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Laura Filomena Santos de Araújo1

Janderléia Valéria Dolina1


Elen Petean1
Cleciene dos Anjos Musquim1
Roseney Bellato1
Grasiele Cristina Lucietto1

Research Diary and its


potential in qualitative health |Diário de pesquisa e suas
research potencialidades na pesquisa
qualitativa em saúde

ABSTRACT| Introduction: The RESUMO| Introdução: O diário de pesquisa é uma tecnologia na pesquisa
“Research Diary” is a technology in health qualitativa em saúde, cuja finalidade se mostra não apenas o registro das estraté-
qualitative research that aims not only to
register the methodological strategies employed gias metodológicas empregadas na condução do processo de pesquisar em saú-
in the conduction of the process of search de, mas também se constitui em um modo de compreender o objeto de estudo
but also constitutes in a way of study in its em suas múltiplas dimensões. Objetivo: Descrever o uso e a potencialidade do
multiple dimensions. Objective: To describe
the use and potentiality of Research Diary, emprego do diário de pesquisa na pesquisa qualitativa em saúde, tomando-o
taking it as technology in investigative practice. como uma tecnologia na prática investigativa. Métodos: Análise documental,
Methods: Research of documentary that realizada com base no acervo de uma pesquisa, contendo registro de discussões,
used a collection’s research, containing record of
desenhos, diagramas e sínteses teórico-metodológicas como corpus de análise
discussions, drawings, diagrams and theoretical-
methodological summaries, as corpus analysis for para discussão sobre o potencial de uso do diário de pesquisa. Resultados:
discussion on the potential use of diary research. Evidenciou-se que o diário de pesquisa é uma importante tecnologia de registro
Results: It was demonstrated that the research e memória dos acontecimentos e da riqueza da pesquisa, tomando forma à me-
diary is an important technology record and
memory of events and the wealth of research, dida que esta é realizada. Ele demonstra, por meio de uma descrição meticulosa,
taking shape as it is performed. It demonstrates, o “estado da arte” em que a pesquisa se encontra, tornando-se o seu “retrato”,
through a meticulous description of the “state ou seja, expressa os caminhos percorridos na pesquisa desde o desenho inicial
of art” that the research is, becoming its
“portrait”, in other words, this express the até a finalização. O diário de pesquisa também é utilizado como material pe-
paths taken since its initial design through the dagógico, cujo potencial é explorado na formação permanente em pesquisa.
end. The research diary is also used as teaching Auxilia os alunos a refletirem sobre questões vivenciadas na prática de pesquisa.
material in order to explore its potential in
Conclusão: O diário de pesquisa foi utilizado como estratégia metodológica e
ongoing training in research. It helps students to
reflect on issues experienced in research practice. pedagógica, pela qual os pesquisadores puderam descrever suas experiências na
Conclusion: The research diary was used investigação, propiciando uma ferramenta para aprendizagem, valorizando os
as pedagogical and methodological strategy, in saberes e trocas entre os pesquisadores e o pensamento crítico.
which the researchers were able to describe their
experiences in research, providing a space for Palavras-chave| Pesquisa Qualitativa; Pesquisa em Enfermagem; Pesquisa Me-
learning, valuing the knowledge and exchanges
between researchers and critical thinking.
todológica em Enfermagem.

Keywords| Qualitative Research; Nursing


Research; Nursing Methodology Research.

Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá/MT, Brasil.


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Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 15(3): 53-61, jul-set, 2013 |53
Diário de pesquisa e suas potencialidades na pesquisa qualitativa em saúde | Araújo et al.

