No dia seis de julho de 2019 foi lançado oficialmente o Debian 10 para diversas
arquiteturas de hardware. Desta vez com o codinome “Buster” — em referência à
personagem do filme Toy Story, curiosamente —, a nova versão da distro, como já
era de se esperar, causou grande repercussão entre os usuários Linux.
Se você ainda não conhece muito bem o universo desse poderoso sistema
operacional, cabe destacar que o Debian é uma das mais importantes distribuições
existentes. É o Debian que serve de base para o desenvolvimento de outras distros
populares, como o Ubuntu, e tem como principal característica a alta estabilidade.
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Um diferencial que é bom levarmos em conta é a duração do suporte a cada
lançamento: cinco anos (no caso do Buster, até 2024). Logo, os usuários podem ficar
tranquilos durante o ciclo, cientes de que receberão as atualizações necessárias até o
fim do ciclo. Além disso, a comunidade Debian é global, fator essencial para garantir
o suporte.
Depois desta breve apresentação do Debian, chegou a hora de conhecermos as
novidades do lançamento e tudo mais que você precisa saber a respeito da décima
edição da distro. Continue a leitura do artigo!
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Sobre o Debian 10 1
Kernel Linux versão 4.19 3
Substituição do iptables pelo nftables 4
Quantidade de pacotes de software 5
Suporte a UEFI Secure Boot 6
AppArmor ativado por padrão 7
Recursos para Driverless Printing 8
GNOME Desktop versão 3.30 8
Interface LXQt disponível no modo Live 9
Arquiteturas suportadas pelo Debian 10 10
Atualmente, o núcleo se encontra na versão 4.19, lançado em 2018. Um detalhe
interessante dos bastidores é a ausência de Linus Torvalds, criador do Linux, que
deixou o desenvolvimento nas mãos de Greg Kroah-Hartman, um experiente
engenheiro de software americano que atua no projeto SUSE Linux, da Novell.
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Mas o que esse novo kernel traz para o usuário? Não há dúvidas quanto ao núcleo
trazer diversas modificações; a questão é que tais atualizações são estritamente
técnicas, ligadas geralmente a:
● gerenciamento de energia;
● atualização de drivers; e
Resumindo a obra, o Linux 4.19 nos garante um sistema operacional ainda mais
eficiente. O próprio Debian 10, por exemplo, dificilmente apresentará conflitos com o
computador, mesmo que seja uma máquina de última geração e bem equipada. Se
você quiser conferir as novidades do kernel, só acessar este registro oficial.
Por sua vez, o nftables foi projetado com o propósito de otimizar o antigo
iptables, isto é, se popularizar como uma versão mais eficaz e descomplicada dele. As
principais melhorias estão presentes na sintaxe do firewall, na possibilidade de
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combinar protocolos e na facilidade para identificar problemas. Conheça melhor o
nftables, aqui.
De acordo com a documentação do Debian Buster, a sua filtragem de rede é baseada
na framework nftables, de modo que uma série de ferramentas e utilitários teve a
variante x_tables (do iptables) atualizada para nf_tables — se você está adaptado ao
clássico, agora é um bom momento para migrar.
Com isso, o novo sistema apresenta melhor performance (todos os recursos,
otimizações, comparativos e outras informações estão disponíveis na wiki oficial),
além de seguir a tendência de outras distros importantes que passaram a adotar o
nftables por padrão, como o Red Hat Enterprise Linux.
Em relação a isso, há um fato novo: a quantidade de programas baseados na
linguagem Rust, compilada pela Mozilla Research. Trata-se de uma linguagem
moderna, criada em 2006 por Graydon Hoare, muito adotada pelos programadores
atualmente. IBM, DropBox, Amazon, Samsung e Cloudfare são exemplos de grandes
organizações que utilizam o Rust.
Legal, mas quais são as vantagens disso? Para quem desenvolve, o Rust permite
chegar mais longe com a construção de programas sofisticados, transpondo os
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limites do JavaScript e da tradicional linguagem C, a qual serviu de base para a sua
criação. Por sua vez, o usuário dispõe de aplicações em altíssima qualidade.
O padrão BIOS de inicialização de sistemas operacionais existe há décadas. Porém a
tecnologia, como de costume, deixou de ser um meio seguro para tal,
representando um sério risco às máquinas em razão dos ataques bootkit e rookit. Eis
que o UEFI, substituto do BIOS, entra em cena com o modo Secure Boot.
