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ECONOMIA POLÍTICA

AULA 3

Felipe Calabrez da Silva


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, teremos contato com a contribuição de Karl Marx à economia


política. Veremos brevemente quais foram as bases filosóficas de seu
pensamento e o percurso intelectual que o levou a formular a crítica radical à
economia política clássica.
Vamos estudar como Marx avançou com base na teoria do valor-trabalho
de Ricardo, apresentada na aula anterior, e formulou a crítica do modo de
produção capitalista, demonstrando o caráter de exploração existente na relação
entre capital e trabalho.
Após a apresentação dessa crítica central, abordaremos aspectos da
análise que Marx fez sobre a dinâmica do sistema capitalista e sobre o Estado,
oferecendo as bases de todo o pensamento marxista.

TEMA 1 – MATERIALISMO HISTÓRICO E ALIENAÇÃO DO TRABALHO

Ao postular que a produção e a reprodução da vida material são


determinantes sobre as formas de organização social e os tipos de consciência,
o materialismo atribui centralidade ao trabalho. A forma que o trabalho adquire
sob o capitalismo, no entanto, é marcada pela alienação, já que, de atividade
potencialmente criadora, tornou-se atividade maçante, repetitiva e organizada
socialmente de maneira a subtrair do agente direto do trabalho, do produtor
direto (operário) o fruto de seu trabalho.
Assim, sob o capitalismo, o homem não se reconhece no que faz, no que
produz. Trata-se de um trabalho alienado. Alienado sob um duplo aspecto:
porque o produtor só participa de uma pequena parte do processo produtivo,
restrito a operações simples e repetitivas, e alienado porque o fruto do seu
trabalho lhe é subtraído por conta do modo social de organização da produção,
marcado pela propriedade privada dos meios de produção, de um lado, e do
trabalhador destituído desses meios, de outro.

TEMA 2 – ECONOMIA POLÍTICA – UM CAMINHO LÓGICO

Nesta parte da aula, veremos melhor como as bases do materialismo


histórico, ao conferirem primazia às relações materiais e ao trabalho, conduzem
Marx ao estudo da economia política inglesa. Situando historicamente sua
investigação materialista, Marx estava preocupado em compreender a anatomia
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da sociedade civil (ou sociedade burguesa), pois ali, na esfera das relações
sociais concretas, e não na esfera jurídico-política e nas grandes doutrinas
filosóficas, estaria a chave para entender as engrenagens que movem a história.
Por esse percurso que Marx conclui: “A anatomia da sociedade civil deve ser
procurada na economia política” (Marx, 2011, p. 4-5).
É, portanto, na esfera da produção que se encontra, para Marx, a
explicação (e também o segredo) do funcionamento da sociedade. Por essa
razão, Marx vai buscar as contribuições dos economistas ingleses. O objeto de
seu estudo é o modo de produção capitalista.
Em seguida, veremos como Marx avança em uma definição do modo
capitalista de produção, elencando o que seriam suas características essenciais
e que as diferem dos modos de produção anteriores. A separação entre
produtores diretos (trabalhadores assalariados) e meios de produção, que se
tornam propriedade privada, produz a engrenagem central do sistema capitalista.

2.1 Mercadoria e valor

Nesta seção, veremos como Marx avança com base na teoria do valor-
trabalho de David Ricardo.
A teoria marxista do valor consiste em demonstrar que na relação que se
estabelece no processo de produção capitalista, o trabalho gera um valor
superior àquele que seu agente (o trabalhador) recebe na forma de salário. Por
isso, serão explicados aqui os conceitos de trabalho, de força de trabalho e de
mais-valia. Também compreenderemos como o lucro se forma por meio da
apropriação do valor que não é pago ao trabalhador (mais-valia).
Esses conceitos permitirão a compreensão do conceito de exploração do
trabalho, base de toda a teoria marxista ao sustentar que trabalhadores e
capitalistas constituem classes antagônicas e portadoras de interesses
inconciliáveis.

