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0 Mediterrâneo

da América Latina:
a Amazônia
na visão
de Euclides
da Cunha
WILLI BOLLE
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o desmatamento acelerado. assassir 5


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A despeito de sua feitura literária mais
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apres o procurara sugerir es

conciso roteiro d? leitura de seus


roços.
Os escritos de Euclides da Cunha
sobre a Amazônia (Cunha. 1986)
— aos quais se pretende dar aqui I. VISÃO DE TODOS
introdução - constituem. íaçao
TEXTOS
de um dos estudiosos de Eu-
elides, "o aspecto menos contecido"de BWTosso objetivo inicial e montar um
sua obra (Ventura 2003. p. 2: quadro de orientação que abranja todos
relativo desconhecimento srplica os teztos escritos por Euclides sobre a
sobretudo por vos: 1) a obra- temática amazônica informando sobre
prima do‘ãutot Os Sertões, coreagrada as circunstâncias de sua produção e
como peça integrante da literatura uni­ divulgação e. sobretudo, sobre os as­
versal. tem ofuscado toda o restante de suntos específicos de que tratam. O
sua produção: 2) o caráter fragmentário, primeiro desses teztos foi um artigo
esparso e inacabado daqueles ensaios publicado em O Estado de S. Paaío.
os deiza numa posição d? desvantagem em 14/11/1898. com o título 'Fronteira
em relação a uma obra concluída: 3) a Sul do Amazonas: Questão de Limites"
própria temática amazônica continua [#01], umeomentário ao livro homônimo
ocupando um lugar apenas marginal de Manuel Tápajós. Embora nesse caso
na consciência gp ral da gtand? maioria se trate de umaquestão brasileira interna
da população brasileira, inclusive dos -os limites entie os estados do Amazo­
intelectuais — embora neste primeiro nas e de Mato Grosso —. a questão das

[f«TA Í6P. Sã* .p. 140155. j2005 141


linhas demarcadoras é brevemente discutida não foi levado a termo, devido principal­
por Euclides também no tocante àsfronteiras mente à morte prematura do autor.
da Amazônia brasileira com os países vizi­ Realizada há exatamente um século, a
nhos. Esse assunto, de alto teor político, viagem de exploração do Rio Purus pela
passa a ser capital nos textos amazônicos comissão mista brasileiro-peruana, che­
de Euclides, em 1904 e 1905, ocupando fiada pelo engenheiro Euclides da Cunha
praticamente a metade deles. Se, em Os e o capitão-de-corveta Pedro Alejandro
Sertões, tratava-se da história de um conflito Buenano, inicia-se com a partida de Manaus
brasileiro interno — a campanha do exército em 5/4 e a entrada na foz do Rio Purus em
nacional contra os revoltosos de Canudos —, 9/4/1905. Depois de terem percorrido os
a questão candente dos escritos amazônicos 3.210 km de extensão desse rio — via Lá-
é o litígio entre Brasil e Peru a respeito das brea. Boca do Acre, foz do Rio Chandless,
fronteiras. Em três artigos, publicados no Santa Rosa do Purus, Curanja, Forquilha
Estado de S. Paulo, respectivamente em do Purus (Alerta), foz do Rio Cavaljani —,
14, 22 e 29/5/1904, intitulados “Conflito brasileiros e peruanos chegam a 3/8, ou seja,
Inevitável” [# 02], “Contra os Caucheiros” após uma jornada de quatro meses, à “mais
[# 03] e “Entre o Madeira e o Javari” [# 04], meridional das nascentes do Purus”, o Rio
Euclides discute o perigo iminente de uma Pucani. Efetuado o reconhecimento técnico
guerra entre o Brasil e o Peru, em decor­ das nascentes, a comissão volta pelo mesmo
rência do conflito de interesses entre os dois caminho, rio abaixo, chegando a Manaus
países na região amazônica. Nesse contexto, ao termo de mais de dois meses e meio, a
o escritor alerta inclusive sobre o risco de 23/10/1905. Sobre a viagem sai poucos dias
o Brasil um dia vir a perder a Amazônia depois, na imprensa local, uma breve en­
se não houver uma “ação persistente do trevista de Euclides (.Jornal do Commercio,
Governo” (Cunha, 1986, p. 19). Manaus, 29/10/1905) [# 05]. O principal
O conflito armado foi evitado e op- resultado dessa exploração é o Relatório
tou-se por solucionar o litígio pelas vias da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de
diplomáticas. Foram constituídas duas Reconhecimento do Alto Purus [# 06], que
comissões mistas, brasileiro-peruanas, Euclides termina de redigir em Manaus a
para fazer uma demarcação detalhada das 16/12/1905. Logo depois ele regressa ao
fronteiras in loco: uma dessas comissões se Rio de Janeiro, onde chega em 5/1/1906
encarregaria de efetuar o reconhecimento e onde o texto é publicado pela Imprensa
do curso superior do Rio Juruá até as nas­ Nacional em 1906, acrescentado das Notas
centes, e a outra realizaria o mesmo tipo Complementares [# 07]. Um complemento
de trabalho no Rio Purus. Euclides, que se importante é o “Relatório Confidencial ao
candidatou a essa tarefa em meados de 2004 Barão do Rio Branco” [# 08] — que veio a
junto ao ministro das Relações Exteriores, é público somente em 1968 —, em que Euclides
nomeado chefe da comissão brasileira de re­ expõe os atritos ocorridos ao longo de toda
conhecimento do alto Purus. Em 13/12/1904 a viagem com o chefe da comissão peruana,
embarca via Belém para Manaus, onde mostrando assim como o litígio entre Brasil
chega a 30/12/2004. Problemas técnicos e Peru se fazia sentir também no relacio­
causam uma demora de mais de três meses namento cotidiano entre os representantes
em Manaus, a contragosto de Euclides; dos dois países.
ele aproveita esse tempo para detalhadas A informação sobre toda essa primeira
leituras de viajantes e exploradores. Em metade dos escritos amazônicos de Eucli­
meados de março de 1905, comunica em des seria incompleta sem a referência a
cartas a vários amigos — Coelho Neto, José dois livros que ele publicou em 1907, Peru
Veríssimo, Artur Lemos — o seu plano de Versus Bolívia [# 09] e Contrastes e Con­
escrever um livro sobre a Amazônia com o frontos [# 10]. Ambos contêm capítulos ou
título Um Paraíso Perdido (Cunha, 1997, artigos sobre a importância estratégica da
pp. 266,268,269). Esse projeto, entretanto. Amazônia na política internacional, em que

