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ESTRANHA REGRESSÃO

De repente, fui transportado para o século 17. Um método de regressão aà vidas


passadas que não vou explicar aqui, porque é muito arriscado para quem não está
devidamente preparado. Estou no corpo de um rapaz de 25 anos, época do
Brasil colonial. Vivo em um povoado de agricultores, homens do campo. Vida
pacata sem atropelos. A monotonia é uma constante no nosso dia -a -dia. Nada
acontece. Tudo igual:; semear, colher, armazenar, dormir cedo e acordar com o
galo despertador.

Um dia, avisto uma nuvem de poeira provocada por carroças/casas que,


alegremente, se aproximam doe nosso vilarejo. Homens, mulheres e crianças
como nunca havia visto. Com roupas extravagantes, coloridas e diferentes se
vestia aquela gente. Tocavam e cantavam, e logo começaram a dançar. A alegria
inundou o ambiente. Tudo ficou colorido de repente e, distraidamente,
dançamos, batemos palmas e cantamos. Encantador demais, com muita beleza
e novidade para um povoado tão simples e com uma vida tão regrada e tão
temente àa religião dominante, recém- vinda de Portugal com seus jesuítas
carrancudos que veêem pecado em tudo e em todos. São temidos e respeitados.
A corte portuguesa achou os ciganos divertidos e românticos, desse modo o clero
torcia o nariz, mas, suportava com resignação. Os dias passam e a amizade com
os ciganos aumentouam. As meninas, aos sete anos, são doutrinadas na arte da
adivinhação pelas mulheres mais velhas e, após sete anos, saem para ler a sorte
dos demais. Deus os fez assim para que pudessem ajudar o mundo com suas
previsões, e todos que consultaram as cartomantes ficavam satisfeitos e felizes.
Entre as ciganas, uma em especial chamou-me a atenção. De tal modo que, de tanto
pensar nela, esqueci de comer e dormir. Só sonhava, só devaneava, tendo a
cigana Carmem como protagonista, como artista principal, como deusa celestial,
como o apogeu, como glória, a extrema e única felicidade. Apaixonei-me
rapidamente, perdidamente. Aos domingos, fui compulsoriamente assistir àa
missa. Com a chegada dos ciganos, o santo padre fez uma terrível revelação: o
pecado mortal da paixão. Segundo dizia, o amor deve ser comedido, deve ter
limites, não pode ser intenso. Se for muito forte, permite a entrada de Ssatanás,
que se apodera do infeliz, deixando-o sem forças, doente, seguido de morte
angustiante. É o diabo da paixão, do amor incontrolável, portanto, maligno e
pernicioso. Falava fitando um a um demoradamente, com olhar inquiridor. O
medo invadiu minha alma. O padre sabia! Eu era um pecador! Saíi cabisbaixo e
logo vi Carmem sorrindo para mim. Meu pranto desapareceu. Convidou-me
para ler minha sorte, pegando-me pelas mãos. Senti seu calor e me deleitei.
Lembrei-me da poesia que lia todas as noites e declamei:
Simpatia -– é o sentimento
Que nasce n'um só momento,
Sincero, no coração;
São dos olhares acesso
Bem juntos, unidos, presos
N'uma mágica alteração.
Simpatia - meu anjinho,
E' o canto do passarinho,
E' o doce aroma da flor;
São nuvens de um CÉEU de agosto
E' o que me inspira teu rosto... Simpatia é quase amor!

Carmem ficou contente, e sorrindo, me abraçou, agradecendo. , nNunca


alguém havia declamado uma poesia exclusivamente para ela. Fui interrompido
com a leitura de meu futuro, que lia compenetrada pelas linhas de minhas
mãos.

-– O amor que sentes por mim será compartilhado. Também te amo e te amarei
sempre. Serei sua e serás meu por toda a eternidade. Um amor jamais visto por
mortal algum. Somente comparado aos deuses do oriente. – disse ela. Formatted: Font: (Default) Times New Roman, 12 pt,
Portuguese (Brazil), Expanded by 0.1 pt

A felicidade subiu a alturas inconcebíveis. Uma força grandiosa invadiu meu


coração, minha mente, minha alma, todo o meu ser. O que e u mais quis, o
que mais pedi, o que mais almejei, me foi concedido. Agradecido, chorei.
Abracei ao ser amado, soluçando de alegria e prazer.

– -Mas, – continuou a vidente, – essa união não se realizará nesta vida,


infelizmente. Em uma próxima certamente.

A notícia tão alentadora transformou-se numa decepção avassaladora. A


alternância de forças de felicidade e separação foi demais para meu pobre
coração. Sem comer, dormir e, sonhando acordado, morri. Desfaleci vendo um
belo túnel àa minha frente e, com a esperança de um dia nascer de novo e
encontrar meu grande e único amor: a cigana Carmem.

Feliz e sorridente, fui levado por anjos lindos e contentes que cantavam estes
versos comoventes:

Quem passou pela vida em branca nuvem,


E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.

Conto de Danilo Peres, escrito em 27 de Fevereiro de 2013. Poetas: Casimiro de Abreu e Francisco Otaviano.

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