Para defender seu ponto de vista, Foster diz que desde a Antiguidade o princípio
fundamental do direito ou governo deve ser baseado na noção de pacto ou
convênio, de modo que houve um acordo feito entre homens livres após o período
da Grande Espiral por meio do redigimento de uma Carta Política de Estado. Além
disso, o juíz acredita que esses homens violaram o apenas sentido literal da norma
legislada que os condena, mas que uma norma pode possuir vários significados e
interpretações diferentes dependendo do propósito que visa obter. Por fim, Foster
declara que essas demais interpretações da norma que devem ser feitas pelo jurista
visam corrigir os erros ou equívocos legislativos dessa (já que ele defende que uma
norma em seu sentido literal é ampla e incompleta) de modo a fazê-la mais eficaz.
Na vez do juíz Tatting, esse claramente visou procurar e refutar as incoerências
de seu antecessor Foster, de tal forma que ele diz que não pode aceitar a idéia de
que esses homens estariam regidos por um código de normas da natureza (estado
de natureza) e muito menos que o Tribunal avaliasse a situação a partir desse ponto
de vista. Ademais, segundo Tatting, Foster procurou demonstrar que os réus não
violaram os dipositivos legais, pois é impossível crer que as leis do Código Penal
pudesem agir preventivamente em relação a homens que se encontravam entre a
vida e a morte. Para o juíz, uma das maiores dificuldades é tentar aplicar uma norma
segundo seu propósito sem violar os demais propósitos que também são
estabelecidos na legislação penal.
Por um lado, Tatting diz que a norma a respeito do homicício requer um ato
intencional e que um homem para repelir uma ameaça agressiva à sua própria vida
não age intencionalmente, mas em resposta a um impulso da natureza humana,
mas por outro defende que esses homens não só agiram intencionalmente como
também de forma deliberada após horas de discussão a respeito do que fariam (de
tal maneira que ele se pergunta se foi ou não justo que a maioria decidisse contra a
vontade de Whetmore). Por último, contrapondo quase tudo o que disse
anteriormente, Tatting não consegue condenar o grupo de homens porque lhe
parece absurdo condená-los à morte quando a salvação de suas vidas custou a de
dez operários que agiram em resgate, de modo que o juíz declarou sua retirada do
caso, pois não conseguia se decidir acerca de suas dúvidas.
Por último, mas não menos importante, há o voto do juíz Handy, que defende
que os juristas podem fazer várias interpretações de regras e princípios abstratos e
que o bom jurista é aquele que consegue conciliar os procedimentos e princípios ao
caso concreto visando a melhor resolução possível do caso. Outrossim, ele destaca
a importância da opnião pública na resolução do caso, sempre levando em
consideração os sentimentos dos que estão submetidos à autoridades deles, ou
seja, dos cidadãos. Para Handy, os réus são inocentes da prática do crime e a
sentença deve ser reformulada.
Vale destacar que a “solução perfeita” para o caso, segundo, Handy, seria se o
tribunal condenasse os réus, mas logo após o Executivo os absolvesse, pois, assim,
tanto evitaria a prática de uma injustiça como seria preservado o respeito à
legislação. No entanto, sabe-se que o chefe do Executivo é conservador e não
permitirá nem o perdão dos réus nem o abrandamento da pena, de modo que não
interfirirá se os juízes decidirem que os exploradores sobreviventes transgrediram a
legislação. Na resolução do caso, o Superior Tribunal dividiu-se e, como houve
empate de votos na decisão, foi confirmada a decisão condenatória do tribunal de
primeira instância, devendo ocorrer o enforcamente dos réus em abril de 4300.