Introdução| um esforço para compreendê-las. Isso nos tem possibilitado


apreender, de maneira ampliada, o contexto de vida desses su-
Neste estudo, apresentamos a concepção e uso do “diário jeitos e sua experiência de adoecimento e cuidado à saúde, em
de pesquisa” como uma tecnologia em pesquisa qualitativa suas diferentes dimensões. O diário também é utilizado para
em saúde. Sua finalidade se mostra não apenas o registro retratar os procedimentos de análise do material empírico, as
das estratégias metodológicas empregadas na condução do reflexões dos pesquisadores e as decisões na condução da pes-
processo de pesquisar em saúde, mas também se constitui quisa; portanto ele evidencia os acontecimentos em pesquisa
em um modo de compreender o objeto de estudo em suas do delineamento inicial de cada estudo ao seu término.
múltiplas dimensões e inter-relações.
Com essa abordagem para a constituição e emprego do di-
Para tanto, partimos da perspectiva do “diário de campo”1, ário de pesquisa, entendemos ser possível ampliar as defini-
amplamente empregado nas pesquisas em saúde como ca- ções encontradas na literatura que utilizam o termo “diário
derno de notas em que o pesquisador registra as conver- de campo” como referência às anotações de observação “em
sas informais, observações do comportamento durante as que o investigador, dia por dia, vai anotando o que observa e
falas, manifestações dos interlocutores quanto aos vários que não é objeto de nenhuma modalidade de entrevista”1:295.
pontos investigados e ainda suas impressões pessoais, que Ainda há abordagens que postulam que o diário de pesquisa,
podem modificar-se com o decorrer do tempo. Estudos em “na maioria das vezes, é considerado como uma forma de
saúde que empregam a pesquisa qualitativa buscam abarcar agenda de tarefas, como um caderno de observações”5:98.
a intensidade e não apenas a extensão do fenômeno estu-
dado2. Distinguem-se também pela flexibilidade em seu de- Vale ressaltar também que, usualmente, os livros de pesqui-
senvolvimento, pela construção progressiva do objeto que sa qualitativa em saúde, ao trazerem a descrição das estraté-
se pretende investigar e pela abertura para o mundo empí- gias metodológicas que podem ser empregadas em estudos
rico, nele abarcando objetos complexos3. Em tais estudos, desse campo, detalham seus usos e finalidades, porém não
o emprego do diário de campo tem mostrado suas poten- apresentam como os pesquisadores vivem suas experiên-
cialidades, inclusive na análise do objeto de investigação1. cias e dificuldades nesse processo4. A respeito desse aspec-
to, tomamos o pensamento de Bourdieu6:19 que mostra a
No entanto, com intuito de ampliar o uso do diário de campo necessidade de explicitar:
para uma tecnologia de pesquisa qualitativa em saúde, pro-
pomos o diário de pesquisa, que vem sendo, paulatinamente, [...]como se processa realmente o trabalho em pes-
aprimorado em sua concepção, construção e modos de uti- quisa [tornando possível] fazer uma ideia do que se
lização em estudos desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa passa na intimidade do “laboratório” ou, mais mo-
“Enfermagem, Saúde e Cidadania” (GPESC), vinculado à destamente, da oficina - no sentido do artífice ou
Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato do pintor do Quattrocento: com todas as hesitações,
Grosso (FAEN/UFMT). Atuando em torno de pesquisas todos os embaraços, todas as renúncias, etc.
matriciais, o Grupo desenvolve estudos com pessoas e famí-
lias que vivenciam o adoecimento crônico, buscando aproxi- Desse modo, a partir da experiência de sua concepção e
mar-se de suas experiências para apreender seus afetamentos emprego em pesquisa matricial na área da saúde e enfer-
e modos de cuidar. Para compreender essas experiências, tem magem, desenvolvida pelo GPESC no período de 2009 a
empregado diversas abordagens metodológicas, dentre elas 2012, nosso objetivo, neste estudo, foi descrever os usos
a História de Vida, que se operacionaliza pela Entrevista em e as potencialidades do emprego do diário de pesquisa
Profundidade e Observação4. em pesquisa qualitativa em saúde, tomando-o como uma
tecnologia na prática investigativa.
No modo de concepção e condução dos estudos que com-
põem essas pesquisas matriciais, o emprego do diário de pes-
quisa pelos pesquisadores permite seu aprimoramento, evi-
denciando sua potencialidade como estratégia metodológica Métodos|
em pesquisa qualitativa em saúde. Assim, o diário tem sido
empregado como modo de apresentação, descrição e ordena- Trata-se de um estudo qualitativo, conformando-se
ção das vivências e narrativas dos sujeitos do estudo e como como pesquisa documental, que se utiliza de documen-

