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A falta de comunicação no processo de transplantes de órgãos humanos.

Edson de Carvalho Souza1


Alessandro Alves2
Glaucia Alves3

Resumo

Este artigo tem como objetivo falar da importância da comunicação no


processo de doação de orgãos no país. Analisar a importante função da
atividade de Relações Públicas na divulgação de informações das instituições
envolvidas, diante do aumento do número de doadores e a ocorrência de
divulgação de notícias falsas sobre a manipulação de órgãos e locais de
realização de transplantes.

Palavras – chave

Falta; comunicação; doação de órgãos; transplantes;

1
Mestrando em Comunicação e Administração – UCB – UNIEURO, Especialista em Comunicação
Estratégica – Faculdade JK; Professor e Orientador do curso de Comunicação Social da Faculdade JK

2
Aluno graduando do curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda da
Faculdade JK

3
Aluna graduando do curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda da
Faculdade JK
1 – Introdução

O mundo moderno vem sofrendo transformações constantes que atingem a


todas as áreas da sociedade. Com o advento da tecnologia muitas barreiras
começaram a ser ultrapassadas, seja pelo surgimento da Internet, que com sua
conexão, revolucionou todas as áreas, ou mesmo com as modernas pesquisas
no campo da saúde.
A disseminação de informações que antes era um grande obstáculo agora fica
a um clique em sites de busca. O homem na busca constante por soluções e
melhorias descobriu-se um ser quase ilimitado. A vida do homem com todas
essas transformações melhorou, mas há situações em que apenas a decisão e
a atitude do mesmo, poderão definir o rumo de uma vida.
Apesar do acesso à informação ser uma realidade, existe barreiras inerentes
ao próprio homem que o impedem, por exemplo, de ajudar ao próximo. Essas
barreiras podem ser de cunho cultural, religioso ou mesmo pela falta de
informação.
Neste contexto, aparece a doação de órgãos no Brasil que ainda tem uma fila
considerável de pessoas que aguardam um gesto simples e de compaixão por
parte de algum doador.
Doar órgãos ainda se trata de um tabu para muitas pessoas por diversos
motivos, nesse contexto a comunicação exerce um papel importante seja para
incentivar novos doadores ou mesmo combater informações que podem vir a
dificultar as doações.
A doação de órgãos no Brasil necessita de incentivos e de uma intensa
campanha educacional para romper com as antigas barreiras, crenças e
conceitos sempre destacados pelos não doadores. Menos doadores geram
mais fila e sofrimento para as pessoas que esperam o dia para serem
transplantadas. Parece contraditório, mas o Brasil mesmo diante de uma
realidade difícil de enormes filas de espera e recursos escassos e algumas,
ainda figura entre os maiores do mundo em realização de transplantes de
órgãos humanos.
2 – Doação de órgãos.

A “doação” de órgãos é uma forma de comércio entre os seres humanos das


sociedades contemporâneas. De início utilizado para as córneas, o transplante
de órgãos teve de fato um grande impulso com o surgimento de novas técnicas
cirúrgicas para o transplante renal, a partir de meados dos anos de 1950.
(Phillip Steiner – 2004). Posteriormente, outros órgãos foram transplantados: o
coração, o fígado, os pulmões, o pâncreas, os intestinos. O desenvolvimento
das terapêuticas provenientes do transplante de órgãos vem progredindo com
o conhecimento da compatibilidade dos tecidos e o aparecimento de
medicamentos contra a rejeição. Em todos os países, o avanço médico choca-
se com uma dificuldade similar, já que o número de órgãos à disposição é
insuficiente para cobrir as necessidades médicas.
A doação de órgãos, segundo a Associação Brasileira de Transplante de
Órgãos – ABTO¹ é: “um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir
do momento de sua morte, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou
tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar
outras pessoas”. A doação é feita por meio de transplante, que é um
procedimento cirúrgico que consiste na troca de um órgão de um paciente
doente por outro órgão normal de um paciente que morreu. O transplante só
ocorre quando outras terapias não dão resultados e o procedimento se torna a
condição necessária para sobrevivência do paciente.
A legislação de doação de órgãos e tecidos no Brasil, só permite a doação
após a morte, se autorizada pelos familiares. – Hospital de Olhos de
Sorocaba².
.O perfil econômico da maior parte das pessoas transplantadas é o baixo poder
aquisitivo. Mais de 95% dos transplantes são realizados pelo sistema público
de saúde e o governo remunera razoavelmente estes procedimentos. Quanto à
faixa etária, a maior parte dos transplantados está entre 20 e 50 anos. (Dados
ABTO)

3 – Serviços Públicos e a ABTO.


