo, 1974.

ROSANVALLON, P. O liberalismo econômico: história da ideia de mercado.


Bauru, SP: Edusc, 2002.

SMITH, A. Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das


nações. São Paulo: Abril Cultural, 1974. (Coleção Os Pensadores).

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