2013
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE - UFAC
CENTRO DE EDUCAÇÃO E LETRAS
CAMPUS FLORESTA – CRUZEIRO DO SUL
FORMAÇÃO DOCENTE PARA INDÍGENAS
ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES
2013
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ALDENOR RODRIGUES DA SILVA KAXINAWA
Banca Examinadora
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Profa. Dra. Andréa Martini
_________________________________
Professora Dra. Marta Dias de Moraes
_________________________________
José Osair Sales, notório saber
CRUZEIRO DO SUL – AC
2013
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AGRADECIMENTOS
Aos familiares, em especial aos meus pais Yube Dua Bake Getúlio Rodrigues da Silva
Kaxinawa e Ibãtsai Inani Bake Maria Albertina Kaxinawa que me ensinaram a viver
nos dois mundos. O mundo de conhecimentos Huni Kuĩ e o mundo de outros
conhecimentos que nos cercavam como ameaça.
Aos meus parentes do lado paterno e do lado materno e ao meu povo, tanto os que
vivem em outras Terras Indígenas acreanas como no Peru.
Terri Vale de Aquino (Txai Terri), Nietta Lindemberg Monte, Vera Olinda Paiva,
Marcelo Piedrafita, Maria Luiza Ochoa (Malu), Aldir Santos de Paula, Marilda
Cavalcanti, Kleber Matos Gesteira, Marcia Spyer, Solange Albuquerque de Souza,
Maria Aldenora dos Santos, Manoel Estébio Cavalcante da Cunha, Enock Pessoa e
Andréa Martini.
Yunu são todos os legumes que temos na Terra Indígena Kaxinawa da Praia do
Carapaná, no estado do Acre, Brasil. Antigamente, Huni Kuĩ fazia roçado no mês de
abril e maio. É a época das frutas nativas como hunû ou arueiro. E manã yukã ou araçá;
uma goiaba da terra firme. Isso em língua huni kuĩ que se chama hatxa kui e português.
O tempo, para nós Huni Kui, o nosso calendário, se baseia nos costumes de animais da
floresta como pássaros, floração e frutificação de frutas nativas e na experiência dos
sapos.
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Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 7
FEIJÃO ................................................................................................................................... 11
MANI ...................................................................................................................................... 15
ATSA ...................................................................................................................................... 17
PUA ......................................................................................................................................... 20
TAMA ..................................................................................................................................... 21
CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 24
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................... 25
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INTRODUÇÃO
Breve história da Terra Indígena Kaxinawa da Praia do Carapanã.
Limita-se com Igarapé Mina e São Joaquim, no lado direito de quem vai subindo
à montante. Já do lado esquerdo são os Igarapés Apuanã e Chico Luiz que fazem a
divisão. Cada comunidade tem sua área de refúgio e também pontos de vigilância.
Dentro do Igarapé Minas, São Joaquim e num afluente do Igarapé Apuanã, conhecido
como Igarapé Carnaúba. A vegetação está preservada. Temos várias palheiras ou
palmeiras importantes para a alimentação e com variados usos como buriti, açaí, patoá,
bacaba, paxiubão, cocão, jarina, taboca, coco jaci, coco ouricuri, dentre outras espécies
vegetais importantes para subsistência do povo Huni Kuî.
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época das frutas nativas como hunû ou arueiro. E manã yukã ou araçá; uma goiaba da
terra firme. Usamos a língua huni kuĩ que se chama hatxa kui e também o português. O
tempo, para nós Huni Kui, o nosso calendário se baseia nos costumes de animais da
floresta como pássaros, na floração e frutificação de frutas nativas e na experiência dos
sapos. Assim, o roçado era chamado de hunũ bai ou manã yukã. Há informações em
diversos autores (CASTELO BRANCO, 1950; AQUINO & IGLESIAS, 1994;
IGLESIAS, 2010).