O programa de transplantes no Brasil se destaca pelo crescimento no número
de transplantes realizados nos últimos anos e pelo investimento público na
especialização das suas equipes com conseqüente aumento do número de
equipes habilitadas, hoje superior a 200. O Sistema Público de Saúde financia
mais de 95% dos transplantes realizados no Brasil e também subsidia todos os
medicamentos para todos os pacientes. (Revista Prática Hospitalar– 2003)
A lei para doação de órgãos (Lei n° 9.434 de fevereiro de 1997) reflete nossos
valores culturais, prevalecendo a necessidade de consentimento baseado em
autorização da família por escrito. O diagnóstico de morte encefálica é
legalmente reconhecido como morte sendo baseado no exame clínico e em um
exame complementar comprovando a ausência de atividades elétricas, ou de
fluxo sangüíneo cerebral. – Planalto³. O transplante entre doadores vivos é
também regulado pelo Estado, requerendo uma autorização judicial em caso
de doação entre pessoas sem parentesco. Todo este sistema é centralizado
nas Secretarias Estaduais de Saúde com listas únicas regionais,
supervisionada pelo Ministério Público. (Revista Assoc. Médica Brasileira –
2003)
Graças a essa rede pública, os resultados alcançados pelo programa de
transplantes no Brasil têm superado as expectativas, levando em consideração
o escasso recurso financeiro. O Brasil é o segundo em número absoluto de
transplantes renais no mundo, só perdendo para os Estados Unidos. Quando
esse número de transplantes é apresentado em relação a uma fração do PIB, o
Brasil é aquele com melhor desempenho no mundo.
No Brasil, existe uma coordenação nacional no Sistema Nacional de
Transplante em Brasília e cada Estado possui uma central de notificação de
doação e localização de órgãos.
Além disso, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, ABTO, tem
estimulado a divulgação do transplante pelo Brasil, a fim de disseminar
informações sobre a necessidade da doação.
Outra grande Instituição que pode ser citada é a ADOTE 4. Ela atua no Controle
Social e dedica-se a divulgação de informações sobre o processo doação-
transplante de órgãos através de diversos processos midiáticos, realizando
campanhas de esclarecimento público, palestras e mesas redondas
4 - A falta de comunicação nos processos de doações e transplantes.

A doação de órgão já é por si só um processo complexo e que envolve uma


série de etapas. Na contramão ao crescimento do número de transplantes e
aos esforços da ABTO para disseminação de informações sobre a doação de
órgãos, outro cenário existe e afeta tal realidade. A falta de comunicação nos
processos de doações e transplantes não permite que a realidade de filas de
espera diminua de forma acentuada. A informação veiculada pelos grandes
meios de comunicação como o rádio e a televisão, ou até em outras formas de
comunicação é insuficiente e não permite a sociedade criar conceitos positivos
a respeito da temática, colocando em xeque todo o trabalho desenvolvido pelos
órgãos competentes. A informação escassa vai ao encontro das crendices
populares facilitando a consolidação da opinião contrária à doação de órgãos.
A dificuldade em ultrapassar barreiras culturais (religião, costumes, etc.) que
prejudicam a adesão da idéia de doação por grande parte da população
somada à desinformação sobre o tema e as falsas notícias divulgadas
constantemente, como por exemplo, venda de órgãos ou órgãos descartados
por falta de cuidados na conservação, entre outros, tudo isso emperra o avanço
do Brasil para um cenário ideal de doações e transplantes.
O presidente da ABTO, Dr. José Osmar Medina Pestana em entrevista a revista
Prática Hospitalar (2003) falou a respeito da complexidade de se conscientizar
a população:

Sempre que uma campanha é realizada, imaginamos que o problema será


resolvido. Não é assim. A doação de órgãos envolve um número de variáveis muito
grande. Envolve desde a cultura da população quanto à doação até todo tipo de
problema relacionado à saúde pública, como, por exemplo, ter boas condições em
diversos hospitais, para que após o diagnóstico de morte encefálica a doação seja
efetivada rapidamente. Temos, também, que tentar conscientizar os profissionais da
saúde para que se envolvam mais com a doação.

