Resumo
(*)
Engenheiro Eletricista formado pelo Universidade de São Paulo, com especialização em
Qualidade Industrial e Gestão de Empresas pela Unicamp.
Trabalha na Rhodia – Conjunto Químico de Paulínia (SP) desde 1989. Foi responsável pelo
Departamento de Manutenção Elétrica ( 94 à 97 ), onde participou como multiplicador dos
seguintes programas:
• Qualidade Total – Processo Rhodia de Excelência ( PRHOEX ),
• I.F.P - Polivalência Operacional ( Manutenção-Produção )
• RCM - Manutenção Centrada em Confiabilidade.
Desde 1997, atua como Coordenador de Engenharia da Rhodia – Atividade Orgânica Fina
América Latina, responsável pelas áreas de manutenção e projetos nos sites de Paulínia e
Santo André.
É membro do Comitê Técnico ( SP ) e do Conselho Deliberativo da Abraman.
1
1 - Introdução
Temos observado nas últimas duas décadas uma evolução bastante significativa nos
conceitos de manutenção.
Todas essas mudanças tem impulsionado uma série de alterações no modo de pensar e
agir dos gerentes de manutenção, no sentido de desenvolver novos métodos de trabalho,
que permitam construir equipamentos e instalações mais confiáveis e performantes.
Esta técnica pode ser aplicada à equipamentos ou sistemas, tanto na fase de projeto
como de operação, identificando de maneira estruturada os pontos frágeis dos mesmos.
Além disso, pode-se analisar diversos tipos de falhas, tais como: erros humanos, falhas
intrínsecas e de modo comum.
Para que esta técnica possa ser aplicada com eficiência, algumas terminologias e
conceitos devem estar perfeitamente entendidos.
2
No exemplo que descrevemos à seguir foram adotadas as seguintes definições:
b) Indisponibilidade
Probabilidade de um sistema, equipamento ou componente falhar no momento em que
for solicitado.
c) Falha
Condição em que determinado equipamento ou sistema não consegue cumprir a missão
para o qual foi designado.
d) Taxa de Falha
Quantidade de falhas num período de tempo ou ciclos determinados.
Evento Topo
Evento Básico
Corte
Corte Mínimo
Monitorados
Testados
Modo Comum
Erros Humanos
Probabilidade
Esta é uma etapa fundamental para o sucesso do trabalho, pois os limites e as fronteiras
tem que estar perfeitamente definidas e em conformidade com o objetivo do estudo.
O esquema unifilar da figura 1 mostra o ramal analisado e sua interface com o restante
do sistema.
CPFL
o o
CH1010 CH1014
o o
DJ1010 DJ1012
SUBESTAÇÃO SUL
o o
CH1012 CH1016
o o
SEG 1010
138 KV - 60 Hz
o o CH1020
o CH1022
CH1018
o o o
DJ1014 TR1010
12.5/15 MVA TR1012
138/69 KV 12.5/15 MVA
138/69 KV
TR1014
15/18.75 MVA
DJ2012 DJ2014
138 - 3.8 KV
o Cabo BZ0149
o CH2012 oCH2014
o
DJ2010
o SEG 2010
5
3.1.3. - Construção da Árvore das Falhas
Cada um desses eventos possui uma descrição e um código que permite fazer uma
classificação dos mesmos de acordo com o tipo de falha em questão. (erro humano,
monitorados, testados, probabilidade e falha modo comum).
A figura 2 à seguir mostra uma parte da árvore com os seus respectivos eventos de falha.
+
IndBa14A
DJ4012Abrt FEnDDJ4012
6
Curto Circuito
Monofásico no Cabo
BZ-0150 e Falha da
Proteção
+
PORT183
+
B1__Z0150E PORT184
+ + + + +
FV52D4014P PORT185 FJTCD4014E PORT186 PORT187
Falha Mecânica na Falha Elétrica no Falha Intriseca do Erro Humano na Falha Intriseca Falta de
Trava do Circuito de Rele 50/51 N em Calibração do Rele de Tensão de
Disjuntor DJ-4014 Desligamento DJ- Não Atuar Bloqueio Comando do
(Não Abre) 4014 Rele Bloqueio
7
3.1.4. - Equações Matemáticas e Dados de Entrada
Para cada tipo de evento são associadas equações matemáticas que permitirão uma
análise quantitativa da Árvore.
À partir desta fase, passamos a atribuir valores às variáveis das equações relativos à
cada evento de falha.
