Índice
Índice ................................................................................................................ 1
Introdução......................................................................................................... 1
Eucalyptus globulus.......................................................................................... 2
Hedera helix ..................................................................................................... 4
Justicia pectoralis ............................................................................................. 6
Mikania laevigata e Mikania glomerata............................................................. 8
Sambucus nigra.............................................................................................. 10
Zingiber officinale ........................................................................................... 12
Curcuma longa ............................................................................................... 15
Cocos nucifera................................................................................................ 18
Echinacea purpurea ....................................................................................... 20
Própolis .......................................................................................................... 23
Glycyrrhiza glabra........................................................................................... 24
Pelargonium sidoides ..................................................................................... 26
Outras plantas úteis para o sistema respiratório ............................................ 27
Referências .................................................................................................... 28
Introdução
Para compreendermos a utilização de fitoterápicos na prevenção e tratamento
das doenças do sistema respiratório, é necessário recapitular brevemente alguns
conceitos:
1. Todas as doenças do aparelho respiratório têm em comum importante
reação inflamatória no pulmão e nas vias aéreas.
2. A asma é uma doença inflamatória crônica. Portanto, seu
tratamento a longo prazo sempre envolve uma droga anti-inflamatória.
3. Em crianças, o menor diâmetro das vias aéreas é responsável pela
maior incidência de sibilância do que em adultos.
4. Crianças com infecções de repetição frequentemente são
alérgicas. O controle da alergia deve resultar em redução das
infecções. Em caso de persistência das infecções, devem ser
investigadas para imunodeficiência primária ou secundária. Os sinais
de alerta são:
a. Duas ou mais pneumonias no último ano.
b. Quatro ou mais novas otites no último ano.
c. Estomatites de repetição ou monilíase por mais de dois meses.
d. Abcessos de repetição ou ectima.
e. Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite,
osteoartrite, septicemia).
f. Infecções intestinais de repetição / diarreia crônica / giardíase.
g. Asma grave, doença do colágeno ou doença auto-imune.
h. Efeito adverso ao BCG e/ou infecção por micobactéria.
i. Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada a
imunodeficiência.
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Eucalyptus globulus
ESPÉCIE: Eucalyptus globulus Labill
SINONÍMIA BOTÂNICA: Eucalyptus gigantea Dehnh., Eucalyptus glauca A.Cunn.
ex DC., Eucalyptus globulosus St.-Lag., Eucalyptus maidenii subsp. globulus
(Labill.) J.B.Kirkp., Eucalyptus perfoliata Desf.
FAMÍLIA: Myrtaceae.
NOMES REGIONAIS: Eucalipto medicinal.
HISTÓRICO:
O centro de origem do eucalipto é a Austrália e foi descoberto pelos ingleses
em 1788. A disseminação de sementes de eucaliptos no mundo começou no início
do século XIX. Na América do Sul, o primeiro país a introduzir a espécie foi o Chile
em 1823 e, posteriormente, a Argentina e o Uruguai. Por volta de 1850, países como
Portugal, Espanha e Índia começaram a plantar o eucalipto. As primeiras mudas
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Hedera helix
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Justicia pectoralis
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Sambucus nigra
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• Infusão – Uso externo: 0,5 g em 150 mL, fazer bochechos ou gargarejos 2–3
x/dia (Pereira et al., 2017b).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Nos quadros respiratórios congestivos e alérgicos associar Sambucus com
açafrão (Curcuma longa), hydrastis (Hydrastis cannadensis) ou mil-folhas (Achillea
millefolium).
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Os frutos verdes são extremamente tóxicos, causam náuseas, vômitos e
diarreia quando ingeridos. Entretanto, os frutos maduros e as folhas são
considerados seguros e classificados como complemento alimentar. O uso
prolongado do sabugueiro pode induzir à hipocalemia. Pode diminuir a produção de
leite materno nas lactantes. Testes de toxicidade agudos não mostraram alterações
eletroencefalográficas, eletrocardiográficas, respiratórias, e nem dos níveis
glicêmicos.
Zingiber officinale
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Curcuma longa
ESPÉCIE: Curcuma longa L.