Os indígenas antigos, eles não tocavam fogo nessa época. Derrubavam sem
queimar e plantavam com espeque; um toco de pau. Em agosto, madura o milho e
debulha. Após colher o milho, brocavam, desbastavam novamente os brolhos ou brotos
e aí sim, tocavam fogo no mês de agosto ou setembro. E em setembro, colocavam novo
roçado nesse mesmo local após a queima. Hoje, o povo Huni Kuĩ acompanha o
calendário do mundo ocidental. Iniciamos plantando no mês de maio ou junho e
tocamos fogo no mês de agosto ou setembro.
Desde sempre, em nossa história pregressa até o tempo de hoje, nós Huni Kuĩ
temos bastante cuidado com a floresta. Não é sem motivo que está preservada. Para
fazermos um roçado na mata bruta ou virgem, nos ajuntamos em dois ou três
companheiros. Procuramos então, um lugar que não prejudique os igarapés e suas
cabeceiras ou nascentes, áreas de palmeirais ou plantas medicinais.
É certo que algumas poucas vezes, nós não podemos nos livrar de derrubar uma
madeira. Mas, as madeiras derrubadas que têm boa durabilidade e as palheiras, usamos
na construção de casa de farinha, paiol e casa de morada. Para produzir na agricultura
usamos diversos ambientes como mata bruta, capoeira, várzea e a areia da praia do rio.
Através do roçado é possível trabalhar variados conhecimentos relacionados às ciências
naturais, sociais e artes.
A melhor terra para plantio é considerada a terra fofa preta e misturada com
areia. Os principais legumes para comercialização são milho, inhame (cará), amendoim,
banana, pupunha, feijão, melancia, jerimum. Também comercializamos goma e farinha,
macaxeira, milho, arroz, banana, cana, mamão que se dão bem em plantios
consorciados. Ou seja, quando a combinação das espécies cultivadas beneficiam-se
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umas às outras, como no consórcio milho, macaxeira, banana, cana. Quando se trata de
um produto agrícola para comercialização ou venda, se costuma plantar o roçado em
separado. Para que a variedade de espécies não atrase a produção exclusiva para venda.
Costumamos plantar nos seguintes ambientes: terra firme, baixo, várzea e praia
do rio. Várzea serve para plantar banana, feijão e milho. Amendoim, jerimum e
melancia planta-se na praia do rio. Na terra firme e no baixo plantam-se legumes que
têm resistência como macaxeira, milho, inhame (cará), abacaxi, abacate, pupunha,
laranja, tangerina, pimenta. Para uma descrição de categorias locais de paisagem,
ambientes e geomorfologia no Alto Juruá, ver ROIG & MARTINI, 2002;
EMPERAIRE, 2002; FRANCO, ALMEIDA, et alli, 2002; KAXINAWA, 2006.
Os roçados são uma atividade comemorativa para todas as famílias Huni Kui. Na
broca, derruba ou derrubada, colheita e plantio, envolvem-se todas as famílias de uma
comunidade. Já no início do ano, o responsável pelo trabalho comunica seu interesse ao
representante local. O representante se reúne com toda a comunidade e faz seus planos
entre homens e mulheres. Huni Kui nunca trabalha dividido. Pode ser na broca de
roçado, derruba, plantio, colheitas de legumes, pescarias, nas caçadas ou mesmo, na
hora das refeições.
No trabalho masculino são envolvidos adultos e crianças. Huni Kuĩ com oito
anos de idade já vai praticando o trabalho, juntamente com seus pais. Crianças e jovens,
acompanhando os pais no trabalho de roçado, ganham o apelido de bombeiro porque ele
busca água para o trabalhador. Assim, ele vai praticando e desenvolvendo seu apoio
junto aos pais. E, com pouco tempo, vai administrar os trabalhos deles. Casando-se,
mesmo bem jovem, pode ser considerado representante de sua comunidade.
Sempre quem carrega água são as meninas jovens. Para fazer comida, a lenha é
tirada pelos homens. Antigamente, o trabalho das mulheres era administrado pela
mulher do cacique geral. E hoje, como a Terra Indígena é dividida entre várias
comunidades, cada comunidade tem sua representante local. E a representante das
mulheres é escolhida pela comunidade. Assim como, cada categoria ou cargo exercido
por uma pessoa indígena na Terra Indígena e na comunidade são todos escolhidos,
primeiramente, pela comunidade.