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as disputas entre os países sul-americanos — [...] é um erro. [...] O civil [...] surge
são interpretadas diante do horizonte mais de improviso desarticulando todas as
amplo da expansão imperialista das grandes peças da sinistra entrosagem em que a arte
potências: Estados Unidos, Inglaterra, Rús­ militar tem triturado os povos. [...] Vê-se
sia, França e Alemanha. Merecem atenção bem quantos agentes [...] concorrerão no
especial os detalhados esclarecimentos invalidar a ocupação estritamente militar
sobre as negociações de fronteiras, so­ daquela zona. [...] As forças para repelir a
bretudo o Tratado de Petrópolis, firmado invasãojáali se acham, destras e aclimadas,
em 17/11/1903, pelo qual a Bolívia cedia nas tropas irregulares do Acre, constituídas
ao Brasil o território do Acre em troca de pelos destemerosos sertanejos dos estados
compensações territoriais e pecuniárias. do Norte, que há vinte anos estão trans­
Esse acordo gerou reação de desagrado figurando a Amazônia” (Cunha, 1986, pp.
especialmente no Peru, que praticava desde 11, 12,14).
meados do século XIX uma exploração in­
tensa de suas terras amazônicas (ver Cunha, É sob a temática do povoamento ou, mais
1907a-1939). Apontando (no artigo-título exatamente, da luta pela terra emfunção da
“Contrastes e Confrontos” [# 10A]) “as exploração da borracha — com ênfase na
incursões peruanas, neste momento ex­ adaptação do homem ao meio geográfico,
ercitadas nas fronteiras remotadas do Alto no problema dos transportes e sobretudo
Juruá”, ou seja, as “arrancadas dos cauchei- nas formas de organização das atividades
ros” (Cunha, 1907b-1975, pp. 140 e segs.), econômicas — que podemos agrupar os
Euclides tece algumas considerações sobre ensaios restantes, que formam o segundo
a “Solidariedade Sul-americana” [# 10B]. bloco dos escritos amazônicos de Euclides.
Ironicamente, porém, tal “solidariedade” Trata-se sobretudo dos seguintes seis textos:
acaba sendo soterrada pela proposta de “uma “Um Clima Caluniado” [# 11], “Rios em
guerra reconstrutora” (Cunha, 1907b-1975, Abandono” [# 12],“ATransacreana” [# 13]
p. 164), fórmula que parece ditada pela e“Os Caucheiros” [# 14],“‘Brasileiros’” [#
mentalidade social-darwinista própria da 15], “ Judas-Ahsverus” [# 16]. Para comple­
Era dos Impérios. tar os ensaios sobre a temática econômica e
A vertente que prevalece no pensamento social, deve ser acrescentado ainda o artigo
de Euclides não é, contudo, a solução dos “Entre os Seringais” [# 17], publicado pela
conflitos através das armas e, sim, através da primeira vez na revista Kosmos, em 1906.
negociação—como se pode observar em seus Todos eles são frutos da expedição de
textos e em seu comportamento diplomático 1905 pelo Rio Purus e foram reunidos para
no convívio cotidiano entre brasileiros e formar, juntamente com uma introdução
peruanos, durante toda a longa e difícil chamada “Impressões Gerais” [# 20], a
missão conjunta de reconhecimento. Um primeira parte, intitulada “Na Amazônia
texto-chave, que proporciona, além disso, — Terra sem História”, do livro À Margem
uma passagem do primeiro ao segundo da História, organizado por Euclides em
bloco temático dos escritos amazônicos de 1909 e publicado em setembro daquele ano,
Euclides, é o já referido artigo “Contra os um mês após a sua morte.
Caucheiros”. Recusando o recurso às opera­ Como pano de fundo de todos esses
ções militares como meio inadequado para ensaios amazônicos de Euclides é possível
solucionar os conflitos de interesses entre notar a influência do molde de composição
as nações, o autor — numa argumentação de Os Sertões. Os referidos artigos sobre
atualíssima — aposta na força da população o meio geográfico e o povoamento corres­
civil e na dinâmica do povoamento: ponderíam às partes I e II daquele livro,
respectivamente “A Terra” e “O Homem”.
“A remessa de sucessivos batalhões para Mas pode se ver também uma certa analogia
o alto Purus — movimento de armas re­ com a parte III de Os Sertões, “A Luta”,
cordando um começo de guerra declarada uma vez que aqui se trata de uma luta pela

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terra: conflitos de fronteiras entre os países uma hipótese formulada por Franklin de
e permanente tensão social por causa do Oliveira (1983, p. 100) e retomada por
regime de escravidão defendido pelos donos José Carlos Barreto de Santana (2001, p.
da terra. Para arrematar a comparação entre 184): os ensaios amazônicos seriam para o
o livro sobre o sertão e o projeto de livro projeto de escrever Um Paraíso Perdido, o
sobre a Amazônia, é preciso incluir tam­ equivalente ao “Diário de uma Expedição”
bém o ensaio “O Inferno Verde” [# 18], para a elaboração de Os Sertões. Ou seja,
escrito para servir de preâmbulo ao livro assim como a primeira grande obra, também
homônimo publicado por Alberto Rangel a segunda seria levada a termo somente após
em 1907. A visão do “Inferno”, nesse en­ o regresso do teatro das operações, necessi­
saio, faz contraponto ao “Paraíso Perdido” tando ainda de vários anos de elaboração.
evocado pelo título geral. Juntamente com o Consideramos, portanto, os textos reunidos
provável intróito daquele livro — “Amazô­ nas duas coletâneas intituladas Um Paraíso
nia: a Gestação de um Mundo” [# 19] Perdido essencialmente como um trabalho
(parte do discurso de posse, proferido por inacabado, um work inprogress, um projeto
Euclides na Academia Brasileira de Letras, de livro. O que corrobora fortemente esta
em 18/12/1906), em que há uma referência hipótese é o fato de que a viagem amazônica
explícita ao Gênesis — esses textos evocam de Euclides teve dois objetivos inter-rela-
padrões bíblicos, lembrando mais uma vez cionados, mas no mais bastante diferentes:
a composição de Os Sertões (cf. Galvão, 1) o cumprimento da missão diplomática
1994, pp. 628-33). e científica de reconhecimento da região
Com isso, completamos uma primeira fronteiriça do alto Purus; 2) a preparação
sinopse dos escritos de Euclides da Cunha para escrever um livro sobre a Amazônia
sobre a Amazônia, informando sobre — em que o autor procuraria “vingar a Hiloe
temática e quantidade, cronologia e circuns­ maravilhosa de todas as brutalidades das
tâncias de sua produção. Quanto à edição, gentes adoidadas que a maculam desde
o conjunto desses textos foi publicado o século XVIII” (Cunha, 1997, p. 266).
apenas postumamente, em duas coletâneas Certamente esse segundo livro vingador
diferentes. A primeira, organizada por não lhe teria exigido menos energia que a
Hildon Rocha, com o subtítulo Reunião elaboração de Os Sertões.
dos Ensaios Amazônicos (Cunha, 1976 e
2000), abrange todos os referidos textos,
exceto os de número [# 02], [# 10A] e [#
10B], oferecendo um extrato do número [# II. ESBOÇO DE COMPARACAO
t t