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tos como material empírico, tendo-se em conta todo da pesquisa e demonstração do “estado da arte”; a forma
escrito, manuscrito ou impresso, os quais são conside- de registro que permite uma aproximação da vivência dos
rados memória, sendo uma fonte valiosa do testemunho sujeitos; o movimento de composição; o aprofundamento
de uma atividade particular7. da história de vida; a flexibilidade; o passo a passo a ser
registrado e pensado pelo pesquisador; a intencionalidade
Tomamos como objeto de nossa investigação o diário de e não neutralidade.
pesquisa, considerando-o como uma tecnologia para a
prática de pesquisa qualitativa em saúde e evidenciando Tais unidades foram reagrupadas no esforço de identifi-
suas potencialidades. cação dos elementos internos e do sentido e coerência de
cada uma. Assim, explicitamos três categorias que discu-
Para compor o material de análise deste estudo, acessamos timos na análise: “A riqueza do processo de pesquisar em
o banco de dados da pesquisa matricial “A instituição ju- saúde e a necessidade do diário de pesquisa”; “Trabalho
rídica como mediadora na efetivação do direito pátrio em coletivo em pesquisa e seu registro no diário”; “O diário
saúde: análise de itinerários terapêuticos de usuários/famí- de pesquisa e o registro dos acontecimentos”.
lias no SUS/MT”, aqui nominada como pesquisa DITSUS.
Trata-se de pesquisa atual, em desenvolvimento no âmbi- Este estudo tem o respaldo ético vinculado à pesquisa matri-
to do GPESC desde 2009, na qual o diário de pesquisa cial com aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa do Hos-
é amplamente empregado pelos pesquisadores, tendo sido pital Universitário Júlio Müller sob o nº. 671/CEP-HUJM/09.
aperfeiçoado ao longo de duas pesquisas matriciais anterio-
res. Assim, o banco de dados da pesquisa DITSUS contém
a experiência mais aprimorada e recente do uso do diário
de campo como tecnologia na prática investigativa, com Resultados / Discussões|
elementos suficientes para suprir o nosso objeto de estudo.
Para dar a conhecer ao leitor a amplitude, complexidade
Tal banco de dados é um acervo qualitativo composto por e movimento do processo de investigação sobre o qual
coleções de dados e informações de experiências de ado- nos debruçamos, faremos a explicitação, no decorrer das
ecimento e cuidado de pessoas e famílias – devidamente categorias a seguir, do modo de concepção do estudo e
compilados nos diários de pesquisa. Contém também as da recolha e compreensão dos dados da pesquisa que nos
respectivas imagens fílmicas e fotográficas e os documen- serviu de base para a análise que aqui fazemos. Também
tos éticos e legais de cada estudo. o modo de organização do trabalho coletivo dos pesqui-
sadores é tanto elemento de explicitação de um modo de
Nosso corpus de análise é composto por parte do acervo conformar a pesquisa quanto de análise do uso do diário
desse banco, na forma de desenhos e diagramas analisado- de pesquisa. Assim, esperamos deixar claro que o próprio
res, assim como por sínteses teórico-metodológicas pro- modo de conceber a pesquisa e de colocá-la em movi-
venientes de diversos estudos que compõem a pesquisa mento nos direcionou para a concepção do diário de pes-
matricial, e de rodas de discussão entre os pesquisadores, quisa como uma tecnologia da prática investigativa.
cujo registro deu-se em meio virtual. O material oriundo
dessas rodas de discussão foi compilado e disponibilizado
pela coordenação da pesquisa DITSUS. Contém 49 pá-
ginas digitadas em arquivo Word, fonte Times New Roman, A riqueza do processo de pesquisar em saúde e a neces-
tamanho 12, espaço 1,5, correspondendo ao período de sidade do diário de pesquisa
março de 2009 (início da pesquisa matricial) a maio de
2012 (data de realização do presente estudo). Estudos da pesquisa matricial em foco abordam experi-
ências de cuidado e adoecimento de pessoas e famílias e
Para o procedimento de análise, foi realizada a leitura cri- privilegiam a perspectiva destas, entendendo que o adoe-
teriosa desse corpus, evidenciando as unidades de signifi- cimento não se reduz à doença. Desta vivência cotidiana,
cado, destacando-as em diferentes cores no próprio texto. importam-se os sentidos e significados, especialmente os
Da análise emergiram as seguintes unidades: o conteúdo diferentes modos de cuidar relatados8. O cotidiano é a di-
do diário de pesquisa; o diário de pesquisa como retrato mensão na qual fluem os muitos acontecimentos da vida,

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dentre eles, o adoecimento, percebido em modos diversos uma conversa com intencionalidade, pois é direcionada por
de experienciar o bem e o mal-estar, irrompendo o cur- meio do encadeamento paulatino dado à história pela pessoa
so normal da vida em intensidades e durações variáveis. que a narra bem como pelas escolhas do pesquisador por
Também é a dimensão na qual o cuidado próprio, e dos certos fios narrativos, à medida de seu esforço compreensivo
outros, é continuamente produzido, à medida das possi- empreendido na sucessão dos encontros de entrevista.
bilidades de si mesmo e dos que fazem parte de suas teias
de relações familiares e sociais. Ainda como estratégia em pesquisa, indissociável da entre-
vista, é empregada a Observação de Campo, pois o contar
Na pesquisa matricial, são eleitas algumas abordagens me- uma história tem, em si, modos de expressão que extra-
todológicas que possibilitam a aproximação aos sujeitos polam a fala como unidade de enunciado sobre algo, mar-
de pesquisa, numa escuta atenta de suas histórias e um cando modos de dizer – a oralidade em suas fases e mo-
interesse legítimo por seus contextos cotidianos de vida. dulações bem como a diversidade de linguajar – corporal,
Dentre essas abordagens, a História de Vida4 possibilita gestual, afetivo. Tais modos de expressão se ligam, por sua
compreender o modo de as pessoas contarem vivências, vez, a contextos variáveis nos quais o dito acontece, isso
num esforço de rememoração do experienciado. tudo configurando narrativas. É necessário destacar que a
história narrada situa-se em contextos próprios de vida e
Há que se atentar que o narrado, não sendo propriamente cuidado, aos quais a observação de campo confere relevo.
o vivido, tem a riqueza da elaboração interpretativa da-
quilo que se rememora. E, sendo a narrativa de vida o Os encontros de entrevista podem ser gravados e/ou filma-
material essencial da pesquisa, há que se entender que ela dos, de maneira a manter registros do trabalho de campo e
não se produz de “chofre”, mas, sim, por elaboração que possibilitar seu detalhamento posterior. Esse procedimento
requer paciência. Ademais, sempre fugidia, a memória é a amplia sua descrição, dado os limites da capacidade humana
motriz de resgate de fios narrativos, ou seja, fios da meada de percepção e rememoração de cenas e cenários complexos,
da vida interpretada no presente - o que nos faz reféns tais como os vivenciados nos encontros de pesquisa.
de algumas de suas armadilhas, inclusive o esquecimento.
Em síntese, a narrativa de vida é compreendida como uma
Por ser a memória (in)certa a sua maneira, tais fios narrati- elaboração laboriosa do entrevistado e do pesquisador, ca-
vos são tecidos em movimentos espirais, pois seguem outra denciada por seus ritmos próprios, o que determina, em certa
lógica que não o desenrolar cronológico-linear dos acon- medida, os tempos e ritmos do próprio trabalho em pesquisa.
tecimentos. No rememorar, as experiências de cuidado e
adoecimento são reportadas em conexão a muitos outros A pesquisa, em sua elaboração inicial que se aproxima mais de
acontecimentos da vida cotidiana, num processo integrati- um esboço, conforma-se à medida de seu desenvolvimento,
vo destes. As narrativas ancoram-se nos sentidos conferidos gradual e paulatinamente aprofundado, o que requer flexibi-
pelas pessoas às muitas experiências vividas, sendo de inten- lidade em sua condução de modo a comportar redireciona-
sidades variáveis e próprias, o que confere certa relevância mentos de curso. Assim sendo, o pesquisador pode embre-
a determinados eventos da vida de cada pessoa. Assim, as nhar-se em certos fios da meada da história contada sempre
narrativas seguem lógicas próprias e vinculadas àquilo que, que considerar relevante para melhor compreensão do objeto
de certo modo, tocou e impregnou a memória afetiva. estudado. Reforça-se, com isso, a vida como uma experiência
em aberto e a pesquisa como elaboração e esforço compreen-
No encontro entre pesquisador e entrevistado, é necessário sivo dos seus sentidos. Decorre, desse movimento, a riqueza
construir disposições de “um para com o outro” do modo do processo de pesquisar em saúde e, então, a necessidade de
mais cuidadoso e harmônico possível, pois é do desejo de con- seu registro cuidadoso e detalhado no diário de pesquisa.
tar e de ouvir que nasce a narrativa. Assim, esse encontro é
processo de elaboração, tal como a rememoração do vivido.