TEMA 3 – DINÂMICA DO SISTEMA CAPITALISTA

Nesta seção, enfatizaremos a lógica que impulsiona o capitalismo para


Marx. Deverá ficar claro que as mercadorias não são produzidas tendo em vista
a satisfação das necessidades (valor de uso), mas tão somente o aumento do
valor, o lucro. Em outras palavras, todo o sistema tem como princípio motor a

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valorização do capital, isto é, fazer o dinheiro virar mais dinheiro. Explicaremos
o significado da expressão:
D – M – D’

Em que D é dinheiro, M é a mercadoria em que ele se transforma e D’ é


a transformação novamente em dinheiro após sua venda. D’ é maior que D, pois
nele está incluído o lucro realizado após a venda. O segredo dessa diferença,
como vimos, reside no processo produtivo por meio do qual se extrai uma
quantidade de valor do trabalho superior àquele pago pela força de trabalho,
denominado mais-valia.
Esta expressão nos ajuda a entender como, apesar de a origem do lucro
estar na produção – pois é na produção que se extrai a mais-valia –, a realização
do lucro depende da circulação, isto é, da venda da mercadoria, e a venda da
mercadoria depende de compradores. Aqui está a contradição do sistema para
Marx: se a lógica do sistema é a acumulação incessante e também a
concentração do capital em poucas mãos, a tendência do sistema é enfrentar
crises de superprodução. Mercadorias serão produzidas em excesso – já que
não há um planejamento central que calcule a quantidade necessária a ser
produzida – e não encontrarão compradores. Trava-se assim o ciclo de
acumulação.
Outra tendência do sistema capitalista apontada por Marx, e que está
ligada ao problema da superprodução, é a “tendência à decrescência da taxa de
lucro”. Para explicá-la, Marx divide a economia em dois departamentos:
departamento I (produtor de bens de consumo) e departamento II (produtor de
bens de capital). A reprodução do capital, para que ocorra sem
disfuncionalidades, depende da divisão do produto social de maneira
proporcionalmente adequada entre esses dois departamentos. Isto é, uma parte
do produto social ou da mais-valia (já que todo excedente é dela derivado) deve
ser absorvida pelo consumo pessoal, e outra parte deve ser reinvestida na
produção. Ocorre, entretanto, uma tendência à desproporcionalidade entre o
crescimento dos dois departamentos da economia, levando às crises. Veremos
em mais detalhes como isso ocorre.
O ponto importante a reter é que na visão marxista o capitalismo é dotado
de contradições insanáveis, pois derivam de sua essência, sua lógica de
funcionamento. É o seu “sucesso”, que, contraditoriamente, produz crises que
podem levar à sua derrocada.
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TEMA 4 – FINANCEIRIZAÇÃO E CRISES

Um aspecto bastante visível no capitalismo contemporâneo e que


encontra em Marx importantes contribuições elucidativas diz respeito ao que
muitos autores chamam de financeirização. O debate que se desenvolveu sobre
a predominância das finanças e sua lógica de acumulação encontra nos livros II
e III d’O Capital um importante precursor. Poderíamos sintetizar seu elemento
fundamental: se “fazer mais dinheiro” é o princípio motor do sistema, a esfera da
produção de mercadorias não passaria de um meio, e, portanto, pode ser
dispensável em certas circunstâncias. Assim, já n’O Capital, Marx desenvolve os
conceitos de capital portador de juros, que é o capital de empréstimo de um
capitalista para outro, que o empregará na produção extraindo dele a mais-valia
e remunerando o emprestador com parte dessa mais-valia sob a forma de juros.
O sistema de crédito também se desenvolveu bastante: tivemos o
surgimento das “sociedades por ações” e um aumento gigantesco das dívidas
públicas, que rentabilizam aquilo que Marx chamou de “capital fictício”, que é um
capital cujo rendimento é uma mera recompensa à propriedade do capital, não
necessitando passar pela esfera produtiva.
Mais recentemente, na segunda metade do século XX, o sistema assistiu
a um aumento da riqueza em sua forma financeira, decorrente em parte da
proliferação sem precedentes de “produtos” ou “inovações financeiras”, com uma
enorme complexificação de “papéis” compostos por dívidas, securitização de
dívidas entre outras invenções que permitiram que uma massa gigantesca de
capitais se valorizasse de maneira aparentemente descolada da esfera da
produção, isto é, da economia real. Esse processo foi analisado por economistas
que bebem explicitamente na tradição marxista, que cunharam conceitos como
o de “mundialização financeira” (Chesnais, 1998) e “regime de acumulação com
dominância financeira” (Boyer, 2009; Paulani, 2009). O conceito marxista de
crises, ligadas a problemas no processo de valorização do capital, também se
mostra bastante atual. A própria financeirização é, sob a ótica marxista, o
resultado de problemas no processo de realização do capital.
Podemos encontrar luz nessas contribuições para entender fenômenos
recentes, como a crise de 2008.