09] com o título “O Tratado entre o Peru e o


Brasil”. Na segunda antologia, organizada DE UM PARAÍSO PERDIDO COM
por Leandro Tocantins, com o subtítulo En­
saios, Estudos e Pronunciamentos sobre a OS SERTÕES
Amazônia (Cunha, 1986), faltam apenas os
textos de número [# 09], [# 10A] e [# 10B]. Significativamente o breve texto in­
Como título principal, ambas as coletâneas trodutório de Euclides, “Amazônia: a
— que vêm acompanhadas também de uma Gestação de um Mundo”, termina com
seleção da correspondência de Euclides uma reflexão sobre o “quanto é difícil [...]
— mantiveram aquele que o autor imaginou: escrever” (PP, p. 5) (1). Com efeito, como
Um Paraíso Perdido. se vê em muitas passagens de seus escritos
Depois desses esclarecimentos prévios, amazônicos e a começar pelo título cogitado
vamos agora ao objetivo principal deste en­ — Um Paraíso Perdido o conhecimento
saio, que consiste em propor um roteiro de da região, para ele, é essencialmente ligado
leitura dos escritos amazônicos de Euclides. à capacidade de expressá-lo por meio da
Quanto à questão básica, qual é o estatuto imagem e da palavra certa. Assim como em
1 A sigla PP, daqui em diante, se
refere a: Cunha, 1986. desses textos, parece-me bastante plausível Os Sertões, observa-se também aqui uma

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concorrência entre os modelos cognitivos de ser “a paragem mais perlustrada dos
científicos epoéticos. “Um sábio no[s] des­ sábios”, “aparagem [...] menos conhecida”
vendaria [aAmazônia] [...] conduzindo-nos (PP, p. 27).
pelos infinitos degraus, amortecedores, das Uma técnica de observação e um pro­
análises cautelosas. O artista atinge-a de cedimento literário que Euclides maneja
um salto; adivinha-a; contempla-a, d’alto” magistral mente é o “golpe de vista do alto”;
(PP, p. 203), declara Euclides, que está o leitor há de se lembrar dos panoramas
em busca do “descortino desafogado do do sertão, “como num mapa em relevo”,
conjunto”, do “conspecto da fisionomia apresentados a partir do Monte Santo e do
geral” (PP, p. 200). Quer dizer: para esse Alto da Favela (OS, pp. 95-8 e 98-9). Num
fisiognomista da Amazônia, a linguagem, de seus ensaios amazônicos, o autor nos
o estilo e o gênero de composição não são oferece uma vista que não apenas não fica
meramente instrumentais ou acessórios, nada a dever àqueles panoramas, mas em
são o medium da informação. AAmazônia que se descortinam horizontes mais gran­
de Euclides é uma Amazônia construída diosos. Na tradição dos quadros da natureza
na linguagem. de Alexander von Humboldt, Euclides nos
À referida dificuldade de escritor cor­ leva a um ponto topográfico de onde o olhar
responde, por parte do intérprete, uma abrange por assim dizer a terra brasileira
dificuldade de 1er. Não sabemos qual teria por inteiro. Trata-se do momento em que a
sido a estrutura definitiva do projetado livro expedição de reconhecimento do alto Purus
sobre a Amazônia. Em vez de entrar em chega às nascentes mais remotas daquele
vãs especulações a esse respeito, vamos afluente do Amazonas:
observar as características de composição
e estilo nos textos que ele efetivamente “Chegando no dia 3 de agosto [de 1905]
redigiu. Nessa aproximação aos escritos [...] às 3hl5 [...] a um último poço, de­
amazônicos, será instrutivo nós nos deter- paravamos [...] o sulco do varadouro... / O
mos um pouco mais na comparação com o varadouro [...] abre-se adiante, para o sul.
molde de composição de Os Sertões — com [...] descamba depois [...] para o vale do
fins heurísticos, sem querer afirmar com isso Ucaiale. Em alguns minutos estávamos no
que o livro amazônico de Euclides seguiría seu ponto culminante [...]. O sol descia para
necessariamente por esse caminho. Todavia, os lados do Urubamba... Os nossos olhos
algumas analogias estruturais são tão evi­ deslumbrados abrangiam, de um lance, três
dentes que não há como não comentá-las. dos maiores vales da terra; e naquela dilata-
Sobretudo o ressurgimento do tríptico “a ção maravilhosa dos horizontes, banhados
Terra” / “o Homem” / “a Luta”. no fulgor de uma tarde incomparável, o que
“Um filho da terrra [...] perdidamente eu principal mente distingui, irrompendo de
namorado dela” (PP, p. 5) — assim se auto- três quadrantes dilatados e transcoando-os
retrata o escritor no seu projeto de livro inteiramente — ao sul, ao norte e a leste
amazônico, fazendo relembrar o modo como — foi a imagem arrebatadora da nossa pá­
ele descreveu o país e a paisagem em Os tria que nunca imaginei tão grande” (PP,
Sertões.Vários elementos daquela topofilia pp. 198-9).
reaparecem nos escritos amazônicos. Aqui
como lá, o autor registra suas “primeiras É uma passagem antológica, em que,
impressões” (OS, pp. 87-91) (2) ou “im­ graças à estilização literária, ao uso da
pressões gerais” (PP, pp. 25-38). À “entrada hipérbole e a um “realismo maravilhoso”,
no sertão” (OS, p. 80) corresponde a des­ a cartografia empírica e a vista natural são
crição de como ele “entr[ou] pela primeira sobrepujadas por uma imagem visionária,
vez naquele estuário do Pará” (PP, p. 5). à qual poderiamos apor a legenda: Visão do
E o topos da terra ignota (OS, pp. 80-4) Mediterrâneo da América Latina.
encontra seu eco na constatação de que a Permita-me o leitor explicar detalha­
2 A sigla 0S se refere a: Cunha,
Amazônia, “é de toda a América”, apesar damente essa afirmação, que deu o título 2002.