A narrativa só é possível de realizar-se por meio de um con- Trabalho coletivo em pesquisa e seu registro no diário
vite, de maneira que as pessoas possam falar livremente; des-
se entendimento, a Entrevista em Profundidade é a estratégia O trabalho na pesquisa matricial foco deste estudo é com-
privilegiada de pesquisa4. Tal entrevista conforma-se como posto por temáticas agregadoras das quais derivam diver-

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sos planos de estudo. A equipe é composta por docentes A estrutura física do diário de pesquisa comporta uma
pesquisadoras, mestrandos, enfermeiros, mestres e alunos parte inicial identificadora da pesquisa matricial, acom-
de graduação em enfermagem, organizados em grupos de panhada da explicitação de seus usos ao longo do traba-
trabalho. Cada grupo agrega, em geral, uma dissertação de lho de campo, nos termos:
mestrado e dois ou mais planos de iniciação científica e/ou
trabalho de conclusão de curso. O mestrando é coorienta- Destina-se ao registro de Observação e de Entrevista. Nele
dor dos alunos de graduação. o pesquisador anota elementos relacionados àquilo que ou-
viu, viu e experienciou no processo de trabalho de campo em
O desenvolvimento de cada plano de estudo é, dessa for- pesquisa. Logo após o registro do trabalho de campo devem
ma, compartilhado no âmbito do grupo de trabalho e da ser ressaltados os Núcleos de Sentido, na coluna “primeira
pesquisa matricial, estimulando a partilha de experiências, leitura e pré-análise”, por meio de: palavras-chave, tópicos,
dúvidas e decisões. Esse modo de conduzir o trabalho cole- foco, frases empregados pelo entrevistado, e que parecem dar
tivo favorece diferentes olhares na modelagem dos percur- um “tom” à sua narrativa, e elementos-chave da observação.
sos da pesquisa e valorização do seu rigor metodológico, O diário de pesquisa deve ser preenchido durante e/ou após
de modo que cada membro perceba-se corresponsável pela cada entrada em campo (Notas do acervo).
sua condução e produção de resultados. Assim, a partir de
um esboço temático inicial e com base em uma propos- Segue-se um campo de identificação dos membros do
ta metodológica direcionadora, a pesquisa desenvolve-se, grupo de trabalho, guardando, assim, a memória auto-
adquirindo contornos e especificidades em cada grupo de ral. Tal campo identifica também a condição crônica em
trabalho, sem perder de foco as diretrizes matriciais: foco e a data de realização dos encontros de pesquisa,
especificando a duração de cada um.
“[...] Como numa pintura, onde o autor traceja a lápis os pri-
meiros contornos da obra, mas que, ao pôr cor e tinta, alguns O próximo campo de identificação é o do(s) entrevista-
traços mudam seu contorno e ganham nova expressão sem, con- do(s), descrevendo nome, data e local de nascimento (ci-
tudo, mudar a obra como um todo” (Notas do acervo). dade e estado), escolaridade, profissão, endereço comple-
to, incluindo telefone para contato. Além disso, consta um
O trabalho coletivo acima descrito é registrado no diário de campo de identificação institucional com:
pesquisa detalhadamente por cada um dos membros da pes-
quisa, dando a conhecer a percepção individual da experi- Instituição de saúde onde o usuário é, atualmente, atendido;
ência de pesquisar. O diário conforma-se como importante área de adscrição de saúde da família - (base territorial da
instrumento metodológico, cujos usos, segundo as etapas unidade básica de saúde); instituição onde o usuário/família
formais de coleta, organização e interpretação de dados são demandou a garantia do direito à saúde: e motivo principal da
apresentados a seguir, iniciando-se por sua descrição física. demanda segundo usuário (Notas do acervo).