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TEMA 5 – MARXISMO, O ESTADO E A POLÍTICA

Nesta última seção, veremos como as noções de Estado e política


aparecem em Marx, de onde será desenvolvido todo o debate marxista posterior.
Sob a perspectiva do materialismo histórico, como vimos, as formas de
Estado e as estruturas jurídico-políticas não podem ser explicadas por si
mesmas. Elas só poderiam ser compreendidas em referência às relações
materiais de vida, às relações de produção, aquilo que Marx chamará de
infraestrutura. É dessa infraestrutura, marcada por relações de exploração, que
se derivam as instituições políticas e jurídicas, também chamadas de
superestrutura. Sob essa perspectiva, a política e o Estado não possuem vida
própria, ou autonomia, em relação à sua infraestrutura. Eles só podem ser o
reflexo das relações de poder que se estabelecem na base, nas relações
econômicas, ou, se quisermos, na sociedade civil. Sendo assim, temos a
impossibilidade da existência de um “Estado racional”, que se coloque acima das
partes em conflito. O poder do Estado não paira no ar, ele deriva do poder da
classe dominante.
Dessa perspectiva de Estado como garantidor dos interesses da classe
dominante surgirá o debate marxista sobre o Estado, que será brevemente
apresentado.

NA PRÁTICA

Pesquise sobre as condições das indústrias localizadas em Manchester,


na Inglaterra, no século XIX, relacionando a situação dos trabalhadores com as
contribuições de Marx sobre o processo de trabalho no capitalismo.
Pesquise sobre os conflitos operários ocorridos na Europa do século XIX
e sobre as experiências de organização da classe operária. Em específico,
levante informações sobre o episódio conhecido como Comuna de Paris.

Vídeo

Para saber mais sobre o tema, assista ao filme Tempos modernos –


Charles Chaplin. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=XFXg7nEa7vQ>. Acesso em: 5 jan. 2019.

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FINALIZANDO

Nesta aula, foram apresentados o percurso intelectual de Marx e sua


crítica à economia política clássica. Procurou-se demonstrar como Marx constrói
uma crítica radical do modo de produção capitalista com base na teoria do valor-
trabalho, de Ricardo, e como o caráter de exploração é um aspecto central para
a reprodução desse sistema econômico. Ao final, apresentamos alguns
apontamentos sobre a visão de Marx sobre as crises, que seriam inerentes à
própria lógica do capitalismo, e sobre o Estado, que se apresenta
necessariamente como instrumento garantidor dos interesses da burguesia.

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REFERÊNCIAS

BOYER, R. Teoria da regulação. Os fundamentos. São Paulo: Estação


Liberdade, 2009.

CHESNAIS, F. A mundialização financeira. São Paulo: Xamã, 1998.

MARX, K. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

_____. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: WMF Martins


Fontes, 2011.

_____. O Dezoito Brumário de Luis Bonaparte. São Paulo: Abril S.A., 1974.

MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã: crítica da mais recente filosofia


alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo
alemão em seus diferentes profetas (1845-1846). São Paulo: Boitempo, 2007.

NUNES, A. J. A. Uma introdução à economia política. São Paulo: Quartier


Latin, 2007.

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