No trecho citado do livro “Menina Bonita do Laço de Fita”, a menina então
personagem principal é questionada sobre a origem “segredo” da sua cor e não sabendo responder inventa algo que suponha ter alguma ligação pelo fato dela ser negra, utilizando a “feijoada” para iniciar sua história. Sua mãe intervem na conversa e diz que são “artes de uma avó preta”. Talvez a criança negra seja a pessoa mais indicada para explicar o quanto esta situação ocorre na realidade. Hoje, já tivemos avanços em relação a preconceito social e étnico-racial que muitos negros e pobres enfrentam no país, porém ainda se está longe de afirmarmos que o racismo foi superado, pois ainda o encontramos de forma camuflada em nossa sociedade. Uma criança em idade escolar ainda sofre com questionamentos em relação a sua cor, seus cabelos, pois é muito enraizado no nosso país um padrão de beleza onde a menina bonita é loira dos olhos azuis e com os cabelos lisos, mesmo sendo a maioria da população negra e mestiça. Na adolescência e na idade adulta esta situação não cessa e muitos negros passam por situações constrangedoras como, por exemplo, uma garota negra quando passeia no shopping de mãos dadas com um garoto branco atrai olhares as vezes indignados. E quando adulto o jovem negro faz uma entrevista de emprego e é comunicada(o) que para conquistar a vaga precisa cortar seu cabelo Black Power, pois é muito crespo e não transmite um aspecto de limpeza. I nfelizmente estas situações descritas não são partes de uma história inventada e a própria internet está aí para comprovar, recentemente uma jornalista de um dos maiores jornais da televisão, Maria Júlia Coutinho, foi atacada cruelmente com postagens racistas. É por essas razões que devemos inserir atividades e discussões na sala de aula que valorizem as diferentes culturas, bem como a importância de se respeitar as diferenças. A história povo do africano, sua literatura e cultura são muito ricas, porém o nosso conhecimento foi construindo pelo ponto de vista do colonizador, que por exemplo, inferioriza a religião genuína deles. Na verdade é um povo que sofreu muito, mais conserva tradições, costumes e uma identidade muito forte devido as lutas que travaram pelos seus direitos e ainda continuam lutando todos os dias. A escola e os professores devem promover atividades que superem as diferenças construindo nos alunos um olhar plural em que todos sejam respeitados apesar de não serem iguais para assim contruir uma realidade onde a cor, a religião, a classe social, o cabelo, a roupa, o idioma e cultura não sejam fatores para discriminar, zombar ou mesmo separar, mas sim unir, ampliar e enriquecer. Plano de aula: Contos africanos Objetivos: Aumentar o repertório de leitura das crianças; Promover o interesse e o prazer pela leitura; apresentar a cultura africana; discutir sobre os diferentes costumes e tradições de outros povos; valorizar a cultura africana; estimular a imaginação e a fantasia na criança, trabalhar a diversidade, o respeito e autoestima das crianças. Público Alvo: 1º e 2º ano do Ensino Fundamental Material: Contos e Lendas africanos retirados da internet Metodologia: A professora fará uma introdução desta atividade falando um pouco sobre a cultura africana e alguns aspectos presentes na sua literatura para que os mesmos possam entender o contexto da história que ela contará. A professora deve procurar falar utilizando uma linguagem simples de acordo com a faixa etária que se está trabalhando. A partir disso a professora realizará rodas de história para que sejam lidos os contos africanos e, em um outro momento poderá dramatizar estas histórias através da confecção de bonequinhos de pano que representem as personagens e atentará para o modo e as escolhas dos materiais que as crianças utilizarão para produzir os bonecos: “Será que os bonecos serão negros ou brancos?”, “Como as crianças imaginam que os personagens da história são?”. Estas questões devem ser sondadas para que a professora possa conduzir a aula por um viés de conscientização, respeito as diferenças e valorização de outra cultura e também trabalhar a autoestima das crianças que se sentem inferiorizadas por não serem “iguais aos amigos” na cor, no cabelo e na condição social. Avaliação: Os alunos serão acompanhados e observados quanto a sua participação e interesse pelo conteúdo.
Observação: Os contos e as lendas podem ser encontrados em:
http://baudashistoriasepoemas.blogspot.com.br/2010/06/contos-africanos.html Data de acesso: 07/10/15