O presidente da Associação Brasileira de4 Transplantes de órgão também falou


sobre falsas notícias, como a venda de órgãos:
“Isso é um boato. Criaram uma história de que certa criança foi seqüestrada e
depois apareceu sem um rim. As pessoas imaginam que isso pode ser feito em
qualquer lugar. No entanto, para tirar um rim em condição de transplante é
necessária uma equipe de mais ou menos dez pessoas com nível universitário.
Inclusive, também, é incoerente pensar na comercialização de órgãos do Brasil para
outros países. É impossível manter discrição em um processo como este, que exige
uma estrutura hospitalar bem organizada e que não poderia estar envolvida com
nenhum tipo de irregularidade.”

“Porém, pode haver uma situação em que eu precise de um transplante de rim e


alguém que é compatível comigo diz que está em dificuldades financeiras e que o
venderia para mim. Isso já ocorreu e existe, ainda hoje, legalmente em países como
a Índia e o Irã. Aqui no Brasil, quem estiver envolvido nesta prática ilegal pode ser
condenado a três anos de prisão. Temos uma lei muito bem estabelecida.”

Um caso recente exemplifica também como falsas notícias podem acabar por
desestimular os doadores de órgãos. Circulou na rede mundial uma notícia
falsa sobre o Hospital Oftalmológico de Sorocaba, com o seguinte conteúdo 5:

“Vamos fazer uma corrente de utilidade pública!


Córneas
Interesse geral”

“O Jornal SPTV da Rede Globo passou uma reportagem sobre o Hospital de Olhos
de Sorocaba/SP, que é conveniado ao SUS e tem capacidade de realizar 300
transplantes imediatos de córnea por mês, por possuir estoques disponíveis de
córnea no próprio hospital. Durante a entrevista, o diretor clínico do hospital
informou que estão fazendo apenas 120 transplantes por mês por falta de
pacientes. Muitas córneas são desprezadas após o seu período limite de uso. Peço
a todos que, se por ventura tiverem conhecimento de alguém que esteja na fila de
transplantes aguardando um doador, informe a pessoa para que ela possa entrar
em contato com o hospital.”

Atenciosamente,
Dr. Eduardo Bezerra (Médico do Trabalho)
Por favor, repassem ao maior número de pessoas possível... Pode ser muito útil
para alguém.

O Hospital de Olhos de Sorocaba sofre até hoje com essa notícia, teve
inclusive que criar uma central de atendimento exclusiva para esclarecimento
desse fato. A realidade é que o HOS é responsável por mais de 70% das
córneas captadas no estado de São Paulo e 40% no Brasil. É, portanto, a
instituição que mais capta córneas doadas no território brasileiro.
Isso faz com que o Hospital Oftalmológico de Sorocaba, uma referência
nacional para pacientes que necessitem de transplante de córneas, seja
procurado por pessoas de todo o País.
O problema da falsa notícia originou-se devido a uma má interpretação de uma
declaração de um médico. O Doutor Eduardo Bezerra, ao assistir à entrevista
do Jornal SPTV - da Rede Globo -, quis tentar ajudar mandando um e-mail pela
rede interna da empresa, onde trabalhava na época, para divulgar as pessoas
que pudessem conhecer alguém que estivesse na fila de transplantes de
córnea. O que o médico não poderia prever é que a notícia vazaria na internet
de uma forma assustadoramente rápida e que a mesma fosse mal interpretada.
O HOS divulgou na época uma mensagem através de seu e-mail de
atendimento:

“Estas informações não procedem, o que ocorreu foi a má interpretação de uma


matéria apresentada no Jornal Bom Dia São Paulo, que trazia o HOS como um
centro nacional de Referência em Transplantes de Córneas, e que dispunha da
capacidade física para a realização de 300 transplantes por mês e que estava
realizando uma média de 100 a 120 cirurgias.
Um médico do trabalho, da Usina Alto Alegre, chamado Dr. Eduardo Bezerra,
equivocou-se no que foi noticiado e divulgou na rede interna de sua empresa este
e-mail que você tomou conhecimento.
Há ainda uma Lista de Espera, para o transplante, e NÃO, excesso de córnea e
nem transplante imediato.
Para maiores esclarecimentos, pedimos a gentileza de entrar em contato pelo fone
(15) 212-9000.”