O diário utilizado pela pesquisa matricial que embasa este Após a parte identificadora, a estrutura física do diário de
estudo foi elaborado no formato Microsoft Office Word e, pesquisa volta-se aos registros produzidos ao longo do tra-
após sua utilização inicial, foi sendo remodelado naqui- balho de campo, acrescidos gradualmente, à medida de seu
lo que se mostrou necessário para facilitar seu emprego desenvolvimento. Nessa parte, o primeiro campo refere-se ao
como memória da pesquisa. detalhamento dos:

Um único diário é empregado por cada grupo de tra- “DADOS FAMILIARES [registrado com essa ênfa-
balho, no qual todos os membros registram suas per- se no instrumento]: (Relacionar todas as pessoas que mo-
cepções, visto que estes se envolvem com a experiência ram na mesma casa); especificando grau de parentesco, nome,
de cuidado e adoecimento de uma mesma pessoa e sua estado civil, escolaridade e profissão” (Notas do acervo).
família. Ao abarcar a experiência familiar, também são
registradas e transcritas diferentes narrativas e observa- Inclui também um espaço para a construção dos desenhos
ções dos sujeitos, o que exige apontamentos minuciosos do genograma e ecomapa da família. O campo seguinte é
das diferentes fontes de dados bem como das diversas para os registros de observação explicitando os elementos
autorias em sua produção. importantes a serem observados e relatados:

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PESSOAS [palavra registrada com essa ênfase no tes estilos de registro evidenciassem uma linguagem livre
instrumento]: pessoas presentes, aparência, interações e aberta, valorizando a capacidade e sensibilidade singu-
nos encontros sociais, estilos e trechos de conversas, silên- lar. O registro produzido por cada um dos membros do
cios, linguagens corporais (postura e respostas emocionais, grupo é muito “próprio”, ao mesmo tempo que mantém
expressões, desconforto, olhares, fala e tom de voz, gestos); sentidos que se comunicam com os outros relatos, o que
LUGARES: descrição do ambiente, contexto, objetos demonstra a dinamicidade do trabalho coletivo.
que tenham chamado a atenção, disposições dos mesmos;
ACONTECIMENTOS: entrada no campo, situações Reafirma-se a intencionalidade na construção da pesqui-
vivenciadas, interrupções no trabalho de campo, situações sa, considerando que cada pessoa possui uma experiên-
constrangedoras no momento do encontro, problemas com cia de vida e subsídios teóricos únicos; e espera-se que o
os equipamentos utilizados no campo; INSIGHTS DO trabalho em pesquisa possua a singularidade de valorizar
PESQUISADOR: forma com que o pesquisador percebeu a criatividade de cada integrante, sendo que “a marca
a acolhida pelo entrevistado, idéias preliminares, estratégias, da criatividade é nossa ‘grife’ ou seja, nossa experiência,
reflexões teórico-metodológicas (Notas do acervo). intuição, capacidade de comunicação e indagação em
qualquer trabalho de investigação”9:16.
Cada registro de observação é, então, feito num espaço
determinado composto por três partes, sendo uma para Depreende-se que a intencionalidade é direcionadora
identificação do trabalho de campo, constando dados de dos rumos da pesquisa, desde o seu ponto de partida,
identificação da equipe que realizou o trabalho de campo, quando se define o objeto, até a finalização do estudo.
data, início e término do encontro, nome do entrevistado Concordamos que a consciência é intencional e pessoal,
e local. Abaixo desse campo, há duas colunas, uma para pois o momento em que se direciona para um objeto se
o próprio registro de observação e outra, à direita, para o dá a partir da própria vivência do pesquisador7-10.
registro dos insights e pré-análise pelos pesquisadores.
Nessa perspectiva, na pesquisa qualitativa em saúde, a
O último campo do diário de pesquisa é destinado à transcri- neutralidade do pesquisador não existe, pois há necessi-
ção da entrevista gravada e explicita ser necessário: dade de um envolvimento entre entrevistador e entrevis-
tado como condição de aprofundamento de uma relação
“Destacar em cores diferentes as falas do entrevistador e do(s) intersubjetiva1. Para a mesma autora
entrevistado(s) para facilitar a análise” (Notas do acervo).
A inter-relação no ato da entrevista, que contem-
Cada registro de transcrição é acompanhado por identi- pla o afetivo, o existencial, o contexto do dia a dia,
ficação similar à realizada para observação, dele também as experiências e a linguagem do senso comum é
constando o número da transcrição. condição sine qua non do êxito da pesquisa quali-
tativa1:267.
A estruturação do diário de pesquisa, com registro deta-
lhado, teve como base a experiência acumulada no âmbito
do grupo de pesquisa, à qual se vincula a pesquisa matri-
cial que emprega o diário, sendo relatado originalmente O diário de pesquisa e o registro dos acontecimentos
por autores que dela fizeram parte4.
O diário de pesquisa comporta ainda a descrição metó-
A estrutura física do diário de pesquisa orienta a um re- dica do direcionamento da investigação, que toma forma
gistro detalhado do processo de pesquisar, mas não so- à medida que é realizada. Ao admitir-se que a pesquisa
mente. O seu uso criterioso tem se mostrado importante pode sofrer alterações no seu desenvolvimento, tal regis-
instrumento pedagógico e de memória da pesquisa. tro permite rememorar e resgatar o caminho percorrido
e aprimorar as estratégias metodológicas do estudo:
Como já explicitado, cada integrante do grupo de traba-
lho registra suas vivências e seus percursos no processo “As mudanças não alteram o rumo da pesquisa, mas
de pesquisar, compartilhando-os num mesmo diário. Esse mudam o desenho inicial e esse movimento deve ser re-
modo de composição se fez por opção de que os diferen- gistrado nos diários de campo” (Notas do acervo).