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a este ensaio. Contrariamente ao que se rio...” (PP, p. 28). A visão daAmazônia
pode imaginar, o Rio Purus, explorado por como um extinto oceano já tinha sido apre­
Euclides da Cunha, não é um rio qualquer sentada pelo escritor em Os Sertões, naquele
entre outros, mas uma via altamente estra­ memorável capítulo intitulado “Um Sonho
tégica e, sobretudo, “o mais rico entre os de Geólogo” (OS, pp. 91-4), cuja passagem
rios da Amazônia” (PP, p. 161). Além de central merece ser aqui retomada:
atravessar pelo meio o território do Acre
— na época, a principal zona de extração da “As pesquisas de F. Hartt [...] [e de] Agas-
borracha e o território-símbolo da disputa siz [...] se acolchetam no deduzir que vasto
internacional pelos tesouros da Amazônia—, oceano cretáceo rolou as suas ondas sobre as
o Purus constitui o eixo central, o quadrante terras fronteiras das duas Américas, ligando
leste, de um horizonte de visão de 180 graus, o Atlântico ao Pacífico. Cobria assim grande
que abrange idealmente a região amazônica parte dos Estados setentrionais brasileiros
como um todo. Essa visão holística — de [...] as grimpas mais altas das nossas cordi­
frente para o Brasil, a partir do território lheiras mal apontavam ao norte [...]. Não
peruano — é completada ao norte pelo Rio existiam os Andes, e o Amazonas, largo
Urubamba, que verte no Ucaiale o qual, por canal entre as altiplanuras das Guianas e as
sua vez, se junta com o Rio Maranon para do continente, separava-as, ilhadas. Para as
formarem o Solimões, que se prolonga no bandas do sul o maciço de Goiás, [...] o de
Rio Amazonas; e ao sul, pelas nascentes Minas e parte do planalto paulista. [...] ao
do Rio Manu (Madre de Dios) que, já em abrir-se a época terciária, se realiza o fato
território boliviano, verte no Beni, este no prodigioso do alevantamento dos Andes;
Mamoré e este no Rio Madeira, considerado novas terras afloram nas águas; tranca-se,
segundo Martius o afluente mais importante num extremo, o canal amazônico, transmu-
do Rio Amazonas. Note-se que a abrangên­ dando-se no maior dos rios; ampliam-se os
cia dessa imagem vai muito além da noção arquipélagos esparsos, e ganglionam-se em
de “pátria”. A grandeza do quadro consiste istmos, e fundem-se; arredondam-se, maio­
em focalizar—numa escala planetária (“três res, os contornos das costas; e integra-se,
dos maiores vales da terra”) — a rede hi­ lentamente, a América” (OS, pp. 92-3).
drográfica daAmazônia inteira, essa imensa
bacia de mar doce que o Brasil compartilha Observa-se que a visão da história
com seus países vizinhos. natural, no caso, a paleogeografia, é usada
Essa idéia da Amazônia como locus nessa passagem como símile para a idéia
mediterraneus da América Latina — que de uma integração cultural e política da
vai além da corriqueira imagem do rio-mar América (Latina).
— pode ser corroborada com duas ou três Nesse contexto, já que Euclides usa
citações-chave. Numa outra dilatação de freqüentemente a palavra4 ‘deserto’ ’ e também
perspectiva, desta vez relativa à paleogeo- a palavra “sertão” para referir-se à região
grafia, Euclides evoca a teoria de um geólo­ amazônica, convém lembrar que o locus
go, F. Katzer, segundo o qual um “extinto mediterraneus pode designar tanto “o mar”
oceano mediodevônico [...] afogava todo quanto “o sertão”. A vida e história desta
o Mato Grosso e a Bolívia, cobrindo quase palavra, pesquisadas por Gustavo Barroso,
toda a América meridional e chofrando no são assim resumidas por Walnice Galvão:
levante as antiqüíssimas arribas de Goiás”
(PP, p. 28). Euclides compartilha de uma “A palavra já era era usada na África e até
variante dessa hipótese, falando do “largo mesmo em Portugal. [...] Nada tinha a ver
canal terciário que por longo tempo separou com a noção de deserto (aridez, secura,
os planaltos brasileiros e os das Guianas, esterilidade) mas sim com a de ‘interior’,
até que o vagaroso sublevar dos Andes, no de distante da costa: por isso, o sertão pode
ocidente, cerrando-lhe um dos extremos, até ser formado por florestas, contanto que
o transmudasse em golfo, em estuário, em sejam afastadas do mar. [...] no Dicionário

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da lingua bunda de Angola, de frei Bernardo é uma esponja molhada sobre um desenho
Maria de Carnecatim (1804),[...] o verbete malfeito: apaga, modifica, ou transforma, os
muceltão, bem como sua corruptela certão, traços mais salientes e firmes, como se no
é dado como locus mediterraneus, isto é, quadro de suas planuras desmedidas andasse
um lugar que fica no centro ou no meio das o pincel irrequieto de um sobre-humano ar­
terras. Ainda mais, na língua original era tista incontentável...” (PP, pp. 203-4).
sinônimo de ‘mato’, sentido corretamente
usado na África Portuguesa, só depois Subitamente surge, na construção eu­
ampliando-se para ‘mato longe da costa’” clidiana da imagem da Amazônia, a antítese:
(Galvão , 2001, p 16). “Ora, entre as magias daqueles cenários
vivos, há um ator agonizante, o homem.
À luz das pesquisas lingüísticas como O livro [O Inferno Verde] é, todo ele, este
das geológicas confirma-se assim o ima­ contraste” (PP, p. 204). O que Euclides diz
ginário popular, fixado em versos cantados nessa passagem sobre o livro de Alberto
e retomado num filme como Deus e o Diabo Rangel, caracteriza também a sua própria
na Terra do Sol: “O sertão vai virar mar / filosofia da composição. À terra de traços
E o mar vira sertão”. paradisíacos, moldada pelo artista sobre­
O arcabouço do projeto do livro amazôni- humano, “terra farta e a crescer na plenitude
co de Euclides, dizíamos, é sustentado risonha da sua vida” (PP, p. 204), Euclides
por matrizes biblicas: começando com o contrapõe um homem e uma sociedade
Gênesis e se estendendo do Paraiso até o agonizantes — sendo o “agonizante”, do
Inferno. Se, no livro anterior, o sertão era grego agonia, “o homem que luta”. No meio
visto como “um paraíso” (OS, pp. 130-2), dessa luta, como veremos, atua a figura do
esse qualificativo é aplicado ainda mais Diabo. Resumindo a comparação esboçada
intensamente à Amazônia: até aqui com o livro Os Sertões, pode-se
dizer que, no projeto do livro amazônico,
“[...] vi, pela primeira vez, o Amazonas... a passagem da categoria “a Terra” para o
/[...] o que se me abria às vistas desatadas, binômio “o Homem”/“aLuta” é sintetizada
naquele excesso de céus por cima de um ex­ pelo oximóron do “paraíso diabólico dos
cesso de águas, lembrava (ainda incompleta seringais” (PP, p. 35).
e escrevendo-se maravilhosamente) uma
página inédita e contemporânea do Gêne­
sis. / Compreendi o ingênuo de Cristóvão
da Cunha: o grande rio devera nascer no III. NARRATIVA"FLUVIAL" E
Paraíso...” (PP, p. 4).
HISTORIOGRAFIA DAS ESTRUTURAS
O topos do Gênesis, apresentado no
texto de cunho introdutório, “Amazônia: Na última parte deste ensaio vamos nos
a Gestação de um Mundo”, é retomado ater ainda por um momento às categorias
no preâmbulo escrito por Euclides para o construtivas de Os Sertões, para enveredar
livro O Inferno Verde, de Alberto Rangel: a partir daí para um outro caminho. Em
“Realmente, a Amazônia é a última página, termos do método de escrever a história,
ainda a escrever-se, do Gênese” (PP, p. 203). as partes I e III de Os Sertões diferem radi­
Lançado esse mote, Euclides se detém a calmente entre si. Enquanto em “a Luta”,
explorar o topos, copiando por assim dizer ou seja, no relato da campanha de Canudos,
o Livro da Natureza escrito por Deus: Euclides pratica um tipo de historiografia
cronológico-sequencial, de feitio mais
“É a terra moça, a terra infante, a terra em tradicional, em “a Terra”, ele opta por uma
ser, a terra que ainda está crescendo.../[...] apresentação não-linear, mas espacial-ter-
não há fixá-la em linhas definitivas. De seis ritorial, envolvendo tempos de longuíssima
em seis meses, cada enchente, que passa. duração, num aperfeiçoamento dos modelos

