Anteprojeto de pesquisa
1. INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização 03
1.2 Justificativa
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2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral 14
2.2 Objetivos Específicos
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3. METODOLOGIA 15
4. CRONOGRAMA 18
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19
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FÓRUM POPULAR: ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DA PARTICIPAÇÃO
POPULAR E DO CONTROLE SOCIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO
DE FORTALEZA.
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
problema reconhecido por todos os cientistas sociais, em especial, por aqueles que apóiam as
lutas das classes populares. Em termos concretos, o processo de mobilização popular voltado
construção e controle das políticas públicas, nunca foi bem visto pelas forças políticas
detentoras do poder.
do século XIX, as lutas em defesa do direito à participação das classes populares na construção
voltadas para a reivindicação de bens, serviços e direitos sociopolíticos, negados pelo regime
política, após a saída dos militares do poder, ocorre a transferência do campo de atuação dos
movimentos sociais do seio da sociedade civil para o campo político. (GOHN, 2004).
A entrada em cena de novos atores sociais, representados por grupos organizados que
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governamentais (Ongs), na perda paulatina do poder de atuação dos movimentos sociais,
da sociedade civil deixa de ser um eixo estruturante fundamental para a construção de uma
decisiva dos movimentos sociais de caráter popular trouxe para o centro do debate a discussão
sobre a saúde como direito de cidadania, de caráter universal e garantido pelo Estado.
conceito ampliado como resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda,
meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso
Este cenário de ampla atuação dos movimentos sociais forneceu a base política
a partir da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), política pública que inscreveu o direito à
saúde como componente essencial para o exercício da cidadania plena. Em termos concretos,
entretanto, a noção de cidadania ‘regulada’ deu o tom para o estabelecimento das políticas
sociais no Brasil e, dentre estas, das políticas de saúde. (RONCALLI, 2003, P.30).
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A garantia de efetiva participação política das classes populares no controle das
sociedade não será transformada apenas com a participação no plano local, micro, mas, ao
sociedade. De que é exatamente no plano local, mais precisamente no espaço do território, que
região; mas, além disso, é no local onde ocorrem as experiências, ele é a fonte do que vem a ser
designado capital social, ou seja, “aquele que nasce e se alimenta da solidariedade como valor
humano”. A compreensão que o local gera capital social quando gera autoconfiança nos
indivíduos de uma localidade, para que superem suas dificuldades. Além disso, que o capital
social cria, junto com a solidariedade, coesão social, forças emancipatórias, fontes para
postos de saúde etc., mas que este não é um dado apriorístico, necessita ser organizado,
“adensado em função de objetivos que respeitem as culturas e diversidades locais, que criem
invés de formas públicas de pressão. No Brasil, a partir da segunda metade da década de 1980,
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Através desses canais participatórios, se apresentavam pública e formalmente as demandas dos
políticas e ações de saúde. No entanto, a experiência concreta mostra que participação popular
exige, além destes constructos institucionalizados, a garantia da livre atuação dos sujeitos
prioridades, da decisão pela mudança, enfim pressupõe a participação concreta dos sujeitos na
Secretaria de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com composição,
Seguridade Social, propiciando seu controle social. O Conselho de Saúde atua na formulação e
proposição de estratégias e no controle da execução das Políticas de Saúde, inclusive, nos seus
as diretrizes para o processo de gestão participativa das políticas de saúde no Brasil devendo
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públicas, mas de fortalecimento das ações de participação popular e de gestão compartilhada
Além dos conselhos e conferências de saúde, são incluídos como práticas e mecanismos
gestão, tais como conselhos gestores, mesas de negociação, direção colegiada, câmaras
setoriais e comitês técnicos, entre outros; a pratica intersetorial por meio de relações entre
entre diferentes instituições e setores que atuam na produção social da saúde e os mecanismos
promover uma rede de participação social de alta capilaridade. Neste sentido, em 2005, o
saúde, princípio basilar do SUS, bem como, a transformação do ideário de gestão participativa
participação popular aparece em textos oficiais, ao lado de sua frágil normatização, tende a
torná-la, como conseqüência, algo centralizado nas mãos dos técnicos e na burocracia
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governamental”. Obviamente, tal contexto interessa a diversos setores voltados para a
manutenção do status quo, incluídos aí, desde setores governamentais, mesmo aqueles
interesses dos diversos segmentos sociais. Implica, também, no âmbito das agências públicas,
vida e o controle desse processo pela sociedade civil organizada e pelos cidadãos” (VALLA,
2009).