SINONÍMIA BOTÂNICA: Amomum curcuma Jacq, Curcuma domestica Valeton,
Stissera curcuma Raeusch.
FAMÍLIA: Zingiberaceae.
NOMES REGIONAIS: Açafrão-da-terra, falso açafrão, cúrcuma e açafroa.
HISTÓRICO:
Planta originária da Índia e Sudeste Asiático, foi trazida para o Brasil há mais
de 3 séculos, sendo amplamente cultivada para finalidade alimentar ou condimentar.
Na época do Brasil colônia, os bandeirantes saíam à procura de pedras preciosas
pelos rincões brasileiros e para demarcar as regiões já garimpadas plantavam
alguns rizomas de cúrcuma. Assim, esta planta se difundiu por várias regiões do
interior brasileiro, sendo intensivamente utilizada pelos índios como medicamento,
para pintar a pele e como corante de alimento.
PARTE UTILIZADA: Rizomas.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Curcuminoides ou corantes: curcuminas I e III, dicafeilmetano,
dihidrocurcumina, desmetoxi-curcumina, caferuilmetano, carotenoides e
ciclocurcumina;
• Óleos essenciais: cineol, borneol, limoneno, d-sabineno, ácido caprílico,
eugenol, curcumenol, felandreno, curcumenona, linalol, zingibereno,
bisabolano, guayano, germacrano e alfa-atlantona;
• Lactonas sesquiterpênicas turmerona e arturmerona;
• Saponinas;
• Vitaminas: carotenoides, tiamina, riboflavina, niacina e vitamina C.
TROPISMO: Sistema imunológico, circulatório e endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Processos inflamatórios e alérgicos
em geral, doença coronariana, hipertensão arterial, miocardiopatia
hipertrófica, aterosclerose e dislipidemias.
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AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: anti-inflamatória, antimicrobiana e antifúngica, antioxidante e
antialérgica.
• Pele e anexos: anti-inflamatória, antialérgica e cicatrizante.
• Sistema cardiocirculatório: antitrombótica, antiagregante plaquetária,
discretamente hipotensora, hipolipemiante, revine e atenua isquemia, necrose
e hipertrofia miocárdica, e mantém a homeostase do cálcio.
• Sistema digestório: colerética e colagoga, eupéptica, hepatoprotetora,
carminativa, antiespasmódica e anti-inflamatória do cólon.
• Sistema endócrino: hipoglicemiante no diabetes tipo II.
• Sistema imunológico: imunomoduladora e antialérgica.
• Sistema osteoarticular: anti-inflamatória.
• Sistema reprodutor: emenagoga e analgésica nas dismenorreias.
• Sistema respiratório: anti-inflamatória e antialérgica.
COMENTÁRIOS:
Os curcuminoides, dos quais a curcumina é a principal representante, são os
responsáveis pela coloração amarelada dos rizomas da planta, e provavelmente os
maiores responsáveis pela atividade biológica. A curcumina é uma das moléculas
mais estudadas atualmente, e possui ampla variedade de atividades biológicas
(Chattopadhyay et al., 2004; Srivastava e Mehta, 2009). Sua atividade anti-
inflamatória ocorre por dois mecanismos diferentes: inibição da ativação do fator
nuclear kappa-B (mesmo mecanismo dos corticosteroides), inibição da ciclo-
oxigenase 2 (COX-2) e da lipo-oxigenase (mesmo mecanismo dos anti-inflamatórios
não-esteroidais), inibição da enzima óxido nítrico sintetase induzível (iNOS), inibição
da produção de citocinas inflamatórias TNF-alfa, IL-1, IL-2, IL-6, IL-8 e IL-12, inibição
da proteína quimioatrativa de monócitos (MCP), entre outros (Chattopadhyay et al.,
2004; Jagetia e Aggarwal, 2007; Jurenka, 2009).
Estudos em animais e humanos mostram que a absorção da curcumina é
baixa, devido à sua baixa solubilidade em água, e seu metabolismo, no fígado,
também é rápido, resultando em baixa biodisponibilidade (Jurenka, 2009). A
administração concomitante com piperina, um composto extraído da pimenta-do-
reino (Piper nigrum), aumenta em até 20 vezes a biodisponibilidade da curcumina.