Como o Secure Boot (inicialização segura, em português) previne o ambiente das
ameaças que mencionei? Simplesmente, no modo seguro, segundo a Microsoft, são
checados cada pedaço de código nos componentes de inicialização (software e
firmware) em busca de assinaturas, de modo que o boot só acontece quando
confirmada a confiabilidade.
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AppArmor ativado por padrão
O AppArmor é um sistema de controle de acesso que tem a função de limitar os
recursos que uma aplicação está permitida a utilizar. Para que o objetivo seja
alcançado, o recurso cria perfis para cada programa no kernel, o que permite ao
sistema restringir capacidades, tais como:
● acesso à rede e raw sockets (usados pelos programas para comunicação com a
web);
Na prática, ele converte um software de qualquer nível de confiança em um software
seguro. O que quero dizer com software seguro? Crispin Cowan, arquiteto de
segurança da Novell, define o conceito de maneira simples e, ao mesmo tempo,
brilhante: “um software confiável faz o que se supõe a fazer, enquanto o software
seguro faz o que se supõe a fazer e nada mais.”
No Debian 10 o AppArmor já vem ativado com perfis padronizados para vários
aplicativos, como Python, Apache e PHP, e novos perfis podem ser implementados
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manualmente pelo usuário por meio do pacote apparmor-profiles-extra.
Simplesmente, um excelente recurso de monitoramento no Linux.
Um dos problemas que os usuários Linux costumam enfrentar é o uso de impressora
conectada à rede com recurso AirPrint. Em primeira instância, é necessário instalar
uma série de drivers e software para imprimir os documentos por meio de conexão
wireless; dependendo do modelo da impressora, a tarefa é um pouco complicada para
usuários inexperientes.
No Debian 10, tudo ficou mais fácil. O CPUS (Common UNIX Printing System) e os
respectivos filtros (cups-filters), requisito básico para o funcionamento da impressão
sem drivers, já acompanham a distro por padrão na versão 2.2.10 (CPUS 2.2.10) e
1.21.6 (cups-filters 1.21.6).
Em ambientes de trabalho modernos, onde a empresa adota práticas como BYOD
(Bring Your Own Device) e mobilidade, a impressão sem driver é um recurso e tanto!
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desenvolvedores, a performance do desktop passou por melhorias significativas
desde a versão usada no Debian Stratch.
O baixo consumo de recursos do sistema é um dos principais destaques da interface.
Isso nos possibilita executar mais aplicativos simultaneamente sem que o
desempenho fique comprometido — levando o sistema a travamentos e demais
incômodos que uma área de trabalho pesada traz.
Exemplificando, ao acessar a página da web, podemos alternar a visualização normal
para o modo limpo (clean) ou mínimo (minimal), o qual retira todos os menus, imagens
e demais elementos que não tenham relação com o artigo / documento. Muito legal,
não é mesmo?
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no modo Live, é interessante observarmos certos aspectos que vão além do visual
moderno.
Falo, mais precisamente, do fato de a interface LXQt desenvolvida pela equipe não ser
uma adaptação, tampouco uma versão modificada; ela é pura, feita especialmente
para o Debian 10. Tal fator enriquece bastante a experiência do usuário, sobretudo
porque ela não travará e nem atrasará o carregamento do sistema.
Para a instalação das imagens contidas no arquivo ISO, a Debian Live acrescentou o
instalador Calamares, que é um projeto de framework independente próprio para
instalação de sistemas operacionais, oferecendo a interface Qt como alternativa. Ou
seja, o Calamares não substitui o arquivo debian-installer (instalador).
Em suma, se você pretende utilizar o novo Debian numa máquina com menos
capacidade (PC antigo, portáteis, entre outros), considere experimentar a versão
LXQt.
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● 64-bit ARM (arm64)
Observação: a relação de arquiteturas compatíveis foi retirada da nota oficial de
lançamento do sistema. Mais informações sobre o assunto são publicadas na página
do projeto.
Como vimos ao longo deste conteúdo especial sobre o lançamento do Debian 10,
várias novidades já foram apresentadas de início. Justamente por ser tão recente
ainda há muito a ser explorado, atualizado e descoberto na nova versão dessa distro
rigorosamente estável.
Pedro Delfino
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