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Assim, os diferentes temas de pesquisa ganham contor- vestigadores a capacidade de transpor para palavras a ex-
nos peculiares, ao longo do acontecer do trabalho de cam- periência real observada, e não somente o modelo teórico
po, permitindo ampliações do traçado inicial e aprofunda- explicativo12. De nossa parte, entendemos que preservar
mentos analíticos próprios. essas características no processo de transcrição permite
ancorar melhor a rememoração do encontro, tal como foi,
Valoriza-se no registro dos acontecimentos da pesquisa: a e aproximá-la mais aos sentidos das experiências dos su-
organização para entrada, manutenção e saída do campo; jeitos em suas interpretações.
as situações vivenciadas pelos pesquisadores no campo; e
o(s) (re)direcionamento(s) do trabalho em cada situação, No acervo analisado, evidenciamos a importância da fi-
tais como interrupções temporárias, situações constran- dedignidade no processo de transcrição da narrativa e
gedoras em encontros com os sujeitos, problemas com os corroboramos que os pesquisadores devem se esforçar
equipamentos utilizados, dentre outros. em reencontrar, no transcrito, as “vozes do real”, permi-
tindo que se mostrem seus eixos de força, sendo isso im-
Cada encontro de entrevista é seguido por sua transcrição, portante para conformação de seus estudos. O que pode
acrescida dos registros de observação de cada integran- ser traduzido como transpor a singularidade da situação
te do grupo. A transcrição das narrativas é considerada e alcançar os elementos que direcionam a elaboração da
um importante momento de aproximação dos sentidos dimensão social que se apresenta12.
da experiência do outro, seja em decorrência da escuta
atenta a cada frase, seja no esforço de sua transcrição para A análise e interpretação em pesquisa ocorrem ao longo
a linguagem escrita. O autor aponta que transcrever as do trabalho de campo, visto que, no transcorrer de cada
narrativas das pessoas não é tarefa fácil, pois algumas ex- encontro, são produzidos os registros de observação e
pressões são utilizadas somente na linguagem oral11. transcritas as narrativas em concomitância à elaboração
das compreensões preliminares. Assim, destaca-se o fato
Para nós, a tentativa de superar os limites da escrita, fazendo de que não há períodos estanques na pesquisa.
descrição minuciosa daquilo que foi narrado e como foi nar-
rado, configura-se como modo importante de impregnação Ao eleger a História de Vida como abordagem metodoló-
dos dados pelo pesquisador. Assim considerada, orienta-se gica de experiências de adoecimento e cuidado, é interes-
que a transcrição seja realizada logo após cada encontro e, sante salientar que o pesquisador inicia atribuindo certa
preferencialmente, pelo pesquisador principal, que se preo- conformação temporal ao que foi narrado pelo sujeito a
cupa em ser fidedigno ao que foi narrado, conforme descrito: cada encontro, já que este, ao “contar a sua história”, o faz
sem se deter na cronologia dos acontecimentos, seguindo
Ao trabalhar com narrativas do outro, elegemos transcre- o que seu rememorar lhe permite:
vê-las o mais fielmente possível, pois há de se considerar
que o trabalho de “decodificação” da fala do outro pode [...] para realizar a compreensão o pesquisador vai dando outra
“empobrecer” e desqualificar sua narrativa e seus modos conformação a essas lembranças narradas, dentro de uma lógica
de se expressar – que nos revelam muitos dos sentidos e que ele extrai do conjunto das narrativas, mas que segue outro
sentimento das pessoas (Notas do acervo). caminhar, próprio do seu estudo e das escolhas que fez para
“dar relevo” às experiências narradas (Notas do acervo).
No processo de transcrição, procura-se conferir relevo à
linguagem, de modo que haja uma relação estreita com a O direcionamento de cada estudo se evidencia, portanto,
narrativa de cada sujeito do estudo, em seus diferentes rit- desde o trabalho de reordenamento das narrativas que com-
mos, timbres e entonações de fala e nas diversas emoções põem a experiência de adoecimento e cuidado de famílias.
que acompanham cada “contar de história”.
No procedimento de análise, cada integrante do grupo de
A autora afirma que no processo de transcrição de entre- trabalho, em conformidade com seu plano de trabalho e ob-
vista é necessário manter e considerar algumas caracte- jeto de estudo, empreende o esforço de atribuir certos rele-
rísticas importantes para a compreensão das narrativas, vos à história narrada. Disso decorre eleger para o próximo
tais como momentos de silêncio, monossílabos, frases encontro de entrevista: o que se mostra mais propício apro-
incompletas, etc. O processo de transcrição exige dos in- fundar na perspectiva de seu estudo; elementos e aspectos da