Notícias como a da falsa “ociosidade” do Hospital Oftalmológico de Sorocaba,


onde uma única córnea jamais foi jogada fora, acaba contribuindo para semear
uma falsa expectativa entre aqueles que necessitam fazer o transplante e, o
que é tão ou mais grave, termina concorrendo para a redução no número de
doadores de córneas, o que tem sido a grande preocupação dos
administradores do Banco de Olhos, tendo em vista haver no País, atualmente,
uma lista de 10 mil pessoas à espera de um transplante.
Fatos como esses revelam a grande complexidade que envolve o processo de
doações e transplantes. Além da necessidade de uma ampla campanha de
conscientização sobre importância da doação de órgãos e de divulgação de
informações, ainda é preciso que falsas notícias sejam combatidas
constantemente. É nesse cenário que se ressalta a importância da atividade de
Relações Públicas das Instituições envolvidas em todo esse processo, pois é
através dessa atividade que as notícias chegam até o grande público.
O trabalho de relações públicas está diretamente voltado para a construção e
para o monitoramento da imagem institucional das organizações. A imagem
institucional é como a organização é vista pelo seu público. Essa imagem é
complexa e exige atenção por parte das organizações, que devem monitorá-la
permanentemente com o objetivo de estabelecer uma identidade forte e
transparente para que possa ser projetada para seus públicos. Por isso, o bom
gerenciamento da comunicação com os públicos da organização é fundamental
para toda a instituição que queira construir uma imagem positiva junto à
sociedade. Dessa forma é necessário trabalhar para que as Instituições
envolvidas no processo de doação de órgãos não sejam vistas com descrédito
pela população, quando surgem problemas como os citados anteriormente.

5 – Conclusão.

Esse artigo teve como intuito identificar a importância da comunicação no


processo de doação e transplante de orgãos. Trata-se de um processo
complexo e que envolve inúmeras variáveis de cunho cultural, religioso, ou
mesmo de carência de informações. A falta de comunicação aparece como um
dos aspectos principais para a dificuldade de ampliação de doações em nosso
país. Somando isso a toda problemática de falsas notícias divulgadas na rede
mundial de computadores e ao descrédito que as mesmas causam na
população em relação às Instituições envolvidas em todo o processo de
doação, ficam evidenciados os inúmeros desafios pelos quais nosso país ainda
precisar passar. Nesse contexto ressaltamos a importância da atividade de
Relações Públicas dentro do Ministério da Saúde, Hospitais, Associações,
Organizações, entre outros, para trabalhar a imagem dessas instituições
propiciando assim um cenário de maior confiança da sociedade.
Superando esses desafios e investindo na Infra-estrutura de hospitais e centros
de captação, além de investir de forma mais intensa na conscientização da
população será possível tornar a doação de orgãos uma realidade efetiva e a
situação das filas de espera algo mais rápido e menos doloroso.

Bibliografia:
1) Revista da Associação Médica Brasileira.

Rev. Assoc. Med. Bras. vol.49 nº.1 São Paulo Jan./Mar. 2003
Página 1.

2) Revista Prática Hospitalar

Rev. Prática. Hosp. ano V nº 26 São Paulo Mai./Jun. 2003


Páginas 21-23.

3) Tempo Social, revista de sociologia da USP

Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 16, n. 2 São Paulo Nov.


2004.
“A doação de orgãos – a lei, o mercado e as famílias” por Phillip Steiner
– Tradução de Márcia Cavalcanti Vieira. Página 101.

4) BORDENAVE, Juan E. Diaz (1995) - O que é Comunicação. Coleção


Primeiros Passos. Páginas 19-22

5) SADALA, Maria Lúcia Araújo (2003) - Doação de órgãos: a experiência


de enfermeiras, médicos e familiares de doadores. Página 79

6) ANDRADE, Barbara Dornelas Belchior Costa (2008) – O direito


Brasileiro e os transplantes de orgãos e tecidos. Páginas 55-58.

Notas:

ABTO¹ :
www.abto.com.br

Hospital de Olhos de Sorocaba²


www.bos.org.br/bos_novo/bos/campanha.php

Planalto³:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9434.htm

ADOTE4:
www.adote.org.br/institucional.htm

Conteúdo5:
www.e-farsas.com/corrente_hospital_sorocaba.htm

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