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Temos dieta para mulher grávida desde o início da gravidez até sete dias depois
da criança nascida, sendo que a dieta só afrouxa depois da criança tomar três banhos
com plantas medicinais. Nesse período, temos certos alimentos que não utilizamos.
Como alguns animais da floresta e certos peixes.
FEIJÃO
Como dito anteriormente, nós, Huni Kui, iniciamos o plantio na praia, no mês de
maio, prosseguindo até o mês de setembro. Os legumes que plantamos na praia são
amendoim, feijão, melancia, jerimum. Os últimos três em carreiras ou leiras verticais.
Considero legumes todas os cultivares produzidos na praia ou em roçados (feijão, arroz,
macaxeira, milho). E verduras, aquelas de folhas verdes produzidas em canteiro ou
horta como cheiro-verde, coentro, salsinha.
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Enquanto estiver no chão plantado, viça, soltando flor e vagem. Enquanto o repiquete
ou a cheia repentina dos igarapés, não cobre as praias sinalizando a chegada do inverno
amazônico. Para plantar no próximo ano a semente é armazenada da primeira colheita.
Feijão tem vários nomes e cultivaress. É feijão carioca, peruano, feijão da praia, feijão
manteiga, manteiguinha e feijão-de-arranca (FRANCO, ALMEIDA, et alli, 2002).
SHEKI KUÎ
MILHO MASSA
Milho massa, Huni Kuĩ chama de sheki kui. Pode ser utilizado, estando verde ou
seco. Milho duro também conhecido regionalmente como milho cearense é usado só
quando estiver verde. Depois de seco é utilizada para os animais como galinha, porco,
pato. Mulheres Huni Kuĩ começam a preparar o milho para alimento desde quando
estiver iniciando a brotar os caroços.
A caiçuma de milho torrado, por exemplo, tem sabor distinto das outras. Para
fazê-la, as mulheres se juntam para debulhar o milho e torrar num vaso grande. Depois
de torrados os grãos e após esfriar, se pisa, bem pisado, no pilão tradicional chamado
shashu. Coloca água no fogo e quando a água estiver esquentando, coloca o pó obtido
em um vaso à parte. Molha-se, então, essa farofa com água esquentada feito um pirão
escaldado e se coloca para ferver. Assim, já é feita a caiçuma chamada de tubã mabesh.
Outro sabor é hushu mabesh. É a caiçuma feita com o pó de milho cru. Para isso
temos outro processo. Pisa milho cru e coloca em um vaso com água. Depois disso, coa-
se com a peneira e coloca no fogo para ferver e cozinhar. Está feita a caiçuma. Se
misturar com amendoim é hushu mabesh tamaya. Caso não misture com amendoim é só
hushu mabesh. Para isso o milho é pisado junto com amendoim cru.
No plantio de milho tem ciência na hora de plantar. Você não pode jogar os
grãos de milho fora do buraco, nem abrir a boca na hora de plantar, pois, pode fugir o
espírito da planta e nem mulher menstruada para plantar. Milho é plantado com espeque
de pau afiado na ponta e/ou com máquina plantadeira. Se for plantada com espeque, é
um trabalhador furando a terra e outro, colocando quatro ou cinco caroços dentro do
buraco ou cova.
Quando o milho estiver nascendo e que começa a sair o broto fora da cova
chamamos de pitsu hina; rabo de periquito. Quando está na altura boa para brocar com
facão ou cerca de dois ou três centímetros, chamamos de sepa buru. Quando está bom
para derrubar com machado é rera buru. Caso o verão venha forte e o barro estiver
duro, colocamos os caroços de milho de molho para não falharem na brotadura. E
quando estiver pendoando, ou seja, fazendo pendão não devemos andar por dentro do
milharal. Porque pode atrapalhar a chegada do milho e sua produção, derrubando
espigas, brotos e pendões.
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Na colheita, quebramos o milho na lua escura para que os grãos durem um ano
ou mais. Se quebrar em qualquer tempo é danado para dar gorgulho. E a semente para
plantar no próximo ano é escolhida entre espigas de excelente qualidade que são
amarradas em atil pela palha, de duas em duas espigas que são então, dependuradas em
varas próximas ao telhado das casas. Sem descascar.