Na maioria das vezes, temos dificuldade em saber qual a taxa de falha de determinado
equipamento, simplesmente devido a inexistência dos dados.
A qualidade do resultado final do estudo será função da qualidade dos dados adotados
para cada um dos eventos.
8
Probabilidade: Valor = “prob”
Testado: Valor = 1 - (1/(lambda * teta)) * (1 - exp. (-lambda * teta)) + (t - teste/teta) + lambda * tau
Tabela de Referência
Ref 1 = IEEE std 500, 1977 Ref 4 = Rejmond, 1982
Ref 2 = IEEE std 500, 1984 Ref 5 = Eneida, Vol 1, 1991
Ref 3 = Estimativa Rhodia Ref 6 = Histórico Rhodia
Figura 4 - Tabela de Dados e Referências
9
3.1.5. - Resultados dos Cálculos
Desta forma é possível saber a contribuição de cada falha para a ocorrência do evento
topo e determinar os cortes mínimos de 1ª ordem, ou seja, aqueles eventos que sozinhos,
levam a ocorrência do evento topo. Do mesmo modo, pode-se determinar a ordem de
todos os cortes da árvore.
10
4 - Análise dos Resultados
No estudo em questão foram identificados e quantificados 284 eventos de falha
distribuídos conforme mostra na figura 7.
100
80
60
40
20
0
Monit or ados T est ados Er r o Hum ano Pr obabilidade Modo Com um
Eventos
A indisponibilidade calculada para o seguimento de barra SEG 4216 foi de 5.6 horas /
ano, distribuídas conforme mostrado na figura 8 (a, b, c).
11
I n di sp o n i bi l i da de
Curto Circuito SEG-4 2 1 6
25,8%
M anutenção
50,4%
Fr equ ên ci a Ev en t o s
Curto Circuito SEG-4 2 1 6 Manutenção
0,46%
0,33%
Erro Humano
0,63%
Co r t es M í n i m o s
Pr i m ei r a O r dem
Erro Humano
49,4%
Outros 50,6%
Outro s 0,6%
Operaç ã o 42,1%
M anute nç ão 57,3%
12
Figura 8 c - Cortes Mínimos - Primeira Ordem
Para cada um dos fatores que contribuem para a indisponibilidade total, é possível
separar e analisar quais são os tipos de eventos que o compõem.
I n di sp o n i bi l i da de - Er r o H u m a n o SEG-4 2 1 6
Manutenção 50,4%
I n di sp o n i bi l i da de - Cu r t o Ci r cu i t o
SEG-4 2 1 6
Manutenção 50,4%
Após a realização deste estudo em 1993, foi elaborado um plano de melhoria para
reduzir o valor de indisponibilidade calculada. Essas melhorias foram realizadas em
etapas, pois muitas delas exigiam investimentos financeiros que por uma decisão da
empresa foram escalonados em alguns anos. Apesar disso, uma série de ações foram
realizadas à curto prazo, principalmente aquelas relativas à procedimentos de
manutenção e de operação do sistema.
Como resultado dessas ações a indisponibilidade desse sistema, tem sido menor que a
esperada, conforme mostrado na figura 10.
14
I n di spon i bi li dade H or as
SEG-4 2 1 6
20
15
10
0
93 94 95 96
Nº Horas
5 - Conclusão
A aplicação da metodologia FTA nos permitiu analisar em detalhes o sistema elétrico
estudado, identificando e quantificando as falhas possíveis e para cada uma delas,
definindo ações que pudessem diminuir o probabilidade de ocorrência e minimizar as
suas conseqüências.
Um fato que chamou a atenção durante os trabalhos foi a quantidade de erros humanos
identificados, tanto em relação à operação quanto à manutenção (Figura 8b).
Isso foi importante pois, apesar da indisponibilidade gerada em cada evento ser
relativamente pequena (normalmente o tempo de reparo é rápido), a frequência com que
estes eventos podem ocorrer é muito elevada. Em contra partida, a maioria destas falhas
podem ser facilmente reduzidas ou eliminadas com a utilização de procedimentos,
treinamentos mais adequados e interfaces homem-máquinas mais eficientes.
6 - Referência Bibliografica
Manual FTW
IEEE Std 500 - 1977
IEEE Std 500- 1984
Rijmond, 1982
Eireida, Vol 1, October 1991
Apostila Curso de Confiabilidade
Dados Históricos de Falhas e Tempo de Reparo de Equipamentos da UQP
16