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mesológicos oitocentistas. Com isso, pre­ Essas duas passagens lêem-se como
nuncia um método inovador de escrever a uma confirmação de que, muito além do
história, que seria consagrado, em 1946, cumprimento das instruções oficiais de
por Fernand Braudel com La Méditerranée, fazer o reconhecimento do Rio Purus, Eu­
a obra paradigmática da historiografia das clides aspirava a uma “visão superior” e
estruturas. Ocorre que j á em Os Sertões — na “de conjunto” da Amazônia, a uma escrita
parte do meio, “o Homem” — aqueles dois em forma de rede que pudesse captar numa
métodos se superpõem e se entrecruzam: “urdidura firme” as inúmeras informações
por um lado, narrativas lineares, como “parceladas”.
a história de Antônio Conselheiro ou o Ao perseguir essa tarefa, o autor do
crescimento de Canudos e, por outro, uma projeto Um Paraíso Perdido sabia que tinha
incipiente historiografia de estruturas, como de examinar e filtrar, uma por uma, todas as
nos informes sobre a população, a religião “imagens prefiguradas” (cf. PP, p. 25) da
ou o regime de servidão. Amazônia, contidas em tantas e tantas pági­
Nos ensaios amazônicos do nosso au­ nas de seus precursores: os grandes viajantes
tor, essas duas formas básicas de escrever a e exploradores. A respeito dos “sábios”, “de
história reaparecem em toda parte, ora em Humboldt a Goeldi”, ele opina:
oposição, ora num entrelaçamento intera­
tivo. Nesta passagem, por exemplo, Eu- “Pois bem, lede-os. Vereis que nenhum
clides faz a crítica da narração estritamente deixou a calha principal do grande vale;
linear: “Aos nossos antigos cronistas faltou e que ali mesmo cada um se acolheu, des­
sempre uma visão superior, de conjunto, lumbrado, no recanto de uma especialidade.
permitindo-lhes abranger outras relações Wallace, Mawe, W. Edwards, d’Orbigny,
além da marcha linear dos roteiros que Martius, Bates, Agassiz, para citar os que
seguiam, ou dos objetivos definidos que me acodem na primeira linha, reduziram-
buscavam” (PP, p. 140). Curiosamente, essa se a geniais escrevedores de monografias”
crítica se encontra no texto que é a narrativa (PP, p. 27).
euclidiana linear por excelência, o Relatório
de Reconhecimento do Alto Purus, ou mais Nessa crítica, Euclides certamente
exatamente nas “Notas Complementares”, passa do ponto, forçando os fatos em causa
escritas um pouco mais tarde; trata-se de própria. Pois não há como negar a espíritos
um paratexto em que o texto principal é como Martius ou Humboldt a capacidade
revisto com um certo distanciamento. Numa de uma visão holística da Amazônia; e, no
segunda observação, logo em seguida, fica fundo, nosso autor sabia disso e aprendeu
mais claro qual era a alternativa que Euclides com eles essa arte.
tinha em mente: Por outro lado, a crítica de Euclides a
roteiros e narrativas lineares não deixa de
“O próprio Alexandre Rodrigues Ferreira ser dialética. Olhando bem, de todos os seus
[...] tacanheou um belo espírito em des- ensaios amazônicos, o único de feitura mais
valiosas minúcias e raro lançou um olhar “linear” é o relatório sobre o Rio Purus — e
para fora das instruções que o manietavam. mesmo ali, a geometria linear é transcendida
E como estas, em geral, impunham aos ex­ pela categoria do “fluvial”, ainda mais em
ploradores o caminho pelo eixo da grande se tratando de um rio “divagante”... (PP,
artéria fluvial, apenas com as variantes do p. 122). Os demais ensaios, simultâneos e
rio Negro ou do rio Branco, por ali ficaram posteriores, constituem o contraponto dessa
também, na sua grande maioria, os narra­ narrati va-tronco: notas complementares que
dores, alheios aos fatos ocorridos noutros se tornaram textos autônomos. Isso posto,
pontos que, embora de menor monta, talvez é preciso reconhecer também que, por uma
contribuíssem bastante para uma urdidura série de razões, a narrativa linear-fluvial é
mais firme de sucessos que ainda hoje mal indispensável. Primeiramente, em função da
se definem, parcelados e discordes”. idéia generalizada, discutida por Euclides,