Neste contexto, está claro, que o processo de efetivação da participação popular nos
objetivem a participação política livre de sujeitos capazes de pensar e agir de forma autônoma
ou, dotados de “autonomias possíveis”. A participação popular, neste contexto, “significa uma
força social imprescindível para fazer sair do papel as conquistas e impulsionar as mudanças”
(VALLA, 1998).
Tal situação reafirma a necessidade de arranjos outros, além dos garantidos por lei para
que se concretize a efetiva participação popular; neste sentido diversas situações e momentos
podem ser criados, enquanto dispositivos de participação, como rodas de conversa, reuniões e
apesar de concretamente, ter o usuário do sistema de saúde como sujeito central e em vários
políticas do setor, visa articular este processo, à discussão sobre a construção da emancipação e
protagonismo das classes populares. Para tal fim, considera-se que há participação quando o
envolvido tomar parte no processo de decisão política, ou seja, quando atua como sujeito e
O distanciamento das classes populares dos centros de decisão política pode estar
atuação dos movimentos sociais de base popular. Entretanto, pode estar também associada à
formular políticas públicas de impacto sobre sua realidade social ou mesmo à percepção do
2000).
Esta participação dos cidadãos se realiza através de sua presença no espaço público pela
autodeterminação de sua liberdade o que pressupõe justamente discussão, enquanto troca livre
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e igualitária de argumentos, e escolha, ou seja, uma reflexividade e uma criatividade coletivas.
Por esta razão a democracia implica a liberdade de associação e expressão que torna possível
às demandas sociais chegarem à vida pública enquanto espaço social de deliberação e decisão.
É por esta razão que na democracia a opinião pública ocupa um lugar central e é
precisamente neste sentido que se pode dizer que nela deve haver primazia da sociedade civil
sobre o Estado. Assim, a democracia dificilmente pode efetivar-se quando as pessoas não têm
vontade de exercer alguma forma o poder e de se fazer ouvir e ser parte integrante das decisões
que dizem respeito às suas vidas. As diferentes formas de associação e organização vigentes na
isolado frente à sociedade como um todo e frente ao Estado. Assim, uma das primeiras tarefas
de uma democracia deve ser a busca de instituições que garantam que as deliberações sobre a
configuração da vida coletiva possam efetivar-se de forma adequada aos diferentes contextos
reflexão sobre a realidade local, seus problemas e potencialidades a partir da práxis dos atores
de “autonomias possíveis”.
como espaço coletivo que aponta para a constituição de sujeitos com capacidade de análise e
intervenção na realidade concreta. Representou como visto adiante, o primeiro passo no sentido
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1.2 JUSTIFICATIVA
maneira mais efetiva. Para cobrir 100% desse contingente, seria necessário o trabalho de 460
2009)
crítico desta estruturação dos serviços. A Estratégia de Saúde da Família se caracteriza por ter
bairros Boa Vista e Castelão, este processo de inserção apresentou dificuldades relacionadas à
curativista. A necessidade de ampliação das ações de promoção e prevenção ainda hoje é pauta
de calorosas discussões na roda de co-gestão da unidade, e mostra que ainda estamos tentando
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Percebi pelos contatos realizados com alguns atores locais que a comunidade não se
sentia representada nos processos decisórios locais, o conselho local de saúde apresentava
um Fórum de Saúde com o intuito de se levantar problemas e propostas a serem levadas aos
Popular local das comunidades dos bairros Boa Vista e Castelão, envolvendo trabalhadores e
contexto social e político. Em meados de 2009, realizamos o II Fórum Popular, mas desta vez,
primeiro evento.