Hoje em dia e sendo pouco milho, as espigas são debulhadas e os caroços são
guardados numa garrafa escura de vidro ou em garrafas de plástico PET. O milho tem
sua casa própria onde fica armazenado com palaha. Em português se fala paiol. Bai
shubu, em hatxa kuin.
VARIEDADES DE MILHO
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MANI
BANANA
A banana pode ser plantada em qualquer lugar, roçado na terra firme, roçado de
capoeira na terra firme e até pelo barranco dos rios e igarapés.Mas, Huni Kuĩ prefere
plantar na várzea do rio, pois, facilita o transporte pelo barco. A banana é plantada em
separado. Ela tem seu roçado próprio. Banana comprida ou grande é considerada parte
de um grupo e as bananas curtas são de outro grupo. A banana prata, maçã têm duração
plantadas dentro da mata. Já a banana comprida tem menos resistência dentro da mata.
Por isso devemos deixar o bananal sempre no limpo. Um bananal junta variados
tipos de animais da floresta. Como macaco soim, irara, japó. Para plantar a banana é só
arrancar os filhotes, filhos com toda a raiz e cuidado, deixando num lugar adequado até
nascerem os olhos ou brotos. Um local fresco e úmido próximo à fonte d’água. Não
pegando muito sol, pode ser em qualquer lugar.
Quando estiver nascendo o olho podemos plantar que não falha um pé. Banana
comprida e banana chifre-de-bode são preferidas para mingau e para comer cozida
verde. E também para fazer um mingau chamado betẽ com carne de caça da mata como
tatu, jacaré, nambu. Para isso, as mulheres Huni Kuĩ ralam banana comprida verde no
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ralo e cozinham juntamente com a carne fazendo um mingau. Betẽ é a comida preferida
para Huni Kuĩ.
VARIEDADES DE BANANA
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ATSA
MACAXEIRA
Durante a farinhada, primeiro você arranca, carrega e descasca para lavar dentro
da casa de farinha ou no igarapé próximo. Lavada a mandioca, colocamos dentro do
banco, uma estrutura onde está assentado o motor que funciona a bola ou caititu para
cevar a macaxeira.
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Após cevar, coloca a massa dentro de um saco e amassa numa engenhoca
chamada prensa que serve para enxugar a massa. Essa massa, depois de prensada, será
torrada no forno, se transformando então em farinha. A água da macaxeira que sobra da
prensagem é chamada de manipueira ou manicuera.
Já a farinha tem de dois tipos. Farinha branca e farinha puba. Para produzir
farinha puba, se coloca as batatas de macaxeira numa japa ou jamaxim; espécie de cesto
para transporte de carga feita de palha de ouricuri que é posta de molho no rio ou em
poço de igarapé. Quando estiver a macaxeira mole, machuca com as mãos e coloca na
prensa para sair toda água, para torrar. E já está feita a farinha puba. Com a casca,
demora mais dias para amolecer, sendo que tirada a casca leva apenas três dias. A
macaxeira pode ser comida de várias maneiras. Como, por exemplo: 1) Atsa mewa,
macaxeira cozida com uma folha chamada nãwãti; 2) Atsa hua kuĩ, macaxeira cozida; 3)
Atsa tamaya aka, cozida com amendoim; 4) Atsa mutsa, caiçuma de macaxeira; 5) Atsa
mutsa tamaya, caiçuma de macaxeira com amendoim; 6) Atsa shui, macaxeira assada;
7) Atsa misi, beiju ou tapioca e 8) Atsa tush: macaxeira cozida bem pisada.
VARIEDADES DE MACAXEIRA
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RECOMENDAÇÕES PARA BONS ROÇADOS
Maxi pekasmai, mai mexu pekayanu atiki. Na mawaira nukũ nishupu hayairama, na
mabu nixi hayairama, na hi uapabuanu na unᾷ hayamanu atiki.
Bai kuatᾷ bana tae wakinᾷ pua atiki. Mapu shanapanukikairᾷ. Hás kawatᾷ betsa xarabu
akatsirᾷ.