148 REVISTA USP, São Paulo, n.óó, p. 140-155, junho/agosto 2005


de que “os grandes rios [são] a causa pre- de Euclides é representado da maneira
eminente do desenvolvimento das nações” mais evidente pelo texto intitulado “Entre o
(PP, p. 29). Além disso, a narrativa linear- Madeira e o Javari”. Nele, assim como nos
seqüencial não deixa de ser o molde básico outros escritos “territoriais”, ainda a serem
por meio do qual se pode estruturar um relato comentados, o autor trata do povoamento
de viagem de exploração ou descrever uma e da luta pela terra, tema que ocupa no
via de povoamento ou de comunicação, pelo projeto de livro Um Paraíso Perdido uma
menos num primeiro momento. O ensaio importância comparável ao binômio “o
de Euclides sobre a “Transacreana” é desse Homem”/“a Luta” em Os Sertões. Partindo
feitio; em certo sentido é linear, assim como de um breve histórico dos líderes do povoa­
o objeto em questão: mento da referida região, como Manuel
Urbano da Conceição e o coronel Rodrigues
“[A] grande estrada de 726 km, [...] capaz Labre — cujos nomes se perpetuaram em
de prolongar-se de um lado até o Amazonas, cidades às margens do Rio Purus — Euclides
pelo Javari, e de outro, até o Madeira, pelo expõe qual foi a causa e a conseqüência da
Abunã, está de todo reconhecida, e na maior chegada das “sucessivas vagas de imigran­
parte trilhada. / A intervenção urgentíssima tes”, que reproduziam nas décadas finais
do Governo federal impõe-se [...]. / Deve do século XIX “o tumulto das entradas do
consistir [...] no estabelecimento de uma século XVIII”:
via férrea [...] urgente e indispensável no
Território do Acre” (PP, p. 100). “O látex das seringueiras, o cacau, a salsa,
a copaíba e toda espécie de óleos vegetais,
Essa estrada seria a resposta moderna substituindo o ouro e os diamantes, alimen­
ao diagnóstico “desanimador” feito no sé­ tavam as mesmas ambições insofregadas.
culo XVIII pelo padre João Daniel sobre a / A terra, até então entregue às tribos erra-
região “entre o Madeira e o Javari”, onde, dias, teve em cerca de dez anos (1887) uma
“em distância de mais de 200 léguas, não população de 60 mil almas [...]. E por fim
há povoação alguma nem de brancos nem uma cidade, uma verdadeira cidade, Lábrea,
de tapuias mansos ou missões” (PP, p. repontou daquela forte convergência de
15). Numa reviravolta dialética, o texto energias, trazendo [...] com o requinte pro­
“linear” sobre a Transacreana desdobra-se gressista de uma imprensa de dois jornais,
num artigo “espacial”, na medida em que O Purus e O Labrense, e o luxo suntuário
trata da política de povoamento de um de um teatro concorrido, e colégios, e as
território. Quanto à projetada via férrea, ruas calçadas e alinhadas: a molécula da
ela nunca foi construída, em que deve ter civilização aparecendo, repentinamente, nas
pesado o malogro traumático da Madeira- vastas solidões selvagens” (PP, pp. 17-8).
Mamoré; mas em seu lugar surgiu mais
tarde a rodovia que hoje é a estratégica BR- O tom animado e até entusiasta dessas
364. A Transacreana, por outro lado, iria se linhas, escritas por Euclides no Rio de Ja­
transformar em protótipo para a construção neiro ou em São Paulo antes de sua viagem
daTransamazônica, quando foram retoma­ àAmazônia e marcadas pela fé no progresso,
dos pontos essenciais da argumentação de não iria ter continuidade dali em diante.
Euclides: “navegar em seco”, seguindo o Em seus ensaios sobre o povoamento,
modelo dos “varadouros”; estabelecer uma Euclides procura identificar estruturas
“ligação transversa” entre “os grandes vales econômicas e sociais, sendo que essas estru­
[dos rios]”; “firma[r] um símbolo tangível turas são descritas sobretudo nos ensaios que
de [...] posse”; abrir “uma nova estrada chamamos de “espaciais” ou “territoriais”:
[para a] entrada dos extratores” (PP, pp. além do já comentado “Entre o Madeira e o
97 e 105). Javari”, trata-se de “Os Caucheiros”, “Entre
O tipo de ensaio “espacial-territorial- os Seringais”, “‘Brasileiros’” e“JudasAhs-
mapeador” dentre os escritos amazônicos verus”. Projetando a posteriori o modelo

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aquayum do Amaro ras para ir Bon-seer
qoic alé além do I lu/.i e outros rios do
bai^o Purns — a areo: ir apz ras alé
Calaí. f A nature za de amlat delermiroua
do pvcameplo'' (PP.’p. 137).

A diferença entte as duas árvores é


que o caucho “mon? de incisào'', “por

t» ‘oft»*- \D i £50 o caucheiro nào a conserva'*, mas

?•
“derruba-a logo para aprovei lar |... ] ledo
o leile que ela possui'*; já a seringueira
“resisle irdeBnidamenle quase aos Lalhos
m e ledicame nle di sposlo s ras ayyiaçóes".
“por isso o seringueiro a conser/a'* (PP.
p. 137). A partir desses dados mesológi-
cos. 6 lográfizos, Euclides iraçao prrBl da
sociodale lccal:

“Deslas circunslárcias resullam |...]os


?víero&r<tf <1a da “hislória das eslruluras'* de Ferrand alribulos dasd uas sociedade s novase erigi­
0 rau.de1 sobre o projeto amazônico de Eu- ras s |...] raqueles lugares. / O cau.cheiro
C&trtí&áo ?vií*fa
clide s. pede-se di zerque se us en saio s sobre é por Tor;a urn i>$made, um pesquisador
Efra>zkír<^ queslóes do poveame nlo conespordem à emanle, eslazionando nos vários p:nl:sa
parle domeio{ll)de La M4diteyyayvíe. que que chega alé que lornbe o í».llimo pé de
traia das eslru.lu.Tos ecorômizas, sociais e cau:Vo. Daí o seu papel rolável ro des-
r^o J\edtn&\í<> z ullurais (e rquarlz ra parle I éesludadoo verdar paragens desconhezidas. Todo o
d<> J?uru> meio geogTáfico e, ra parle III, apolílicae alio Madre de Dios e ledo o alio Licaiale
a hislóriados azonlezimenlos). foram enlregu.es àciérvziagoográfica pslos
Dahi slÓTiadacc upoçàoe dopoveame nlo audazes maleiros, de que é Fiscanald a
da Amazônia. Euclides ízealiza sobreludoa 5g ura mai s com ple a. |... ] / O seri ngueiro
ali '/idade ezorôm izade e^ iraçào e comércio é per for;a sede nlário e B^o. Enleiam-ro,
daborrazVa; esle lemaé oponlodecVegala pre rdendo-opara sempre aoprimeirol ugar
do seu yeíatóyio sobre o Rio Pu.rt».s. O cizlo em que eslaciora, as próprias eslralas que
da boTrazVa. que como"ara em meados do abriu, convergentes ra sua barraza, e que
séz ulo XIX, e sava ro auge quardo o au. kor ele prrcomeráduTanle a s ua vida leda. Daí o
pesquisouaTegiào; pouco depois enlrou em se u. papel, i regave)m en fc superior, ro povo­
dozlinio^cT. Weinslein, 1^3). Foram duas ame nlo. f De q ualquer medo nào pedem os
espécies de árvores — numa demo nsttaçào negar a ambos uma runçào rolabilíssima
cabal da lecria me sológica — que “de termi­ no aluai mom en lo hi slórico da Américado
naram o de sbravamen ko eo povoamento de Sul'* (PP. pp. 137-R).
làoe* fc nsoterrikSrioem lemporelalivame nfc
curlo: a seringueira (he vea byasiiieysis). e Dispomos a?ora dos dados para poder
o caucho(casúííoa elasticà^' (PP. p. I 37). espozificar— Tecorrerdo uma úllima vez
tfm Talor decisivo para o lipo de oz upaçào ás categorias conslrulivas de Os Seytóes
da regiào, com repzrcussóes na políli ca «sempre com as de '/idas ressalvas quarto
infcmazioral. Toi a dislribuiçào geográfica aos limiles de lal compararão) — qual é a
das duas e specie s: Lu/a de que iralam os ensaios amazônicos
de Euclides. Ka verdade, sào dois lipos de
“ I E] rquanlo a castiííoa. a partir dos vale s 1 u. la. bem di fere nle s. Lím aspee lo é o embate
do Madre de Dios e do Licaiale, se der­ eytye caucheiyas e seyingueiyos, ou seja, a
rama para o rorte iTanspordo o divoy/ixati di spula e nlre Peyu e Byasií quan to às lemas