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Diário de pesquisa e suas potencialidades na pesquisa qualitativa em saúde | Araújo et al.

história que precisam ser mais bem compreendidos; inclusão “criados a partir da compreensão das experiências das pessoas e
de sujeitos de pesquisa que se mostrem significantes na vi- famílias, como é o caso do genograma, do ecomapa e da trajetó-
vência da pessoa adoecida e de sua família. ria de busca por cuidado” (Notas do acervo).

Evidenciada a riqueza das histórias de vida, não existe o Esses desenhos possibilitam analisar as facilidades, difi-
anseio pelos pesquisadores de explorar todo o material de culdades e limitações encontradas pelas pessoas e famílias
campo em um único estudo; mas, sim, conferir aprofun- durante a busca por cuidado de saúde, no que se refere ao
damento em alguns aspectos das narrativas considerados acesso aos serviços de saúde e àquilo que foi ofertado por
relevantes, como se destacou no trecho: estes como resposta à necessidade de cuidado8, configu-
rando-se, assim, como importantes ferramentas organiza-
Assim, diferente de outros estudos/grupos que procuram “ti- doras, sintetizadoras e analisadoras dos dados.
rar” do material de campo toda “seiva” possível, “espremendo
os dados”, nós vamos fazendo escolhas daquilo que se apresenta Os desenhos são construídos de modo processual, se-
como mais promissor para compor com o que já estamos produ- guindo o aprofundamento das histórias de vida; os de
zindo, de modo que o “conjunto da obra” dos estudos dentro da trajetória espacial e temporal permitem compreender os
pesquisa possa dar um salto na produção do conhecimento que caminhos empreendidos pela pessoa e família na busca
até então estava posto (Notas do acervo). por cuidados, os rearranjos e as redes tecidas para tal,
bem como retratar as necessidades de saúde na perspec-
Essa compreensão possibilita que o pesquisador não se tiva de quem adoece e busca o cuidado4. O genograma
prenda à quantidade de dados que deve analisar, mas, sim, representa a família consanguínea e/ou de parentesco e/
que procure dar profundidade àquilo que elegeu como eixos ou afetividade, possibilitando compreender as relações
de sentido; e essas escolhas são registradas no diário de pes- familiares, a qualidade de seus vínculos e seus núcleos
quisa. O direcionamento do material de campo decorre de cuidadores13. O ecomapa evidencia os recursos dispo-
reflexão “sobre e com” o vivido. Reafirmamos, desse modo, níveis e acessados pela família e, assim como no geno-
a não neutralidade do pesquisador no processo de pesquisar, grama, aponta a qualidade de seus vínculos e relações.
já que, ao refletir sobre os sentidos atribuídos à experiência Dessa forma, os desenhos são úteis para a compreensão
da pessoa e de sua família, imprime-se sua intencionalidade, da vivência das pessoas adoecidas e suas famílias.
conferindo relevo ao que considerou importante para com-
preender certas dimensões do seu objeto de estudo:

[...] seria impossível explorar em único estudo toda riqueza Conclusões|


dessa vivência [...] elegemos “apenas” dois eixos que se mos-
tram no momento, bastante interessante para explorarmos. O diário de pesquisa foi utilizado como uma tecnologia na
Não por serem “os mais significativos na vida dessas pessoas” prática da pesquisa em saúde, através da qual os pesquisa-
(quem somos nós para instituir prioridades na vivência dos dores puderam descrever suas experiências na investigação,
outros), mas são aqueles que nos permitem, neste momento, incluindo a apropriação das estratégias metodológicas; os
avançar alguns questionamentos que temos levantado no gru- movimentos; as dúvidas e inquietações; as reações ao modo
po de pesquisa [...] (Notas do acervo). de acolhida pelos entrevistados; os insights, ideias prelimi-
nares em relação ao objeto; e reflexões teóricas suscitadas
Considera-se que haja, na análise realizada por cada integran- pela base empírica em análise. Ele demonstra, por meio
te da pesquisa, um esforço de elaboração para conferir certos de uma descrição meticulosa, o “estado da arte” em que a
relevos à história de vida dos sujeitos, visando interpretações pesquisa se encontra, tornando-se o seu “retrato”, ou seja,
constitutivas do conhecimento em saúde. expressa os caminhos percorridos na pesquisa desde o de-
senho inicial até o desenvolvimento final.
Na pesquisa matricial em estudo são construídos dese-
nhos sintetizadores e analíticos do itinerário terapêutico8, O diário de pesquisa também foi utilizado como ma-
produtos das interpretações das experiências de adoeci- terial pedagógico, de modo a ter explorados seus po-
mento e busca por cuidado das pessoas e famílias. Tais tenciais na formação permanente em pesquisa, tanto na
desenhos compõem o diário de pesquisa e são: graduação como na pós-graduação. Ele auxilia os alunos

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a refletirem sobre questões com as quais se depararam 6 – Bordieu P. O poder simbólico. 15 ed. Rio de Janeiro:
na prática de pesquisa, propiciando um “lugar” para Bertrand Brasil; 2011.
aprendizagem, valorizando os saberes e trocas entre os
pesquisadores e o pensamento crítico. 7 - Cellard A. A análise documental. In: Poupart J, De-
slauriers J-P, Groulx L-H, Laperrièrs A, Mayer R, Pires
A constituição e revista do banco de dados da pesquisa AP. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e
matricial estão contempladas no “Termo de Consenti- metodológicos. Petrópolis: Vozes; 2008. p. 295-316.
mento Livre e Esclarecido” (TCLE), que é assinado pe-
los entrevistados, e ainda são consideradas na apreciação 8 - Costa ALRC, Figueiredo DLB, Medeiros LHL, Mattos
pelo Comitê de Ética em Pesquisa, garantindo, assim, o M, Maruyama SAT. O percurso na construção dos itinerá-
respaldo ético-legal para sua prática. Tal acesso ao diário rios terapêuticos de famílias e redes para o cuidado. In: Pi-
de pesquisa permite que outros pesquisadores possam ex- nheiro R, Martins PH. Avaliação em saúde na perspectiva
plorar novos temas e objetos, a partir do material empíri- do usuário: abordagem multicêntrica. Rio de Janeiro: CE-
co em sua forma original, que, pelo seu modo detalhado PESC/ IMS-UERJ; Recife: Editora Universitária UFPE;
de elaboração, possibilita a aproximação com o campo São Paulo: ABRASCO; 2009. p. 195-202.
empírico no qual a pesquisa se deu. Contudo é necessário
considerar que o trabalho de campo, realizado com dada 9 - Minayo MCS, Deslandes SF, Gomes R. Pesquisa social:
intencionalidade, está impregnado de certo direcionamen- teoria, método e criatividade. 28 ed. Petrópolis: Vozes; 2009.
to, que pode induzir o olhar de outros pesquisadores que
o utilizarem como acervo para seus estudos. 10 - Triviños ANS. Introdução à pesquisa em ciências sociais:
a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas; 2008.
11 - Fernandes ME. História de vida: dos desafios de sua
utilização. Rev Hospitalidade. 2010; 2(1):15-31.
Referências|
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2 - Demo P. Pesquisa e informação qualitativa: aportes Itinerário terapêutico de idosa em sofrimento psíquico e
metodológicos. 3 ed. Campinas: Papirus; 2006. família. Ciênc Cuid Saúde. 2011; 10(2):274-83.

3 - Pires AP. Sobre algumas questões epistemológicas Correspondência para/Reprint request to:
de uma metodologia geral para as ciências sociais. In: Laura Filomena Santos de Araújo
Poupart J, Deslauriers J-P, Groulx L-H, Laperrièrs A, Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Mato Grosso
Mayer R, Pires AP. A pesquisa qualitativa: enfoques epis- Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367
temológicos e metodológicos. Petrópolis: Vozes; 2008. Bairro Boa Esperança - Cuiabá - MG
p. 43-94. Cep.: 78060-900.
Tel.: (65)9621-1968
4 - Bellato R, Araújo LFS, Faria APS, Santos EJF, Castro E-mail: laurafil1@yahoo.com.br.
P, Souza SPS, et al. A história de vida focal e suas poten-
cialidades na pesquisa em saúde e em enfermagem. Rev Recebido em: 18-12-2012
Eletrônica Enferm [Internet]. 2008 [citado 2012 abr 20]; Aceito em 27-6-2013
10(3):849-56. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/re-
vista/v10/n3/pdf/v10n3a32.pdf

5 - Lima TCS, Mioto RCT, Dal Prá KR. A documenta-


ção no cotidiano da intervenção dos assistentes sociais:
algumas considerações acerca do diário de campo. Texto
e Contexto Enferm. 2007; 6(1):93-104.

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