O Fórum Popular das comunidades Boa Vista e Castelão atua como um dispositivo de
participação comunitária cujo objetivo principal é deflagrar o processo de análise coletiva dos
Além de garantir aos participantes a atuação política, em seu estrito sentido, ou seja,
dramático do potencial democrático que a modernidade trazia no seu projeto inicial”, sendo,
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portanto “necessário reinventar esse potencial, o que pressupõe inaugurar dispositivos
primeiras casas, as primeiras famílias, as freqüentes enchentes do rio Cocó, a luta pela posse da
a origem de sua gente, os aspectos culturais locais marcantes e o surgimento dos espaços
sociais locais.
principais potencialidades locais, as situações que poderiam ser enfrentadas pela ação direta da
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2. OBJETIVOS
sistematização do processo;
município de Fortaleza;
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3. METODOLOGIA
foi dispositivo criado pelo médico Ivar Oddone e sua equipe na Itália (1978-1982) e
patrimônios (saberes e valores) que existem no trabalho com as disciplinas acadêmicas. Essa
articulação, segundo Oddone (1986), sempre foi muito incipiente, evidenciando uma
parte dos pesquisadores com relação ao trabalho realizado em situações específicas, quanto por
perspectiva, passar pelo conhecimento dos próprios trabalhadores que será então confrontado
estratégias que constituirão um programa de formação de diversos atores locais que inclui
várias etapas, de forma que cada uma delas prepara as condições necessárias para o
das discussões, e que destacamos aqui por razões metodológicas será o Fórum Popular que terá
dos problemas e potencialidades locais pelo grupo de trabalho do Fórum e fortalecer o caráter
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objetivo: transformar a realidade e produzir conhecimentos relativos a essas transformações.
(BARBIER, 2004).
de ser um observador externo dos acontecimentos e passa a fazer parte ativa deles”.
O registro dos dados será impresso no diário de campo que será utilizado como uma das
Como técnica de coleta de dados, lançarei mão das técnicas do circulo de cultura
popular construído a partir de “o seu fazer no mundo”, é reconhecida a cultura dos excluídos,
que pressupõe a existência de uma cultura dominante. Esta última, por sua vez determina
valores e atitudes exteriores aos sentidos construídos por sua história, prática e vida. Assim
previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa
informal. Segundo BONI e QUAREMA (2005), esse tipo de entrevista é muito utilizado
quando se deseja delimitar o volume das informações, obtendo assim um direcionamento maior
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Através da entrevista buscar-se-á coletar dados objetivos e subjetivos, segundo Lakatos
duas pessoas em que uma delas vai passar informações para a outra.
Ampliada de Pesquisa.
Puglisi e Franco, trabalha tradicionalmente com materiais textuais escritos. Há dois tipos de
textos: textos que são construídos no processo de pesquisa, tais como transcrições de entrevista
e protocolos de observação; textos que já foram produzidos para outra finalidade quaisquer,
mensagem, mas deve ser considerado as condições contextuais de seus produtores e assenta-se
na concepção crítica e dinâmica da linguagem” (PUGLISI; FRANCO, 2005, p. 13). Deve ser
considerado, não apenas a semântica da língua, mas também a interpretação do sentido que um
O momento final da pesquisa será a apresentação da análise dos dados para o conjunto
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4. CRONOGRAMA
Ética
Julho a Agosto de 2011 Planejamento e realização do Fórum
Popular
Setembro de 2011 Planejamento e estruturação da
Fórum Popular)
Outubro a dezembro de 2011 Reuniões da CAP e realização de
entrevistas individuais
Janeiro a março de 2012 Reuniões da CAP para sistematização e
análise final
Abril a Julho de 2012 Produção e defesa da dissertação
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBIER, René. Pesquisa-ação. Tradução de Lucie Didio. Brasília: Líber livro editora; 2004.
18
BARROS, Maria Elizabeth Barros de; OLIVEIRA, Sonia Pinto de. Construindo formas de
co-gestão do trabalho docente – as comunidades ampliadas de pesquisa como estratégia
privilegiada. Acesso em 10 de janeiro de 2009 a partir de
http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt03/t0312.pdf.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº.
8.142, de 28 de dezembro de 1990. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8142.htm > Acesso em 06/01/2009.
19
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 7ª edição. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1982.
PUGLISI, M.L.; FRANCO, B. Análise de conteúdo. 2. ed. Brasília: Líber Livro, 2005.
VALLA, Victor Vincent. Controle social ou controle público? In: De Seta, Marismary Horsth;
Pepe, Vera Lucia Edais; Oliveira, Gisele OïDwyer de. Gestão e vigilância sanitária: modos
atuais do pensar e fazer. Rio de Janeiro, Fiocruz, 2006. p..49-59.
________. Sobre participação popular: uma questão de perspectiva. Cad. Saúde Pública, Rio
de Janeiro, 14(Sup. 2): 7-18, 1998.
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