150 r£$,p. 14MJ* f»k©/oferto


entre o Madeira e o Javari, em que estava [1.] “los brasileros mas próximos al Perú
envolvida também a Bolívia (cf. Cunha, que tienen la bárbara costumbre de armar
1907a). Não vem ao caso aqui entrar nos expediciones militares com objeto de hacer
pormenores desse conflito, que foi solucio­ correrías sobre los indios Maynas, atrope­
nado há um século; sinalizemos apenas a lando muchas vezes las autoridades... / [los
permanência do topos da Amazônia como brasileros] absolutos monopolizadores dei
objeto de “cobiça internacional” (cf. Reis, comércio de importación óexportación” (D.
1960), com forte envolvimento também de Manuel Ijurra, 1811, cit. PP, p. 88).
brasileiros (cf. Oliveira, 1983, p. 104).
Uma contribuição metodológica no­ [2.] “Agustin Gamarra — Gran mariscai
tável de Euclides consiste em escrever a restaurador dei Períí [...]/ Considerando
história do Brasil também com base em que para promover la navegación por
documentos dos países vizinhos. O texto vapor en el rio de Amazonas y sus con­
que melhor ilustra esse método é intitulado fluentes es necesario proporcionar fac­
“Brasileiros”. Lança-se ali um olhar sobre ilidades y ventajas que indemnicen a los
o Brasil, em particular sobre a Amazônia empresários... /Decreta: 1 ° Se concede al
brasileira, do lado de fora: a partir da ex­ ciudadano brasileno D. Antonio Marcelino
ploração e ocupação peruana do oriente, Pereira Ribeiro el privilegio exclusivo de
ou seja, da selva, que constitui uma parte navegar por buquês de vapor em el rio
considerável do território do país vizinho. Amazonas, en la parte que corresponde
O método histórico comparativo é descrito al Peru y todos sus afluentes... / 3.° Los
por Euclides nestes termos: buquês de vapor llevarón el pabellón
brasileno... [...] Lima, a 6 de Julio de
“[À] medida que se rastreia a marcha 184r (cit. PP, p. 85).
peruana para o levante, exposta em [...]
regulamentos, em decretos, em circulares e Um segundo aspecto da “Luta” de que
em ofícios [...], observa-se nas referências tratam os ensaios amazônicos de Euclides
[...] ao elemento brasileiro, o intercurso de — e que se prolonga até os dias atuais — diz
uma outra avançada obscura, mas vigorosa, respeito às condições de vida dos traba­
e contrapondo-se-lhe numa expansão tão lhadores, tanto dos seringueiros quanto dos
enérgica para o ocidente, que com os seus caucheiros, e ao problema correlato da pro­
efeitos [...] se restauraria todo um capítulo priedade da terra. Já que o Rio Purus é des­
da nossa história, que se perdeu ou se fracio- crito por Euclides, com base nas estatísticas
nou [...], para ressurgir agora, esparso em da exportação de borracha, castanhas, óleo
fragmentos surpreendentes, nas entrelinhas de copaíba, pirarucu, salsaparrilha, como “o
da história de outro povo” (PP, p. 86). mais rico entre os rios daAmazônia” (PP, p.
161), cabe a pergunta: quem usufrui dessa
Fica muito claro, à luz dessa observação, riqueza? O ensaísta esclarece:
que a história do povoamento tanto peruano
quanto brasileiro na Amazônia restaria in­ “Apropriedade mal distribuída [...] reduz-
completa sem os documentos que se encon­ se economicamente nas mãos de um número
tram, de forma fragmentária, “nas entrelinhas restrito de possuidores. O rude sertanejo é
da história” do país vizinho. A meta proposta duramente explorado, vivendo despeado do
pelo nosso autor é uma história comparada pedaço de terras em que pisa longos anos
e dialogada dos povos. Nela estaria presente [...] [é reduzido] nos pontos mais remotos,
toda a gama de sentimentos e imagens de um a um quase servo, à mercê do império dis­
em relação ao outro, desde a visão hostil até cricionário dos patrões” (PP, p. 164).
a disposição para a colaboração. Essa idéia
pode ser ilustrada através de duas passagens O ambiente do trabalhador é caracteri­
constrastivas, em que “o brasileiro” é citado zado em termos que sugerem o inferno:
em documentos peruanos: “paraíso diabólico dos seringais” (PP, p.

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35), ”diat61ia gcomí Iria requerida p-la 1...], pre «ente que nunca m ai & se livrará
di vi sdodos di TeTen les lote s” (P P. p. 21 3). A dae mirada que o enlata |. ..J./A as­
lopz>gra6a concreta de um seringa] é apre- sombraiora |... ] s6 o largaquando. e^ tintai
senfczda pelo enfoque do recorte territorial iodas as ilusdres, es folhadas uma a uma
típico: a ”es liada”, que "resume os mais ledas as e sp:ranças. queda- se-lte um dia.
■/ariadosaspe:tosdascciedade |...] atarra­ inerte, num daqueles lenlâzulos. o corpr»
cadaá margem daquele sgrandes rios”{PP, repugnante de um esmafeilado, caindo no
p. 213). Adelaltadadescrição do procedi- absoluto abandono'* {PP. pp. 214-5).
m enlo dcatertu.Tadas"e atraias'' de sembca
num quadro sccial simtobzadopela Ggura A tsiyaAa e o polvo sáo as imagens
de um animal que enlata e asE/tia e scolliidas pste e scri lor para dar uma idéia
mais conerela do que aguarda o trabalha­
** I E] slradado lodo o Ieneno. |... 1 comple- dor naquelas "paragens e^ubeianles das
lamenle Tepartido o seringal, |... ] se *^em hévease dascaslillcas”: a"mais chminosa
as tareazase as eslTadasque as envolvem, organização do trabalho”. É a "tTemenda
con torcidas á maneira de lenláculrsde um anomalia'1 "|d}:> tomem que trataita para
polvo desmesuTado. / É a imagem mons- e scra*/i zar-se'* {P P, p. 36). O Tuncionamen O
Iruosae expressiva da scciedaie torturada do regime de 45cyavidÁ&* il usIraiode lalha-
q ue moure]anaquelasparagem s. O cearense m ente ps1o au. loratravés de um mecanismo
avenluToso ali chega numa desapDderada de contas, em que o trataitador. desde o
ansiedade de fortuna; |...] ergue a zatana início. 6zaenredaionum am altade dívidas,
1. ..1 numaclareiTaque amaaameaçadora di spsslade tal maneiraque nuncacon segue
conslringe, e longe do tanazáo sentotal literlar-se — além de não ler direito a ne-