Haskawaxĩshũ, sheki atiki. Há mĩ haskawaima pitsu hina biranaya, atsa iũ yunu betsa
xarabu mĩ akai. Haska pua banatᾷ nᾷ mĩ bushka inũ mĩ kixi, mĩ txishu kasmai, hi uapaki
metekere itiki.
Mĩ haskawamarᾷ pusismaki.
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PUA
CARÁ
VARIEDADES DE CARÁ
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TAMA
AMENDOIM/MUDUBIM
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MANÃ MAXI; terra misturada com areia. MAI KUXI é barro massa para cerâmica.
MAPU TESH é barro ligado. PUPUSH é lama. MAXI é areia.
Se deixar cair as folhas das plantas não se arranca mais amendoim que preste.
Fica tudo por dentro do chão, podendo até perder as sementes. Por isso, após ela
completar três meses, as mulheres seguem observando enquanto vão arrancando aos
poucos e cozinhando com macaxeira... Até achar que estiver no ponto de arrancar.
Nesse momento, ela participa ao seu marido e o marido comunica ao representante da
aldeia. Eles então, se combinam e vão arrancando do canteiro de cada dono, conforme o
amendoim vai ficando maduro.
Já para fazer pão de amendoim, torra bem torrado com casca. Quando esfriar se
tira toda a palha e pisa no pilão tradicional shashu; bem pisado, no pilão de âmago de
cumaru ou de outro pau forte. E pisa com a mão também. Após amassar bem,
guardamos o pão num vaso, ou ainda, enrolamos o pão com palha seca de milho ou
banana. Pronto se pode comer com banana madura, farinha, macaxeira cozida. Ou
temperando o mingau de banana ou de macaxeira.
O amendoim cozido, Huni Kuĩ chama de TAMA HUA. Torrado é TAMA TSUI.
Pão de amendoim é TAMA MÊTU. No dia da colheita, as mulheres vão todas
preparadas, cada uma com seu vasinho para ajuntar o que está arrancando. Esse
amendoim se chama TAMA TSEKE. É o que comemos primeiro.
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VARIEDADES DE AMENDOIM
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CONCLUSÃO
A dieta é a proteção da vida. A dieta é uma ciência de cada povo.
Alimentação é saúde. Se não temos uma boa alimentação, não temos saúde. Para
ter saúde é preciso ter bastante variedade de legumes sendo plantados e comidos. Como
macaxeira, banana, milho, amendoim. Mas para ter tudo isso é preciso trabalhar
bastante.
Mas, a saúde não é só alimentação. A união também faz parte da saúde. Saúde é
você estar unido com o povo de sua comunidade e com sua família. E trabalhar unido.
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BIBLIOGRAFIA
AQUINO, Terri Valle de. & IGLESIAS, Marcelo Piedrafita. 1994. Kaxinawá do Rio
Jordão. História, Território, Economia e Desenvolvimento Sustentado. Rio Branco:
Comissão Pró-Índio Acre (CPI/AC).
BRANCO, J. M.Brandão Castello. 1950. “O Gentio Acreano”. In Revista do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, volume 207,
abril- junho.
KAXINAWÁ, Joaquim Paulo Maná et. al. Índios no Acre: história e organização. Rio
Branco: Comissão Pró-Índio do Acre, 2002.
ÔCHOA, M. L. P., IGLESIAS, M. P.; TEIXEIRA, G. de A. (org.). Índio no Acre:
organização e história indígena. Rio Branco: CPI/AC, 2003.
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ANEXO A - Roteiro de perguntas para entrevista
1. Tipos de terra para cada produto ou cultivar;
2. Legumes vendidos como produto, ou seja, produtos agrícolas que são
comercializados;
3. Local escolhido para plantar, o que se planta na várzea, na terra firme no baixo;
4. Quem planta o quê? Com quem planta;
5. Quem e quando se ajudam nos roçados;
6. Roçados em capoeira, várzea ou mata bruta;
7. Tem algum legume que vai bem junto com o outro;
8. É um alimento importante na dieta Huni Kui. Por quê?
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