Existe também um produto comercial (Meriva®) que contém curcumina ligada à
fosfatidilcolina, o que aumenta a biodisponibilidade da curcumina por integrar-se
mais facilmente às membranas plasmáticas. Um outro extrato padronizado,
chamado BCM-95®, possui absorção de 96% da curcumina, atingindo
concentrações plasmáticas terapêuticas mais rapidamente e mantendo essas
concentrações por mais tempo. Os pesquisadores conseguiram este efeito usando
uma estratégia simples: “voltando às raízes.” Ao invés de focar na purificação da
curcumina, os eles reincorporaram no extrato compostos originalmente presentes
nos rizomas da C. longa, que são removidos durante os processos de extração e
purificação. Em suma, o aumento da biodisponibilidade se dá devido ao sinergismo
inerente dos compostos naturais presentes nos rizomas da C. longa (Kiefer, 2007).
Este é o efeito do fitocomplexo.
Um estudo comparou a administração de curcumina (2000 mg/dia) ou placebo
a adultos com asma, e não encontrou diferenças significativas em relação a
parâmetros clínicos e laboratoriais (Kim, Phillips e Lockey, 2011). Isto pode ser
explicado pela baixa biodisponibilidade da curcumina pura. Em um estudo, ainda
não publicado, de nosso grupo, a administração da droga vegetal de C. longa a
crianças e adolescentes com asma, em adição ao tratamento convencional, resultou
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Cocos nucifera
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AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: antiviral inespecífica.
• Sistema imunológico: imunoestimulante.
COMENTÁRIOS:
O C. nucifera é uma fonte de vários componentes químicos, os quais são
responsáveis pelas diversas atividades desta planta. Recentemente, pesquisas têm
confirmado muitos efeitos benéficos dos produtos do C. nucifera (DebMandal e
Mandal, 2011). A ação antiviral, atribuída ao monoláurico (o monoglicerídeo do ácido
láurico), é de solubilizar os lipídeos e fosfolípides dos envelopes dos patógenos,
causando a desintegração de suas membranas (Arora et al., 2011). Há também
evidências de que o ácido monoláurico interfira nos sinais de transdução e de que o
efeito antimicrobiano nos vírus seja através da interferência com a montagem e
maturação viral (Hornung, Amtmann e Sauer, 1994; Projan et al., 1994). O extrato
bruto e uma de suas frações, rica em catequinas, mostrou atividade inibitória sobre o
vírus herpes simples tipo 1 aciclovir-resistente (HSV-1-ACVr). Sua atividade antiviral
tem sido atribuída a uma interferência na adsorção viral à célula e não na
penetração viral. A atividade antiviral foi observada quando as células foram tratadas
com os extratos de C. nucifera antes da infecção viral, além de os extratos serem
capazes de inativar os vírus extracelulares (efeito virucida) (Esquenazi et al., 2002).
Diversas outras atividades biológicas foram demonstradas para o extrato de
C. nucifera, incluindo leishmanicida (Mendonça-Filho et al., 2004), antiproliferativa na
leucemia (Kirszberg et al., 2003), vasorrelaxante e anti-hipertensiva (Bankar et al.,
2011), imunomoduladora, entre outras.
Quanto à segurança, estudos em animais mostraram que extratos de C.
nucifera apresentam baixa toxicidade, tanto aguda quanto cronicamente (Costa e
Bevilaqua, 2011). Estudos in vivo demonstraram que extrato de C. nucifera tem
baixa toxicidade e que não induz reações dérmicas ou oculares (Alviano et al.,
2004).
MODO DE USAR:
• Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 3 x/dia, diluídas em água (Pereira et
al., 2014).
• Decocção a 5% – Uso oral: 10 mL/kg/dia, em 3–4 x/dia (Pereira et al.,
2017a).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura. Nos quadros de infecção viral, a associação com
Echinacea purpurea é muito efetiva.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Não há dados na literatura.
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Própolis
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Glycyrrhiza glabra
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Pelargonium sidoides
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