Mapa c&trt

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152 ÍEKSTA USf. 3<x> rvAd p. lífo-133, 2<X>5


nhuma propriedade. nem da lçna que de c enviando-o, rio abaixo, como Tecado
trabalha nem da ca» eur que mora. 4,á humanidade longínqua”, o seringueiro
Euolidei vâo apenai denuncia a e/.is- “vinga-se de ii meimo” e‘'deiarTonla-ieda
lËnciada escraviddo, mas lambîrn propre Traque ram oral que lhe parle o i impe 1oi da
oredidai conen: La^ para a melboria dai rebeldia” <PP.p. 7?). Keise breve leiloei ti
condiçôei doi iTatalbadore i: ‘‘uma lei de o es senciai da vi ido de história de Euclidei.
trabalho”, “ umaj ui l»pa que cerceie o i de i- Concebendo a hiilóriacomo “hiikSria doi
urandoi”, ‘'utna Torma do komestead que sofrimento i” (cP Benjamin, I9E4, p. I BB),
coniorcie |o Vomem 1 à terra” {^^.p. JB). ele re trata o‘'marlÍTÍo” doi “condenado ida
Ai palavTai do inlele: tuai Te Torçam o Tena”<cr. Fanon, 1961).
iurdo pToleilo doi e ipoliado i. Tegiittado O que o au.lorde Um Paraíso Perdido
no le^lo antológico “Judai Ahivemi”. Ali tem em comum com aqueleieipoliadoié o
Euclides rarraconro ”no sabadode aleluia impe O '/invador. ‘’Procurarei vingara Kilce
oí sering ueiroi do al lo Pu.ru.i deiforram-ie maravilhosa de Iodai ai brutalidade i dai
de ieui diai triilei”, de uma vida que é gentes adoidadai que a urazulanr desde o
utna ‘infcroiinâvel viala-Terra da Pui;<ào” s£i ulo X V| | P' — aüim ele apre ienlou o pro­
{PP.p. 76). AconTecçàoda 6gu.Tado Judai jeto do livro quando Talou dele pelaprimeira
é. para o ieringueiro, um ritual de auto- ver. O pano de Tundo geTal dai miniaturai
puniçào. Ele quer ‘'punir-ie da ambiçáo históricas 1ceais de Euclides é a história do
□raidi Laque o condu ri u aquele i 1 ugare i” e povcamenlodaAmarônia-pelos rcraslerroi,
o Ter “enlre^alrJ-Mi manialado e escTavo, sendoosubslraloinicial e permanente de iia
aoi traficanlei que o iludem” (PP. p. 77). oc upaçdo a escravÍ7jiçdoe o extermínio dos
4,Eicu.lpi|ndol o maldito à iua imagem” indígenas <cf. PP, pp. 67-B. 7J-5).

£/y4\Tr<f/srt*<y/> 4+
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scá&xkz, 2005

las Piedras

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X'í^ ‘^ai>^K-Madre de Dios
ESC: 1 .ÏLÏ.CQJ 13°Q0'S 69a00'W

fcVteTAUSf, ó£> t'v.'i: r p. 14>1J$. jvrWo^*** 2005 153


QUADRO SINÓPTICO DOS ESCRITOS AMAZÔNICOS DE EUCLIDES DA CUNHA

[# 01 ] "Fronteira Sul do Amazonas: Questão de Limites". 0 Estado de S. Paulo,


14/11/1898.

[# 02] "Conflito Inevitável". O Estado de S. Paulo, 14/5/1904.

[# 03] "Contra os Caucheiros". O Estado de S. Paulo, 22/5/1904.

[# 04] "Entre o Madeira e o Javari". O Estado de S. Paulo, 29/5/1904.

[# 05] "Os Trabalhos da Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus" (entrevista).


Jornal do Commercio, Manaus, 29/10/1905.

[# 06] Relatório da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus,


Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1906. Inclui o [#07].

[# 07] Notas Complementares. Incluído em [# 06].

[# 08] "Relatório Confidencial ao Barão do Rio Branco". Publicado apenas em 1968, por
Leandro Tocantins, in Euclides da Cunha e o Paraíso Perdido.

[# 09] Peru versus Bolívia. 1907.

[# 10] Contrastes e Confrontos. 1907. Apenas dois artigos deste livro tratam da Amazônia:
[# 10A] e [# 10B],

[# 10A] "Contrastes e Confrontos". Artigo-título de [# 10].

[# 10B] "Solidariedade Sul-americana". Incluído em [#10].

[# 11 ] "Um Clima Caluniado", in À Margem da História, 1909.

[#12] "Rios em Abandono", in À Margem da História, 1909.

[#13] "A Transacreana", in À Margem da História, 1909.

[#14] "Os Caucheiros", in À Margem da História, 1909.

[#15] "'Brasileiros'", in À Margem da História, 1909.

[#16] "Judas-Ahsverus", in À Margem da História, 1909.

[#17] "Entre os Seringais", revista Kosmos, Rio de Janeiro, 1906.

[# 18] "0 Inferno Verde". Preâmbulo ao livro homônimo de Alberto Rangel, 1907.

[# 19] "Amazônia: a Gestação de um Mundo". Parte do discurso de posse, proferido por


Euclides na Academia Brasileira de Letras, em 18/12/1906.

[#20] "Impressões Gerais". Introdução ao livro À Margem da História, 1909.


À narrativa linear-fluvial e à historio­ de Um Paraíso Perdido procura organizar os
grafia espacial-territorial que foram nossos fragmentos de uma historiados sofrimentos
conceitos-guia, na parte final deste ensaio, da Amazônia.
devemos acrescentar uma terceira forma, Como vimos, ao longo deste percurso pela
que encontramos em ambas: o fragmento. obra inacabada de Euclides, trata-se de uma
Com seu modo de trabalhar preferencial- historiografia ao mesmo tempo destrutiva e
mente com pedaços da hi stória—o cotidi ano construtiva. O símile desse tipo de escrever
de seringueiros e caucheiros, mas também é apresentado através de uma antropomor-
excertos de ilustres exploradores, viajantes, fização do Rio Amazonas, à qual se misturam
cientistas, fundadores de cidades, num alguns traços autobiográficos. Atribuindo
painel que visa uma compreensão holística “faculdades criadoras” a esse rio (PP, p.
da história — Euclides, ao mesmo tempo 31), o escritor o observa em plena atividade
em que se põe a construir um ambicioso de trabalho: “destruindo e construindo,
acervo bibliográfico sobre a Amazônia, reconstruindo e [...] apagando [...] — com
introduz também um elemento de ruptura. a ânsia, com a tortura, com o exaspero de
Como alternativa para a historiografia dos monstruoso artista incontentável a retocar,
vencedores, que pretendem narrar a história a refazer e a recomeçar perpetuamente um
“assim como ela de fato se passou”, o autor quadro indefinido...” (PP, p. 32).

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